Copyright (©) Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida, desde que citada a fonte. Design gráfico da capa: Maristela Mitsuko Ono Projeto gráfico interno e diagramação: Ana Claudia França Revisão das referências bibliográficas: Joyce Luciane Correia Muzi Tradução português-espanhol da Apresentação: Nylcéa Thereza de Siqueira Pedra Impressão: Serzegraf Ind. Editora Gráfica Ltda.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação C569
Ciência, tecnologia e gênero : abordagens iberoamericanas /Marilia Gomes de Carvalho, organizadora.—1. ed. Curitiba : Ed. UTFPR, 2011. 430 p. ; 23 cm Vários autores Texto em português e espanhol Inclui bibliografias ISBN : 978-85-7014-072-2 1. Mulheres na ciência. 2. Relações de gênero. 3. Tecnologia – Aspectos sociais. 4. Feminismo. I. Carvalho, Marilia Gomes de, org. II. Título. CDD (22. ed.) 500.82
Biblioteca Central da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Curitiba - Bibliotecário: Adriano Lopes CRB 9/1429
Printed in Brazil/ Publicado no Brasil Junho de 2011
Sumário SOBRE A CAPA DO LIVRO SOBRE LA PORTADA DEL LIBRO
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APRESENTAÇÃO PRESENTACIÓN
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¿PRESENTES Y ECLIPSADAS?
43
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CIENCIA Y TECNOLOGÍA: TRABAJO DE MUJERES, VOCES DE MUJERES
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VIAJERAS, EXPLORADORAS Y OTRAS INTRÉPIDAS Y SUS CONTRIBUCIONES A LA CIENCIA
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Maristela Mitsuko Ono
Marilia Gomes de Carvalho
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Maria Carme Alemany
Shirley M. Malcom
Patricia Tovar
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GÉNERO EN LA HISTORIA, FILOSOFÍA, SOCIOLOGÍA Y POLÍTICA CIENTÍFICA Y TECNOLÓGICA
O XV CONGRESSO INTERNACIONAL DE MEDICINA DE 1906, LISBOA, PORTUGAL: UMA ABORDAGEM DE GÊNERO
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Maria Margaret Lopes, Madalena Esperança Pina e Maria de Fátima Nunes
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LEER Y ESCRIBIR EN LENGUA MATERNA: ANÁLISIS DEL USO DEL ESPAÑOL EN LA COMUNIDAD CIENTÍFICA INTERNACIONAL
Consuelo Miqueo
115
•
6 7
SOBRE LAS PRIONERAS
MUJERES PIONERAS EN LA CIENCIA ARGENTINA
149
Diana Maffía
PIONERAS DE LA CIENCIA EN MÉXICO. EL CASO DE LA UNIVERSIDAD NACIONAL AUTÓNOMA DE MÉXICO
169
LAS PRECURSORAS: TENSIÓN Y SUBVERSIÓN
197
MUJERES PIONERAS EN LAS CIENCIAS: UNA MIRADA A LA REALIDAD EN IBEROAMÉRICA
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TECNOLOGÍAS, CUERPOS SEXUADOS Y DIFERENCIAS
307
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DICTADURA DEL CUERPO, PUBLICIDAD, GÉNERO Y TRASTORNOS ALIMENTARIOS
325
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Lourdes Fernández Rius
Olga Bustus Romero
•
Norma Blazquez y Olga Bustus Romero
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Silvia García Dauder
Eulalia Pérez Sedeño
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POLÍTICAS PÚBLICAS DE GÉNERO
POLÍTICAS PÚBLICAS DE GÊNERO: DESAFIOS PARA EFETIVAR A IGUALDADE
341
LAS MUJERES CUBANAS: EXPERIENCIAS DE 50 AÑOS DE POLÍTICAS DE EQUIDAD, CIENCIA Y TECNOLOGÍA, BARRERAS Y DESAFÍOS
363
O PRÊMIO CONSTRUINDO A IGUALDADE DE GÊNERO: UMA POLÍTICA PÚBLICA FEMINISTA
379
Nanci Stancki da Luz
Lilliam Alvarez Díaz y Mayda Alvarez
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CIENTÍFICAS QUE DEJAN HUELLA: INTERACCIÓN ENTRE EXPERIENCIA VITAL Y CONTRIBUCIÓN A LA CIENCIA
233
ÉLITES PROFESIONALES FEMENINAS. EL CASO DE LAS ACADÉMICAS Y LAS CIENTÍFICAS: UN ANÁLISIS SOBRE EL BINOMIO GÉNERO & PODER
251
María José Barral Morán, Isabel Delgado Echeverría, Teresa Fernández Turrado y Carmen Magallón Portolés
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CONCLUSIÓN
SOBRE AS AUTORAS / SOBRE LAS AUTORAS
CUERPOS Y DIFERENCIAS
291
TECNOLOGÍA Y CONTROL SOCIAL DE LOS CUERPOS SEXUADOS
297
Diana Maffía
•
407
Marilia Gomes de Carvalho
CUERPOS Y DIFERENCIAS
Eulalia Pérez Sedeño
Hildete Pereira de Melo
CONCLUSÃO - ESTUDOS DE GÊNERO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA: ROMPENDO PARADIGMAS?
María Antonia García de Léon Álvarez
•
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SOBRE A CAPA DO LIVRO Maristela Mitsuko Ono
A composição gráfica da capa do livro baseia-se na perspectiva da complexidade e transdimensionalidade da ciência, tecnologia e gênero, no contexto da diversidade cultural. Aberta a múltiplas interpretações, expressa – por meio da imagem de um conjunto de clipes com variadas configurações e cores - a diversidade que coexiste com padrões dinâmicos e em cujo contexto constroem-se práticas, teorias e reflexões. Expressa, ainda, a desconstrução de conceitos, ideias, representações e condutas de caráter reducionista, determinista e discriminatório de gênero, ciência e tecnologia, representando sua tessitura singular, interdependente e profunda, no âmbito do conhecimento e da sabedoria – mediante a imagem do tecido de fundo e do pote de pedra com água refletindo e refratando luz, representando a cultura material e imaterial / espiritual, o tangível e o intangível, o olhar atento, em busca de descobertas e inovações - que conjugam a transdisciplinaridade e transdimensionalidade do saber tácito e explícito, o fazer, as adaptações e transformações individuais e coletivas ao longo da história e da pluralidade das existências.
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SOBRE LA PORTADA DEL LIBRO
APRESENTAÇÃO
Maristela Mitsuko Ono
Marilia Gomes de Carvalho
La composición gráfica de la portada del libro está basada en la perspectiva de la complexidad y transdisciplinariedad de la ciencia, tecnología y género, en el contexto de la diversidad cultural. Abierta a múltiples interpretaciones, expresa – a través de la imagen de un conjunto de clips con variadas configuraciones y colores – la diversidad que coexiste con patrones dinámicos y en la cual se construyen prácticas, teorías y reflexiones. Aún expresa la desconstrucción de conceptos, ideas, representaciones y conductas de carácter reduccionista, determinista y discriminatorio de género, ciencia y tecnología, representando su tejido singular, interdependiente y profundo, en el ámbito del conocimiento y de la sabiduría – por intermedio de la imagen del tejido de fondo y del bote de piedra con agua que reflete y refracta luz, representando la cultura material e imaterial / espiritual, el tangible y el intangible, la mirada atenta, en búsqueda de descubrimientos e innovaciones – que conjugan la transdisciplinariedad y transdimensionalidad del saber tácito y explícito, el hacer, las adaptaciones y transformaciones individuales y colectivas a lo largo de la historia y de la pluralidad de existencias.
Este livro foi organizado com a finalidade de divulgar as conferências e as palestras apresentadas nas mesas redondas do VIII Congresso Iberoamericano de Ciência, Tecnologia e Gênero, na cidade de Curitiba – Paraná/Brasil de 5 a 9 de abril de 2010. Foi um evento importante para nosso país, pois pela primeira vez recebeu um grupo significativo de cientistas das mais diferentes áreas do conhecimento e também de diferentes países, interessados em trazer resultados de seus estudos e pesquisas, com a finalidade de trocar experiências e conhecimentos relativos ao gênero e suas intersecções com a ciência e a tecnologia. Os temas e trabalhos apresentados e discutidos durante o Congresso revelaram os avanços que vêm acontecendo na produção de conhecimento quando se trata de desvendar realidades que, muitas vezes por questões histórico-culturais, ficaram na invisibilidade ou não fizeram parte de interesses de pesquisas no decorrer da história da ciência. Temos certeza que o Congresso atingiu os objetivos propostos que foram: criar um espaço de discussão entre pesquisadoras e pesquisadores sobre a participação das mulheres no campo científico-tecnológico das universidades e institutos de pesquisa dos países iberoamericanos; visibilizar a participação feminina nas pesquisas científico-tecnológicas em todas as áreas do conhecimento, proporcionando novas discussões epistemológicas e críticas, provenientes tanto da crítica feminista da ciência, como das ciências sociais, biológicas e físicas; possibilitar o intercâmbio entre pesquisadoras e, parcerias, estudos comparativos, enriquecendo assim as áreas da
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ciência tecnologia e gênero; ampliar a inserção de pesquisadoras e pesquisadores brasileiras/os no grupo de estudos iberoamericanos sobre ciência, tecnologia e gênero, ressaltando a importância de se construir genealogias, redes e comunidades de conhecimento que valorizem os contextos da sua produção, construção e transmissão; debater sobre a participação paritária de cientistas homens e mulheres nos postos de decisão de órgãos de fomento à pesquisa científico-tecnológica, identificando os obstáculos que impedem hoje a equidade de gênero nestes postos; e, finalmente, inserir na discussão da ciência, tecnologia e gênero a temática da educação científico-tecnológica, propondo a criação de políticas públicas que conduzam à participação mais efetiva e igualitária das mulheres na ciência e na tecnologia. A quantidade de comunicações de pesquisa que prestigiaram os diferentes eixos temáticos estabelecidos para o Congresso revela uma participação significativa de pesquisadores de vários países iberoamericanos que estiveram no Brasil representados. Dentre eles podemos citar, por exemplo, o México, com 43 trabalhos apresentados, a Espanha, com 23 comunicações de pesquisa, pesquisadores/as de Cuba enviaram 17 comunicações, Argentina esteve representada com 8 pesquisadores que participaram dos grupos de comunicação, Portugal também se fez presente com a apresentação de 8 resultados de pesquisa, da Venezuela recebemos 5 trabalhos, do Chile, apesar das dificuldades que o país enfrentava com o recente terremoto ocorrido em 27 de fevereiro (dois meses antes do Congresso), recebemos 3 pesquisadores que apresentaram suas pesquisas. Costa Rica, Honduras, Peru, Colômbia e Uruguai todos com 2 representantes de cada país, também enriqueceram o debate que se estabeleceu naqueles dias do evento. Do Brasil, país sede do evento, foram recebidos 113 comunicações, totalizando o número de 227 trabalhos enviados para debate e discussão. Além das apresentações destes trabalhos de pesquisa, tivemos ainda a inscrição de pesquisadoras e pesquisadores, dentre eles, professores universitários, estudantes de graduação e pósgraduação que estiveram presentes, assistindo e participando com comentários e perguntas nos diferentes grupos dos eixos temáticos,
das conferências e mesas redondas, além das atividades culturais programadas. O número de participantes inscritos ultrapassou 350, dos quais a maioria foi de brasileiros, mas contamos também com inscrições provenientes de outros países, especialmente dos países vizinhos. É importante trazer os títulos dos eixos temáticos que nortearam as comunicações de pesquisa para que se possa conhecer e avaliar a diversidade de assuntos tratados e problemáticas pesquisadas. São questões relevantes para as mulheres que, muito provavelmente, se fosse um Congresso organizado nos moldes da ciência clássica e androcêntrica, não seriam objeto de estudo. Foram em número de 14 que apresentamos a seguir: Gênero da História, Filosofia e Sociologia da Ciência e da Tecnologia. Mulheres Pioneiras em Áreas Científicas e Tecnológicas Educação Científico-Tecnológica e Gênero Gênero e Divulgação Científica e Tecnológica Discursos e Práticas Femininas na Ciência e Tecnologia Gênero e o Sistema de Pesquisa e Desenvolvimento Científico e Tecnológico Divisão Sexual do Trabalho e Profissões Científicas e Tecnológicas Saúde, Ciência, Tecnologia e Gênero Inovações Tecnológicas (Biotecnologia, Nanotecnologia, etc) e Gênero Design, Tecnologia e Gênero Mídia, Gênero e Tecnologia Gênero e Apropriações da Ciência e da Tecnologia Gênero e Tecnologias de Informação e Comunicação Ciência e Tecnologia: Inclusão / Exclusão das Mulheres
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Todos os trabalhos enviados para apresentação estão publicados na íntegra no site http://www.ppgte.ct.utfpr.edu.br/eventos/cictg/ de modo que podem ser consultados via internet. Da mesma forma, foi publicado um CD que foi distribuído a todos os inscritos no Congresso para que pudessem levar a seus países e suas instituições os artigos escritos. A riqueza dos conteúdos apresentados nas conferências e as instigantes questões trazidas para debate pelas participantes das mesas redondas programadas nos estimularam à organização deste livro, pois seus textos não estão publicados no site e tão pouco compuseram o CD. O livro está organizado de maneira a trazer nos primeiros capítulos os textos das conferências, seguidos dos temas das mesas redondas. Por esta razão, alguns capítulos possuem subtítulos que correspondem aos temas das referidas mesas. Com o primeiro capítulo, Presentes y Eclipsadas? Carme Alemany fez a abertura do Congresso. A autora questiona o fazer científico baseado em princípios masculinos que deixaram as mulheres excluídas deste processo. Alerta para os perigos que o modelo de desenvolvimento científico e tecnológico que se pauta naqueles princípios trazem para o futuro do planeta e a continuidade da espécie humana. Critica o modelo patriarcal de ciência e tecnologia, onde há uma separação entre a humanidade e a natureza. O trabalho tradicionalmente realizado pelas mulheres de cuidar da vida, assim como a natureza, segundo Carme Alemany, não são considerados como parte do sistema econômico, o que permite aos homens exercer seu domínio sobre ambos. Porém é o trabalho delas que sustenta a vida. A autora encerra este capítulo clamando as mulheres cientistas para buscarem novos métodos e novas pesquisas a fim de que, ao deixarem de estar eclipsadas, possam encontrar novos conhecimentos que garantam a sustentabilidade da vida e da natureza. Com a conferência Ciencia y Tecnología: trabajo de mujeres, voces de mujeres, Shirley Malcom fez o encerramento do Congresso. No início deste segundo capítulo ela questiona que apesar de geralmente serem considerados saberes masculinos, tanto a ciência como o conhecimento tecnológico, não nos podem le-
var a pensar que as mulheres não tenham deles participado. Para ela “fazer ciência e criar tecnologia fazem parte do que significa ser humano”. No entanto, historicamente os homens passaram a ter o domínio sobre estes saberes e as mulheres foram excluídas das escolas e das universidades. Neste capítulo a autora explora como a presença ou ausência das mulheres na ciência e tecnologia afetaram a direção tomada nestas áreas. Para ela investigações sobre a saúde e enfermidades poderiam ser diferentes caso fossem realizadas por mulheres. Shirley Malcom não chega a afirmar categoricamente que caso as pesquisas fossem realizadas por mulheres, seus resultados seriam diferentes, mas chama a atenção para a necessidade de realizar análises para sabê-lo. A autora ressalta a importância de que as investigações médicas não se baseiem apenas no corpo masculino, mas que levem em consideração as especificidades do corpo feminino, tanto nos diagnósticos como nos tratamentos. Ela considera que a diversidade dos gêneros no campo da ciência e da engenharia enriqueceria os trabalhos relacionados à tecnologia, contemplando outras questões, ausentes nos interesses de muitos engenheiros homens. O resultado desta diversidade seria, por exemplo, a promoção do desenvolvimento sustentável. Finalmente ela diz que o planeta necessita da visão das mulheres e de suas vozes, unidas às dos homens, para buscar soluções aos problemas existentes. O capítulo três, Viajeras, Exploradoras y otras Intrépidas y sus contribuciones a la ciencia de Patricia Tovar, é o texto de uma conferência que chama atenção para a participação das mulheres em expedições científicas que têm sido comumente apresentadas como expedições compostas exclusivamente por pesquisadores homens. Ela faz uma retrospectiva histórica, desde a Grécia Antiga, Idade Média, grandes navegações dos descobrimentos, expedições científicas, a expansão marítima, as viagens do século XIX, até as pioneiras na aviação e a conquista espacial. Por meio desta trajetória a autora traz paulatinamente nomes de mulheres, seus feitos e contribuições para a ciência e o conhecimento dos novos territórios sob a ótica feminina. Dentre elas cita
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antropólogas pioneiras, como por exemplo, a intrépida Margaret Mead que com sua pesquisa entre os Samoa da Nova Guiné, trouxe material para a antropologia norte americana com conhecimentos sobre crescimento e adolescência e uma abordagem inusitada naquela sociedade com respeito à construção cultural dos mundos masculinos e femininos. Outros feitos das mulheres viajantes e suas contribuições à ciência estão ressaltados no capítulo de Patrícia Tovar. Os capítulos que seguem a partir do número quatro referemse às falas das participantes das mesas redondas que ocorreram durante o Congresso. A mesa intitulada “Gênero na História, Filosofia, Sociologia e Política Científica e Tecnológica” compõe dois capítulos. O quarto capítulo O XV Congresso Internacional de Medicina de 1906, Lisboa, Portugal: uma abordagem de gênero foi escrito por um grupo de pesquisadoras de Portugal, Maria Margaret Lopes, Madalena Esperança Pina e Maria de Fátima Nunes, onde elas trazem uma descrição deste Congresso e a pequena participação das mulheres que encontravam diversas dificuldades para se inserirem no meio das ciências médicas da época. Dentre elas, a maioria eram francesas e norte-americanas, mas muitas eram inscritas apenas com os sobrenomes de seus maridos e seus títulos – Dra. ou Professora – não eram mencionados como o eram para os homens. Eram anunciadas apenas como Madame ou Mademoiselle, o que revela uma forma de discriminação. Em que pese esta diferença de tratamento e promoção entre cientistas homens e cientistas mulheres no congresso de medicina, as autoras revelam que congressos feministas da época, que reuniam mulheres científicas profissionais, marcavam a contribuição das mulheres para a ciência. Elas concluem dizendo que o cruzamento dos nomes, sobrenomes, temáticas de estudo destes diversos congressos representam um vasto campo de investigação para conhecer as relações entre os congressos científicos e os congressos feministas do início do século XX. No capítulo cinco, de Consuelo Miqueo, Leer y escribir en lengua materna: análisis del uso del español en la comunidad científica internacional, a autora chama a atenção para a im-
portância do uso da língua materna nos escritos científicos. Para a comunidade científica tudo que não é escrito em língua inglesa é considerado “ciência doméstica” ou de “circulação nacional” e não recebe o prestígio da comunidade dos cientistas. Consuelo Miqueo diz que centenas de homens e mulheres pensam, lêem e escrevem em espanhol, mas o fazem sentindo sua inferioridade científica, talvez até mesmo depreciando sua língua materna. Partindo da história dos idiomas predominantes na construção da ciência ocidental ele apresenta “os resultados de uma análise bibliométrica da literatura científica em espanhol, português e outros idiomas, em correlação com outros países, as áreas científicas e instituições produtoras, o impacto e periodicidade das revistas ou o ilo de artigos”. Outra mesa redonda tratou sobre as mulheres pioneiras na ciência e tecnologia em diferentes países. O capítulo seis, escrito por Diana Maffía trata das Mujeres pioneras en la ciencia argentina. Os registros sobre matrícula e titulação universitária segundo o sexo surgem na Argentina somente a partir de 1940. A autora traz informações sobre a participação das cientistas argentinas nas ciências médicas, ressaltando as mais reconhecidas, trata das mulheres astrônomas, citando seus nomes e feitos científicos, traz as cientistas na área de química e suas descobertas. Há ainda referências às mulheres pioneiras na Antártida onde muitas delas (biólogas) fizeram pesquisas, contribuindo com descobertas importantes. Apesar das vicissitudes das viagens para esta região do globo, estas mulheres mostraram que foram capazes de participar das expedições científicas, abrindo espaço para outras que as sucederam. Depois de trazer à visibilidade muitas outras cientistas argentinas, Diana Maffía conclui este capítulo referindo-se à Dra. Ana Galimberti, uma médica que se destacou na obstetrícia, sendo a primeira mulher que obteve uma cátedra como titular na Faculdade de Medicina da Universidade de Buenos Aires. Ela destaca que estas mulheres pioneiras foram exemplos para outras mulheres que seguiram seu caminho. Norma Blazquez e Olga Bustus Romero escreveram o capítulo sete intitulado Pioneras de la ciencia en México. El caso de la Universidad Nacional Autónoma de México. O capítulo
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está baseado em uma pesquisa cujos resultados são quantitativos e qualitativos. O objetivo da pesquisa foi gerar referenciais para docentes e estudantes que buscam a equidade entre homens e mulheres na ciência e na academia. Foram entrevistadas mulheres cientistas de diferentes áreas do conhecimento e os detalhes sobre suas carreiras e suas vidas particulares apresentados neste capítulo, segundo as autoras, poderão ajudar outras mulheres que estão iniciando suas atividades científicas. Além disso, com esta pesquisa Norma Blazquez e Olga Bustus Romero deram visibilidade às mulheres pioneiras da UNAM. No oitavo capítulo Lourdes Fernández Rius traz um tema interessante para esta discussão. Com o título Las precursoras: tensión y subversión ela insere a questão da tensão que se cria com a participação cada vez maior das mulheres nas ciências e nas universidades. As tensões e contradições quase sempre levam a exclusões e discriminações que ao longo da história têm sido reproduzidas pela sociedade patriarcal. Sua pesquisa foi realizada em Cuba e, assim como a do México, foi quantitativa e qualitativa. A autora faz uma série de questionamentos sobre as dificuldades de inserção das mulheres nas ciências em seu país, a falta de reconhecimento pelo trabalho feminino por parte da comunidade científica, universitária e da sociedade. Os dados quantitativos revelam como as mulheres cubanas estão em minoria não só nas áreas científicas de maior prestígio, mas também nos níveis mais altos de titulação e reconhecimento acadêmico. De acordo com Lourdes Fernández Rius os homens seguem sendo os protagonistas da ciência. Por outro lado, a discriminação das mulheres nas ciências existe, porque o trabalho científico requer tempo e dedicação, mas elas sentem-se muito atingidas pela discriminação a nível pessoal, envolvidas na esfera privada e familiar, além dos preconceitos sociais que enfrentam. No capítulo de número nove, Eulália Pérez Sedeño fala das Mujeres pioneras en las ciencias: una mirada a la realidad en Iberoamérica. A autora inicia sua apresentação chamando a atenção para o fato de que muitas atividades antes exercidas por mulheres, como por exemplo, a cura de doenças ou o parto, foram
apropriadas pelos homens. Segundo ela a ginecologia passou de uma atividade exclusivamente feminina para a mão de médicos, através do uso de instrumentos como o fórceps ou medicalizando o corpo das mulheres. Ela diz que esta masculinização da ginecologia e obstetrícia existe até os dias de hoje, pois não há uma única catedrática desta especialidade na Universidade espanhola. O capítulo segue trazendo à visibilidade nomes de inúmeras cientistas espanholas de diferentes épocas e áreas do conhecimento, ressaltando suas contribuições à ciência, mas que muitas ficaram até então desconhecidas. Ainda há dificuldades de inserção de mulheres na academia espanhola e os dados trazidos por Eulália Pérez Sedeño no final do capítulo são reveladores. Contudo, ela ressalta a importância de se conhecer suas histórias a fim de enriquecer as mulheres em todos os sentidos. O décimo capítulo foi escrito por María José Barral Morán, Isabel Delgado Echeverría, Teresa Fernández Turrado y Carmen Magallón Portolés, um grupo de pesquisadoras da Universidade de Zaragoza – Espanha. Com o título Científicas que dejan huella: interacción entre experiencia vital y contribución a la ciencia as autoras apresentam uma pesquisa realizada com mulheres cientistas daquela Universidade. Depois de explicarem detalhes sobre os objetivos e a metodologia adotada nesta pesquisa, elas apresentam alguns de seus resultados. A pesquisa foi feita através da historiografia de mulheres cientistas do início do século XX que já faleceram e através de entrevistas em profundidade realizadas com cientistas atuais. Há uma comparação com as trajetórias das cientistas espanholas do início do século e as atuais. Para as primeiras, o grande obstáculo para seguirem uma carreira científica eram os afazeres domésticos, a carga familiar, em particular o casamento. No grupo das cientistas atuais há uma minimização do assunto doméstico que não surge como um problema a resolver. Se elas têm filhos, dividem com seus parceiros os cuidados das crianças ou contam com a ajuda de outros familiares. Muitas são colegas de seus maridos e compartilham com eles dos mesmos interesses profissionais. Para as autoras deste capítulo os caminhos abertos que as mulheres cientistas pesquisadas
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deixam para as que estão começando suas carreiras científicas não é somente no âmbito da produção científica direta, mas também na sustentação e no engrandecimento da comunidade científica. O capítulo onze é o último que compôs esta mesa redonda. Foi escrito por María Antonia García de Léon Álvarez, que lhe deu o título de Élites Profesionales Femeninas. El caso de las académicas y las científicas: un análisis sobre el binomio Género&Poder. O conteúdo do capítulo está composto em primeiro lugar por uma comparação que a autora considera relevante entre mulheres políticas e mulheres cientistas. Em seguida ela trata do poder acadêmico e científico como poderes androcêntricos. Traz detalhes biográficos de mulheres cientistas, ressaltando desafios que elas enfrentam para desenvolver suas carreiras e se afirmarem no mundo científico e político e também as visões diferentes de homens e mulheres sobre suas atividades diante do poder e da careira científica. Maria Antonia García de León Alvarez conclui seu capítulo apresentando nove chaves de um problema que tem uma só origem: a divisão do trabalho e dos papéis de gênero em uma sociedade patriarcal que projeta sua sombra sobre toda a atividade humana. A mesa redonda sobre cuerpos y diferencias compõe mais quatro capítulos do livro. No décimo segundo capítulo, cujo título é Cuerpos y diferencias, Eulália Pérez Sedeño faz uma apresentação do tema desta mesa, ressaltando que a idéia surgiu a partir de um projeto de investigação dirigido por ela que se chama “Cartografías del cuerpo: Biopolíticas de la ciencia y la tecnología”. Este projeto está no campo de estudos de Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) e possui uma abordagem multidisciplinar. A autora chama a atenção que dentro deste campo de estudos abrese a possibilidade dos estudos de Ciência, Tecnologia e Gênero (CTG). Neste âmbito os processos e produtos das biociências e biotecnologias estão condicionados por preconceitos de gênero e de sexo que contribuem para reforçar ou modelar os corpos e seus significados sociais e de gênero, por isso o objetivo da mesa foi trazer as contribuições mais recentes em torno dos assuntos de ciência, tecnologia e corpo. Em seguida a autora faz a apresen-
tação dos temas que serão debatidos nesta mesa e que comporão os próximos capítulos deste livro. Tomo aqui emprestadas as palavras de Eulália Pérez Sedeño para apresentá-los. Diana Maffía no seu trabalho Tecnología y control social de los cuerpos sexuados, o capítulo treze, centra-se na discussão de como as diferenças visíveis entre os corpos (a genitalidade, a cor, as características étnicas, etc) serviram de suporte para a desigualdade política. O extraordinário avanço que a ciência e a tecnologia proporcionaram para a reprodução, controle e preservação da vida, tem sua contrapartida quando na sua aplicação se produzem alguns estancamentos e retrocessos ideológicos. Por isso, Diana nos leva a refletir sobre a necessária conciliação entre igualdade e diferença, especialmente nas diferenças de gênero baseadas nos corpos, em casos complexos como intersexualidade. Como construir a cidadania em corpos tutelados pela ciência que constrói violentamente a verdade de seu sexo? Os paradoxos que se criam em crianças e adultos que não podem decidir sobre seus próprios corpos demonstram, como indica Diana Maffía, onde está o problema: não na tecnologia e na ciência, mas na autoridade que detêm aqueles que decidem sobre o uso terapêutico de determinadas tecnologias. O trabalho de Silvia García Dauder compõe o capítulo quatorze e se intitula Tecnologías, cuerpos sexuados y diferencias. Centra-se na análise do “corpo múltiplo”, que não parte de uma ideia pré-concebida do que é um corpo e quais são suas fronteiras, mas dos muitos corpos produzidos por diferentes práticas biomédicas e as conexões parciais entre eles. Silvia se centra nos corpos sexuados das tecnologias biomédicas e sua relação com as tecnologias de comunicação, como mediadoras na produção de discursos, corpos e subjetividades em torno a intersexualidade e, portanto, nos ideais reguladores sexo/gênero. Para isso, escolhe como caso de estudo a evolução e a utilização dos testes de verificação de gênero no esporte olímpico, como aparecem na imprensa esportiva. Olga Bustos Romero, no capítulo quinze, com o título: Dictadura del cuerpo, publicidad, género y trastornos alimentarios também incide em como os meios de comunicação,
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concretamente a propaganda, tratam os corpos sexuados. Historicamente existe uma ditadura dos corpos, especialmente das mulheres, traduzida em vários tipos de violência. Estas diferenças se evidenciam na mídia, especialmente na propaganda, onde ainda se fomenta o culto antidemocrático à magreza extrema, que ocasiona o aparecimento de transtornos alimentares como a bulimia e a anorexia. A discussão no trabalho de Olga Bustus Romero se centra na importância de formar uma visão crítica das mídias, na necessidade de formular e levar à prática políticas públicas e elevar à categoria de lei a iniciativa já existente no México sobre o tema. A última mesa redonda a ser apresentada é a que se refere às políticas públicas de gênero. Depois que todos os capítulos que compõem este livro nos mostraram a situação de exclusão que historicamente as mulheres sofreram nas ciências e na tecnologia e também depois de lermos acerca das conquistas já realizadas por elas para que esta participação seja mais equitativa à dos homens, resta um debate sobre as políticas de governo para sabermos quais medidas são ou poderiam ser tomadas a fim de agilizar este processo, criando condições para que aumente o número de mulheres principalmente nas áreas mais androcêntricas da ciência e da tecnologia, e assim se atinja o equilíbrio de gênero na produção científico-tecnológica. O capítulo dezesseis, escrito por Nanci Stancki da Luz cujo título é Políticas públicas de gênero: desafios para efetivar a igualdade, parte de aspectos jurídicos sobre a importância de concretizar direitos humanos. A autora desenvolve uma discussão sobre igualdade e diferença, inserindo a questão da justiça para alcançar a igualdade entre homens e mulheres. Segundo ela este é um grande desafio, especialmente em sociedades que se pautaram no modelo patriarcal, apesar dela considerar que este modelo não é o único princípio estruturador da sociedade (se bem que prevalente), pois há também homens dominados por mulheres. Nanci Stancki da Luz considera que a mudança cultural não acontece apenas com uma legislação, mas ressalta a importância de fomentar uma cultura de proteção aos direitos das mulheres, se quiser-
mos chegar a uma sociedade mais justa. Ela não deixa de lembrar que o movimento feminista tem um forte papel neste processo de conquista por direitos iguais para as mulheres. A divisão sexual do trabalho no mercado e na família, que estabelece o lugar do homem no primeiro plano e o da mulher no segundo, é uma das formas de minimizar as atividades femininas, pois o trabalho doméstico realizado para a família pela mulher não possui o mesmo valor que o trabalho para o mercado, mantendoa em uma posição desprivilegiada. Finalizando o capítulo a autora diz que é preciso que o Estado adote políticas que incorporem a perspectiva de gênero para que a sociedade busque um caminho verdadeiramente democrático. Liliam Álvarez Díaz e Mayda Álvares tratam no capítulo dezessete de Las mujeres cubanas: experiencias de 50 años de políticas de equidad, ciencia y tecnología, barreras y desafíos. Parafraseando o resumo do capítulo enviado pelas autoras, afirmam que neste artigo são apresentadas as políticas e ações concretas de fundação e desenvolvimento da ciência e tecnologia em Cuba, as oportunidade abertas de igualdade para todos e todas para alcançar os conhecimentos e as carreiras de ciências e tecnológicas. Apresentam-se indicadores de participação das mulheres em diferentes países do mundo, segundo dados da UNESCO de 2009, e se aprofunda no caso de Cuba. Experiências e avaliações realizadas nos diferentes anos de pesquisa demonstram que, apesar de alguns dados estatísticos serem favoráveis, que demonstram o avanço das cubanas e das ações afirmativas para a promoção da mulher, ainda existem algumas discriminações, às vezes não tão claras, que corroboram os processos de consciência herdados de um mundo androcêntrico e patriarcal, que não se transforma em poucas décadas. As autoras consideram que a Federación de Mujeres Cubanas, fundada no início da Revolução, tem uma grande história de luta e conquista a nível político, jurídico e social. Seu Centro de Estudios de la Mujer tem importantes estudos realizados ao longo de toda a ilha e que foram apresentados na mesa redonda.
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Finalmente, no décimo oitavo capítulo, Hildete Pereira de Melo traz um programa desenvolvido pela Secretaria de Políticas para Mulheres do Governo Federal brasileiro que promovia um prêmio aos melhores trabalhos escritos sobre gênero de estudantes do ensino médio, graduação, graduados, especialistas, estudantes de mestrado, mestres, e estudantes de doutorado. Com o título O prêmio Construindo a Igualdade de Gênero: uma política pública feminista, ela desenvolve a descrição deste programa de governo, nas edições de 2009 e 2010. Os/as ganhadores/ as deste prêmio recebiam valores monetários e bolsas de iniciação científica, mestrado e doutorado, além de computadores e outros equipamentos importantes para o trabalho acadêmico. Após a descrição dos critérios e regras da premiação, a autora apresenta vários dados estatísticos sobre a participação dos estudantes de diferentes níveis de ensino desde o ano de 2005 até 2010, ou seja, em todas as suas edições. Nos itens finais deste capítulo Hildete Pereira de Melo explora os conteúdos de alguns trabalhos escritos que concorreram a este prêmio. Houve uma supremacia feminina dentre as/os participantes e, segundo a autora, as inscrições foram crescendo ano a ano. Na conclusão, Marília Gomes de Carvalho faz um balanço dos conteúdos do livro, propondo a seguinte questão: Estudos de ciência, tecnologia e gênero: rompendo paradigmas? Escreve sobre os desafios e avanços da participação das mulheres na ciência e tecnologia, explora a diversidade de possibilidades de estudos neste campo do conhecimento e sugere a necessidade de explicações específicas para os estudos de CTG na América Latina. Finalmente a autora indaga: a maior participação das mulheres na produção científico-tecnológica pode trazer alterações nos paradigmas científicos? Antes de encerrar esta apresentação deve-se explicar que o livro traz capítulos em espanhol e português, de acordo com a nacionalidade de suas autoras. Como o Congresso é Iberoamericano, estamos assim contemplando a língua dos países da Península Ibérica (Espanha e Portugal) e também dos países latino-americanos que, apesar de serem a maioria de língua hispânica (toda a
América Central e parte da América do Sul), há também um país de língua portuguesa. Outra observação a ser feita é que os textos estão publicados na forma original, tal como as autoras nos enviaram, portanto delegamos total responsabilidade a elas sobre a linguagem que seus capítulos apresentam. AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar queremos agradecer às instituições financiadoras do VIII Congresso Iberoamericano, especialmente à Secretaria de Políticas para Mulheres do Governo Federal Brasileiro, financiadora também deste livro. Agradecemos ainda à Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado do Paraná, à Fundação Araucária, ao Sistema da Federação das Indústrias (FIEP), à Empresa Itaipu Binacional, à Companhia de Energia Elétrica do Paraná (COPEL), à Volvo do Brasil, pelo apoio financeiro. Ao Magnífico Reitor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR, Professor Carlos Eduardo Cantarelli, ao Diretor do Campus Curitiba desta Universidade, Professor Dr. Marcos Flávio de Oliveira Schiefler Filho, aos professores e funcionários do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia da UTFPR, pelo apoio institucional. Ao Comitê organizador, principalmente à doutoranda em Tecnologia e Secretária do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia - PPGTE, Lindamir Salete Casagrande, pelo competente apoio administrativo e por “apagar os incêndios” que sempre acontecem na organização de eventos deste porte. À Profa. Dra Maristela Mitsuko Ono, pela qualidade na elaboração do design gráfico e pela supervisão do trabalho de informatização do Congresso e à bolsista estagiária Camila Hanako Nishihara de Albuquerque pela sempre pronta disponibilidade de realização deste trabalho. À Profa. Dra. Nanci Stancki da Luz, pela organização das apresentações dos trabalhos dos eixos temáticos, à mestranda do PPGTE, Joyce Luciane Correia Muzi, pelo trabalho de tradução portuguêsespanhol-português, à Dra. Cristina Tavares da Costa Rocha, pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Relações de Gênero e Tecnologia - GeTec, pela organização e seleção da mostra de vídeos, à doutoranda do PPTGE, Maria Aparecida Fleury Costa Spanger
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pela organização das atividades culturais e à também doutoranda do PPGTE, Giovana Pezarico, pela confecção dos certificados. Agradecemos ainda às pesquisadoras e pesquisadores do GeTec que colaboraram nos trabalhos que envolviam o Congresso desde o início deste processo e às empresárias da Lazuli Eventos, pelo esforço e eficiente apoio no trabalho de organização do evento. Agradecemos também a todos e todas bolsistas do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia (Mestrado e Doutorado) pelo trabalho logístico durante todos os dias do Congresso. Somos gratas ainda à fotógrafa Socorro Araujo, pela mostra fotográfica “Poética feminina de Francisco”.
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PRESENTACIÓN Marilia Gomes de Carvalho
La organización de este libro tiene como finalidad divulgar las conferencias y las ponencias presentadas en las mesas redondas del VIII Congreso Iberoamericano de Ciencia, Tecnología y Género realizado en la ciudad de Curitiba – Paraná / Brasil del 5 al 9 de abril de 2010. El Congreso fue un evento importante para el país que, por primera vez, recibió un grupo representativo de científicos de diferentes áreas de conocimiento y nacionalidades, motivados por presentar los resultados de sus estudios e investigaciones, con el objetivo de intercambiar experiencias y conocimientos relativos al género y sus relaciones con la ciencia y la tecnología. Los temas y trabajos presentados y discutidos durante el Congreso revelaron los últimos avances en la producción del conocimiento en lo que se refiere a desvelar realidades que, muchas veces por cuestiones histórico-culturales, se mantuvieron al margen o no formaron parte del interés de las investigaciones a lo largo de la historia de la ciencia. Estamos seguros de que el Congreso alcanzó los objetivos propuestos, que fueron: crear un espacio de discusión entre las investigadoras y los investigadores sobre la participación de las mujeres en el campo científico-tecnológico de las universidades e institutos de investigación de los países iberoamericanos; hacer visible la participación femenina en las investigaciones científicotecnológicas de todas las áreas de conocimiento, motivando nuevas discusiones epistemológicas y críticas provenientes, tanto de la crítica feminista de la ciencia, como de las ciencias sociales, bioló-
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gicas y físicas; posibilitar el intercambio y las asociaciones entre investigadores, estudios comparativos, enriqueciendo las áreas de la ciencia, la tecnología y el género; ampliar la inserción de investigadoras e investigadores brasileñas/os en el grupo de estudios iberoamericanos sobre ciencia, tecnología y género, destacando la importancia de construir genealogías, redes y comunidades de conocimiento que valoren los contextos de producción, construcción y trasmisión; discutir la participación paritaria de científicos hombres y mujeres en puestos de decisión de órganos de fomento a la investigación científico-tecnológica, identificando los obstáculos que impiden la equidad de género en estos puestos en los días de hoy; y, finalmente, inserir en la discusión de la ciencia, la tecnología y el género la temática de la educación científico-tecnológica, proponiendo la creación de políticas públicas que motiven a la participación efectiva e igualitaria de las mujeres en la ciencia y en la tecnología. Además de las presentaciones de los trabajos de investigación, contamos con la participación de investigadoras e investigadores - profesores universitarios, estudiantes de graduación y posgrado - que estuvieron presentes, escuchando y participando en las conferencias con comentarios y preguntas en los diferentes grupos de los ejes temáticos, de las conferencias y mesas redondas, además de participar en las actividades culturales programadas. Fueron más de 350 inscritos, de los cuales la mayoría eran brasileños y los demás de otros países, especialmente de los países vecinos. Es importante presentar los títulos de los ejes temáticos que guiaron las comunicaciones, para que se pueda conocer y evaluar la diversidad de los temas abordados y las problemáticas investigadas. Se trata de cuestiones relevantes para las mujeres y que, muy probablemente, si el Congreso hubiera sido organizado en los modelos de la ciencia clásica y androcéntrica, no serían objeto de estudio. Fueron 14 los ejes temáticos, presentados a continuación: Género de la Historia, Filosofía y Sociología de la Ciencia y de la Tecnología Mujeres Pioneras en Áreas Científicas y Tecnológicas
Educación Científico-Tecnológica y Género Género y Divulgación Científica y Tecnológica Discursos y Prácticas Femeninas en la Ciencia y la Tecnología Género y el Sistema de Investigación y Desarrollo Científico y Técnico División Sexual del Trabajo y Profesiones Científicas y Tecnológicas Salud, Ciencia, Tecnología y Género Innovaciones Tecnológicas (Biotecnología, Nanotecnología, etc.) y Género Diseño, Tecnología y Género Media, Género y Tecnología Género y Apropiaciones de la Ciencia y de la Tecnología Género y Tecnologías de la Información y la Comunicación Ciencia y Tecnología: Inclusión / Exclusión de las Mujeres Todos los trabajos enviados para presentación aparecen publicados integralmente en la página web http://www.ppgte. ct.utfpr.edu.br/eventos/cictg/ y allí pueden consultarse. Del mismo modo, se publicó un CD distribuido a todos los inscritos en el Congreso, que pudieron llevar a sus respectivas instituciones y países todos los artículos escritos para el evento. La diversidad de contenidos presentados en las conferencias y las provocativas cuestiones llevadas a debate por los participantes de las mesas redondas nos estimularon a organizar este libro, pues los textos que aquí presentamos no están disponibles en la página web ni tampoco en el CD. El libro presenta en los primeros capítulos los textos de las conferencias, seguidos por los temas de las mesas redondas. Por esta razón, algunos capítulos llevan subtítulos que corresponden a los temas de las referidas mesas.
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El primer capítulo, ¿Presentes y Eclipsadas?, es el texto de Carmen Alemany, leído en la apertura del Congreso. La autora cuestiona el trabajo científico basado en principios masculinos que excluyeron a las mujeres. Llama la atención sobre los peligros que el modelo de desarrollo científico y tecnológico que se apoya en aquellos principios acarrea para el futuro del planeta y la continuidad de la especie humana. Critica el modelo patriarcal de la ciencia y de la tecnología, en el cual se separan la humanidad y la naturaleza. Según Carmen Alemany, el trabajo de cuidar de la vida, realizado tradicionalmente por las mujeres, y la naturaleza, no son considerados parte del sistema económico, lo que permite a los hombres ejercer el dominio sobre ambos. Sin embargo, es el trabajo de ellas el que mantiene la vida. La autora concluye este capítulo clamando a las mujeres científicas que busquen nuevos métodos y nuevas investigaciones a fin de que dejen de estar eclipsadas por los hombres y puedan encontrar nuevos conocimientos que garanticen la sustentabilidad de la vida y de la naturaleza. Shirley Malcon realizó la clausura del Congreso con la conferencia Ciencia y Tecnología: trabajo de mujeres, voces de mujeres Al iniciar este segundo capítulo, afirma que, pese a que la ciencia y el conocimiento tecnológico sean considerados saberes masculinos, no podemos pensar que las mujeres no participan de ellos. Para Malcon, “hacer ciencia y crear tecnología forma parte de lo que significa ser humano”. Sin embargo, históricamente los hombres pasaron a tener el dominio sobre estos saberes y las mujeres fueron excluidas de las escuelas y de las universidades. En este capítulo la autora discute cómo la presencia o la ausencia de las mujeres en la ciencia y en la tecnología afectaron a la dirección que siguieron estas áreas. Para la autora, las investigaciones sobre la salud y las enfermedades podrían ser distintas si hubieran sido llevadas a cabo por mujeres. Shirley Malcom no afirma categóricamente que los resultados serían diferentes si las investigaciones fueran realizadas por mujeres, pero llama la atención sobre la necesidad de considerarlo. La autora destaca la importancia de que las investigaciones médicas no se basen úni-
camente en el cuerpo masculino, sino que consideren las especificidades del cuerpo femenino, tanto en los diagnósticos, como en los tratamientos. Considera que la diversidad de los géneros en el ámbito de la ciencia y de la ingeniería enriquecería los trabajos relacionados con la tecnología, contemplando otras cuestiones ausentes en los intereses de los ingenieros hombres. El resultado de esta diversidad sería, por ejemplo, la promoción del desarrollo sostenible. Finalmente, afirma que el planeta necesita la visión de las mujeres y sus voces, unida a la de los hombres, para buscar soluciones a los problemas existentes. El capítulo tres, Viajeras, Exploradoras y otras Intrépidas y sus contribuciones a la ciencia, de Patricia Tovar, es el texto de una conferencia sobre la participación de las mujeres en expediciones científicas, comúnmente organizadas exclusivamente con la participación de investigadores hombres. La autora realiza un estudio retrospectivo histórico, desde la Grecia Antigua, Edad Media, grandes navegaciones de los descubrimientos, expediciones científicas, la expansión marítima, los viajes del siglo XIX, hasta las pioneras en la aviación y en la conquista espacial. A través de esta trayectoria, Tovar presenta paulatinamente nombres de mujeres, sus hechos y contribuciones para la ciencia y el conocimiento de los nuevos territorios bajo la óptica femenina. Entre las citadas aparecen las antropólogas pioneras como la intrépida Margaret Mead, que, con su investigación entre los Samoa de Nueva Guinea, contribuyó a la antropología estadounidense con conocimientos sobre crecimiento y adolescencia y un abordaje inusitado sobre la construcción cultural de los mundos masculinos y femeninos. Otros hechos de las mujeres viajeras y sus contribuciones para la ciencia se destacan en el capítulo de Patricia Tovar. Los capítulos siguientes se refieren a las comunicaciones realizadas por los participantes de las mesas redondas que tuvieron lugar en el Congreso. La mesa titulada “Género en la Historia, Filosofía, Sociología y Política Científica y Técnica” compone los dos capítulos siguientes. El cuarto capítulo, O XV Congresso
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Internacional de Medicina de 1906, Lisboa, Portugal: uma abordagem de gênero, fue escrito por un grupo de investigadoras de Portugal – Maria Margaret Lopes, Madalena Esperança Pina y Maria de Fátima Nunes. Las autoras presentan una descripción del Congreso de 1906 y señalan la modesta participación de las mujeres, que encontraban muchas dificultades para inserirse en las ciencias médicas de la época. De las participantes, la mayoría eran francesas y estadounidenses, pero muchas se inscribían con los apellidos de sus maridos, y sus títulos – Doctora o Profesora – no se mencionaban como en el caso de los hombres. Eran anunciadas como Madame o Mademoiselle, lo que revela una forma de discriminación. Pese a la diferencia de tratamiento y promoción entre científicos hombres y mujeres en el congreso de medicina, las autoras revelan que los congresos feministas en la época, que reunían a mujeres científicas profesionales, imprimían la contribución de las mujeres para la ciencia. Concluyen afirmando que el cruce de nombres, apellidos y temáticas de estudio de estos diversos congresos representa un vasto campo de investigación para conocerse las relaciones entre los congresos científicos y los congresos feministas del inicio del siglo XX. En el capítulo cinco, Leer y escribir en lengua materna: análisis del uso del español en la comunidad científica internacional, Consuelo Miqueo destaca la importancia del uso de la lengua materna en los escritos científicos. Para la comunidad científica todo lo que no está escrito en lengua inglesa es considerado “ciencia doméstica” o de “circulación nacional” y no recibe el prestigio de la comunidad científica. La autora afirma que centenares de hombres y mujeres piensan, leen y escriben en español pero lo hacen sintiendo su inferioridad científica, quizá incluso depreciando su lengua materna. Tomando como punto de partida la historia de los idiomas predominantes en la construcción de la ciencia occidental, presenta “los resultados de un análisis bibliométrico de la literatura científica en español, portugués y otros idiomas, en correlación con otros países, las áreas científicas e instituciones productoras, el impacto y periodicidad de las revistas o el tipo de artículos”.
Otra mesa redonda trató sobre las mujeres pioneras en la ciencia y en la tecnología en diferentes países. El capítulo seis, escrito por Diana Maffía, trata de las Mujeres pioneras en la ciencia argentina. Los registros sobre la matrícula y la titulación universitaria según el sexo surgen en Argentina solamente a partir de 1940. La autora presenta informaciones sobre la participación de las científicas argentinas en las ciencias médicas (destacando las más reconocidas), trata de las mujeres astrónomas (citando sus nombres y hechos científicos), presenta a las científicas en el área de química y sus descubrimientos. También referencia a las mujeres pioneras en la Antártida, donde muchas biólogas realizaron investigaciones, contribuyendo con importantes descubrimientos. A pesar de las vicisitudes de los viajes a esta región del globo, dichas mujeres demostraron ser capaces de participar en las expediciones científicas, abriendo espacio para otras que las sucedieron. Tras presentar muchas otras científicas argentinas, Diana Maffía concluyó este capítulo haciendo referencia a la Dra. Ana Galimberti, una médica que se destacó en la obstetricia, siendo la primera mujer en obtener una cátedra en la Facultad de Medicina de la Universidad de Buenos Aires. Finalmente, destaca que estas mujeres pioneras sirvieron como ejemplo a otras mujeres que siguieron sus caminos. Norma Blázquez y Olga Bustus Romeno escribieron el capítulo siete titulado Pioneras de la ciencia en México. El caso de la Universidad Autónoma de México. El estudio se basa en una investigación cuyos resultados son cuantitativos y cualitativos. El objetivo de la investigación fue generar referenciales para docentes y estudiantes que buscan la equidad entre hombres y mujeres en la ciencia y en la universidad. Fueron entrevistadas mujeres científicas de diferentes áreas de conocimiento. Según las autoras, los detalles sobre sus carreras y sus vidas privadas, presentados en este capítulo, podrán ayudar a otras mujeres que están iniciando sus actividades científicas. Además de eso, con esta investigación Norma Blázquez y Olga Bustus Romeno dieron visibilidad a las mujeres pioneras de la UNAM. En el octavo capítulo, Lourdes Fernández Rius discute un tema interesante. Con el título Las precursoras: tensión y sub-
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versión introduce la discusión de la tensión que se crea con la participación cada vez más efectiva de las mujeres en las ciencias y en las universidades. Las tensiones y contradicciones casi siempre llevan a exclusiones y discriminaciones que a lo largo de la historia fueron reproducidas por la sociedad patriarcal. Su investigación fue realizada en Cuba y, como el estudio mexicano, fue de carácter cuantitativo y cualitativo. La autora cuestiona las dificultades de inserción de las mujeres en las ciencias en su país, la falta de reconocimiento del trabajo femenino por parte de la comunidad científica universitaria y de la sociedad. Los datos cuantitativos revelan cómo las mujeres cubanas son minoría no sólo en las áreas científicas más prestigiadas, sino también en los niveles más altos de titulación y reconocimiento académico. Según Lourdes Fernández Ruis, los hombres siguen siendo los protagonistas de la ciencia. Por otra parte, la discriminación de las mujeres existe porque el trabajo científico exige tiempo y dedicación, y ellas se sienten muy afectadas por la discriminación a nivel personal, involucradas en la esfera privada y familiar, además de los prejuicios sociales que enfrentan. En el capítulo nueve, Eulalia Pérez Sedeño escribe sobre las Mujeres pioneras en las ciencias: una mirada a la realidad en Iberoamérica. La autora inicia su texto llamando la atención sobre el hecho de que muchas actividades que eran realizadas por mujeres, como la cura de enfermedades o el parto, se las apropiaron los hombres. Según la autora la ginecología dejó de ser una actividad exclusivamente femenina para caer en manos de médicos hombres, con el uso de instrumentos como el fórceps y medicinas. Comenta que la masculinización de la ginecología y de la obstetricia existe hasta nuestros días, pues no existe ninguna catedrática de esta especialidad en la Universidad española. El capítulo sigue dando visibilidad a innumerables científicas españolas de diferentes épocas y áreas de conocimiento, destacando sus contribuciones para la ciencia, pese a que muchas sigan siendo ilustres desconocidas hasta ahora. Aún existen dificultades en la inserción de mujeres en la universidad española y los datos presentados por Eulalia Pérez Sedeño al final de su capítulo son reveladores. Sin
embargo, destaca la importancia de que se conozca la historia a fin de enriquecer a las mujeres en todos los sentidos. El décimo capítulo fue escrito por María José Barral Morán, Isabel Delgado Echeverría, Teresa Fernández Turrado y Carmen Magallón Portolés, un grupo de investigadoras de la Universidad de Zaragoza – España. Bajo el título Científicas que dejan huellas: interacción entre experiencia vital y contribución a la ciencia, las autoras presentan una investigación realizada con mujeres científicas de la Universidad de Zaragoza. Tras explicar detalles sobre los objetivos y la metodología adoptada en la investigación, la ilustran con algunos de los resultados. La investigación fue realizada a través de la historiografía de mujeres científicas del inicio del siglo XX, que ya han muerto, y de entrevistas realizadas a científicas de la actualidad. Se comparan las trayectorias de las científicas españolas del inicio del siglo y de las actuales. Para las primeras el gran obstáculo para seguir una carrera científica eran los quehaceres domésticos, la carga familiar, en particular, el matrimonio. En el grupo de las científicas actuales hay una minimización del tema doméstico, que no aparece como un problema pendiente. Si tienen hijos, comparten con sus parejas los cuidados de los niños o cuentan con la ayuda de familiares. Muchas son compañeras de trabajo de sus maridos y comparten los mismos intereses profesionales. Para las autoras de este capítulo los ejemplos que las mujeres científicas investigadas dan a las que están empezando sus carreras científicas no se resumen al ámbito de la producción científica directa, sino también a la manutención y al engrandecimiento de la comunidad científica. El capítulo once es el último de esta mesa redonda. Fue escrito por María Antonia García de Léon Álvarez, que le dio el título Élites Profesionales Femeninas. El caso de las académicas y las científicas: un análisis sobre el binomio Género&Poder. El contenido del capítulo se compone, en primer lugar, de una comparación realizada por la autora entre mujeres políticas y mujeres científicas. En seguida, trata sobre el poder académico y científico como poderes androcéntricos. Presenta detalles biográficos de mujeres científicas, destacando los desafíos con los que se enfrentan
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para desarrollar sus carreras y afirmarse en el mundo científico y político, y también las diferentes visiones de hombres y mujeres sobre sus actividades ante el poder y la carrera científica. María Antonia García de León Álvarez concluye su capítulo presentando nueve respuestas al problema que tiene un único origen: la división del trabajo y de los roles de género en una social patriarcal que proyecta su sombra sobre toda actividad humana. La mesa redonda sobre cuerpos y diferencias es la que da origen a los cuatro capítulos siguientes de este libro. En el décimo segundo capítulo, cuyo título es Cuerpos y diferencias, Eulalia Pérez Sedeño presenta el tema de esta mesa, destacando que la idea surgió a partir de un proyecto de investigación dirigido por ella, titulado “Cartografías del cuerpo: Biopolíticas de la ciencia y la tecnología”. Este proyecto se inscribe en el campo de estudios de Ciencia, Tecnología y Sociedad (CTS) y consiste en un abordaje multidisciplinar. La autora destaca que dentro de este campo de estudios se abre la posibilidad de los estudios de Ciencia, Tecnología y Género (CTG). En este ámbito, los procesos y productos de las biociencias y biotecnologías se condicionan por prejuicios de género y sexo que contribuyen a reforzar o a modelar los cuerpos y sus significados sociales y de género. El interés de la mesa era presentar las contribuciones más recientes sobre los temas de ciencia, tecnología y cuerpo. A continuación, la autora presenta los temas que serán discutidos en esta mesa y que componen los capítulos siguientes de este libro. Tomo prestadas las palabras de Eulalia Pérez Sedeño para presentarlos. Diana Maffía en su trabajo Tecnología y control social de los cuerpos sexuados, el capítulo trece, se centra en cómo las diferencias visibles entre los cuerpos (la genitalidad, el color, los rasgos étnicos y otros) han sido el soporte material de la desigualdad política. El extraordinario avance que la ciencia y la tecnología han aportado a la reproducción, al control y a la preservación de la vida, pero tiene su contrapartida cuando en su aplicación se producen algunos estancamientos y retrocesos ideológicos. Por eso, Diana nos lleva a reflexionar sobre la conciliación necesaria entre igualdad y diferencia, en especial en las diferencias de género basadas en
los cuerpos, en casos complejos como la intersexualidad. ¿Cómo construir la ciudadanía en cuerpos tutelados por la ciencia, que construye violentamente la verdad de su sexo? Las paradojas que se producen en niños o adultos que no pueden decidir sobre sus propios cuerpos señalan, como indica Diana Maffía, dónde está el problema: no en la tecnología y la ciencia, sino en la autoridad que detentan quienes deciden el uso terapéutico de determinadas tecnologías. El trabajo de Silvia García Dauder, compone el capítulo catorce y se llama Tecnologías, cuerpos sexuados y diferencias. Se centra en el análisis del “cuerpo múltiple”, que no parte de una idea prefijada de lo que un cuerpo es y cuáles son sus fronteras, sino de los muchos cuerpos producidos y realizados por diferentes prácticas bio-médicas y las conexiones parciales entre ellos. En especial, Silvia se centra en los cuerpos sexuados de las tecnologías biomédicas en intersección con las tecnologías de la comunicación, como mediadoras en la producción de discursos, cuerpos y subjetividades en torno a la intersexualidad y, por tanto, en los ideales reguladores sexo/género. Para ello escoge como caso de estudio la evolución y utilización de los tests de verificación de género en el deporte olímpico, en concreto tal y como aparece en la prensa deportiva. Olga Bustos Romero en el capítulo quince, con el título: Dictadura del cuerpo, publicidad, género y trastornos alimentarios, también incide en cómo los medios de comunicación, en concreto a través de la publicidad, tratan a los cuerpos sexuados. Históricamente ha habido una dictadura sobre los cuerpos, en especial los de las mujeres, que se traduce también en varios tipos de violencia. Estas diferencias quedan evidenciadas en los media, específicamente en la publicidad, donde se sigue fomentando el culto a la hiper-delgadez, que resulta de lo más antidemocrático, incidiendo asimismo en los trastornos alimentarios como bulimia y anorexia. La discusión en el trabajo de Olga Bustus Romero se centra en la importancia de formar audiencias críticas hacia los media, en la necesidad de formular y llevar a la práctica políticas públicas y elevar a rango de ley la iniciativa ya existente sobre el tema en México.
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La última mesa redonda es la que se refiere a las políticas públicas de género. Después que todos los capítulos que componen este libro nos enseñaron la situación de exclusión que sufrieron históricamente las mujeres en las ciencias y en la tecnología y también tras leer sobre las conquistas realizadas por ellas en una participación más equitativa con los hombres, falta un debate sobre las políticas de gobierno para saber qué medidas son o podrían ser tomadas a fin de acelerar este proceso, creando condiciones para que se aumente el número de participación de las mujeres principalmente en las áreas más androcéntricas de la ciencia y de la tecnología y que así se alcance el equilibrio de género en la producción científico-tecnológica. El capítulo dieciséis, escrito por Nanci Stancko da Luz cuyo título es Políticas públicas de gênero: desafio para tornar efeciva a igualdade, parte de aspectos jurídicos sobre la importancia de concretizar los derechos humanos. La autora lleva a cabo una discusión sobre igualdad y diferencia, incluyendo la cuestión de la justicia para alcanzar la igualdad entre hombres y mujeres. Según la investigadora este es un gran desafío, especialmente en sociedades que se basaron en el modelo patriarcal, a pesar de considerar que este modelo no es el único principio estructurador de la sociedad (aunque sea el prevaleciente), pues también existen hombres dominados por mujeres. Nanci Stancki da Luz considera que el cambio cultural no se lleva a cabo solamente con la legislación, sino resalta la importancia de fomentar una cultura de protección a los derechos de las mujeres si queremos llegar a ser una sociedad más justa. Resalta que el movimiento feminista tiene un papel de destaque en el proceso de conquista por derechos iguales para las mujeres. La división sexual del trabajo en el mercado laboral y en la familia, que establece al hombre en primer lugar y a la mujer en segundo, es una de las formas de minimizar las actividades femeninas, pues el trabajo doméstico realizado para la familia por la mujer no recibe el mismo valor que el trabajo para el mercado, manteniéndola en una posición desfavorecida. Finalizando el capítulo, la autora afirma que es necesario que el Estado adopte políticas que incorporen la perspectiva de género para que la sociedad busque un camino verdaderamente democrático.
Lilliam Álvarez Diaz y Mayda Álvarez tratan en el capítulo diecisiete sobre Las mujeres cubanas: experiencias de 50 años de políticas de equidad, ciencia y tecnología, barreras y desafíos. Parafraseando el resumen del capítulo enviado por las autoras, afirman que en este trabajo se presentan las políticas y acciones concretas de fundación y desarrollo de la ciencia y la tecnología en Cuba, las oportunidades abiertas por igual para que todas y todos accedan a los conocimientos y a las carreras de ciencias y técnicas. Se muestran indicadores de participación de las mujeres en diferentes países del mundo, según datos de la UNESCO del 2009 y en particular se profundiza en el caso de Cuba. Experiencias y valoraciones recogidas en varios años de investigación demuestran que, a pesar de tener algunas estadísticas aceptables que muestran los avances de las cubanas y de las acciones afirmativas para la promoción de la mujer, subsisten aún rezagos y discriminaciones a veces no tan obvias, y que corroboran que los procesos de la conciencia, heredados de un mundo androcéntrico y patriarcal, no se transforman en pocas décadas. Las autoras consideran que la Federación de Mujeres Cubanas, fundada justo al comienzo de la Revolución, tiene una larga historia de luchas y logros en los planos político, jurídico y social. Su Centro de Estudios de la Mujer muestra importantes investigaciones y estudios realizados a lo largo y ancho de la Isla, que fueron expuestos en la mesa redonda. Finalmente, en el décimo octavo capítulo, Hildete Pereira de Melo presenta un programa desarrollado por la Secretaría de Políticas para Mujeres del Gobierno Federal brasileño, que otorgaba un premio a los mejores trabajos sobre género escritos por estudiantes de enseñanza secundaria, graduación, graduados, especialistas, estudiantes de maestrías, másters y estudiantes de doctorado. Con el título O prêmio Construindo a Igualdade de Gênero: uma política pública feminista, desarrolla la descripción de este programa de gobierno, en las ediciones de 2009 y 2010. Los/as ganadores/as de este premio recibían valores monetarios y becas de iniciación científica, maestría y doctorado, además de ordenadores y otros equipos importantes para el trabajo académico.
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Después de la descripción de los criterios y reglas de premiación, la autora presenta varios datos estadísticos sobre la participación de los estudiantes de diferentes niveles de enseñanza desde el año 2005 al 2010, es decir, en todas sus ediciones. En los apartados finales de este capítulo Hildete Pereira de Melo discute los contenidos de algunos de los trabajos presentados para el premio. Hubo una supremacía femenina entre los/as participantes y, según la autora, las inscripciones fueron creciendo año tras año. En la conclusión, Marília Gomes de Carvalho realiza un balance de los contenidos del libro proponiendo la cuestión: Estudos de ciência, tecnologia e gênero: rompendo paradigmas? Escribe sobre los desafíos y avances de la participación de las mujeres en la ciencia y la tecnología, explora la diversidad de posibilidades de estudios en este campo de conocimiento y sugiere la necesidad de explicaciones específicas para los estudios de CTG en América Latina. Finalmente, la autora indaga: ¿la mayor participación de las mujeres en la producción científico-tecnológica puede acarrear alteraciones en los paradigmas científicos? Antes de concluir esta presentación me gustaría explicar que el libro presenta capítulos en español y en portugués, según la nacionalidad de las autoras. Como el Congreso es Iberoamericano, contemplamos las lenguas de los países de la Península Ibérica (España y Portugal) y también de los países latinoamericanos que, a pesar de ser en su mayoría de lengua española (toda América Central y parte de la América del Sur), cuentan con un país representante de la lengua portuguesa. Otra observación importante es que todos los textos aparecen publicados en su forma original, como fueron enviados por las autoras, y es de su total responsabilidad el lenguaje y las discusiones realizadas en los capítulos que presentan. AGRADECIMIENTOS
Queremos agradecer en primer lugar a las instituciones financiadoras del VIII Congreso Iberoamericano, especialmente a la Secretaria de Políticas para Mulheres del Gobierno Federal Brasileño, que también
financia este libro. Nuestros agradecimientos a la Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado do Paraná, a la Fundação Araucária, al Sistema da Federação das Indústrias (FIEP), a la empresa Itaipu Binacional, a la Companhia de Energia Elétrica do Paraná (COPEL), a la Volvo de Brasil, por el apoyo financiero. Al Excelentísmo Rector de la Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR, Profesor Carlos Eduardo Cantarelli, al Director del Campus Curitiba de esta Universidad, Profesor Dr. Marcos Flávio de Oliveira Schiefler Filho, a los profesores y funcionarios del Programa de Posgrado en Tecnología de la UTFPR, por el apoyo institucional. Al Comité organizador, principalmente a la doctoranda en Tecnología y secretaria del Programa de Posgrado en Tecnología - PPGTE, Lindamir Salete Casagrande, por el competente apoyo administrativo y por “apagar fuegos” que siempre ocurren en la organización de eventos de este porte. A la Profa. Dra Maristela Mitsuko Ono, por la calidad de la elaboración del diseño gráfico y por la supervisión del trabajo de informatización del Congreso y a la becaria Camila Hanako Nishihara de Albuquerque, por su disponibilidad para realizar este trabajo. A la Profa. Dra. Nanci Stancki da Luz, por la organización de las presentaciones de los trabajos de los ejes temáticos, a la estudiante de maestría del PPGTE, Joyce Luciane Correia Muzi, por el trabajo de traducción portugués-español-portugués, a la Dra. Cristina Tavares da Costa Rocha, investigadora del Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Relações de Gênero e Tecnologia - GeTec, por la organización y selección de la muestra de vídeos, a la doctoranda PPTGE, Maria Aparecida Fleury Costa Spanger, por la organizacion de las actividades culturales y también a la doctoranda del PPGTE, Giovana Pezarico, por la confección de los certificados. Agradecemos también a las investigadoras e investigadores del GeTec que colaboraron con los trabajos desde el principio y a las empresarias de Lazuli Eventos, por el esfuerzo y eficiente apoyo en la organización del evento. Nuestros agradecimientos a todos y todas las becarias del Programa de Posgrado en Tecnología (maestría y doctorado) por el trabajo logístico durante todos los días del Congreso. Damos las gracias también a la fotógrafa Socorro Araujo, por la muestra fotográfica “Poética feminina de Francisco”.
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¿PRESENTES Y ECLIPSADAS? Maria Carme Alemany
En primer lugar quiero dar las gracias a las organizadoras del Congreso por haberme invitado a impartir esta conferencia de apertura del VIII Congreso Iberoamericano de Ciencia, Tecnología y Género. Estoy muy contenta de estar entre todas vosotras y vosotros y de poder compartir estos días de intercambio y de reflexión colectiva. Cuando acepté dar esta conferencia, me propuse elaborarla tomando como punto de partida las propuestas que presenté en la conferencia que impartí en Brasilia en el 2º Encontro Nacional de Núcleos e Grupos de Pesquisa en junio de 2009 sobre la evaluación de la ley de Igualdad en España y su aplicación en la Universidad. En aquel momento dije que la igualdad entre hombres y mujeres en la Universidad es ante todo una cuestión de justicia. Sin embargo, añadí que la igualdad no debe reducirse a la perspectiva cuantitativa, sino que la igualdad a la cual quise referirme no corresponde a las correcciones menores o a los gestos de inclusión en las políticas contra la discriminación, sino a la reivindicación del derecho de que las mujeres negras, indias, blancas, mestizas puedan acceder a la Universidad con voz propia. ¿ Por qué la igualdad no puede limitarse al aspecto cuantitativo? Si nos limitamos a reivindicar la presencia de las mujeres en la universidad desde el punto de vista cuantitativo, hoy en día, en mu-
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chos países, las mujeres blancas han conseguido el acceso a los estudios universitarios, en igual o mayor proporción que los hombres. En España, por ejemplo, las mujeres representan casi el 55% del alumnado universitario y el 50,2% de los estudiantes de doctorado (datos de 2008). Sin embargo, las mujeres negras, indias o mestizas no han conseguido todavía esta igualdad, por lo tanto nos encontramos todavía ante una situación de injusticia cuando el análisis del acceso de las mujeres a los estudios universitarios se interrelaciona con la clase social y la etnia. Además, si se observa la posición de las mujeres en la Universidad en los puestos de docencia, se encuentran mayores diferencias comparadas con los hombres. En España, las profesoras representan el 37%, pero cuando se analizan los puestos de mayor categoría la discriminación de las mujeres aumenta. Así las mujeres catedráticas (categoría superior entre el profesorado) solo representan un 15% del total de esta categoría; en los tribunales de tesis sólo el 10,6% están presididos por una mujer; y entre el resto de miembros de los tribunales sólo hay un 18% de mujeres (datos de 2008). Estos datos de España, no difieren de la situación en otros países europeos y muy probablemente que en vuestros países se pueden encontrar diferencias semejantes e incluso que en algunos de ellos se constatan aún mayores desequilibrios. También si analizamos la participación de las mujeres por áreas de conocimiento nos encontramos con poca presencia femenina, especialmente en las áreas tecnológicas. Sin embargo, en lo que quisiera insistir es que nuestro punto de mira no debe reducirse a un simple programa de medidas correctoras. Nuestro objetivo no debe limitarse a aumentar la presencia de las mujeres, aun cuando sea una cuestión de justicia, ya que si se reduce la igualdad a términos cuantitativos como si se tratase de un fin en si mismo, se corre el riesgo de tomar las trayectorias y el hacer de los hombres como un modelo al que las mujeres deben asemejarse, e incorporar su manera de producir la Ciencia y la Tecnología como un referente. Cuando ello sucede, las mujeres están presentes en la Universidad pero eclipsadas en
la producción del conocimiento, ya que dicha universidad, por su carácter patriarcal, representa y fomenta el desarrollo del conocimiento elaborado por los hombres, considerado éste como el único válido y posible. El movimiento feminista, que es la revolución social más importante del siglo XX y la que ha conseguido, sin violencia, más cambios en las relaciones sociales, ha dado voz propia a las mujeres. Como señala Griselda Pollock “las mujeres ya no nos dejamos decir lo que hemos de hacer”1. En lo que concierne la Universidad, a medida que las mujeres feministas han sido más numerosas en la Academia han podido dedicar sus esfuerzos a la búsqueda de las aportaciones a la ciencia de las mujeres que les han precedido y que habían sido invisibilizadas o capitalizadas por los hombres. Éste ha sido el primer trabajo que han realizado las mujeres en el espacio académico: dar visibilidad y atribuir su justo valor a las aportaciones de las mujeres a la ciencia y la tecnología. Este trabajo ha desvelado que la ciencia y la tecnología es parcial e incompleta ya que su desarrollo solo se ha basado en la experiencia masculina y ha excluido el saber de las mujeres. Ahora bien, no se trata de añadir las aportaciones de las mujeres al conocimiento elaborado por los hombres, como un mero suplemento de los estudios e investigaciones de éstos o como una aportación marginal, sino que hay que darles su real significado: el de la aportación de otra mirada a la ciencia y la tecnología, la cual nunca podrá ser un añadido, sino que representa un cuestionamiento radical al conjunto del saber actual. Asimismo, el trabajo que se ha efectuado desde el feminismo ha sido construir pensamiento a través de la elaboración de nuevas preguntas y nuevos interrogantes, lo que ha requerido salir fuera del cuerpo o de doctrinas o del espacio que se considera como la Ciencia reconocida, para plantear nuevos métodos, nuevos instrumentos y nuevos conceptos. Salir fuera, porque, como decía Anna Bosch refiriéndose a las instituciones patriarcales (como es la propia Universidad), “no son el lugar donde se pueda desarrollar otro discurso”2. Dicho discurso solo se puede desarro-
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llar en los espacios donde las mujeres nos reunimos para intercambiar experiencias y repensar el mundo bajo una nueva mirada. Estos espacios propios, hechos a nuestra medida, nos ofrecen las condiciones de libertad en los que se pueden expresar opiniones discordantes e intuiciones disonantes que permiten crear los instrumentos intelectuales necesarios para pensar desde nosotras. Este Congreso es un espacio propio, donde las mujeres nos podemos dar autoridad las unas a las otras para revisar uno a uno todos los conceptos que hemos aprendido, seleccionar aquellos que de algún modo aún nos sirven y rechazar sin complejos aquellos que no están hechos a nuestra medida. Congresos de este tipo son la ocasión para aunar esfuerzos, construir redes y consolidar las relaciones entre mujeres de distintas áreas de conocimiento y de distintas culturas o geografías. Todo ello, para hacer fecundar nuevos conocimientos y formular nuevos temas y perspectivas de investigación. Es a través de estos encuentros que las mujeres feministas hemos logrado construir nuevos instrumentos, nuevos métodos y nuevos conceptos especialmente en el ámbito de las ciencias sociales. Hemos podido construir una nueva mirada sobre la realidad que nos rodea y desvelar el funcionamiento de la sociedad patriarcal capitalista. Hemos logrado elaborar con voz propia la interpretación de la sociedad desde el saber y el hacer de las mujeres. Este trabajo de reinterpretación lo hemos podido llevar a cabo desde los espacios propios de mujeres como son los Seminarios o grupos de estudios de las mujeres (women’s studies), o los Congresos que incluyen la perspectiva de género, etc. es decir desde la habitación propia de la que hablaba Virginia Wolf, donde es posible situarse “desde la otra orilla del abismo”, para sustraernos el pensamiento patriarcal y recuperar nuestra propia mirada. Este es el sentido que da Elena Grau cuando se refiere al libro Tres Guineas de Virginia Wolf, en el que la autora responde a un hombre que le pide colaboración para evitar la guerra: “La mejor manera de ayudarlo a evitar la guerra no consiste en repetir sus palabras y en seguir sus métodos, sino en encontrar nuevas palabras y nuevos métodos”. La misma respuesta de Virginia Wolf, la hemos de dar las mujeres de
hoy frente a los problemas que plantea la Ciencia y la Tecnología desarrolladas por los hombres. Esta es la tarea urgente que tenemos planteada las mujeres universitarias: encontrar otras maneras, desarrollar otros métodos y elaborar nuevos conceptos para poder elaborar pensamiento propio que transgreda el orden patriarcal, y cabe insistir en que sólo se podrá llevar a cabo a partir de los espacios de mujeres donde se pueda pensar, innovar e investigar desde la libertad. El pensamiento feminista no ha alcanzado todavía de-construir todos los ámbitos de la ciencia y la tecnología, de manera que es necesario someter a revisión crítica todos los campos del conocimiento, “ver con nuevos ojos, entrar en el viejo texto desde una nueva dirección crítica” como indica Adrienne Rich3. Como sabemos, la ciencia y la tecnología son dos elementos clave del actual sistema económico ya que constituyen la base del modelo industrial y tecnológico que lo sostienen. Contrariamente a la manera según la cual se nos presentan la ciencia y la tecnología, no son elementos neutros sino que están articuladas con el capitalismo neoliberal y lo sostienen. Además se nos imponen a través del modelo industrial y tecnológico como si fuera el único modelo de desarrollo posible. Un modelo de desarrollo iniciado e implantado en los países del Norte y que se pretende expandir en los países del Sur. En este contexto, no hay que olvidar que se trata de un modelo de desarrollo industrial y tecnológico que está poniendo en peligro la vida en el planeta y por lo tanto, la continuidad de la especie humana. Sólo recordaré aquí algunas de sus características, a través de ejemplos muy concretos: - Extrae del medio natural los recursos que precisa sin tomar en consideración que estos recursos son limitados. Distintas investigaciones han puesto de relieve que si se sigue el ritmo actual de extracción, los recursos no renovables como el agua, la tierra, los minerales, el petróleo, el gas se llegarán a agotar.
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- También los recursos renovables como la pesca, la madera, están amenazados cuando el ritmo de renovación natural es inferior al ritmo de extracción, que es lo que ya está ocurriendo. Vosotras sabéis cuán amenazados están los bosques de vuestros países, la deforestación que se está realizando en la Amazonia y el riesgo que ello supone para vuestros países y el conjunto del planeta. En cuanto a la pesca no sólo se están expoliando los recursos naturales sino que se recurre además a su reproducción en piscifactorías a través de métodos de reproducción intensiva que a largo plazo no son inocuos para la salud humana. - Los residuos que se producen a lo largo del proceso productivo, retornan al medio ambiente en forma sólida, líquida o gaseosa. Este tipo de residuos contaminan el medio, tanto por la cantidad emitida (p.e. los purines) como por sus componentes (toxicidad de pesticidas, fertilizantes, conservantes, etc.).
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- El acceso a los recursos disponibles sólo está limitado por la capacidad económica para obtenerlos, de manera que se establecen a nivel mundial flujos de recursos que circulan desde el Sur al Norte, que el sistema de transporte requerido precisa mucha energía y además es contaminante y que a ello hay que añadir que tienen extremadas repercusiones en el reparto justo de los recursos naturales entre toda la especie humana. - Este modelo de desarrollo genera, por lo tanto graves problemas ecológicos: cambio climático, inundaciones, sequías, pérdida de la capa del ozono, lluvia ácida, deforestación, contaminación de las aguas tanto fluviales como marinas, pérdida de la biodiversidad, desertización, pérdida de suelo fértil, residuos nucleares y otras consecuencias del mismo tipo. No obstante, a pesar de haberse cumplido más de quince años desde la Cumbre de la Tierra y de haberse celebrado posteriormente diferentes conferencias internacionales para tratar de los
problemas ecológicos del sistema, no se ha avanzado en nada en cuanto a la toma de medidas correctoras mientras que los problemas continúan agravándose. En España, el desastre del buque petrolero Prestige en la costa norte cubrió de alquitrán y de residuos contaminantes las costas gallegas y cantábricas hasta llegar al Atlántico, lo que puso al descubierto los problemas que acarrea el modelo energético basado en el petróleo, modelo que generó la segunda revolución industrial y que ha incidido en el crecimiento de la economía que hasta la actualidad parece imposible de frenar. Ahora bien, la marea del Prestige obligó a plantearse el coste de este modelo energético. Los medios de comunicación desvelaron que las rutas del petróleo que atraviesan los mares y océanos dejan a su paso toneladas de crudo al limpiar los tanques de los buques que lo transportan y que existen refinerías volantes instaladas en buques transoceánicos que vierten los residuos en el mar con el fin de evitar pagar los costes de tratamiento que acarrea tratarlos en las refinerías terrestres sometidas a la legislación vigente. También evidenciaron que los accidentes de los buques que transportan crudo son frecuentes, pero que no son noticia cuando no tienen mucha envergadura o no ocurren cerca de la costa. Además desvelaron que las plataformas petroleras que extraen el crudo en aguas internacionales actúan sin ninguna clase de control, tanto en lo que se refiere a los residuos derivados del tratamiento del crudo, como lo que respecta a las propias plataformas, ya que éstas son hundidas cuando son obsoletas. Como consecuencia de todo ello, la flora y la fauna marinas se contaminan con estos residuos que pueden llegar hasta dañar nuestro organismo a través de la cadena trófica. Tampoco se puede silenciar que el control de las reservas petroleras de Oriente Próximo ha provocado y está provocando diversos conflictos bélicos de una envergadura importante. El conjunto de factores enumerados permite, hoy, que puedan valorarse los costes directos e indirectos del modelo energético basado en el petróleo y que sea necesario plantearse si un modelo tan costoso para la vida en general y la vida humana en particular puede y debe mantenerse.
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No obstante, este cuestionamiento no ha incidido todavía en las altas esferas de los países generadores del modelo de desarrollo que nos incumbe y los partidarios del crecimiento económico ilimitado no se muestran interrogados por dichas cuestiones que consideran totalmente alarmistas a la vez que invocan la inexistencia de alternativas. Ahora bien, sabemos que existen alternativas, sabemos que hay otros modelos energéticos que pueden resolver nuestras necesidades de menos contaminante y sin los costes del petróleo, tanto desde el punto de vista de la oferta como de la demanda. En el ámbito de la oferta sabemos que se puede producir energía con mucha menor contaminación: las energías renovables (eólica, hidráulica, solar …), o el metano, el hidrógeno… En el ámbito de la demanda, se deben buscar las soluciones en el ahorro energético con el fin de disminuir el consumo. A la vez que hay que generar nuevos hábitos de consumo, apoyados en la responsabilidad de las personas en base a una conciencia de igualdad planetaria que tenga en cuenta no sólo el ahorro a corto plazo, en beneficio de las generaciones presentes, sino también a largo plazo pensando en las generaciones futuras. Estas estrategias no sólo son válidas en relación a los recursos energéticos sino que también son válidas para el conjunto de los recursos. En este sentido cabe poner de relieve que sólo el desarrollo sostenible y el llamado decrecimiento en los países del Norte – son posibles, ya que continuar el crecimiento de este modelo en los países del Norte y expandirlo además en los países del Sur es el camino al desastre planetario. Cuando pensamos en la lucha contra la pobreza, ya sea en los países del Norte o en los países del Sur, no podemos dejarnos seducir por el modelo de desarrollo capitalista neoliberal que conocemos, ya que no es viable, dado que la lista de catástrofes acarreadas por el “mal desarrollo” es interminable. Este modelo corresponde a una determinada manera de entender las relaciones entre la especie humana y la naturaleza. No siempre las relaciones entre la especie humana y la naturaleza han sido iguales. Durante siglos, la humanidad respetó la
naturaleza porque se sentía incapaz de controlarla, como máximo llegó a entender sus procesos y a utilizarlos en beneficio propio (el fuego, la caza, la agricultura, la cerámica …). Dichas relaciones empezaron a cambiar durante la época moderna con la revolución científica. La historia de la ciencia y la tecnología nos muestra que en el siglo XVII Francis Bacon construyó la teoría de que la humanidad tenía que “torturar la Naturaleza para que libere sus secretos”. En aquella época se empezó a elaborar una filosofía que separaba al hombre de su cuerpo, negando su componente orgánica y situándole como el rey de la creación. Descartes con su famosa frase “pienso, luego existo” resumió toda una manera de entender la humanidad y sus relaciones con la naturaleza. Progresivamente, la ciencia se construyó de forma interrelacionada con la idea que se deben utilizar todos los medios que sean necesarios para obtener conocimiento. De este modo, se ha construido “la ciencia y la tecnología sin tener en cuenta que los seres humanos son parte de la naturaleza, que somos mortales, que nuestro cuerpo es parte de la naturaleza y que está sujeto a las mismas necesidades materiales que los restantes seres vivos. Necesidades que se hacen más complejas por el carácter social de la humanidad” (Anna Bosch, 2003)4. Sin embargo, no se trata de un olvido involuntario de las condiciones materiales más primarias de los seres humanos ya que si se tuvieran en cuenta evidenciarían la dependencia humana de la tierra y de la materialidad de nuestro cuerpo y la trayectoria que la ciencia y la tecnología han desarrollado no hubiera sido posible ni la naturaleza hubiera podido convertirse en mera materia prima para la producción. La filósofa Hannah Arendt lo expresa así: “La Tierra es la misma quintaesencia de la condición humana y la naturaleza terrenal según lo que sabemos, quizás sea la única en todo el universo que proporciona a los seres humanos un hábitat donde moverse y respirar sin esfuerzo ni artificio”5. El modelo científico y tecnológico actual se fundamenta en la concepción errónea de que la naturaleza, el medio ambiente son elementos ajenos a nuestra realidad y se pueden manipular de
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cualquier manera, hasta el punto que cada vez que se produce un impacto negativo, se dedican más esfuerzos en elaborar un elemento corrector - sin ni tan siquiera evaluar las consecuencias de éste - que en estudiar las causas que lo han producido. En definitiva, no se tiene en cuenta el impacto de las intervenciones humanas en la naturaleza y en la vida humana. El cáncer, el sida, se cobran diariamente víctimas en todo el mundo, pero también en los países del Norte que se creen inmunes a la contaminación que provocan. Otras enfermedades, menos graves que las citadas, afectan también a la salud de la especie humana desde la infancia, tales como: las alergias, las infecciones de garganta, el asma, la bronquitis crónica y las enfermedades de la piel, dolencias todas ellas debidas a la contaminación atmosférica. La arrogancia humana no tiene límite cuando se plantea que en lugar de estudiar a fondo las causas de las enfermedades y dolencias y tomar las medidas adecuadas para evitarlas decide investigar la manera de modificar los genes humanos para hacerlos resistentes a las enfermedades. No tiene freno cuando en vez de estudiar cómo evitar la contaminación se plantea crear bacterias capaces de digerir esta contaminación, sin evaluar las consecuencias de este invento de laboratorio sobre las personas y la naturaleza . Por ejemplo, cuando se produjo el derrame de petróleo con el accidente del Prestige, en aguas de mi país, se creó una bacteria capaz de engullir el petróleo que se había incrustado en las costas gallegas. Los científicos han hecho caso omiso de lo que podía pasar con esta bacteria o como podía afectar a otros seres vivos. El orgullo humano llega a tal extremo que ni tan siquiera se cree en la necesidad de aplicar criterios preventivos. La desconexión entre la humanidad y la naturaleza es la expresión del orden patriarcal Pensadoras ecofeministas como Vandana Shiva6, Maria Mies7, Carolyn Merchant8, Bina Agarwal, Barbara Holland-Cunz9 , Val Plammwood10, Ynestra King11 y Karen Warren12 , independientemente de sus teorizaciones, pueden ser agrupadas por un objetivo común: afirmar la existencia de una relación entre el dominio patriarcal de las mujeres y el dominio de la Naturaleza.
Ynestra King13 dice que “las mujeres habrían sido depositarias de un secreto escabroso: que la humanidad emerge de la naturaleza no humana. Un secreto que las mujeres no han podido divulgar porque no tenían voz”. Anna Bosch14 señala que “ahora, con la palabra recuperada, estamos en condiciones de romper el secreto y hacer visible la existencia de un puente entre la naturaleza y la cultura, un puente de doble dirección por el que las mujeres hemos transitado durante siglos. Ahora, estamos en condiciones de hacer visibles las pruebas que el patriarcado ocultó”. Las mujeres tenemos la capacidad de experimentar en nuestro cuerpo la emergencia de la vida y ello nos facilita identificarnos más fácilmente con los procesos de las demás especies vivas. Sin duda, las mujeres estamos más cercanas a la naturaleza porque, ni aunque quisiéramos, no podemos negar nuestro cuerpo. No obstante, la experiencia femenina del cuerpo, de la vida y de las relaciones con la naturaleza no son valoradas en la civilización humana. Dar la vida, no todas las mujeres desean o pueden realizarlo, pero desarrollar las tareas del cuidado, la atención a los enfermos y los ancianos, limpiar y mantener el orden necesario para vivir dignamente, dar el tiempo y las atenciones necesarias para que los niños crezcan y lleguen a adultos, desarrollar la capacidad de dar el afecto y la ternura que la humanidad precisa para vivir, buscar el alimento imprescindible, son tareas que las mujeres han realizado a lo largo de la historia y continúan haciendo en la actualidad en todas las culturas humanas. Y estas tareas son fundamentales para mantener la especie humana. Se trata de unas tareas imprescindibles para la supervivencia de la especie, pero que son invisibles, explotadas, desvalorizadas y no recompensadas. Según Ynestra King este trabajo de las mujeres es el que permite la socialización de lo orgánico y por lo tanto, establece una conexión entre la naturaleza y la cultura que el sistema patriarcal ha separado. Sin esta práctica de la cultura de la vida, la humanidad habría desaparecido. Sin la afectividad y el soporte cotidiano que los hombres reciben de las mujeres, éstos no podrían soportar el mundo que ellos mismos han creado. Pero a estos trabajos no se les atribuye ningún valor, al contrario, frecuentemente permanecen invisibles, y cuando aparecen en escena se consideran tareas de tercer orden.
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El modelo industrial y tecnológico que está destruyendo el planeta forma parte del sistema económico capitalista neoliberal y garantiza perfectamente los objetivos de este sistema: que las empresas obtengan beneficios ilimitados, ignorando el bienestar de las personas. Como bien indica Cristina Carrasco15: “Entre la sostenibilidad de la vida humana y el beneficio económico, nuestras sociedades patriarcales capitalistas han optado por este último. Esto significa que las personas no son el objetivo social prioritario, no son un fin en si mismas, sino que están al servicio de la producción” y se ha convertido a las personas en instrumentos de la economía (ser consumidores siempre deseantes de nuevos productos y productores-fuerza de trabajo). Hace casi una década que desde la economía feminista se está desarrollando un pensamiento crítico respecto al funcionamiento económico de la sociedad patriarcal-capitalista y que plantea la necesidad de situar la sostenibilidad de la vida en el centro de toda la actividad colectiva, de manera que se considere como objetivo prioritario el mantenimiento y el cuidado de la población. Esta visión crítica conduce a rechazar la búsqueda del beneficio económico como eje regulador y exige que la sociedad se organice entorno de las necesidades de las personas, en lugar de dar prioridad a los rendimientos del capital. La naturaleza y el trabajo de las mujeres no son considerados como formando parte del sistema económico. El patriarcado nos da una visión sesgada del mundo, lo que permite explicar que la economía sea considerada como un sistema cerrado y definida como “autónoma” tanto en términos ecológicos como humanos. La economía convencional no tiene en cuenta la naturaleza como suministradora de recursos y receptora de residuos, como tampoco incorpora como input el trabajo de cuidados que realizan las mujeres cotidianamente. Como dice Antonella Picchio, el análisis económico del mercado laboral no ha incluido la relación que existe entre el proceso de producción de mercaderías y el proceso de reproducción social de la fuerza de trabajo. Y este proceso se refiere no solamente al tiempo que los trabajadores y las trabajadoras pasan en su
lugar de trabajo, sino su completo ciclo vital y la reproducción de las futuras generaciones. Sin este trabajo invisible que hacen mayoritariamente las mujeres no habría ni mano de obra ni existencia humana. Es decir, la economía no es un sistema cerrado, sino que sólo puede existir de forma interrelacionada con la naturaleza y gracias al trabajo femenino de procurar y cuidar la vida. Desde la ecología se ha puesto de relieve la aportación y la incidencia negativa en la naturaleza, sin que ambas aparezcan como costes, a lo que se le llama “las externalidades” del sistema, evidenciando la dependencia de la economía en relación con el medio ambiente que provee recursos y asimila residuos. Desde el feminismo se plantea otra “externalidad”: el trabajo de las mujeres para sostener la vida, al cual no se le otorga valor alguno. El patriarcado al identificar las mujeres con la naturaleza las coloca en un ámbito subalterno, a menudo invisible. Vandana Shiva16 afirma que “la violencia contra la naturaleza y las mujeres forma parte de la percepción que se tiene de ambas y constituye la base actual del paradigma de desarrollo”. En el ejercicio de esta violencia simbólica, el patriarcado capitalista ha identificado las mujeres y la naturaleza y las ha situado al exterior, convirtiéndolas en algo que no tiene valor y que están a la disposición de los hombres, concepción que incorporan ya sea a nivel ideológico o en relación con la concepción de la ciencia y la tecnología o en la esfera económica o política. El trabajo de cuidados que realizan las mujeres diariamente no tiene valor y se invisibiliza, como dice Claudia von Werlhof17, el trabajo de las mujeres se considera que no es trabajo, sino que es biología, y entonces, su fuerza de trabajo, su capacidad para trabajar, se presenta como un hecho natural y sus productos se asimilan a un yacimiento natural. De este modo, puede ser desvalorizado e incumbir sólo a las mujeres, ya que queda asimilado como ligado a la maternidad. Limpiar, poner orden, procurar los alimentos, cocinar, dar afecto y atención son tareas que hacen las mujeres diariamente, nosotras sabemos cuán difícil es hacer crecer una criatura y acompañarla hasta la edad adulta, sabemos lo arduo que es acom-
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pañar a los enfermos y lo dificultoso y duro que es cuidarse de las personas ancianas y acompañarlas hasta la muerte! ¡Y este trabajo se atribuye solamente a las mujeres, como si no fuera fatigoso, duro y dificultoso! quedando los hombres excluidos de dichas tareas. Y ¡sólo se da valor al trabajo que contribuye directa o indirectamente a la producción y venta de mercancías!. Hasta el punto, que cuando el trabajo de cuidados se realiza de forma asalariada, también son las tareas a las que se les atribuye inferiores condiciones de trabajo y menor remuneración. Este es el orden simbólico que se encuentra detrás de la economía, la ciencia y la tecnología convencional, y es un orden que la ecología, pero muy especialmente el feminismo ponen en cuestión. Diferencias entre la crítica al capitalismo desde la ecología y desde el feminismo
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La ecología plantea una crítica al capitalismo, y con esto cuestiona también algunos aspectos del patriarcado tan importantes como son las relaciones humanidad-naturaleza, pero no acaba de llegar al núcleo del problema. No se llega a plantear la pérdida de la centralidad de la vida humana y de su bienestar. Si la vida humana deja de ser el valor central en nuestras sociedades, entonces puede volverse objeto de manipulación en función de los intereses del patriarcado y/o el capitalismo. Desde el feminismo se pone en cuestión todo el sistema patriarcal capitalista, su contradicción profunda entre la obtención del beneficio y el nivel y las distintas modalidades de vida que se atribuyen a toda la población. Desde esta mirada, la vida humana adquiere un valor central y por lo tanto los estándares de vida en todas sus dimensiones tendrían que ser el objetivo básico de toda la actividad de hombres y mujeres. Por ello, se puede afirmar que el feminismo está en la búsqueda de una relación profunda entre la actividad y la actitud de las mujeres en relación con el cuidado de la vida y el cuidado de la naturaleza como base de la vida.
El patriarcado captura el valor de la vida en general y de la vida humana en particular La filósofa Hannah Arendt19 cuando habla de lo que ella considera una rebelión (de los hombres) contra la existencia humana tal como se nos ha dado, lo interpreta como si se quisiera cambiar del don de la vida que la humanidad recibió gratuitamente por algo que ella misma ha fabricado. El orden patriarcal está hecho a imagen y semejanza de los hombres. Dice Simone de Beauvoir que la superioridad se atribuye al sexo que mata, no al que procrea19. De ahí que la cultura femenina de la vida haya sido substituída por la cultura patriarcal de la muerte. Todo el desarrollo científico y tecnológico ha estado marcado por la voluntad de obtener máquinas de matar más eficaces que las del enemigo. Después esta tecnología se ha aprovechado para el uso de la sociedad y con esto se justifica su existencia. Pensemos en la máquina de lavar que primero se usó para grandes colectividades, como fue el ejército y posteriormente para el uso de los hospitales y pasaron muchos años hasta que se adaptó este artilugio para el uso doméstico. Lo mismo se puede decir de las TIC que fueron inventadas para la actividad bélica y progresivamente se fueron adaptando para el uso empresarial hasta llegar al uso privado. No obstante, no todos los inventos han sido tan inocuos, pensemos en la bomba atómica y actualmente los aviones pilotados a distancia, lo que permite atacar y matar personas sin el riesgo de tener víctimas en el campo atacante. También pensemos en otros inventos que nos afectan más directamente como la energía nuclear, los transgénicos, la biogenética, las clonaciones… Cabe tener muy presente que estamos inmersas en una sociedad que prioriza el artilugio fabricado por encima del don de la vida, lo que explica que se minimice el impacto destructivo de la civilización humana sobre la naturaleza. En este contexto, el feminismo considera que es imprescindible que se rescate el valor de la vida que el patriarcado secuestró y que se le coloque de nuevo en el centro de la política, de la economía, de la ciencia y la tecnología, a fin de lograr que sean instrumentos que hagan posible una vida digna para la población actual y las generaciones futuras.
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Alternativas desde dentro y fuera de la Universidad
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Es importante señalar que los conocimientos y experiencias de la vida que poseemos nos colocan en condiciones óptimas para replantear, sin miedo ni complejos, nuestra relación con la naturaleza, con el fin de redefinir y poner en práctica nuevas relaciones de la humanidad con el medio natural. En esta tarea las mujeres podemos aportar la experiencia adquirida cuidando la vida. Esta situación privilegiada nos da la oportunidad de incidir muy directamente en la creación de una escala de valores diferente donde la vida humana, con sus necesidades corporales, materiales, psicológicas, afectivas … esté en el centro de la organización social y política. La vida humana es el valor máximo. El reconocimiento de las necesidades humanas, de su realidad natural, de su relación con la naturaleza, permite redefinir la vida humana con toda su amplitud y complejidad, superando la escisión entre cuerpo y mente, entre cultura y naturaleza. Por ello, estamos en condiciones de re-construir la ciencia y la tecnología desde una perspectiva de vida y no de muerte. Además podemos aportar también la capacidad de pensar desde nosotras mismas todos los problemas de la humanidad. Se trata de un proceso de empoderamiento, reconociéndonos las unas a las otras el valor de nuestros pensamientos, a través de lo cual nos podemos sustraer el pensamiento patriarcal que nos ha robado la capacidad de pensar desde otra óptica. Esto nos exige, como decía al principio revisar todos los conceptos aprendidos. Seleccionar aquellos que aún sirven de alguna manera y rechazar sin complejos aquellos que no están hechos a nuestra medida. Tenemos que encontrar nuevas palabras y nuevos métodos e ir ampliando nuestra particular manera de hacer ciencia a todos los campos de la ciencia y la tecnología. Quizás estéis pensando ¿cómo se hace?. Evidentemente no existen soluciones milagrosas o mágicas, ni respuestas programáticas. Las soluciones no son fáciles porque se trata, nada más ni nada menos, que cambiar las bases que la sociedad patriarcal capitalista ha situado como centrales para la sociedad humana. No conozco vuestras universidades y no conozco las posibilidades para crear espacios
de mujeres donde se pueda pensar y hacer investigación desde otras bases. Tampoco conozco las prácticas universitarias de vuestros países en lo que concierne la investigación interdisciplinar, ya que debemos plantear los estudios y los análisis desde otras bases, donde sea posible razonar en espiral y no en línea recta, como señala Griselda Pollock20, de manera que sea posible abarcar toda la complejidad del conocimiento. Será necesario seguir pensando, desarrollando la imaginación y la investigación y aumentar nuestros conocimientos con el fin de buscar el camino que implique el más gran número de mujeres. Pensar desde nuestra experiencia en todos los ámbitos de la vida. Dar valor a las propias opiniones. Compartir y discutir nuestras ideas con otras mujeres y también con los hombres, sin complejos y sin miedos, especialmente con aquellos que también se sienten incómodos con el desarrollo actual de la ciencia y de la tecnología y aspiran construir un renacer del conocimiento más cercano a la vida. Hay que hacer sentir nuestra voz de extrañas, de extranjeras, sin dejarnos dejar de lado por los que tienen miedo a escucharnos. Hoy los problemas son tan graves que no podemos dejar la solución en manos de los hombres, como decía Anna Bosch21. Tenemos que ser transgresoras, más que nunca, respecto a las políticas del conocimiento para escrutar las relaciones jerárquicas vigentes en la producción de ciencia y tecnología que sostienen el dominio masculino y desenmascarar la neutralidad de la ciencia y la tecnología en todos los campos del conocimiento. A todo ello hay que sumar que, actualmente, las feministas nos enfrentamos al desafío de la actual reacción política que está tratando de silenciar a las mujeres de nuevo, para posicionar al feminismo como algo del pasado, acabado, innecesario, pasado de moda y proclamar a gritos que nos encontramos en una era post-feminista. Así que cabe recordar en voz alta que el Feminismo nunca ha sido un pensamiento cerrado ni finalizado, sino que es un pensamiento en construcción y por consiguiente un pensamiento de futuro. Es desde esta perspectiva que podremos estar presentes y no eclipsadas, sino activas y con voz propia dentro y fuera de la Academia, para que nuestras aportaciones no sean ni un complemento
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ni un apéndice al pensamiento único, sino que apoyadas en nuestra mirada des-centrada podremos ir construyendo las bases para que otro mundo sea posible. NOTAS
19 de Beauvoir, Simone: El segundo sexo (Le deuxième sexe, ed. Gallimard, 1949). 20 Pollock Griselda, Encuentros en el museo feminista virtual, Madrid, 2010, Anaya, Ensayos Arte Cátedra, 21 Bosch, Anna, obra citada.
1
Pollock, Griselda, Conferencia en la Fundación A. Tapies, Barcelona, 14 de Octubre 2010.
2
Anna Bosch, Mas allá del poder, en Encina, Javier y Bárcena Iñaki, Democracia ecológica, Formas y experiencias de participación en la crisis ambiental, Sevilla, UNILCO, 2006 .
3
Rich, Adrienne, Sobre mentiras, secretos y silencios, Icaria, Barcelona, 1983.
ARENDT, Hannah. La condición humana. Barcelona: Paidós, 1998.
4
BOSCH, Anna: Intervención en las «Jornades de crítica a la indústria i la tecnología», Asamblea de Económicas de la Universidad Autónoma de Barcelona, 24, 25 y 26 denoviembre de 2003; original en catalán: «Una crítica a la indústria i la tecnología des del feminisme».
5
ARENDT, Hannah: “La condición humana”, Barcelona, Paidós, 1998.
BOSCH, Anna. Una crítica a la indústria i la tecnología des del feminisme. In: Jornades de crítica a la indústria i la tecnología. Asamblea de Económicas de la Universidad Autónoma de Barcelona, 24, 25 y 26 de noviembre de 2003.
6
SHIVA, Vandana: “Abrazar la vida. Mujeres, ecología y desarrollo”, Madrid, Horas y Horas, 1995.
7
Mies, Maria, Ecofeminismo, Teoría, crítica y perspectivas, Barcelona, Icaria, 1997.
8
Merchant, Carolyn, The death of Nature: Women, Ecology and the Scientific Revolution, 1993.
9
Holland-Cunz, Barbara, “Ecofeminismos, Madrid, Cátedra, 1996.
10 Val Plammwood, “Feminism and the Mastery of Nature”. London and New York, Routledge, 1993. 11 King, Inestra, , “Curando las heridas: Feminismo, Ecología y el dualismo Naturaleza/ Cultura, María Xosé Agra: Ecología y Feminismo, Granada, Ecorama, 1997.
60
18 Obra citada.
12 Warren, Karen (ed.), Ecological Feminist Philosophies, Bloomington & Indianapolis. Indiana University Press 1996. 13 King, Inestra, obra citada. 14 BOSCH, Anna: «La terra plora llàgrimes de petroli», Ca la Dona, nº 41. Barcelona, 2003. 15 Carrasco, Cristina, “El cuidado: ¿coste o prioridad social?” – SARE 2003 “Cuidar Cuesta: costes y beneficios del cuidado” – Emakunde disponible en http://www.sareemakunde.com.
BIBLIOGRAFIA
_____. La terra plora llàgrimes de petroli, Ca la Dona, n. 41. Barcelona, 2003. _____. Más allá del poder. In: ENCINA, Javier; BÁRCENA, Iñaki. Democracia ecológica. Formas y experiencias de participación en la crisis ambiental. Sevilla: UNILCO, 2006. CARRASCO, Cristina. El cuidado: ¿coste o prioridad social? In: SARE, 2003: Cuidar Cuesta: costes y beneficios del cuidado. Emakunde: 2003. Disponível em: . HOLLAND-CUNZ, Barbara. Ecofeminismos. Granada: Ecorama, 1997. KING, Ynestra. Curando las heridas: Feminismo, Ecología y el dualismo Naturaleza/Cultura. In: AGRA, María Xosé. Ecología y Feminismo. Granada: Ecorama, 1997. MERCHANT, Carolyn. The death of Nature: Women, Ecology and the Scientific Revolution. New York: Harper San Francisco, 1993.
16 Obra citada.
MIES, Maria. Ecofeminismo, Teoría, crítica y perspectivas. Barcelona: Icaria, 1997.
17 Werlhof, Claudia von, Women`s Work: The Blind Spot in the Critique of Political Economy, in: Mies/Bennholdt-Thomsen/Werlhof: Women, the Last Colony, London, 1988, pp. 13-26.
PLUMWOOD, Val. Feminism and the Mastery of Nature. London/ New York: Routledge, 1993.
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POLLOCK, Griselda. Feminism and Modernism. In: PARKER, Rozsika; POLLOCK, Griselda (Eds.). Framing Feminism: Art and the Women’s Mouvement 1970-1985. Londres: Harper Collins, 1987.
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_____. Vision and Difference: Feminism, Femininity and Histories of Art. Londres: Routledge, 2003.
CIENCIA Y TECNOLOGÍA: TRABAJO DE MUJERES, VOCES DE MUJERES
_____. Encuentros en el museo feminista virtual. Madrid: Ensayos Arte Cátedra, 2010.
Shirley M. Malcom
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La ciencia, como una manera de saber, es percibida a menudo como un territorio de dominio masculino y de la élite. Las historias de la ciencia, al menos en la historia de la ciencia Occidental, son narradas generalmente a través del lente de “grandes hombres”—Linnaeus, Newton, Darwin, Einstein y otros. En base a la experimentación y observaciones del mundo natural, la ciencia es vista como una manera objetiva de determinar cómo funciona el mundo. La tecnología consiste de herramientas, métodos, procesos y organización que nos permiten hacer trabajos. La ingeniería utiliza la ciencia, matemáticas, información social y otros insumos para diseñar y desarrollar productos que satisfacen necesidades humanas. Estas áreas de esfuerzo humano también son percibidas mayormente como dominios masculinos. Esto se refleja en el bajo número de mujeres ocupadas en la investigación y la ingeniería; bajos números de estudio y aún más bajos niveles de participación en la mano de obra de dichos campos. Y aún así, las mujeres siempre han hecho ciencia y creado tecnología. ¿Cómo reconciliamos estas dos historias, y cómo reconfiguramos las expectativas de quienes hacen la ciencia y quienes crean la tecnología, para que ambos campos reciban mejor a las mujeres? En su libro, El Científico en la Cuna: Mentes, Cerebros, y Cómo Aprenden los Niños [The Scientist in the Crib: Minds, Brains, and How Children Learn], los científicos de aprendizaje Alison Gopnik, Andrew Meltzoff y Patricia Kuhl argumentan que la ciencia es
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una actividad humana practicada por cada niño que llega al mundo. Los niños aprenden mediante un proceso de observación y experimentación. Juntan datos, y emergen con hipótesis de cómo funcionan sus mundos. Los niños exploran modelos y explicaciones y buscan predictibilidad en sus mundos. Los autores describen ejemplos de lo que llaman “biología de todos los días,” “física de todos los días” y “psicología de todos los días.” En la “biología de todos los días,” por ejemplo, los bebés y niños jóvenes pueden llegar a conclusiones sobre lo que está y no está vivo. Al lanzar objetos desde sus camas que no vuelven hacia ellos y al rodar pelotas contra la pared que si vuelven, aprenden “física de todos los días.” Y cuando ciertos ruidos y expresiones faciales evocan respuestas de otros humanos a su alrededor, los niños practican “psicología de todos los días.” Gopnik, et.al. notan que alguna gente no pierde esa curiosidad, admiración y deseo de explorar y descubrir. Se llaman científicos. Hacer ciencia y crear tecnología es parte de lo que significa ser humano. Las mujeres siempre han hecho ciencia y creado tecnología. A menudo, la ciencia se ha hecho de manera “amateurs;” la tecnología frecuentemente se ha creado para cubrir necesidades de las mujeres. Tomemos por ejemplo una de mis científicas aplicadas preferidas, Ruth Rogan Benerito, quien desarrolló un proceso para producir algodón resistente a las arrugas. Aunque ya se habían desarrollado materiales sintéticos que no necesitaban ser planchados en los años 1930s y 1940s, el algodón es más cómodo. Con tratamiento químico, se pudo contar con una opción para reducir el tiempo de labor. Haciendo esto, ella no solamente evitó mucho planchado, sino que probablemente también ayudó a salvar a la industria del algodón en el sur de los Estados Unidos. Aún recibiendo una educación formal mediante el grado de maestría en los principios de los años 1900’s, Margaret Morse Nice no se convirtió en una científica profesional. Como esposa de un profesor universitario, durante toda su vida de casada ella estudió aves, participó en reuniones científicas, y
publicó artículos. A pesar de que nunca tuvo un trabajo formal como ornitóloga, ella siguió su pasión por la investigación, por amor a su trabajo. El mundo de la ciencia “profesional” fue una esfera de acción masculina durante los siglos 18, 19 y principios del siglo 20, y ciertos campos permanecen así aún hoy. Las mujeres han hecho las mayores incursiones en las ciencias naturales. Algunas de las mayores barreras quedan en la física y las ciencias de la computación. Históricamente, ha faltado acceso a la educación formal para niñas y mujeres a un nivel que las prepare para poder trabajar en la ciencia. En muchas partes del mundo, sigue siendo el caso que las niñas y mujeres tienen menor acceso a la educación en general a todo nivel, y especialmente a la educación específica que las prepare para estudiar y trabajar en ciencia, matemáticas e ingeniería. Aún donde las mujeres pueden recibir educación en ciencia, matemáticas e ingeniería en los más altos niveles, han surgido cuestiones con respecto al acceso a las oportunidades profesionales y al avance y reconocimiento en sus campos. Margaret Rossiter delinea dicho padrón de participación de las mujeres en la ciencia e ingeniería en sus libros, Mujeres Científicas en América: Luchas y Estrategias hasta 1940 [Women Scientists in America: Struggles and Strategies to 1940] y Mujeres Científicas en América: Antes de la Acción Afirmativa, 1940-1972 [Women Scientists in America: Before Affirmative Action, 1940-1972.] Ella nota la excepción histórica de las mujeres que han podido seguir estudios y obtener reconocimiento en estos campos como esposas, hijas y hermanas de los hombres científicos. Rossiter describe cómo, aún cuando las mujeres lograron tener acceso a la educación en ciencia e ingeniería en los niveles más altos, fueron excluidas frecuentemente de las facultades de universidades y de las principales posiciones en la industria. En las universidades, muchas mujeres sumamente capacitadas no podían ser contratadas por “reglas contra el nepotismo” que prohibían el empleo de parientes. De alguna manera, la aplicación de dichas reglas parecía ser especialmen-
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te implementada de forma que perjudicaba a las mujeres. Un ejemplo específico citado por Rossiter fue Maria GoeppertMayer, quien sirvió en posiciones “voluntarias” en las facultades donde su esposo Joseph Clark estaba contratado o en posiciones en instituciones cercanas, una gran ironía para la ganadora del Premio Nobel de Física de 1963. En 1960 finalmente fue nombrada Profesora de Física (con una “posición regular”) en la Universidad de California—San Diego. En otros casos, Rossiter describe la persistencia de actitudes que favorecieron a los hombres y que, en algunos casos, específicamente se opusieron a las mujeres eruditas en ciencia. En otras situaciones, las conductas y prácticas de un campo severamente perjudicaron a mujeres científicas, tales como la negación al acceso de recursos necesarios para su trabajo: dicho fue el caso en astronomía, donde a las mujeres no les daban tiempo para usar el telescopio. En las conferencias, los hombres científicos se congregaban socialmente en la sección de “fumadores”, efectivamente negando a las mujeres las conexiones para oportunidades y redes sociales y profesionales. Una pregunta crítica que debe ser considerada es el impacto a la ciencia cuando las mujeres faltan o están en desventaja. ¿Qué efecto hay en las prioridades para investigación, en las preguntas de investigación, en las metodologías de investigación y en las conclusiones que emergen de la investigación? Este documento explorará varios campos en los cuales la presencia o ausencia de las mujeres puede llegar a haber afectado la dirección total del trabajo. Voces de Mujeres: Perspectivas desde el Campo Prevención de Enfermedades Infecciosas Si consideramos varias áreas disciplinarias de investigación y práctica, podemos empezar a ver el “espacio” que las mujeres y los temas femeninos ocupan y donde los insumos de las mujeres son requeridos. Tomando, por ejemplo, la prevención de enfermedades infecciosas, es difícil ver cómo se podrían lograr avances sin enfrentar
las cuestiones, temas y preocupaciones de las mujeres. El cuidado de los jóvenes y ancianos es “trabajo de mujeres” en la mayoría de los países. Por lo tanto, las decisiones sobre el uso de las vacunas, por ejemplo, y el tratamiento de los pacientes para prevenir el contagio de la enfermedad, cae desproporcionadamente en las mujeres. Ellas necesitan la información que les permitirá tomar dichas decisiones, presentadas por fuentes de confianza en maneras que sean apropiadas y respetuosas, bajo condiciones que den poder a las mujeres para poder tomar acción. Por ejemplo, en el caso de las epidemias de cólera en Bangladesh, una investigadora, la Dra. Rita Colwell, buscando entender las condiciones ambientales y demás que llevan a dichas erupciones, también trabajó con mujeres locales en el desarrollo de estrategias “procesables” de bajo costo para prevenir el contagio de la infección. En este caso, surgió la “Filtración sari,” en la cual la tela usada de sari, doblada muchas veces, puede ser utilizada como un eficaz filtro para el agua, logrando reducir significativamente las tazas de infección de cólera. En el caso del VIH, por ejemplo, donde el contacto heterosexual lleva a la infección, las mujeres a menudo han carecido del conocimiento (cómo se transmite el virus), los recursos para pagar por la protección, o el poder (el derecho/capacidad de rechazar el contacto desprotegido) para controlar su propia exposición. Las mujeres necesitan más opciones directas disponibles para ellas. Para proveer esto, se necesita claramente un ambiente político más responsivo, con educación, liderazgo y apreciación por la diversidad de idiomas, cultura, clases sociales y roles comunitarios y sus interacciones. En el caso de la prevención de enfermedades infecciosas, hay una responsabilidad compartida entre el gobierno, las familias y los individuos. El rol del gobierno, por ejemplo, puede incluir acciones tales como regular el uso de la tierra, proveer sistemas de saneamiento y pulverizar para la prevención contra los mosquitos, o promulgar políticas como los requisitos de vacunas necesarias para asistir a la escuela. Las acciones de la familia pueden incluir, por ejemplo, tener cuidado en el manejo y preparación de la comida, enseñar y practicar buena higiene, proveer agua limpia para beber, vacunar a
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los niños y educarles acerca de opciones sanas, controlar a los animales (vacunando a las mascotas y controlando pestes), y evitar la resistencia antibiótica. Conducta personal incluiría practicar higiene (por ej. lavarse las manos), sexo seguro y evitar prácticas relacionadas al uso de las drogas que producen el contagio de enfermedades (por ej. compartiendo agujas). Aunque tanto los hombres como las mujeres comparten responsabilidades en el área de prevención de enfermedades infecciosas, en cuanto a sus roles en la familia, las mujeres cargan con una mayor parte de dichos roles. Investigación sobre la Salud
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Cuando se lleva a cabo investigación biomédica, ¿qué suposiciones hay sobre las diferencias “relacionadas al sexo? Hay un reconocimiento general de las diferencias en la salud reproductiva, pero no se ha hecho necesariamente un reconocimiento del hecho que los hombres y las mujeres pueden tener distintas manifestaciones, diferentes respuestas fisiológicas o de conducta, etc. Un ejemplo de esto son las diferencias en el efecto de la aspirina en el hombre y en la mujer, donde una baja dosis de aspirina reduce el riesgo de un ataque al corazón del hombre pero no el de la apoplejía, al mismo tiempo que reduce el riesgo de la apoplejía de la mujer pero no el riesgo de un ataque al corazón. También hay diferencias en el tratamiento para los hombres y las mujeres. Aunque los estudios indican que tanto los hombres como las mujeres tienen frecuencias similares de reacciones adversas a las drogas utilizadas en el tratamiento contra la enfermedad de las arterias coronarias, por ejemplo, es menos probable que se trate a las mujeres con estatinas, aspirinas y bloqueadores beta, que a los hombres. Cuando no se incluye un número adecuado de mujeres en los ensayos clínicos, ¿es porque el uso de una “mayoría de hombres” se considera “la norma”, la posición natural, “de género neutro,” o es porque los investigadores no son concientes; o es porque no les importa? El hecho es que los tratamientos y regímenes de drogas se extienden a las mujeres, aún en casos donde no han sido probados adecuadamente en mujeres. ¿Por qué deberían impor-
tarle a los investigadores y practicantes la investigación sobre la salud de la mujer? Primero, tenemos el efecto en el cuidado de la salud. También está el impacto sobre la educación en medicina— ¿cómo se debe preparar a los nuevos profesionales del cuidado de la salud con el nuevo conocimiento sobre las enfermedades y la salud relacionadas con las mujeres, tanto como con los hombres? Ciertamente esto debería afectar tanto a la práctica como a nuestro conocimiento de las enfermedades y tratamientos. La falta de consideración sistemática a las diferencias de sexo en la investigación llevó al establecimiento, en septiembre de 1990, de la Oficina de Investigación sobre la Salud de la Mujer (ORWH por su sigla en inglés) dentro de los Institutos Nacionales de la Salud de los Estados Unidos (NIH por su siglas en inglés). La oficina fue establecida por medio de una acción política, y no por demanda de fondo de la comunidad de investigadores reconociendo la necesidad de cambio. La responsabilidad de la ORWH es: • Coordinar y servir como punto focal para la investigación sobre la salud de las mujeres financiada por NIH; • Promover, estimular y apoyar esfuerzos para mejorar la salud de las mujeres, a través de la investigación biomédica y de comportamientos sobre los roles del sexo (características biológicas de ser mujer u hombre) y género (influencias sociales basadas en el sexo) en la salud y las enfermedades; • Trabajar en colaboración con los institutos y centros de NIH para asegurar que la investigación sobre la salud de las mujeres es parte del marco científico de NIH y en toda la comunidad científica; • Aconsejar al Director y personal de NIH sobre asuntos relacionados a la salud de las mujeres; • Fortalecer y mejorar la investigación relacionada con las enfermedades, desórdenes y condiciones que afectan a las mujeres;
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• Asegurar que la investigación llevada a cabo y financiada por NIH cubre adecuadamente temas relacionados con la salud de las mujeres; • Asegurar que las mujeres están adecuadamente representadas en los estudios de investigación biomédica y de bio-comportamiento apoyados por NIH; • Desarrollar oportunidades para, y apoyar el reclutamiento, retención, re-entrada y avance de, las mujeres en carreras biomédicas; y • Apoyar la investigación en temas relacionados con la salud de las mujeres. Algunos de los principales temas para nosotros a quienes nos incumbe la salud de las mujeres incluyen: • Las mujeres en la investigación biomédica. ¿Cómo está la situación de las mujeres con respecto al número que recibe educación en medicina y en doctorados en campos biomédicos? Cuáles son sus condiciones dentro de dichos campos? ¿Reciben apoyo financiero para la investigación a niveles comparables con sus colegas masculinos?
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• Enfermedades de mujeres. ¿Se presta atención específica con respecto a las enfermedades que afectan desproporcionadamente a las mujeres? • Investigación que incluye suficientes números de hombres y mujeres (por ej. en ensayos clínicos). ¿Se presta atención a la composición de los grupos de investigación por raza y por sexo, para poder determinar las diferencias que puedan surgir como consecuencia de dichas características? • Análisis desagregado por sexo. Aún cuando los grupos de investigación incluyen a hombres y mujeres como participantes, ¿se desagregan los datos durante el análisis, para determinar si existen diferencias, o simplemente se presume que son equivalentes?
• Establecimiento de prioridades entre las enfermedades y condiciones. ¿A qué investigación prestan atención los legisladores y donantes, en relación al impulso del nivel de inversión en la investigación? • Diferentes manifestaciones de las enfermedades. Aunque las enfermedades del corazón son la causa principal de la muerte tanto de los hombres como de las mujeres en los Estados Unidos, por ejemplo, no es claro qué se está haciendo para asistir a los médicos en capacitación así como al público en general para entender cómo los síntomas se presentan de forma distinta en los hombres que en las mujeres. Ha habido ganancias significativas en medicina y biociencias en cuanto a los números de mujeres. En 1975-76, las mujeres recibieron solamente el 16.2 por ciento de los diplomas de medicina otorgados por facultades de medicina en los Estados Unidos; ya en el 2006-2007 recibieron el 49.1 por ciento de dichos diplomas. De manera similar, las mujeres están ahora a la par de los hombres en cuanto a la obtención de grados de doctorado en las ciencias biomédicas. La aprobación de leyes en los principios de los años 1970’s en contra de la discriminación por sexo forzó una mayor transparencia y justicia en el proceso de admisión. Las condiciones de igualdad precipitaron mayor interés por parte de las mujeres en solicitar entrada a las facultades de medicina y otras facultades y programas profesionales donde previamente habían sido insuficientemente representadas. Una combinación de cambios culturales y remedios legales condujo a los números que se ven hoy. A pesar de sus números, sin embargo, las mujeres tienen menos posibilidades de convertirse en decanas de las facultades de medicina o jefas de departamentos. Aunque muchos argumentarían que esto se debe a la entrada más reciente de las mujeres, existe un significativo número de mujeres que hubiera entrado ya en los 1970’s y 1980’s y que siguen activas, y se esperaría que en dichos casos estuvieran ocupando una mayor proporción de las posiciones más altas.
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El apoyo de los grupos de defensa contra las enfermedades de mujeres y de legisladoras ha sido significativo para lograr entender, y obtener mayor financiamiento para la investigación de, condiciones tales como los cánceres de pecho y de ovarios. No es claro si la presencia de las mujeres como investigadoras ha afectado la ciencia y la investigación que se ha hecho, o la manera en que la ciencia se ha hecho. Sabemos que a veces en la investigación, el sexo y/o género importan y a veces no. Pero no está claro si se puede saber con anticipación cúal es el caso, a menos que se realicen los análisis. La presencia de las mujeres y la investigación sobre la salud de las mujeres ciertamente necesita afectar la estructura de la educación médica—necesitamos crear la próxima generación de profesionales e investigadores en salud para que tengan mucha más conciencia de las diferencias de sexo y practiquen medicina de manera que asista a las mujeres tanto como a los hombres. Un artículo reciente de la revista SCIENCE (26 Marzo 2010, Volumen 327, pp.1571-1572), “De Ratones y Mujeres: La Parcialidad en los Modelos de Animales” [“Of Mice and Women: The Bias in Animal Models,”] por Chelsea Wald y Corinna Wu, discute otra fuente de parcialidad en la investigación—la parcialidad hacia el uso de ratas y ratones machos. Las autoras notan que a partir de una ley de 1993 -el Acta de Revitalización de la Salud de los Institutos Nacionales de la Salud- se obligó a incluir a mujeres y a minorías en las investigaciones clínicas, a causa de que las diferencias en tratamientos llevan a diferentes efectos en diferentes poblaciones. Además, señalaron un estudio del Instituto de Medicina donde se evidencia que lo mismo es verdad para la investigación que utiliza modelos de animales. El sexo de los animales puede llevar a resultados diferentes. A pesar de esto, una revisión de artículos de 2009 reportando resultados de investigación que utilizaban mamíferos, hecho por Irving Zucker y Annaliese Beery, muestra una asimetría hacia el uso de hembras solamente en estudios relacionados con la reproductividad biológica; neu-
rociencia, farmacología y fisiología, todos campos de importancia en los humanos, distorsionados considerablemente hacia los machos. En algunos campos, grandes porcentajes de los artículos omitieron reportar el sexo por completo en los animales utilizados para la investigación; en otros, donde se utilizaron machos y hembras, los datos no fueron analizados por sexo. Teniendo en cuenta todos estos requisitos y evidencia, uno debe preguntarse, viendo todos los estudios, “Por qué la parcialidad hacia las ratas y ratones machos?” Las respuestas que surgieron en el artículo son reveladoras: los machos eran más baratos y más fáciles de usar que las hembras, cuyos ciclos de ovarios de 4 días y requisitos de mayor cuidado y monitoreo aumentan los costos de la investigación; los costos incrementados relacionados al uso de animales hembras afectarían la percepción de la agencia financiadora sobre la decisión de apoyar o no dicho trabajo, dado que sería más costoso; y/o se dio por sentado que las respuestas serían equivalentes. Y también está la posibilidad de que los investigadores no sabían o no les importaba. No importa la razón(es), el hecho fue que los resultados de la investigación fueron aplicados a/ presumidos para tanto hombres como mujeres. El desafío en este sentido es que tal parcialidad sistemática de sexo en los estudios de animales afecta nuestro entendimiento de las enfermedades y tratamientos, la seguridad y eficacia de las drogas en las mujeres, y la evolución hacia una medicina personalizada donde el genoma de un individuo debería ayudar a guiar las decisiones para el mejor tratamiento. Se notó que aunque probablemente sea prohibitivo requerir que se usen machos y hembras en todos los casos, debería haber una cuidadosa consideración a las áreas de investigación puntuales donde se sabe que ocurre un impacto diferencial. Cuando empezamos a cuestionarnos nuestras suposiciones en referencia a las diferencias de sexo en los estudios de animales, ¿qué significa esto con respecto a la investigación
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que utiliza líneas de células? En una entrevista en SCIENCE (5 Noviembre 2010, volumen 330, p.737) Arthur Arnold, neurobiólogo de la Universidad de California, Los Angeles y editoren-jefe del periódico de libre acceso Biología de las Diferencias de Sexo [Biology of Sex Differences] dijo, “la célula recuerda su sexo cuando alguien la pone en una placa.” Arnold indicó que los cultivadores de células en efecto encuentran diferencias significativas de acuerdo al sexo en cuanto a la expresión genética, o en la susceptibilidad al estrés, o en la apoptosis (muerte celular programada) y demás. Argumentando a favor de la consideración del sexo en los estudios, Arnold observó, “En algunos casos, cuando hay grandes diferencias en sexo de una enfermedad, si podemos descubrir cuáles son los factores protectores en un sexo, entonces existe la posibilidad de poder desarrollar nuevas terapias basadas en el aumento de dichos factores protectores en ambos sexos.” Claramente, existe la oportunidad de hacer que las diferencias informen a la ciencia para el beneficio de todos.
la “tropa” giraba alrededor de los machos de más alto rango, quienes tomaban las decisiones en cuanto a dónde y cuándo viajaría el grupo; que los machos proporcionaban estabilidad al grupo; y que dichos machos tenían las mayores probabilidades de procrear descendencia. Cuando las mujeres primatólogas fueron al campo, prestaron atención a los individuos y a la manera en que se relacionaban entre ellos. Enfocándose de este modo, llegaron a conclusiones totalmente distintas: que los mandriles están organizados en “matrilíneas;” que las hembras son centrales en las maniobras del grupo; que el apoyo de las hembras es crucial para el rango de los machos; y que el dominio no está necesariamente vinculado al éxito reproductivo. Utilizando nuevos métodos, nuevas herramientas y perspectivas diferentes, fue posible obtener una visión más clara de la estructura social de nuestros parientes primates sin imponer nuestras parcialidades humanas.
Comportamiento de Primates: Un Cuento de Dos Paradigmas
La investigación sobre la percepción nos dice que la perspectiva tiene importancia. En un experimento clásico de psicología, cuando a los sujetos se les presenta la “Ilusión de Muller-Lyer” (líneas paralelas de igual largo con flechas hacia adentro y hacia afuera en cada punta) la mayoría reporta que la línea con las flechas hacia afuera es más larga que la que tiene las flechas hacia adentro. Segall, Campbell y Herskovits encontraron sujetos que no fueron engañados por la ilusión: un grupo cuyos miembros vivían en un ambiente sin ángulos. La experiencia afectó la percepción en este caso, de la misma manera que cuando las parcialidades construidas socialmente afectaron lo que los investigadores vieron. ¿Qué vemos cuando miramos al mundo a través de los ojos de las mujeres? Las mujeres pueden proveer perspectivas basadas en los distintos roles que ellas tienen, sus diferentes experiencias, incluso los distintos ambientes que ocupan o las diferencias en su biología. Esto argumenta a favor del valor de la diversidad de pensamiento en la ciencia, donde las mujeres pueden aportar aspectos que hasta ahora no han sido notados o han sido considerados
Cuando penetramos un ambiente social, nuestro enfoque depende a menudo de la manera en que estamos condicionados socialmente a responder. Tal ha sido el caso en el estudio del comportamiento de los primates. Tomemos, por ejemplo, los primeros trabajos que describen la estructura social de los mandriles. Los antropólogos hombres se enfocaron en la conducta de los machos más grandes y llamativos. Se describió al grupo en términos estereotípicos: “machos alfa” con “harenes de hembras” definiendo la estructura de la “tropa”. Las hembras eran importantes en el relato solamente en términos de sus roles reproductivos y en el cuidado de los infantes y jóvenes. La historia que contaron reflejó la parcialidad sutil de la mayoría de las culturas, que los hombres son más importantes que las mujeres. Esta parcialidad de perspectiva llevó a una parcialidad en la investigación de los hombres antropólogos que estudiaban a mandriles. Sus conclusiones tuvieron un enfoque masculino: que el núcleo de la tropa de mandriles estaba formado por machos compitiendo por dominio; que la atención de
El Valor de la Diversidad en la Ciencia e Ingeniería
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de menor importancia. La ciencia actualmente se beneficia de muchas diferentes clases de diversidad. • Diversidad en los campos de estudio, con diferentes maneras de ver al mundo natural. • Diversidad en las herramientas, técnicas y métodos desarrollados, lo que lleva a diferentes formas de trabajo. • Diversidad en los lenguajes de los campos, con diferentes formas de comunicación, diferentes analogías. • Diversidad entre aquellos que trabajan en los campos, la ciencia como empresa global, reuniendo diferente gente, culturas, talentos, intereses y perspectivas del mundo. Entonces, no debería ser sorpresa que el potencial para avanzar la ciencia y la tecnología es beneficiado al aumentar la participación de las mujeres. El Rol de la Ciencia y la Ingeniería en la Promoción del Desarrollo Sustentable
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El apoyo a la investigación nos permite expandir nuestro conocimiento del mundo natural, y dicho conocimiento puede ser aplicado para mejorar la condición humana y permitirnos vivir de manera sustentable. Los avances nos permiten diseñar y construir la infraestructura física y maximizar la capacidad humana. Estos campos son críticos para lograr el desarrollo social y económico—importantes para resolver problemas tales como la disponibilidad de alimentos, las enfermedades infecciosas, el agua potable, la energía, las comunicaciones, el transporte, la protección de ecosistemas, el cambio climático, y demás. La diversidad de insumos y talentos son necesarios para alcanzar dichas metas en investigación y desarrollo. ¿Cómo argumentamos a favor de la diversidad como una ventaja en la ciencia y la ingeniería? A lo largo del tiempo, los defensores de las mujeres en la ciencia y la ingeniería han usado un número de argumentos— aquellos basados en los “derechos” e igualdad, aquellos basados en datos demográficos, a medida que las mujeres son prominentes en
carreras de educación universitaria, así como aquellos basados en el valor de la diversidad para la educación y la investigación. Aunque los hechos sobre la participación de las mujeres pueden ayudar a argumentar a su favor, a menudo los datos no están disponibles en un formato desagregado. Afirmando el valor de las contribuciones de diversas perspectivas en todos los tipos de ciencia, el físico y Premio Nobel Abdus Salam expresó, “Yo definitivamente creo que cada tradición cultural de la familia humana aporta a la ciencia una manera de pensar distinta.” Pero para que las mujeres puedan contribuir al avance de la ciencia y la ingeniería, deben tener la oportunidad de poder hacerlo. Se indicó previamente que las mujeres han aumentado dramáticamente su presencia entre, por ejemplo, los doctores en medicina y los diplomados con doctorados en las ciencias naturales. A pesar de esto, sus números entre los profesores, especialmente en los puestos más altos y los roles de liderazgo, se han rezagado, y este es el caso aún cuando las mujeres jóvenes están aumentando su presencia entre las poblaciones de estudiantes de dichos campos. Cuando el número de mujeres entre los profesores no es acorde con su disponibilidad dentro del grupo de candidatos capacitados, es necesario considerar la manera en que se toman las decisiones a la hora de seleccionar para tales posiciones. ¿Qué procesos se utilizan para buscar, contratar y promover a candidatos? ¿Cómo funciona esto en cada departamento y a nivel institucional? ¿Los que hacen las selecciones creen en el valor de la diversidad en la ciencia y la ingeniería; o creen que algunas formas de diversidad son más aceptables que otras (por ej., cultural y geográfica, pero no de género)? Hay un creciente volumen de investigación en las ciencias sociales que indica cómo las percepciones de mérito y calidad pueden ser parciales por sexo. Por ejemplo, la revisión de curriculum vitaes (CVs) que solamente se diferenciaban por el nombre indicado en la parte de arriba de la página resultó en evaluaciones más bajas para aquellos que tenían nombres de mujeres que para los nombres de hombres, ¡tanto por evalua-
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dores hombres como evaluadoras mujeres! Otro ejemplo apunta a las diferencias en la posibilidad de selección de músicos hombres y mujeres cuando las audiciones para las posiciones de la orquesta se realizaron detrás de una pantalla. A las mujeres les fue mucho mejor en las evaluaciones “ciegas”. Los científicos suecos Wenneras y Wold documentaron cómo las mujeres tuvieron desventaja en la selección de becas prestigiosas, ya que las mujeres galardonadas tuvieron que tener muchas más publicaciones de alto impacto y credenciales más fuertes que los hombres premiados. La presencia significativa de las mujeres en la medicina y las ciencias naturales no se repite en campos tales como la física y la ingeniería. Se han propuesto varias hipótesis para explicar los padrones de distribución entre los campos de la ciencia. Estas incluyen muchas de las siguientes: • No se incentiva a las mujeres a entrar en estos campos y en algunos casos se las desalienta activamente. • Las mujeres no tienen mentores dentro de estos campos. • Las mujeres no encuentran que el clima y la cultura de estos departamentos en particular les de la bienvenida. • La instrucción en los cursos introductorios a menudo es pobre y no atrae a los estudiantes a entrar en estos campos. 78
• Las mujeres empiezan en estos campos, pero luego los dejan. • Las mujeres entran en estos campos, pero no se les ayuda a quedarse. Si observamos, por ejemplo, a la física como un campo con una participación más baja de mujeres, vemos que hay altos niveles de toma de cursos en la escuela secundaria, seguido por la pérdida de estudiantes mujeres con el transcurso del tiempo. Ciertamente, la “falta de relevancia” no sirve como argumento para los bajos números, ya que vemos un aumento en la participación de las mujeres en campos como la astrono-
mía. También vemos gran variabilidad en la participación de las mujeres en dichos campos entre los diferentes países del mundo. La imagen de la física como un área de dominio masculino puede abrumar los esfuerzos para aumentar la presencia y las contribuciones de las mujeres en esta disciplina. Un aspecto que emerge consistentemente en las discusiones sobre la presencia de las mujeres en la ciencia y la ingeniería es el de intentar lograr un balance entre la vida de la casa y el trabajo. Aún en los casos en que las mujeres alcanzan la cima del éxito y reconocimiento dentro de las ciencias, este tema es el primero en sus mentes. Elizabeth Blackburn, ganadora del Premio Nobel de 2009 en Fisiología o Medicina, expresó lo siguiente, “La estructura de la carrera es definitivamente una estructura de carrera que ha funcionado para los hombres. Pero muchas mujeres, en la etapa en que terminan su capacitación, realmente quieren pensar en la familia… y son intimidadas por la estructura de la carrera. No por la ciencia, en la cual les va muy bien.” Cuando la sociedad fuerza elecciones a mujeres talentosas, todos pierden. Tenemos que tener más imaginación para buscar maneras en que podamos apoyar a las mujeres en la ciencia y la ingeniería, sin que ellas deban sacrificar otros aspectos valiosos de sus vidas. Al enfrentar a los problemas del planeta, necesitamos la visión de las mujeres y las voces de las mujeres, unidas a las de los hombres, para buscar soluciones.
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VIAJERAS, EXPLORADORAS, Y OTRAS INTRÉPIDAS Y SUS CONTRIBUCIONES A LA CIENCIA Patricia Tovar
Este artículo trata sobre las mujeres que se atrevieron, solas o acompañadas, a cruzar el umbral de sus casas y de sus vidas y emprendieron un camino que contribuyó a expandir la gran aventura del conocimiento. Viajar y explorar el mundo no ha sido un exclusivo privilegio de hombres, a ellas las hemos encontrado atravesando selvas y desiertos, recorriendo el planeta, sumergidas en el fondo de los océanos, subiendo a las montañas más altas o embarcándose en naves espaciales. Aunque los libros de historia no las hayan tenido en cuenta, y aparezcan poco en las enciclopedias o en los cánones de literatura de viajes, y en la escuela nos enseñen tan poco sobre sus contribuciones, muchas de ellas han sido destacadas cartógrafas, arqueólogas, geólogas, antropólogas, biólogas, aviadoras, cosmonautas, o de muchas otras profesiones, que las han llevado por caminos sorprendentes e inesperados. Por eso, a continuación haré un pequeño homenaje a esta legión de osadas y valerosas damas. Hablaré de sus hazañas, de lo que ha significado llegar a sitios desconocidos y ver por primera vez cosas que otros no han visto y además documentar esa experiencia en relatos autobiográficos, cartas, diarios y en otros tipos de escritos que han quedado para la posteridad. Se trata de hacer un breve recorrido que mostrará las muchas excepciones a la asumida ausencia de las mujeres en la ciencia. Las narrativas de viaje han ocupado un importante lugar en la imaginación de la humanidad, sirviendo también de inspiración de grandes hazañas que han permitido traspasar las fronteras del
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conocimiento. Dentro de lo que nos han contado en el colegio o en la universidad sobre Heródoto en la Grecia Antigua, o Plinio en Roma, o Marco Polo en la Edad Media, o las descripciones de los grandes navegantes en la era de los descubrimientos, o apenas unos siglos atrás las expediciones científicas del siglo XVIII y XIX y de la importancia que estas tuvieron en sentar las bases de disciplinas modernas como la geografía, la biología, la geología o la antropología, pero raras veces aparecen mujeres como protagonistas. Nos ha quedado apenas la imagen de Penélope hilando sus recuerdos y espantando a sus pretendientes, noche tras noche, durante veinte años, mientras espera el retorno a casa de su marido, demorado por cantos de sirenas seductoras y hechiceras. Y así aprendemos sobre grandes argonautas que heroicamente viajan y logran vencer terribles obstáculos. Pero si miramos más de cerca, encontramos que no solo los hombres viajaban. En la expedición de Jasón en busca del Vellocino de oro, iba Atalanta, famosa corredora, y hábil cazadora que se rebeló a las ataduras patriarcales de la Grecia antigua. Por eso a partir de ese olvido surgen varias preguntas que nos servirán de ruta en el rápido recorrido por la historia que sigue a continuación. La primera, es ¿quiénes eran esas mujeres y cómo hicieron para salir del confinamiento de sus casas? Y la segunda, es ¿qué ganó la ciencia con esto? Me propongo entonces dar algunas respuestas a estos interrogantes, examinando lo que ha significado ser viajera y ser mujer en diferentes momentos históricos y sobre la herencia que nos han dejado estas pioneras. Viajar, aun en nuestra época, y más para mujeres solas, ha implicado riesgo y peligro y muchas incomodidades. Los recorridos en la antigüedad eran costosos, arduos y lentos. Las travesías necesitaban de grandes equipajes, las enfermedades eran frecuentes, las aguas eran impuras y la alimentación poco confiable, los bandidos, los huracanes y otras dificultades, hacían que muchas personas perdieran la vida en las variadas contingencias que encontraban en estas empresas. Aunque movilizarse es hoy en día más rápido y fácil, pensamos que viajar sigue siendo un privilegio de las clases altas, o de personas que por sus profesiones tienen
que hacerlo constantemente. Por eso cuando veamos más adelante que motivó a estas viajeras famosas, es necesario entender el contexto histórico en que vivieron, de donde vienen y si tenían algunas características personales que les permitieran llegar a los lugares hasta donde llegaron. El viaje no es solo un desplazarse de un lugar a otro, implica también una liberación de las ataduras de lo cotidiano, entrar en lo desconocido, traspasar los límites del cuerpo y de la cultura. Es por tanto una ruptura simbólica que se convierte en una experiencia sublime de observaciones y descubrimientos que puede incluso alcanzar el ámbito místico y religioso. Por eso, también tiene un componente penitencial, de sufrimiento, de penuria, de fatiga y finalmente de salvación. No siempre el viaje ha sido voluntario, hubo quienes en castigo fueron forzados a andar errantes por el mundo. Veinte años duró el poeta Camoens condenado a viajar en los barcos portugueses, pero como resultado de ese trasegar por los oceanos escribió la epopeya marítima del Siglo XVI. También hay noticias de mujeres que viajaron o vivieron vidas nómadas como cautivas, prisioneras, sirvientes, esclavas o en las diferentes modalidades de la trata de personas, antigua o moderna. Consideremos el caso de la historia de Lady Wenji, que se cree ocurrió en la época de la dinastía Han en la China del Siglo III1. Ella era hija de un académico y fue robada de su casa durante una incursión tártara, logrando regresar doce años después, dejando atrás a los hijos que tuvo durante su cautiverio. Las detalladas descripciones que hizo de la vida de las estepas sirvieron para que este enemigo de la China se conociera mejor, lo que ayudó a que se protegiera mejor el imperio. Hay muchos nombres, leyendas e historias de mujeres a quienes, gracias a sus viajes a lugares remotos se les atribuyen importantes intercambios culturales y contribuciones. Ese es el caso de Wencheng quién vivió hacia el año 700 de nuestra era y quién fue enviada como novia para establecer relaciones diplomáticas en el Tibet. Además de una considerable dote, llevó el arte de la manufactura de la seda, el alfabeto, la escritura y la tecnología para hacer papel y tinta. En esta categoría, que podría llamarse de
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“emisarias culturales” también encontramos siglos más tarde, a la portuguesa Catarina de Braganza (1638-1705), casada con Carlos II de Inglaterra y quién llevó, además de su extensa dote donde se incluía la ciudad de Bombay, la práctica de beber el té a ese país. Muchas mujeres viajaron acompañando a esposos, enviados como embajadores, militares o funcionarios de gobierno, antes de hacerlo más tarde solas, como profesionales, misioneras, educadoras, o enfermeras. El “gran tour” o la moda de viajar por placer, se popularizό entre las clases altas de Europa solo a partir de finales del Siglo XVIII y fue gracias al imperialismo que se abrieron espacios seguros para aquellas que querían ir a conocer Tierra Santa, o lugares exóticos como India o el lejano oriente. Hubo también quien prefiriera asumir un traje y postura masculina para poder salir de su casa hacia los confines del mundo, como la española Catalina de Erauso (n.1592), conocida como la “Monja Alferez” pues iba disfrazada de soldado. Un recurso similar fue también escogido por Enriqueta (Enrique) Faber, (n. 1791) española, y primera mujer en ejercer la medicina en Cuba, hasta que fue descubierta y detenida, al igual que Carmen Bravo-Villasante ( 1918 - 1994), filóloga, folclorista y traductora española y muchas otras que prefirieron hacer sus recorridos vestidas de hombre para proteger su honra y los avances sexuales indeseados que desafortunadamente continúan existiendo en nuestra época y que son uno de las principales preocupaciones cuando las mujeres viajan solas. Los viajes y las exploraciones han sido un ingrediente importante en la construcción del mundo y del conocimiento, para describir a otros y para entendernos mejor a nosotros mismos. El alcance del viaje va paralelo a la invención de herramientas y de tecnologías, que han permitido mejorar la movilidad y sobrepasar obstáculos, que nos han dejando un universo cada vez más estrecho y al parecer más fácil de alcanzar. Y aunque muchas, por diversas razones, no se alejaron más allá del umbral de sus hogares, desde ahí también contribuyeron a que sus hombres lograran llegar a los confines de la tierra y más allá. Como lo hizo Isabel la Católica, otras también han empeñado sus dotes y sus joyas, para financiar no solo las tres carabelas al mando de Colón, sino muchas otras travesías, y se que-
daron solas durante largas temporadas gobernando o sosteniendo a sus familias, esperando a hombres que no siempre regresaban. La literatura de viaje está compuesta por una suma de recuentos de hazañas individuales y de aventuras colectivas, que en el caso de la escrita por mujeres ha sido considerado un género literario menor, casi de segunda clase. Entre lo más antiguo que se conoce es el manuscrito parcial, especie de guía de viaje de una monja española llamada Egeria, quien realizó una peregrinación de tres años a Costantinopla y a la Tierra Santa en los años 381-384. Leonor de Aquitania, otra importante figura de la Edad Media, es también conocida por el viaje que realizó, a los diecinueve años, acompañada de 300 damas a esos mismos lugares santos y por su participación en Las Cruzadas. Otra obra que ha llegado hasta nuestros días es “El libro de Margery Kempe,” escrito en 1436, donde la autora nos narra las impresiones de lo que conoció en su viajes y de las dificultades que tuvo durante treinta años en varios lugares sagrados, a donde llegó motivada por la devoción, como le era permitido hacerlo a muchas otras mujeres de la época. Mientras que los cristianos se dirigían en romería a los lugares de peregrinación, el mundo musulmán se movilizaba con gran dificultad hacía la Meca. Se le atribuye a la Reina Zubaydah, consorte del eminente califa Harun al-Rashid de Bagdad, la expansión de las rutas y el diseño de un acueducto para llevar agua a la Meca y almacenarla en pozos para calmar la sed de los caminantes. El legado que nos dejaron aquellas antiguas mujeres nos muestra su curiosidad por las costumbres de esos pueblos desconocidos para occidente y su preocupación con las condiciones sociales y el trato dado a las mujeres en esos lugares. Un caso es el de la aristócrata Mary Wortley Montagu (1689-1786), quien viajó con su esposo, nombrado como embajador de Inglaterra en Turquía en el año 1716, y quien se impresionó con los mundos separados de las mujeres, entrando en ellos y pudiendo de esta manera apreciar y describir las costumbres femeninas inaccesibles para los hombres del mundo occidental. Además trajo de vuelta a Europa una novedosa práctica que encuentra entre las ancianas de ese país, y que ella misma prueba pinchándose un brazo con la punta de una aguja un-
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tada de pus de una persona enferma de viruela2 previniendo así esta mortal enfermedad y expandiendo el conocimiento sobre esta. Alexandra David-Neel escribe sobre cómo logró ser la primera mujer occidental en llegar a Lhasa, la ciudad prohibida del Tibet y sobre las cosas que vio y aprendió por el camino. Esta literatura de mujeres viajeras, que nos sirve también como fuente de datos históricos, se benefició poco a poco con las contribuciones que llegaron de diferentes partes del mundo documentando las experiencias y las impresiones de viaje de ojos femeninos occidentales que lograban observar de primera mano nuevas especies de plantas y de animales, costumbres exóticas, paisajes, alimentos, tecnologías, sistemas políticos y muchas otras cosas más que enriquecieron la ciencia de variadas maneras. Es importante en este punto mencionar dos conceptos esenciales para entender las contribuciones de estas mujeres desde el género y la cultura, estos son los conceptos sobre “el otro” y “la mirada”. En este caso hablaré del viaje con “mirada femenina” desde diferentes posiciones, ya sea a través de la mirada colonial, religiosa, occidental o desde la orilla que haya sido. Quiero además de hacer un inventario de intrépidas, tomar varios momentos históricos que nos permitan no sólo ver sus contribuciones en esos contextos, sino tener en cuenta elementos de género y poder en la discusión sobre el avance de la ciencia. Comenzaré por la época de la expansión marítima y la posterior conquista de nuevos territorios, para seguir con el significado de esos viajes en las épocas coloniales, hasta llegar a la época moderna. Las nuevas formas de viajar desarrolladas en el siglo XIX, ya sea en tren o en barcos de vapor abren inmensas posibilidades y reducen los costos de moverse de un lugar a otro. Pero todo esto se sobrepasa con los avances en los viajes aéreos y a partir de los años sesenta con la carrera espacial. Veremos entonces que oportunidades se les han presentado a las mujeres en esos nuevos destinos. La expansión marítima Recordemos que antes de la expansión marítima la gente se movilizaba a pié, en compañía de recuas de animales de carga, o como se hacía en las tierras de África o de oriente en caravanas de came-
llos. La invención del estribo por parte de los hunos, permitió la expansión mongólica hacia Europa occidental y su poderío militar y económico. En la Edad Media un mercader llegado del oriente por el Mediterráneo, podía desembarcar en el importante puerto de Venecia y viajar por tierra durante dos meses hasta los países bajos. O si algún peregrino lo hacia por rutas como la de Santiago de Compostela, se permitía con comodidad un recorrido de un mes a pie desde los Pirineos franceses, por vías habilitadas desde la antigüedad por los romanos. Sin ir más lejos, los caminos de herradura de los antiguos Incas y muiscas, de los que aun sobreviven vestigios, usados hoy en día por caminantes ecológicos, les permitían moverse desde las altas sierras de los Andes hasta las zonas calientes de la costa en pocos días. Se sabe que los chasquis o correos de los incas transportaban pescado fresco desde la costa Pacífica hasta donde fuera necesario, en un sistema de carreras de relevos. El desarrollo de la navegación marítima que permitió el descubrimiento de América fue posible gracias a la ayuda de instrumentos como el astrolabio, del cual, sentó las bases la famosa Hypatia de Alejandría en la antigüedad. Cuando era conveniente a las mujeres las dejaban subir a los barcos y cuando no, se inventaban supersticiones aduciendo que su presencia era de mal agüero, a algunas llegaron incluso a tirarlas por la borda, para apaciguar tormentas, pero eso no fue un impedimento para las muchas que lo hicieron. Tuvieron que pasar muchos siglos hasta que a las mujeres finalmente se les permitiera subirse a los barcos y entrar oficialmente, con uniforme, y con altos rangos, a comandar en la marina de sus países. Una rápida mirada a las listas de pasajeros de los barcos que llegaron al nuevo mundo, de fácil acceso por Internet3, nos muestra como desde muy tempranas épocas de la conquista, a los hombres se les permitió traer a sus mujeres, a sus sobrinas y a otras parientes e incluso a sus sirvientas, como acompañantes o para que desempeñaran diversos oficios domésticos. Las mujeres españolas contribuyeron al encuentro de los dos continentes a través de la preparación de alimentos, de traer y adaptar sus productos como el pan, el vino, las gallinas y las ovejas a las condiciones de
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climas antes desconocidos. En la ciudad de Zaragoza hay un convento que se enorgullece por ser el primer lugar del país y tal vez de toda Europa donde se tomó por primera vez chocolate traído de las Indias, en 1535. En 1509, se documenta que la primera mujer Europea en desembarcar en América fue María de Toledo, la esposa del Virrey, Don Diego Colón, el hijo de Cristóbal, quienes se instalaron en lo que es hoy la República Dominicana y donde hay una plaza con su nombre en el lugar donde al parecer construyó su casa. Además de ella, otras como Catalina Montejo, ostentaron cargos como el de “Adelantada de Yucatán” y en Panamá se hizo famosa Isabel de Bobadilla, esposa de Pedrarias Dávila. A pesar de la imagen del conquistador que llegó solo a las costas del Nuevo Mundo, hay extensos documentos que nos muestran como muchos llegaron a asentarse con sus familias completas. Y sabemos que cuando ellos fallecían, cosa que ocurría con frecuencia, ellas quedaban al mando de las expediciones. Por ejemplo se conoce el caso donde una mujer estuvo a cargo de una expedición marítima con título de adelantada y gobernadora, ella era Isabel de Barreto quien dirigió la infortunada expedición a las islas Salomón y a las Marquesas en el año 1596. En los siguientes años inmediatamente al descubrimiento llegarían 308 mujeres, muchas de ellas de familias principales, entre ellas la esposa de Hernán Cortés. Hubo luego restricciones a las mujeres solteras, como las hay hoy en día para la obtención de visas, y de pasaportes en algunos países. Como sabemos hubo también mujeres indígenas que guiaron a los conquistadores y a otros europeos por lugares desconocidos en expediciones exitosas, como el caso de la Malinche en México, y de Sakajawea en Norte América quién guió la famosa expedición de Lewis and Clark, cargando a su bebé en la espalda y la no menos famosa India Catalina, quien acompañó a Pedro de Heredia como traductora por los nuevos territorios sin explorar hacia adentro del continente desde el sur de Cartagena. Hubo en la época de la conquista otras aguerridas damas que guiaron expediciones y ejércitos y fundaron ciudades como Inés de Suarez, la compañera de Valdivia en los mares del sur, o el
caso de Ysabel de Guevara quien narra y reclama en una hermosa carta enviada desde Asunción, Paraguay, por las penurias que la aquejaron tras la muerte de su marido Pedro Mendoza y el drama que vivió en la fundación de Buenos Aires4. A pesar de todas esas noticias que nos llegan de esas viajeras, fue solo hasta 1766, que se reporta como Jeanne Baret, logró, de nuevo disfrazada de hombre, ser la primera mujer que dio la vuelta al mundo en la expedición científica liderada por el francés De Bougainville. Casi cien años después lady Anna Brassey comanda el primer viaje alrededor del mundo moderno a bordo del yate Sunbeam. Jeanne Baret trabajaba como “naturalista” es decir coleccionando especímenes de plantas, animales, insectos, conchas que serian llevados a Europa para su estudio y exposición en los gabinetes e incipientes museos. En Tahití se descubrió su verdadera identidad, pero debido a la calidad de su trabajo se quedó en la Polinesia por varios años más completando sus colecciones. Otra mujer del Siglo XVIII que participó en las grandes expediciones fue la peruana Isabel Grandmason quien estaba casada con Jean Godin, contratado por Charles-Marie de la Condamine, con el propósito de ayudar en la medición de la línea Ecuatorial en el Perú. Isabel se adentró en la selva Amazónica en busca de su esposo, hasta que finalmente se reunió con el veinte años más tarde, en las Guayanas, después de haber sobrevivido a incontables tragedias. Las contribuciones que las mujeres viajeras han hecho a la ciencia nos han llegado también desde el arte. Por eso además de las cartógrafas y geógrafas que dibujaban mapas, están las que, antes de la invención de la fotografía, ilustraron los libros de botánica y zoología, y para esto viajaron a retratar de primera mano las especies desconocidas para la ciencia. La composición, el colorido y la belleza del trabajo de algunas de ellas, nos ha dejado un legado de admiración por su habilidad para capturar con precisión el mundo que encontraron. Mencionaré apenas a las más sobresalientes en este campo como son Marianne North (1830-1890) una inglesa adinerada que viajo por todos los confines del imperio británico, y que dejo al mundo no solo un legado de más de 1000 obras, sino que además dejo el edificio donde guardar y exhibir este material,
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hoy en día al cuidado del Royal Botanic Garden en la localidad de Kew, en cercanía a Londres. Otra inglesa destacada en este mismo campo es Margaret Ursula Brown (1909-1988, hija de un naturalista, quien viajó al Amazonas y a otros lugares de Sur América y desde su primera expedición en 1956 se convirtió en activista por la conservación de la selva Amazónica. Pero la más conocida y pionera de todas estas damas de la ilustración botánica es la holandesa Anna Maria Sibylla Merian (1647-1717) quien viaja con su hija a Surinam a documentar la vida de los insectos, publicando además varios libros donde no solo dibujaba sino que hacia extensas anotaciones. El Siglo XIX
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Las principales mujeres que comandaron la gran aventura expedicionaria en el siglo XIX fueron las inglesas. La época victoriana se caracteriza por considerar inmoral muchas cosas entre ellas el que las mujeres viajaran solas. Hasta el vestido era un impedimento para la movilidad, había que liberarse del corsé, de las faldas largas y abultadas, de los miles de botones y lazos que apretaban prendas y calzado y sobre todo de las ataduras mentales del momento. Las más prominentes de las que se atrevieron a transgredir esa norma fueron Harriet Martineau, Isabella Bird, Gertrude Bell and Mary Henrietta Kingsley. Ninguna realmente lo hizo por el simple gusto de la aventura hacia lo desconocido si no más bien por razones de trabajo o en alguna misión especial de tipo religioso, pues en esa época muchas mujeres comienzan a tener la oportunidad de viajar como gobernantas, educadoras, enfermeras o religiosas, dentro de esta categoría encontramos a Ana Lenowens, inmortalizada en la película Ana y el Rey en Siam. Harriet era una escritora inglesa de clase alta quien en sus viajes se dedicó a documentar la condición de la mujer en los sitios por donde pasaba. Gertrude, permaneció soltera toda su vida y se enorgullecía de haber completado dos viajes alrededor del mundo, pero eso no fue lo que la hizo famosa, si no su estadía en Mesopotamia, su aprendizaje del árabe, sus conocimientos de arqueología y de las tribus del desierto, de tal manera que sus escritos fueron influyentes en las decisiones de Inglaterra en
la creación de las naciones del Medio Oriente y en la construcción de Irak. Isabella, de familia de misioneros, por su parte, ya había recorrido junto con su padre, la campiña Inglesa y desde pequeña se ajustaba a las incomodidades de la vida fuera de su casa, lo que le permitió a los 70 años, realizar un viaje por el norte de África a lomo de caballo. Sus viajes por diferentes lugares del mundo le permitieron ser la primera mujer en llegar a la Royal Geographical Society y hoy en día es considerada una de las pioneras de la geografía y de la antropología. Mary Kingsley nació en Londres, y pasó a la historia como una gran exploradora de África Occidental y Central de finales del siglo XIX5. La ciencia se benefició con sus investigaciones que iban desde el estudio de insectos y peces hasta el de las prácticas religiosas africanas. La especie de peces conocida científicamente como Ctenopoma kingsleyae, fue nombrada en su honor. Se internó por el continente hasta lugares que no habían sido conocidos por hombres Europeos y ascendió el Monte Camerún, el más alto de la región, con más de cuatro mil metros de altura. Kingsley dejó una extensa bibliografía de populares y amenos libros sobre sus recorridos6. En sus escritos también aparecen críticas al imperialismo inglés y a las actitudes etnocéntricas del momento que consideraban a las tribus africanas como horribles salvajes, o en los mejores casos como tontos menores de edad. También en el siglo XIX encontramos a la gran Florence Nithingale, quien no solo modernizó la enfermería, salvando así muchas vidas, sino que recogió datos de manera tan rigurosa que se le considera la madre de la estadística. En esa misma guerra también estuvo cuidando soldados ingleses, Mary Seacole quién en 1857 escribió su autobiografía titulada, “Las maravillosas aventuras de la señorita Seacole en muchas tierras”7. Mary era una mulata originaria de Jamaica y sus cuidados con ciertas hierbas medicinales le permitieron acrecentar fama en la curación de muchos heridos. Hacia los finales de este siglo encontramos a Julia Margaret Cameron enviándonos desde varios lugares del mundo exóticas fotografías, como las que tomó en el antiguo Ceilán. Una vez inventada la cámara fotográfica, ya no se iba a separar nunca de las viajeras, pues
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esta permitía traer una mayor evidencia y credibilidad sobre los lugares recorridos con miradas de mujer. La famosa Freya Stark, nos dejó una colección de fotos del sur de Yemen, que aun hoy sirven como documentos etnográficos. Estas viajeras también se dirigieron a las tierras del continente americano dejándonos sus excelentes escritos como en el caso de la inglesa Rosa Carnegie-Williams quien escribió el libro “Un año en los Andes o las aventuras de una lady en Bogotá8” donde narra las peripecias de su viaje y residencia en este ciudad entre agosto de 1881 y julio de 1882. A manera de diario nos cuenta su salida de Londres, su travesía por el río Magdalena en el primer barco de vapor en surcar sus aguas, cortos recorridos en tren, donde este ya existía, y nos da noticias de los efectos de la trágica avalancha ocurrida en Armero en 1845, y fue testigo de una terrible creciente en Bogotá. Con minuciosos detalle nos describe la vegetación y la vida de los posaderos del camino a lomo de mula de Honda a Bogotá, y hace el recuento de una visita al Salto de Tequendama y a Zipaquirá, describiendo todas sus impresiones del viaje, especialmente relacionadas a la abundancia de frutas y animales silvestres que vio en todo su recorrido y su llegada de vuelta sana y salva a su lugar de origen, después de acompañar a su esposo, dedicado a negocios de minería en Colombia. Ya en el siglo XX encontramos a Daisy Bates viviendo con los aborígenes de Australia y documentando su cultura, de manera que sirvió como referente para los trabajos que se realizaron posteriormente por el reconocido antropólogo Radcliffe Brown. Pero ya que estamos hablando de antropología no podemos dejar de lado los viajes de Margaret Mead a Samoa, donde recogió el material para sus libros sobre crecimiento y adolescencia y los mundos masculinos y femeninos, que se convertirían en los libros más populares de la antropología en Estados Unidos. Desde sus inicios la antropología tiene una fuerte presencia de mujeres viajeras. La afroamericana Zora Neale Hurston se adentró en el sur profundo de los descendientes de los esclavos en Norte América, recogiendo material invaluable. La lista de antropólogas es bastante larga, menciono a las pioneras colombianas Virginia Gutiérrez de Pineda, Alicia Dussan, Blanca Ochoa y muchas otras incansables viajeras, investigadoras y
formadoras de las nuevas generaciones por las remotas regiones de la geografía de su país. Antes que ellas se destaca a Teresa Cuervo Borda, primera mujer colombiana en ser integrante de la Sociedad Americana de Mujeres Geógrafas en los años cuarenta y quien se pasa a la historia por su labor en la conformación y dirección del Museo Nacional. Las expedicionarias del siglo XX son mucho más numerosas, la aviación acortó las distancias y el mundo se hizo más pequeño. Las mujeres por su parte ganaron en reivindicaciones educativas, laborales y políticas y comenzaron a sobresalir en empresas consideradas anteriormente como no aptas para ellas. Junko Tabei por ejemplo, se destaca por ser la primera mujer en alcanzar la cima del Everest en 1975, seguida de cerca por la alpinista española Araceli Segarra, quien con solo 26 años de edad, pasó a la historia con ese mérito. Varios años atrás, otra mujer, la científica y reivindicadora del derecho al voto, Fanny Bullock, junto con su marido, realizó un total de siete expediciones por el Himalaya, trazando mapas, registrando alturas y cambios de temperatura, documentando movimientos glaciares y tomando las primeras fotos de esas cumbres. Las pioneras de la aviación Durante siglos las mujeres levantaron sus ojos al cielo en una constante observación de los fenómenos celestes, actividad compatible con las labores domésticas y con el cuidado de los hijos, que por lo general, no requería de moverse de la casa. La astronomía tiene una larga lista de mujeres destacadas, pero lo que quiero resaltar es la participación de la mujer en la historia de la aviación y en los programas espaciales. Amelia Earhart es la aviadora que más profundamente nos ha marcado, por sus historias románticas, por el lanzamiento de diseños de moda espeialmente para ella, pero también por su desaparecimiento mientras volaba sobre el Pacífico, propiciando toda clase de teorías que van desde su trabajo para el gobierno como espía hasta su captura por los japoneses durante la Segunda Guerra Mundial. Beryl Markham, que lograron records importantes en este campo. Beryl se especializó en viajes por remotas regiones de África, y en recorridos turísticos.
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En un viaje que hice de Brasil a Bogotá me sorprendió que por primera vez viajaba en un avión comercial donde tenía como Capitana a Julieta Mendoza, quien me invitó a pasar a la cabina del avión a conversar sobre su experiencia y los obstáculos que ha tenido en su carrera. Además de explicarme los instrumentos y de dejarme quedar para el aterrizaje me contó como en Colombia, muchas mujeres como ella han tenido que entrar a las Fuerzas Armadas para lograr sus sueños como pilotos de aviones comerciales, el entrenamiento es duro y riguroso y aún se encuentran con obstáculos, a veces de los mismos pasajeros quienes no se sienten seguros con ellas al mando. A algunas les cuesta más trabajo ascender en su carrera pues son enviadas a las regiones alejadas a cubrir rutas poco atractivas. La conquista del espacio
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Cuando pensamos en los logros espaciales la primera mujer que nos viene a la mente es por supuesto la cosmonauta rusa Valentina Tereshkova quien en 1963 le dio la vuelta a la tierra 48 veces. Antes de saltar a la fama mundial trabajaba en una fábrica de textiles y era aficionada al paracaidismo, razón por la cual fue reclutada en el programa espacial. Valentina fue la fuente de inspiración de las nuevas generaciones de mujeres que han participado o estado a cargo de misiones espaciales, como en el caso de Christa Mcauliffe, la primera educadora en el espacio, quien murió a bordo del transbordador espacial Challenger, junto con la ingeniera Judy Resnick. También recordamos a la astronauta India, Kalpana Chawla quien pereció en el desastre del transbordador Columbia. Pero esas tragedias no han sido impedimentos para que muchas otras mujeres se hayan dedicado a la astrofísica y a la navegación espacial. Aunque los tapujos y restricciones de épocas pasadas se han superado y de que los recorridos de grandes distancias ya no son privilegio de mujeres adineradas, y a pesar de los inconvenientes que ha dejado el terrorismo, se puede decir que hoy se viaja más que todo por placer o por asuntos de trabajo. Una mujer que quiera aventurarse sola puede hacerlo de manera segura y con comodidad. La industria hotelera y turística se ha adecuado a las necesidades de este grupo, donde se usan cada vez más frecuentemente el Internet,
celulares y otras tecnologías de la comunicación para estar al tanto de lo que ocurre ya sea en sus hogares o en los lugares que visitan y se valen de guías y de redes que las conectan con otras mujeres que ya han hecho el camino y que pueden ofrecer algún consejo para el recorrido. Hasta los materiales modernos usados para ropas ultralivianas, abrigadas y de fácil lavado y secado se han sumado a facilitar el viaje con ligeros equipajes que van en pequeñas maletas de ruedas o en morrales a la espalda. Para las mujeres a diferencia de los hombres el embarazo y la crianza de los bebés era una limitante, aunque para algunas eso no fue obstáculo, pues se llevaron a sus hijos con ellas. En el siglo XIX era más fácil viajar en el caso de las que eran solteras, pues podían ya en esa época escoger carreras como gobernantas o enfermeras y tomaban por su cuenta las riendas de sus vidas, aunque aun en muchos países se necesitaba el permiso del esposo para obtener pasaportes y visas. Muchas como Mary Kingsley, quien vivió recluida parte de su juventud pues tuvo al cuidado a sus ancianos progenitores por muchos años hasta que estos fallecieron y ella pudo finalmente disponer de una pequeña fortuna que le permitió convertirse en ictióloga en África. Quiero terminar este inventario de intrepidas navegantes haciendo un breve recorrido por el mundo de la exploración científica moderna, donde las fronteras hacia lo desconocido se siguen expandiendo en direcciones antes impensadas. Se trata en este caso de los viajes y las misiones espaciales y la exploración del fondo del mar, donde encontramos a la valiente bióloga marina Sylvia Alice Earle. Hay varios nombres que resuenas en las profundidades marinas y en las profundidades de las cavernas. En la navegación antartica encontramos a Elizabeth Ann Arthur, como ella misma se describe, una persona ordinaria en una situación extraordinaria, en donde se comjugan las penurias del viaje con el momento místico y trascendente que produce el estar sola rodeada por la inmensidad cubierta de nieve del Polo sur. Muchas de estas expediciones requieren de un estado físico excelente y de un entrenamiento especial para soportar los rigores del clima, y las condiciones especiales de las travesías, o del descenso a profundidades inexploradas.
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Delia Akeley decidio adentrarse en la selva para recoger especímens de animales, los cuales aun adornan las salas del Museo de Historia Natural de Nueva York y Ossa Johnson decidió llevar su camara y plasmar su mirada a esos lugares. Las primatologas como Birute Galdikas, Diane Fossey y Jane Goodal has sido absolutamnete instrumentales en la creación de programas de protección, y en el cambio de manera de ver a estos animales en su estado natural, lo que por lo menos en el caso de Fossey le costó la vida. Marie Reiche, una matematica alemana, vivió hasta la interesante edad de 96 años, 50 de los cuales dedicó al estudio de las famosas líneas de Nazca, declaradas como Patrimonio de la Humanidad, gracias a sus esfuerzos, trabajó conjuntamente con Marilyn bridges, destacada fotógrafa con quien realizó el monumental esfuerzo de elaborar mapas aéreos de la zona. Pero como siempre, las discrimiaciones u obstáculos no se hacían esperar. Marie Tharp, american oceanographer cartográfa, fue relagada a la parte de atrás de los observatorios geologicos y no se le permitió hacer trabajo de campo si no hasta después de trabajar durante más de 15 años en a Universidad de Columbia. ¿e alegra ver a las nuevas generaciones as interesadas en lo que ocurre a su alrededor. Además de esto, nuevas carrera se han abierto donde se conjugan el viaje y la rtecnologia, como en el caso de la biologia acustica Katy Pyne, donde el estudio de los sonidos es lo más importante en ecosistemas que están en vías de extinción. A pesar de todas las hazañas mencionadas y de las herencias que nos dejaron todas las intrépidas que se asomaron a estas páginas, y de que pensamos que hoy en día quedan pocas fronteras por traspasar y que las mujeres hemos avanzado en una larga marcha, acabando con los últimos prejuicios y desigualdades que aun quedan, todavía pareciera que lo inexplorado sigue siendo una senda reservada para los hombres. Pero el lugar de una mujer ya no solo es su casa, si no es en el sitio hasta donde quiera llegar.
NOTAS 1 La historia se inmortalizó en un popular poema y en la ópera de 1950 “Eighteen Refrains to a Barbarian Flute.” 2
Leo Hamalian, ed, Ladies on the Loose: Women Travelers of the 18th and 19th Centuries, 1981. Selections from Lady Mary Wortley Montagu letters, 1716 - 1718.
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El antiguo Instituto de Cultura Hispánica, fusionado con el Instituto Colombiano de Antropología e Historia, ICANH, han mantenido esas bases de datos.
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La carta completa se puede leer en el siguiente enlace: http://www.buenosairesantiguo.com.ar/notasdebuenosaires/mujeresdelaconquista.html.
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Cristina Morató nos narra en el libro “Las Reinas de África, Viajeras y exploradoras por el continente negro” (2003. Barcelona, Plaza y Janés), varias de las apasionantes vidas de estas exploradoras.
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Mary Kingsley, Travels in West Africa (London: Thomas Nelson, 1965). Una página web recomendada es: http://www.loe.org/series/discovery_women/kingsley.php. Ver también: Patricia Romero (ed.), Women Voices on Africa. A century of travel writings (Princeton, 1992).
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El título original es “The Wonderful Adventures of Mrs. Seacole in Many Lands.” No conozco una traducción al castellano.
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Publicado en 1990 por la Academia de Historia de Bogotá/Tercer Mundo editores. Colección viajantes y viajeros.
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O XV CONGRESSO INTERNACIONAL DE MEDICINA DE 1906, LISBOA, PORTUGAL: UMA ABORDAGEM DE GÊNERO Maria Margaret Lopes Madalena Esperança Pina Maria de Fátima Nunes
Introdução O XV Congresso Internacional de Medicina de 1906, realizado em Lisboa, Portugal, é tomado nesse artigo como ponto de partida para uma análise mais ampla a ser desenvolvida sobre as relações de gênero nos congressos científicos da primeira metade do século XX. Integra o projeto Congressos Internacionais de Ciência, Portugal: 1880-19501, cujo objetivo central é analisar as redes que a comunidade científica portuguesa foi capaz de sustentar, em diferentes conjunturas políticas, para fazer deslocar para o espaço português europeu a realização de congressos científicos internacionais, como o XV Congresso Internacional de Medicina em 1906 ou o 3º Congresso Internacional de História das Ciencias de 1934, ou o XII Congresso Internacional de Zoologia de 1935, entre diversos outros. No caso português uma ótica historiográfica centrada em um apregoado isolacionismo nacional do perído do Estado Novo, tem dificultado esse tipo de análise sobre a internacionalização das ciências em Portugal (Nunes, 2004). Esse projeto incorpora também, no quadro geral de avanço do fascismo na Europa e na Península Ibérica, uma série conjunta de Congressos das Associações Espanhola e Portuguesa para o Avanço das Ciências (1921-1934), bem como análises sobre uma série de congressos de caráter nacional marcados pela consagração do colonialismo e
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do nacionalismo do Estado Novo, como o Congresso do Mundo Português (1940) ou 1º Congresso Nacional de Ciências Naturais (1941) que incorporaram de forma simbólica, política e cientifica o Império Colonial. Embora em todas as áreas disciplinares haja referências a congressos acontecidos, é ainda bastante escassa uma bibliografia mais abrangente que trate os congressos em si, como o foco de suas análises (Söderqvist, 1994). Mais escassas ainda são abordagens que incorporem perspectivas de gênero na análise de tais congressos científicos, como essas que iniciamos. Não se trata aqui, de analisar esse e outros congressos em si ou como um todo, porque para isso, metodologicamente e evidentemente seria necessário toda uma contextualização, local, internacional, disiciplinar, da situação de tais congressos no conjunto das séries em que se inserem, por exemplo. Mas levando isso em conta, alguns aspectos do XV Congresso Internacional de Medicina realizado em Lisboa em 1906, são apresentados, considerando também vínculos que se pode buscar entre congressos científicos e feministas nas primeiras décadas do século XX. Mediações de Gênero, nomeação pessoal
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Os Congressos Científicos foram e são uma das mais evidentes expressões da internacionalização das ciências que contribuiram para a reorganização da profissionalização da vida científica. Suas organizações foram em muito favorecidas pelas facilidades cada vez maiores dos meios de transporte e comunicações, desde meados do século XIX. Nesses eventos internacionais conjuntos de fenômenos pouco conhecidos, dispersos ou locais - transformados em comunicações científicas, geraram novas questões teóricas e empíricas de áreas específicas, mas também das práticas herdadas até hoje de nossas políticas científicas. A análise das novas formas de negociações de interesses, circulação de informações, implementação de políticas, que se constituíram e ou se amplificaram nesses espaços podem permitir um mapeamento das dinâmicas de funcionamento de comunidades consolidadas e ou em constituição, bem como o quanto esses eventos internacionais foram
capitalizados pelos participantes locais para avançar suas próprias agendas, ampliar a visibilidade de suas áreas profissionais, disputar espaços localmente (Doel et al., 2005). Subjacente a essa pesquisa está uma idéia inspirada em Ludmilla Jordanova (1989), que alertando para a importância da análises engendradas das imagens sexualizadas em Medicina, lembrava que já havia um consenso em torno de que era impossível se tratar a filosofia natural no século XVII - isto é no início das ciências modernas - sem a mediação da religião e dos conflitos políticos gerados. Alertava que estávamos longe ainda (como consideramos que, em larga medida, 20 anos depois, ainda estamos) de incorporar como um consenso, a idéia de que é impossível ignorar as mediações dos papeis sexuais, das relações de gênero em todas as áreas do conhecimento e descaradamente presentes nas construções das ciências bio-médicas desde então. Também estruturando nossa pesquisa, consideramos fundamentais, em termos de políticas e micropolíticas das ciências, os equacionamentos entre nome, status e prestígio, a partir de suas historicidades e articulações com as convenções sobre autoria e autoridade. Partilhamos o pressuposto de que a nomeação pessoal é uma “porta de entrada privilegiada para o estudo da forma como os grandes fatores de diferenciação social, política, científica se operacionalizam através da ação pessoal” (Pina-Cabral 2005). Assim essa pesquisa pretende se desenvolver tanto no encontro das mulheres corporificadas que têm nome, sobrenome e renome e que estiveram presentes nesses congressos, como particularmente, nas relações de gênero que moldavam esses eventos e, evidentemente, no peso e na importância que as metáforas e estereótipos associados a gênero assumiram nesses congressos. Acompanhemos brevemente alguns dos itens que estão sendo considerados nessa investigação, como por exemplo, as mesas de abertura, os comitês de damas e a participação das mulheres nesses eventos. Mesas de abertura As mesas de abertura dos congressos – como em todos congressos ontem e hoje – refletiam o prestígio acadêmico da área disciplinar, o
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status dos organizadores do evento, a amplitude de suas capacidades de alianças e de articulações politico-científicas, a densidade das redes de apoios que conseguiam mobilizar. No XV Congresso Internacional de Medicina de 1906, realizado quatro anos antes da implantação da República em Portugal, os reis Dona Amélia e Dom Carlos e a rainha-mãe Dona Maria Pia compuseram a mesa de abertura, ao lado da comissão organizadora do evento. Dona Maria Pia e Dona Amélia não tiveram voz entre os discursos do rei, do presidente (Costa Allemão), do secretario do Congresso (Miguel Bombarda) e dos representantes dos delegados dos países estrangeiros presentes. O rei foi louvado pelo conjunto dos atributos emprestados a masculinidade: ser simultaneamente um esportista, um artista e um savant. Foi enaltecido pela precisão de seus tiros nas caçadas, pela maestria do seu pincel e por seus reconhecidos trabalhos em suas explorações oceanográficas. Como esposa bem amada Dona Amélia (1865-1951) foi nomeada pelo rei, e como ativista da causa contra a tuberculose, também por todos os oradores da mesa. Uma áurea de santidade, lhe foi atribuída por Costa Allemão que comparou a ação da rainha, em uma metáfora de multiplos sentidos, a rainha Santa Isabel - Isabel de Aragão (c.1270-1336), casada com D. Dinis. Segundo a lenda, a rainha santa Isabel distribuia pães ou moedas aos pobres, que se transformavam em rosas por milagre, quando era surpreendida pelo marido. O presidente do Congresso, associando a rainha a santa, fazia alusão as imagens que ficariam fixadas até hoje nos azulejos que ornamentam a Sala dos Passos Perdidos do edifício que recebeu as sessões científicas do congresso, actual Faculdade de Ciências Médicas. A realização do Congresso serviu de pretexto para uma inauguração simbólica do novo edifício, construído para a Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, que tardava em se instalar, e as sessões ocorriam aí. O cenário dos painéis de azulejos remete-nos para este papel fundamental da rainha no apoio a cura da tuberculose em Portugal. Trata-se da varanda do Dispensário de Alcântara (que foi visitado pelos congressistas), criado no âmbito das actividades da Assistência Nacional aos Tuberculosos, fundada em 1899. O dispensário atendia crianças até aos 12 anos, que alí tinham acesso a alimentação e
medicamentos, bem como a assistência. Madalena Esperança Pina (2010) discutiu em profundidade esses azulejos, dos pontos de vista artístico, científico e simbólico. Nos azulejos também estão fixados os estereótipos de gênero mais comumente atribuídos às mulheres: a representação do milagre de santa Isabel e as bruxas que são afastadas pela imagem da ciência feminina que inspira um jovem doutor em seus estudos. Em seu discurso ainda na mesa de abertura, Miguel Bombarda ressaltará o êxito alcançado pela capacidade dos médicos portugueses organizadores do evento em suas articulações político-científicas. De fato, muitas das principais autoridades do campo médico estavam presentes, como entre outros, Santiago Ramon y Cajal que ganharia prêmio Nobel com Camilo Golgi por suas pesquisas sobre a estrutura do sistema nervoso naquele mesmo o ano de1906; Charles Laveran, prêmio Nobel de 1907, pelos estudos da malária como doença causada por protozoários e por seus trabalhos sobre trypanosomas; Ilya Metchnikoff que ganharia prêmio Nobel em 1908 por seus estudos sobre fagocitose e Karl Landsteiner – que ganharia prêmio Nobel em 1930, por seu trabalho sobre a classificação de grupos sanguíneos e a presença de aglutininas no sangue. O êxito das articulações se expressava nos números de 1.818 savants e praticantes inscritos, no 134 temas de estudo, nas 500 comunicações livres e na enumeração das delegações dos países presentes, em que não faltarão embora com menor ênfase que aos países alemães, a França e Inglatera e a América, a nomeação dos “países do outro hemisfério Brasil, México, Argentina, Chile, etc.” As vertentes de análises desse único congresso são múltiplas, e em termos das redes de relações que estes congressos nos permitem identificar, por exemplo, as delegações latino-americanas não incluiam mulheres médicas, ou que teriam apresentado comunicações, embora essa já começassem a participar dos congressos latino-americanos. Evidentemente esses foruns internacionais eram altamente seletivos e não é novidade que nesses congressos, particularmente do inicio do século são poucas as mulheres que participam. E, entre outros, os médicos latino-americanos presentes são justamente: o brasileiro Antônio Augusto de Azevedo Sodré, diretor da Faculdade
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de Medicina do Rio de Janeiro, especialista em sífilis e Emilio Coni, higienista argentino, ambos organizadores dos Congressos Médico Latino-Americanos do período. Em função dos interesses desse fórum, cabe aqui uma rápida observação sobre esses congressos médicos latino-americanos que já foram mais estudados, embora nem sempre incorporando suas marcas de gênero, mas que tinham suas agendas próprias de afirmação no enfrentamento internacional de temáticas e de comunidades latino-americanas, rapidamente transformadas, não sem questionamentos, em panamericanas (Almeida, 2006). Mesmo apregoando a exclusiva cientificidade desses eventos, a mesa de abertura do 1º Congresso Latino Americano de Medicina, realizado em Santiago do Chile, que também reunia a elite local, revestida da mesma importância política e simbólica dos Congressos internacionais, teria como participação de destaque o discurso pela paz de quem a literatura se refere como a escritora e esposa do médico argentino Emilio Coni. Gabriela de Laperrière de Coni tinha nome, sobrenome e renome. Socialista, ativista da causa operária, inserida no contexto da época, como a rainha Dona Amélia, também dedicava-se a causa da tuberculose. Comité des dames
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O periódico português O Ocidente iniciou com a foto do comitê das damas sua cobertura do o XV Congresso de Medicina de 1906. E informava que era a primeira vez que se fazia essa gentileza no país. As informações são de mais dificil acesso nos documentos oficiais, mas esses comitês reuniam as esposas dos médicos de prestígio, dos organizadores do evento, cujo os papéis em garantir forúns de sociabilidade, em criar e estreitar a cada novo congresso os laços de amizade não são nada desprezíveis, na organização das culturas das ciências. Um informe do congresso seguinte de Medicina, que se realizou em Budapest, em 1909, dá conta, de que havia pelo menos 900 mulheres que não estavam interessadas nas atividades científicas do Congresso. Estes comitês de damas são uma instituição fundamental a ser necessariamene considerada nesses congressos de diferentes áreas disciplinares nesse período. Permaneceram como
estruturas atuantes já bem adentrado o século XX, não só nos congressos internacionais de Medicina, como também de Zoologia, de Geologia e mesmo de Geografia. Estudos sobre as relações de gênero e a organização das mulheres geógrafas, mencionam que nos congressos internacionais de Geografia, muitasvezes as chamadas atividades ‘for ladies’, ficavam sobre a responsabilidade mesmo de profissionais geógrafas (Robic and Rössler, 1996). Na cobertura pela imprensa desse Congresso de Medicina que foi um verdadeiro acontecimento social na Lisboa do início do século, há todo um conjunto de festas em que se pode constatar a presença de mulheres e por vezes algumas são identificadas como congressistas. Além das festas, foram comuns a visitas a locais específicos (como hospitais) que faziam parte das políticas de estreitar relações, criar sentimentos de pertencer a uma comunidade, reconhecer espaços geradores de identidades comuns, com os quais tais comunidades podiam se identificar. Redes certas: participação científica A grande maioria das mulheres inscritas no XV Congresso Internacional de Medicina de Lisboa de 19 a 26 de abril de 1906, tinha apenas o sobrenome de seus maridos e pagava apenas metade da taxa de inscrição. Entre essas, na sua maioria esposas dos congressistas, havia também aquelas identificadas como mães, tias, havia uma viúva e filhas de médicos participantes. É certo que as mulheres não presidiram sessões, mas apresentaram trabalhos entre as comunicações livres de algumas sessões. Se é indiscutível o peso das redes científicas que se articulavam nesses congressos, as mulheres que apresentaram comunicações nesse congresso de 1906, sem dúvida integravam as redes “certas”. Como aliás, era de se esperar, por terem chegado lá. E nesse caso, não se constitui um problema metodológico identificar as pesquisadoras nos documentos do congresso. Enquanto para anunciar os nomes de homens há os títulos de Dr. ou Professor monsieur, as mulheres são anunciadas por Madame ou Mademoiselle, sem seus títulos. Entre as inscritas com seus nomes próprios, as congressistas norte-americanas e francesas que apresentaram comunicações, eram
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quase todas pesquisadoras ou médicas com carreiras já bem consolidadas. Foi possível identificar algumas delas rapidamente, por suas produções expressivas, sendo algumas inclusive citadas até recentemente. Lucy Waite, por exemplo, tinha 46 anos no Congresso de Lisboa. Já era uma médica reconhecida, que estudara em Chicago, Viena e Paris e era Head Physician and Surgeon no Mary Thompson Hospital, (Women and Children’s Hospital). Foi também co-fundadora do Woman’s Club of Chicago. Harriet Alexander, também de Chicago, especialista em epilepsia, tornou-se uma autoridade em doenças do sistema nervoso, apresentou trabalho sobre Medicina legal; Agnes C. Victor, com trabalhos na área de Cirurgia foi uma das diretoras do Brooklyns Woman’s Homeopathic Hospital e Louise G. Robinovitch que apresentou sua comunicação na sessão de Neurologia, Psiquiatria foi a conhecida editora do The Journal of Mental Pathology, da American Psychiatric Association. A conhecida dra. Joséphine-Inèz Gaches-Sarraute, médica da ópera de Paris criadora de um tipo de espartilhos amplamente recomendado pelos médicos, porque aliviava a pressão no abdomem, também estava inscrita no Congresso. Desde a década de 1890, Joséphine-Inèz Gaches-Sarraute publicava artigos particularmente no Tribune Médicale, alertando sobre os perigos de deformação e comprometimento para os ossos e órgãos internos dos espartilhos apertados. O questionamento a moda de uso de espartilhos já vinha desde há alguns ocupando os mais diversos foruns, que se estendiam da ópera de Paris ao museu Britânico. E apenas para mencionar outro exemplo, “Fashion in Derfomity” - um artigo publicado em 1881 por William H Flower o influente diretor do Museu Britanico entre 1884 e 1898, que era médico e anatomista – fazia parte de uma verdadeira campanha contra a deformação do corpo das mulheres, para adequá-los a ‘modas estúpidas’. Suas ilustrações demonstravam claramente os efeitos deformadores dos corpos pelo uso de espartilhos super apertados, bem como de saltos altos (Stearn, 1981). A medicina foi uma das portas de entrada para mulheres nas ciências e na profissionalização desde o XIX. Essas mulheres eram conhecidas em suas áreas de atuação, com diversos artigos publicados e em suas trajetórias também surgem os vínculos com organi-
zações femininas ou feministas que parecem ter mantido – o que foi uma característica marcante da época, já bastante assinalada na literatura dessas primeiras profissionais. A única médica portuguesa que integra, na categoria de membro, uma sessão a de pediatria foi Sophia Rosa da Silva. Formada em 1891, dela se sabe que era pediatra, clinicava em seu consultório particular na Rua Garrett, no Chiado, em Lisboa e era sócia da Sociedade de Geografia de Lisboa. A participação de pesquisadores e pesquisadoras de áreas científicas afins era permitida nesse Congresso e esse foi o caso de Marie Loyez, dra. em Ciências, pesquisadora do College de France que demonstrou uma série de “belas” preparações de ovários de répteis. E também de Elizabeth Hopkins Dunn, pesquisadora asssitente em neurologia na Universidade de Chicago, que apresentou no quadro negro um tabalho sobre o diâmetro e a distribuição das fibras nervosas na patas da rã – Rana virescens. Mas, a participação de outros e outras profissionais foi motivo de controvérsias e acirradas discussões, em que não faltaram as marcas de gênero. Na assembléia final do Congresso de 1906, em que Budapest foi escolhida como a sede do próximo - não sem disputa com a pretensão de Nova York -, os dentistas não diplomados em Medicina solicitaram sua aceitação como participantes nos próximos congressos. Miguel Bombarda, com sua autoridade de secretário do Congresso defendeu contra a proposta. Afirmando quase como uma ameaça, que caso essa proposta de participação dos dentistas fosse aceita, ele próprio faria uma outra proposta. Proporia que representantes de outras profissões que tivessem quaisquer vínculos com a medicina, como as parteiras, massagistas, pedicures também fossem aceitos. Essas profissões evidentemente agregavam mais mulheres e tinham status inferiores. E esse foi um argumento decisivo e de peso para determinar o resultado da votação contra a inclusão dos dentistas não diplomados em Medicina. Esta não era uma discussão particular desse fórum. Os congresso latino-americanos de Medicina, por exemplo, talvez ainda refletindo um menor grau de institucionalização, incluiam além de médicos, químicos, farmacêuticos, naturalistas, engenheiros, ar-
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quitetos sanitários, demógrafos, veterinários e mesmo os dentistas. Inclusive do 2o Congreso Médico Latino-Americano de 1904, realizado em Buenos Aires, participaram 8 mulheres, das quais 5 eram dentistas e 3 médicas. Uma das médicas, Cecília Grierson, estava inscrita também como representante da Escola de Enfermeiras e Massagistas e Sabina Drocchi de Romanille representava a Sociedade Obstétrica Nacional de Parteiras (Almeida, 2003). O XV Congresso Internacional de Medicina discutiu inúmeros temas em suas diversas sessões, tais como: tuberculose, sífilis, lepra, higiene, homogeneização das linguagens unificação das nomenclaturas (tema de discussão dos congressos das mais diferentes áreas disciplinares). Também foram objetos de discussões a proposta de adoção, pelos diferentes países, do modelo dos serviços antropométricos de Portugal para identificação de criminosos; e a proposta de constituição de uma comissão para estudos de câncer, que impulsionaria os estudos em Portugal. Um dos temas de destaque foi também a significativa mudança da denominação da área de estudos de ‘medicina colonial’ para medicina tropical. E também não deixaram de acontecer as discussões em torno das questões tornadas científicas e medicalizadas, relacionadas as mulheres: não faltaram as menções a importância das mães e enfermerias em processo educativos preventivos, discussões sobre puericultura, higiene, bem como sobre sinais de virgindade e defloração nos relatórios de medicina legal ou sobre aborto legal e criminoso. Mesmo nessas sessões específicas, como obsetricia e ginecologia, por exemplo, as mulheres não participaram como relatoras oficiais dos temas tratados. E nessa sessão, somente Lucy Wayte apresentou seu trabalho “The clinical significance of uterine deviations” na sessão de comunicações livres. No debate em torno do aborto legal e criminoso na sessão de Medicina legal, uma das comunicações, justamente tinha por título “Avortement provoqué; quand est-il permis?”. A segunda metade do século XIX fora marcada em diversos países europeus pelas legislações que passaram a regulamentar o aborto, tornando na maioria dos casos sua prática ilegal, a não ser quando se tratasse de salvar a vida da mulher. Como é amplamente tratado na vasta literatura
sobre o tema, tais legislações foram criadas em função dos números alarmantes de abortos, para o final do século XIX. Médicos estimavam em dois milhões, o número de abortos por ano, por volta de 1890. E só em Chicago em 1904, alguns médicos estimavam em torno de seis a dez mil abortos provocados por ano (Reagan, 1997). Na Inglaterra, por exemplo até 1837, a legislação distinguia e penalizava de formas diferenciadas - até com a morte -, o aborto provocado, dependendo ou não do reconhecimento da existência de movimento do feto (quick with child). Leis regulamentando as práticas de aborto foram criadas na Austria em 1852, na Dinamarca em 1866, na Bélgica em 1867, na Espanha em 1870, na Holanda em1881, na Noruega em 1885 e na Itália em 1889. Tais legislações inseriam-se em todo um contexto de políticas de controle populacionais, reforço as práticas médicas de controle da saúde e do corpo das mulheres, descrédito das práticas das parteiras e poderes das ervas abortivas, organização dos movimentos feministas (Schiebinger, 2004) e, evidentemente foram temas de destaque nos congresso médicos. Certas redes: a continuidade da pesquisa Muitos desses temas foram comuns aos Congressos Feministas que também se realizavam à época. Em Portugal, como em diversos outros países, muitas das primeiras feministas do início do século XX, que integraram organizações mais ou menos oficiais2, de classes médias, de mulheres que se profissionalizavam, era médicas. As médicas feministas dras. Adelaide Cabete (1867-1935), Carolina Beatriz Ângelo (1888-1932) (Castro e Esteves, 2005), Maria do Carmo Lopes, que matriculada na Escola Politécnica de Lisboa, cursou depois a Escola Médica Cirúgica, Emilia Patacho, Sofia Quintino estavam todas inscritas com seus nomes próprios, embora não tenham apresentado trabalhos, no XV Congresso Internacional de Medicina de 1906. Essas mulheres portuguesas - que se profissionalizam na carreira de Medicina - e seus movimentos guardam inúmeros paralelismos, com inúmeras mulheres e movimentos de outros países. Essas mulheres são consideradas como pertencentes a certos setores de elites, justamente em função da profissionalização e dos estudos su-
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periores, particularmente em sociedades em que o analfabetismo entre as mulheres ainda era expressivo. Republicanas, socialistas ou moderadas e oficialistas a literatura é pródiga em rotulá-las, talvez porque se distanciavam daquilo que gostaríamos que tivessem sido (Lopes, 2006). E como os médicos ou demais comunidades científicas o faziam (e fazem), as feministas também buscariam capitalizar nacionalmente suas inserções internacionais, como estratégias de validação e reforço de suas próprias práticas em seus próprios países. Os congressos feministas foram também fóruns significativos para a organização e consolidação das redes internacionais que sustentaram práticas feministas na primeira metade do século XX. As redes de solidariedade, especialmente as internacionais foram e são uma das principais características dos feminismos da época. Tais redes expressariam manifestações conscientes da fragilidade da situação dessas mulheres profissionais feministas, que também buscaram apoio internacional para validar localmente suas causas. No âmbito das dificuldades metodológicas presentes para as análises do campo de gênero em ciências, Mariza Corrêa alerta para um cuidado na busca de padrões de feminilidade ou masculinidade da época, frente as ciências, nesse tempo tão próximo do nosso. Do que se tratava – e continua se tratando, com variações de detalhes importantes, nuances significativas de conteúdos, é claro – é de luta, no campo científico, cultural e político, de gênero que se alargava possibilitando a entrada de novas atoras e atores. Mais promissoras são as tentativas de recolocar essas personagens em seus próprios cenários e interações, “tentando compreender a leitura que seus interlocutores faziam de sua presença ali e situando-as no contexto de atuação de suas contemporâneas em outros lugares do mundo” (Corrêa, 2003: 31). A busca de relações entre Congressos científicos e congressos feministas, nas primeiras décadas do século XX, é um dos recortes de uma possível investigação que o projeto sobre os congressos científicos realizados em Portugal vem sugerindo. Esses congressos feministas reuniam mulheres que se profissionalizavam nas ciências e aquelas que emprestavam sua autoridade político-científica a es-
ses eventos. As fontes historiográficas que estão sendo consultadas têm evidenciado um acompanhamento desses eventos julgados de interesse – até porque, nessas comunidades relativamente reduzidas essas redes se intercruzavam. O JUS SUFFRAGII, jornal mensal da International Woman Suffrage Alliance de setembro de 1913 entre outros materiais, por exemplo, acompanha de perto temas discutidos nos congressos médicos como prostituição e sífilis. O artigo de Hilda Clark M.B, B.S. (late Tuberculosis Medical Officer, Portamouth) por exemplo, destacava além das discussões sobre prostituição, ‘o perigo da sífilis para a comunidade’ como um tema que merecia a atenção das sufragistas e deveria ser objeto de legislação e de políticas de saúde pública como fora proposto no XVII Congresso Médico Internacional de 1913, realizado em Londres. O tema foi discutido nas sessões conjuntas de Sifilografia e Medicina forense, e uma vez que a sessão de Higiene e Medicina Preventina não estava oficialmente representada nessas sessões conjuntas, se destacou a importância de que a sífilis deveria ser tratada como uma questão de saúde pública. Também no Congresso de Lisboa de 1906 a sífilis havia sido objeto de trabalhos da sessão VIII - Demartogie et syphiligraphie. Nos debates dessa sessão, tendo se considerado a grande ocorrência de doenças relacionadas a afecções cutâneas e sifilíticas em Portugal foi proposto um voto para o maior incremento dos serviços já existentes de dermatologia e sifiligrafia para que pudessem garantir o ensino clínico, o tratamento e o combate a sua propagação. Esse foram os anos cruciais para a delimitação do ‘fato científico’ da sífilis. A reação de Wassermann, justamente de 1906, alcançaria ampla repercussão sobre o conceito etiológico da idéia de sífilis, base sobre a qual se definiria a entidade nosológica em seu estado primário. E desta forma se delimitariam as fronteiras do novo conceito de sífilis e as novas práticas de tratamento. Estes foram os anos da ‘gênese e desenvolvimento do fato científico’ da sífilis, magistralmente referidos por Ludwik Fleck, em 1935 (1986). ‘Fato’ que se evidentemente pautava os temas dos congressos científicos do período, afetava diretamente as mulheres.As dimensões e repercussões integradas nacionais e internacionais desses congressos, eviden-
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ciam para o caso do Congresso Internacional de Medicina de 1906, que capitalização local do evento foi imensa. Entre as resoluções do Congresso diversas delas se voltavam para o implento das atividades e instituições de pesquisa em Portugal, como por exemplo: o incentivo aos estudos sobre câncer, as propostas de criação de uma estação de estudos biológicos, de organização da Sociedade Portuguesa de Ciências Naturais, entre outras. Após a realização do Congresso, por todo seu empenho na realização do evento e pelo sucesso alcançado, a comunidade médica portuguesa, organizou uma homenagem a Miguel Bombarda. E as assinaturas de mulheres que constam de tal homenagem são as das doutoras feministas. Estas considerações rapidamente apresentadas nesse texto mais do que conclusões, sugerem pistas para a continuidade da pesquisa. Esses cruzamentos não só de nomes, sobrenomes, mas também de temáticas, de metáforas, de práticas efetivas reunidas nesses diversos congressos podem ser um um vasto campo para investigar as relações e em que medida é possível estabelecê-las, entre os congressos científicos e os congressos feministas das primeiras décadas do século, que reuniam mulheres que se profissionalizavam nas ciências e emprestavam sua autoridade científica aos congressos feministas, nos quais sua autoridade política se firmava.
NOTAS 112
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International Congress of Science Portugal 1880-1950. ICSc.Pt:1880-1950. CEHFCi. Coordenação profa.dra. Maria de Fatima Nunes.
2 A literatura sobre essas feministas e suas participações especialmente nos movimentos republicanos é bastante vasta, e pode ser acompanhada, entre diversos outrostrabalhos, nas pesquisas e publicações como Faces de Eva, da Universidade Nova de Lisboa, nos livros de João Esteves Mulheres e republicanismo: 1908-1928 - Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género/ Fio de Ariana Lisboa 2008; nos diversos trabalhos de Isabel Lousada e Teresa Joaquim O género da memória : a questão da visibilidade. Lisboa. 2008. Em teses recentes como a de Célia Rosa Batista Costa. O Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas (1914-1947) Dissertação de mestrado em Estudo sobre as Mulheres. Universidade Nova de Lisboa, 2007.
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Introducción Hace 30 años que tengo costumbre de consultar cotidianamente bases de datos bibliográficas y dirigir trabajos bibliométricos de médicos y estudiantes, en tanto que profesora de historia, metodología y documentación científica. Así es que conozco del uso del español en la ciencia, mejor dicho, del abandono del uso del español de la ciencia: de la sustitución gradual del maravilloso español de Marañón o los hermanos Cajal -qué hermosura de lengua la de estos hijos de Antonia Cajal y el cirujano Justo Ramón- por el inglés. Pues nunca he dejado que los estudiantes dejaran de observar el idioma en que se escribe la ciencia. Esta ponencia no presenta los resultados de un proyecto de investigación al uso, de análisis sistemático y acabado del tema, como ha sido mi costumbre en estos congresos, sino resultados de las observaciones y análisis parciales que he realizado para responder a ciertas preguntas concretas en el curso de mis interrogaciones, todavía no bien formalizadas, sobre el estilo científico y la diferencia sexual. Agradezco de corazón a Maria Jesús Santesmases, científica titular del CSIC de Madrid, que me invitara en octubre de 2007 a un Simposio sobre el tema -Pensar la ciencia en Español-, porque me permitió hacer públicas algunas reflexiones y deseos, además de ciertos datos de situación pertinentes en aquel evento1. Entonces defendí, creo que por primera vez en mi vida, el valor del uso del español en la ciencia (atreverse fue posible, incluso loable). Lo hice mientras daba a conocer, no las penurias del español, sino las iniciativas institucio-
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nales diversas y no siempre coincidentes de promoción del español2; y lo hice justificándolo por la experiencia vital de mi persona y mi posición política, ética, lugar de nacimiento (el país vasco de Navarra) y dedicación profesional, como he hecho ahora. Lo que no sabía entonces es que esa colocación del sujeto de conocimiento –o sea, yo- no era real, verdadera del todo. Ha sido después, en el contexto de otra investigación sobre el desequilibrio de hombres y mujeres en la dirección de las revistas biomédicas españolas3 y la sospecha de que el estilo de escritura científica está tan alejado del estilo de escritura femenino, que he vuelto a revisar con esa otra mirada –femenina libre- este problema y aquel simposio del CSIC. Aquel simposio, de hace más de dos años, en el que una ponente, una mujer célebre y excelente que todas estimamos, como es la bióloga Margarita Salas, no encontró más valor que el sentimental y pedagógico para el uso del español en la ciencia, porque siendo la ciencia universal no podemos sustraernos a la obligación de leer y escribir en su lengua franca, el inglés, diría ella. Pese a las revueltas del pensamiento, voluntad política y erudición, tampoco Javier Echeverría -una autoridad en estudios sociales de la ciencia- encontró poderosas razones para promover sin riesgos el uso del español, demasiado conmovido -me parecía a mí- por el poder del poder tecnocientífico. Otros ponentes mostraron otras caras del problema, más vinculadas casi siempre a prácticas concretas mostrando la dificultad de tomar decisiones desde la instituciones, fueran revistas u organismos gubernamentales de diversos países iberoamericanos. El discurso menos torturado de todo aquel día de 2007 creo que fue el de un colega mexicano filósofo y escritor, Carlos López Beltrán, que usa en sus relatos escenarios de producción científica, contribuyendo con su español a la divulgación y educación científica. Y si cuento todo esto es para decir que sobre el tema hay mucho escrito, y que la mejor síntesis que conozco hoy es la recientísima monografía de 2009 que recomiendo vivamente: El español. Lengua para la ciencia y la tecnología, editado por el Instituto Cervantes y la editorial Santillana4. Pero quizá no hallé entonces -ni hallo todavía- satisfacción intelectual y moral a este problema central de todo sistema I+D+i,
que me ha obligado a releer muchas de las lecturas claves de mis últimos 15 años de las clásicas del feminismo de la diferencia sexual, buscando mi razón. ¿Es solo un problema cultural, económico, de justicia, nacional? ¿Solo es un problema de política científica? Es por esto que añadí sin miramientos la etiqueta de “lengua materna” al español en el título del resumen que decidí hace casi un año. Ahora, sin embargo, debo avisarles de que ofrezco balbuceos: pensamientos todavía crudos, sin cocer, pero creo que al menos son no descarnados sino incardinados. Se trata, pues, de un ejercicio de búsqueda de sentido (y de palabras para decir) de lo que significa para las mujeres científicas –a diferencia de los hombres- usar el inglés renunciando a leer y escribir en español, su lengua materna (y, especialmente, a quienes trabajamos en el campo de los estudios de género en ciencia y tecnología). Apostar por el despliegue del español, también en la ciencia En el contexto actual de las sociedades de la información, una opinión muy extendida sobre el español, que viene a renovar y quizá sustituir a la clásica del “patrimonio cultural” es la que afirma que el español es un “activo económico”, una materia prima sobre la que podemos crear valor, construir riqueza, aumentar la influencia de nuestros países y mejorar el bienestar de sus habitantes. Porque nuestro idioma, que es el cuarto del mundo en cuanto al número de hablantes y el segundo en el de negocios, dispone de unas buenas condiciones de expansión en este momento histórico: incremento constante del peso de la lengua española en muchos países y algunos importantes; crecimiento económico de iberoamérica por encima de la media internacional; aumento del desarrollo social y extensión de la tecnología a los hogares; expansión de los mercados de la información. Sin embargo, la imagen global de la situación actual, resultado de numerosos estudios e informes, es negativa. Como se afirma en la citada monografía, los países que hablamos español compartimos, más que otra cosa, carencias: 1) poco peso en el concierto mundial de la informática y comunicaciones, con fuerte dependencia del exterior; 2) escaso nivel de acceso a los servicios e infraestructuras de telecomunicaciones; 3) desigual nivel
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educativo, y con las humanidades en retroceso; 4) ausencia de cultura técnica de la población (vg. el 58% de los españoles no navega por internet); 5) desequilibrios territoriales, desempleo; 6) escaso o desigual desarrollo de materiales lingüísticos básicos (diccionarios, gramáticas, corpus lexicográficos, etc. ); 7) gran dependencia tecnológica y una crónica insuficiencia de recursos para la investigación y el desarrollo; 8) escasa conciencia de la relevancia económica del idioma. Casi todos los países han emprendido más o menos ambiciosos o modestos planes de relanzamiento del uso del español, que comprenden muy distintos ámbitos de actuación, incluso en el específico campo de la ciencia y tecnología5, bien sea en docencia, investigación, divulgación, difusión y creación de redes. Como afirma Verónica Vivanco, “hace cincuenta año nadie hubiera augurado una evolución tan positiva y acelerada de nuestro idioma en el contexto internacional. El español era, por entonces, una lengua que no se exportaba y, en consecuencia, no se estudiaba como segundo idioma. La creación del Instituto Cervantes, en 1991, ha significado una política firme y coordinada de expansión lingüística de nuestra lengua”6. En Europa somos la quinta lengua, por detrás de alemanes, ingleses, franceses e italianos, pero el español es la de mayor crecimiento a corto plazo porque sus hablantes nativos crecen por encima de los del francés, inglés y ruso. Como es sabido, el índice de impacto de un idioma, que mide su relevancia internacional, no es el número de hablantes nativos, sino la demografía exterior que depende del índice de hablantes, del estado de la economía y de la ciencia. La ultima de las 20 acciones programadas de promoción del uso del español en ciencia y tecnología se refiere a los índices de calidad de la investigación. Coincide plenamente en su espíritu, y casi en su formulación, con mis opiniones personales sostenidas en mis clases desde hace casi 30 años o en foros críticos más bien marginales. Por ello siento personalmente satisfacción y confianza, aún en plena crisis económica, de escucharlo o leerlo en las instituciones o medios con poder, con “poder de hacer”. Sostiene esta tesis que el principal instrumento de evaluación de la calidad de la investiga-
ción (la norteamericana base de datos de citas ISI-WOS tiene tres tipos de sesgos (idiomáticos, políticos y científicos) que limitan seriamente su eficacia y produce efectos perversos. En la comunidad científica, escribir en español (o cualquier otra lengua que no sea el inglés) y pertenecer a las ciencias humanas y sociales es un factor de riesgo de la promoción profesional, institucional, además de un atentado grave a la identidad nacional. Entre las medidas propuestas por Vise hallan las siguientes: 1) valorar la calidad de las revistas independientemente de los índices ISI: 2) promover y valorar las revistas publicadas en español, independientemente del país productor; 3) creación y valoración de indicadores de actividades científicas de hispanohablantes; 4) creación de un índice internacional de publicaciones de prestigio en español; 5) fomentar la publicación original en español de los resultados de la investigación. Pero, en coherencia y sumisión a la realidad debo decir que la ciencia –ese conocimiento de lo real que tiene el mayor poder social y económico- tiene un lenguaje universal caracterizado por las palabras técnicas que nombran esa realidad oculta al común de los mortales: terminología propia o tecnicismos (lengua específica, dirán los lingüistas) que se cuentan por millones en cada rama del saber o especialidad profesional, y una sintaxis que es propia de la lengua en que se habla o escribe de ciencia, lo que facilita el arraigo de una lengua franca para la ciencia. También debo decir que a lo largo de la historia de la humanidad, la ciencia ha sido pensada y escrita originariamente en una sola lengua: en la lengua dominante. Y que esta lengua dominante en la ciencia, lo era del país cultural o políticamente dominante (en muchas ocasiones “la lengua del imperio” y creada artificialmente, aunque también tenemos ejemplos del desdoblamiento lingüístico del imperio: uso predominante de una u otra lengua según la actividad, por ejemplo: negocios, política o administración en latín; ciencia, filosofía o medicina en griego), y que siempre ha habido una intensa actividad traductora con diccionarios mono y multilingües y controversias científicas acerca del valor del internacionalismo y el nacionalismo, prevaleciendo siempre -que sepamos- el internacionalismo nada purista7. Como decimos los historiadores, nada hay tan mestizo como el saber científico. La
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lengua franca de la ciencia ha ido cambiado. Sucesivamente se ha pensado y escrito originariamente de ciencia en griego (siglos VI a C-s.VIII d C), árabe (VIII-XIII), latín (XIII-XIX), parcialmente en las lenguas vernáculas o nacionales europeas: español (XVI-XVII), italiano (XVII_XVIII), francés (XIX1, alemán (XX2-XX1) y, ahora, desde la segunda guerra mundial, en inglés. Desde esta perspectiva histórica, es predecible que la siguiente lengua franca de la ciencia sea la lengua del país o cultura dominante a nivel global y, en este sentido, demasiados indicadores desde hace tiempo apuntan a China más que a iberoamérica. No obstante, muchas personas creen que merece la pena apostar por el despliegue del español. Un simple punto de vista ecologista, de mero desarrollo cultural sostenible lo avalaría. No está en extinción, sino que es la lengua o “especie idiomática” de más de 46 millones de personas de Estados Unidos de Norteamérica (USA), de otros 42 millones de Europeos y unos 360 millones en el centro y sur de América. Y sus expectativas de multiplicación biológica son altas. Para otros muchos y muchas, reclamar el uso del español significa reducir la ciencia al espacio doméstico, al nacional, significa minusvalorarla apartándola del ámbito internacional, al que de natural pertenece. Significa aislar la ciencia del circuito mundial que es su lugar natural, se dice. En todas las épocas ha habido movimientos de reclamo de uso de los idiomas nacionales en la ciencia. En nuestra tradición, la edición en catalán o castellano de tantas ediciones renacentistas fue toda una aportación a la cultura hispana, cuando el imperio español era el mayor del orbe, cuando la ciencia se pensó y escribió en español. Pero el mismo impulso en pleno siglo XVIII de defensa del castellano -una época especialmente comprometida con la expansión geográfica de la ciencia a toda Europa y América y en lo social, más allá de las élites y hasta llegar a los burgueses comerciantes, artesanos, militares, etc.- suele considerarse patético. En plena ilustración se hizo un auténtico esfuerzo por verter al castellano/español la nova scienza. Pero el casticismo no tuvo éxito. Poco después se olvidaría tal pretensión, mientras el francés tuvo éxito al asumir su condición de idioma franco vinculado al enorme poder napoleónico, y luego
tuvo éxito el alemán, el de la Alemania humboltiana y los institutos universitarios de investigación. En resumen, del mismo modo que ahora el inglés, nuestros médicos antiguos debían presentar un certificado de estudios universitarios en latín hasta mediados del siglo XIX, de sus estudios de francés o alemán durante buena parte de la segunda mitad del siglo XIX y primera mitad del siglo XX. ¿Qué sentido tiene, pues, reivindicar la lengua nacional hoy? Desde esta perspectiva política y cultural, el Instituto Cervantes, las Reales Academias de la lengua española (creada en el siglo XVIII), la FECYT en España y organismos similares en otros países de América Latina dedican una energía y unos presupuestos económicos a este menester. Tras un silencio de décadas, creo que hay un resurgimiento de la defensa del español de uso también en la ciencia, y no sólo en el comercio o los negocios, no sólo en la literatura y el cine o el mundo de las letras. Los datos cuantitativos del uso del español en Estados Unidos (42 millones), el incremento de la población hispano parlante en el mundo en total unos 440 millones) hasta ser la tercera o segunda lengua más hablada del mundo, lo justifican. Pero para mi hay otra cuestión; la cuestión ahora es ya otra: ¿qué aporta el hecho de que esta lengua nacional sea la lengua materna? ¿Reivindicar el español desde el Instituto Cervantes o desde el FECYT, es lo mismo que hacerlo desde la red o comunidad de investigadoras y estudiosas de género, desde la perspectiva feminista? El estilo científico desde la diferencia sexual: ¿lengua materna o lengua nacional? Muchas teóricas del feminismo han defendido y practicado una doble misión intelectual (que algunas consideran incompatibles) como es criticar la construcción de la feminidad según el modelo opresivo y devaluador característico del patriarcado y, al mismo tiempo, convertir las tradiciones culturales y las modalidades cognitivas de las mujeres en una fuente de afirmación positiva de otros valores. Al plantearlo así, el pensamiento feminista de la diferencia sexual ha establecido una conexión entre la política y la epistemolo-
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gía, como términos de un proceso que construye también al sujeto en cuanto agente material y simbólico.8 En esta posición late la propuesta de un empoderamiento de la subjetividad femenina. La noción central que sustenta este proyecto es la experiencia de las mujeres en la vida real. Adriane Rich, por ejemplo, lo teorizó con la idea de “política de localización” y otras filósofas e historiadoras académicas con la del “conocimiento situado”; una alternativa teórica exitosa -en el campo de los estudios sociales de la ciencia- al mito de la universalidad, objetividad y neutralidad del conocimiento científico que se teorizaba desde el neopositivismo del empirismo lógico. La subjetividad femenina y la subjetividad masculina se han constituido en un problema científico, también en la ciencia. La política de la localización, la práctica del “desde sí”, la exigencia del encuadre espacio-temporal del sujeto cognoscente (o, incluso, la exigencia de la experiencia y necesidad como condiciones del saber) significa haber aceptado que el pensamiento, el proceso teórico no es abstracto, universalizado, objetivo o indiferente, sino que está situado en la contingencia de la propia experiencia y que, como tal, es un ejercicio necesariamente parcial. La propia visión intelectual –llámese paradigma, marco conceptual o estilo científico- no es una actividad mental des-incardinada sino estrechamente vinculada con el lugar de la propia enunciación, con el “desde donde uno realmente está hablando”, de modo que su universalización es posible y éticamente aceptable cuando se produce un consenso real (“simpatía”). Como es obvio, no estoy hablando de relativismo sino de la máxima objetividad concebible en nuestra época postmoderna, la que deriva de asumir la determinación de la subjetividad y el valor de la intersubjetividad en la génesis del conocimiento científico, y no sólo en las ciencias humanas o sociales sino también en las de la naturaleza y la salud. La defensa feminista de “los saberes situados”, por citar a Dona Haraway o Sandra Harding, choca con la generalidad abstracta del sujeto patriarcal de la ciencia normal. Lo que está en juego no es la oposición entre lo singular o específico y lo universal. Se trata más bien de dos maneras radicalmente diferentes de concebir la posibilidad de legitimar
los conocimientos teóricos. Para la teoría feminista –como para la historia crítica de la ciencia que practico profesionalmente- la única manera coherente de hacer aportaciones teóricas generales consiste en tomar conciencia de que uno está realmente localizado en algún lugar específico(aquí uno equivale a uno y una). En el marco conceptual feminista el sitio primario de localización del sujeto es el cuerpo. El sujeto ya no es una entidad abstracta sino material, una entidad encarnada o corporeizada. Pero el cuerpo no es una entidad natural sino una entidad cultural, codificada socialmente. El “cuerpo”, como afirma Rosi Braidotti, lejos de ser una noción esencialista constituye el lugar de intersección de lo biológico, lo social y lo lingüístico, esto es, del lenguaje entendido como el sistema simbólico fundamental de una cultura. Las teorías feministas de la diferencia sexual obligan a reconsiderar las propias estructuras conceptuales de las ciencias biológicas, a discutir los elementos del determinismo físico o psíquico del discurso científico, pero también a refutar la idea de la neutralidad de la ciencia señalando el papel importante desempeñado por el lenguaje en la elaboración de los sistemas de conocimiento. La cuestión feminista femenina es, entonces, de qué manera afirmar la diferencia sexual no como el otro, el otro polo de una oposición binaria convenientemente dispuesta para sostener una sistema de poder, sino, en todo caso, el proceso activo de potenciar la diferencia que la mujer establece en la cultura y la sociedad. La mujer ya no es “diferente de” sino “diferente para” poner en práctica nuevos valores. En ese proyecto no está solo el feminismo. Frente al universalismo, que alude al hábito que consiste en tomar lo masculino (blanco occidental) como representante de lo humano, el pensamiento crítico actual ha refutado esta representación inadecuada del sujeto, y presta su voz y autoriza a hablar a los sujetos pertenecientes a las minorías simbólicas, los que fueron definidos como diferentes. Por ello, hoy podemos hablar de crisis del sujeto, de crisis de la racionalidad del sujeto masculino. Se trata de una crisis no en el sentido nihilista de pérdida de valores, sino de apertura a
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nuevas posibilidades, a nuevas potencialidades. Las mujeres piensan y pensaron desde tiempos inmemoriales, pero desde el feminismo no solo piensan más sino que piensan acerca de lo piensan: han adquirido un nivel metateórico (reflexivo) que les permite clasificar y canonizar sus propias ideas. Lo que está en juego en el feminismo es redefinir qué significa ser parte de la civilización, de todo cuanto significa pensar. Las feministas han propuesto que la racionalidad no constituye la totalidad de la razón y que la razón no abarca la totalidad –y ni siquiera lo mejor- de la capacidad humana de pensar. La teoría feminista constituye la crítica al poder en el discurso y como discurso, y el esfuerzo activo por crear otras formas de pensamiento, es decir, el compromiso con el proceso de aprender a pensar de modo diferente. Como dice Braidotti “la feminista es una pensadora crítica que desvela y somete a juicio las modalidades del poder y la dominación implícita en todo discurso teórico, incluso el suyo. Empero, es también una pensadora creativa en la medida en que produce nuevas formas de representación y definición del sujeto femenino” (Braidotti: 39). Podríamos decir que la cuestión de la diferencia sexual resulta históricamente apremiante, y que si las mujeres dejan de estar confinadas en el eterno “otro” y ganan el derecho a hablar, teorizar, a votar, a ir a la universidad y el sistema científico y tecnológico, entonces solo es cuestión de tiempo el desterrar la vieja imagen de la Mujer que se creó sin consultar la experiencia de las mujeres de la vida real y reemplazarla por una más adecuada (Braidotti:19). La integración de las mujeres al sistema científico-tecnológico (y el pensamiento femenino sobre el sistema científico) Después de siglos de actividad masculina segregada, el sistema científico se ha vuelto heterosexual o mixto y hoy se proclama aceptar de buen grado a las mujeres entre los agentes activos y cualificados de la vida científica. Las mujeres se han ganado el derecho a un “cuarto propio” (esto es, a un salario) en el masculino mundo de la ciencia. La cuestión desde hace dos décadas es: ¿qué hacemos con todo esto? ¿qué valores opondrán las muje-
res al viejo sistema? ¿qué teorías y representaciones de sí mismas yuxtapondrán a las teorías y representaciones clásicas? Si la emancipación significa adaptarse a las normas, criterios y valores de una sociedad que durante centurias estuvo dominada por los hombres, aceptando sin cuestionar los mismos valores materiales y simbólicos que los del grupo dominante, entonces la emancipación no basta. Debemos librarnos de la idea simplista de que podemos compensar siglos de exclusión y descalificación padecidos por las mujeres con una rápida integración laboral en el sistema científico-tecnológico, auspiciado por el Estado, en las instituciones y sistemas de representación simbólicos. Incorporar a las mujeres, permitiéndoles ocupar unos pocos asientos sobrantes en los clubs previamente segregacionistas no basta. Es preciso que las recién llegadas puedan redefinir, y estén habilitadas para ello, las reglas del juego a fin de establecer la diferencia y lograr que dicha diferencia se perciba concretamente.” Por eso se dice que el proyecto feminista, que es un proyecto de redefinir la subjetividad femenina en términos de diferencia sexual, tiene una dimensión epistemológica pero también ética, al centrarse en los valores alternativos que las mujeres pueden aportar. Lo que se busca respecto a las mujeres es su integración en la comunidad científica pero conservando la diferencia: que sean miembros de primera clase de esta comunidad política, social e intelectual y que aún mantengan viva la memoria histórica de donde vienen y lo que les costó. Estar situadas en la comunidad científica conscientes de su linaje, de su genealogía y la tradición de civilización para la vida es imprescindible. Porque lo que sustenta el proceso de devenir “sujeto” es la voluntad de saber, el deseo de decir, el deseo de hablar, de pensar, de representar. Como idearon Clarece Lispector o Christa Wolf, y se ha teorizado desde el psicoanálisis y el feminismo, y han escrito muchas científicas de laboratorio como Rita Levy o Barbara Mac Klintock), pensar es la manera de sensibilizar la materia, la forma específica de inteligencia de las entidades encarnadas. Pensar es un proceso carnal, no mental. El pensar precede al pensamiento racional.9
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El lenguaje como instrumento de pensamiento
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“Es en el lenguaje y no en la anatomía donde mi subjetividad encuentra una voz, deviene un corpus, es engendrada”. “El lenguaje cruje bajo el peso de una generalización excesiva; los pronombres personales no pueden sostener la carga interpersonal requerida por el proyecto feminista”. “El sujeto feminista femenino es el sitio donde se interseccionan el deseo subjetivo y la transformación social deliberada: ética, política y epistemología, afirmará Braidotti (p. 47) relacionando comunidad femenina y poder, con el objetivo de encontrar la vía de acceso a una forma no logocéntrica de representar la subjetividad femenina; pensando el poder no sólo como el sitio de las fuerzas visibles, en el que es más identificable porque es allí donde se despliega (parlamento, iglesias, universidades, etc.), sino también como una “red invisible de efectos interrelacionados, una persistente y omnipresente circulación de afectos” (p. 48) Coincido con ella en que el pensamiento feminista no debe ser únicamente estratégico, esto es, la expresión de una voluntad política, sino ser adecuado en cuanto representación de la experiencia”. Este el sentido de la justeza (y no solo justicia) que forma parte de la agenda feminista.(p.49). Lo que Luisa Muraro, Lia Cigarini, Milagros Rivera, Clara Jourdan, Chiara Zamboni y otras muchas han promovido en el círculo Duoda de Barcelona con sus reflexiones colectivas y textos escritos sobre las palabras que nombran lo que hacen y viven las mujeres en el mundo del trabajo, por ejemplo10. En el pionero estudio de Luce Irigaray sobre los usos linguísticos de hombres y mujeres observó muchas pautas comunes y algunas diferencias significativas11. Por ejemplo: en las respuestas de las mujeres el acento se ponía más bien en los sujetos, mientras que en los hombres el acento se ponía más en el predicado, en el objeto o en el objetivo; la superioridad del masculino se afirmaba claramente en ocasiones, inclusive a través de la intención o las elecciones, supuestamente femeninas, de las acciones del hombre; la indiferencia del hombre frente a la mujer se expresaba explícitamente; las mujeres seguían utilizando mucho el sujeto personal, aunque en un tercio de las respuestas manifestaban dificultades, dudas, matices peyorativos o transformaciones negativas; ante la consigna del
“juntos”, las respuestas de los hombres mostraban un estar juntos más vago, más colectivo e indeterminado. Para ellos, en este juntos, podría haber a juicio de Irigaray, un defecto de individuación. “Si la mujer, las mujeres, pierden su identidad femenina en el mixto de ellos o en el genérico de él, los hombres parecen abdicar de su personalidad en el colectivo de un social poco indeterminado (uno + uno +uno reunidos apropósito de y juntándose sin relación entre las personas” (p. 138). La utilización del tiempo pasado es más frecuente en los enunciados de los hombres, por lo menos en lengua francesa. Su discurso se desarrolla a menudo entre el presente y el pasado, casi en marcha atrás. Sus certidumbres o sus anclajes se sitúan generalmente en el pasado. Esta referencia al tiempo pasado puede expresarse por el hecho de recurrir a las definiciones ya existentes de una verdad, un concepto, una realidad (sic). Las mujeres producían enunciados más ligados al contexto actual o abiertos al futuro. Este uso del futuro manifiesta con frecuencia el deseo de una comunicación, desplazamientos en el espacio y alusión al tiempo que hará. Este componente cósmico interviene mucho más en el discurso de las mujeres que en el de los hombres. También observó diferencias en el uso del adverbio tal vez. La mayoría de las mujeres (64%) usaron el Peut-être para matizar una eventualidad futura, mientras que solo lo usaron así una minoría de hombres (25&). En ellos el uso del “tal vez” expresaba la incertidumbre relativa a la índole del objeto, a la intención del otro frente a uno o la duda respecto de los que ha sido realizado por uno. Un tipo de respuestas que no encontraron en las mujeres. (¿los dos afuera mañana?). Posteriormente algunas autoras han querido ver patrones diferenciales en los escritos científicos de hombres y mujeres, sin que en mi opinión podamos establecer teorías concluyentes12. Repensar la lengua materna desde el orden simbólico de la madre Comparto el descubrimiento de Milagros Rivera y Luisa Muraro de que el orden simbólico de la madre tiene en su base una estructura que es la relación de la hija con su madre concreta y personal; una estructura elemental que falta en el patriarcado”, que ha sido hurtada a la ciencia, al conocimiento de lo real. (ella solía decir
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que envidiaba a los hombres porque ellos sí han podido significar su relación con la madre, hacer cultura de ello). Represento este problema con una cita tomada de Luce Irigaray: -“ Mamá, ¿puedo peinarte?”13) Pero la verdad es que la realidad o los fragmentos de realidad que el orden simbólico de la madre reconoce y nombra, existen en el presente y han existido en el pasado; es decir, que no hace falta ni olvidar lo aprendido ni partir de cero para ocupar su lugar en la vida”14 (p. IX). Y yo me pregunto si renunciar a esa herencia cultural, a ese tejido lingüístico, a esa estructura simbólica al entrar en la ciencia, en el santuario de la ciencia (¿cómo decirlo fielmente en el inglés de la ciencia?) no es una pérdida de identidad nacional solamente, sino una clave del orden patriarcal, consustancial al orden socioeconómico que hoy conocemos (capitalismo globalizado). Cuando pienso en el sistema de microcréditos de la India, en la casa de las viudas de Vrindavan, o los cantos con que acogen y alimentan y sanan a las mujeres africanas más jóvenes víctimas de violencia machista y de la miseria sexual (con disfunción endocrina de testosterona), me pregunto qué ciencia tendría lugar –qué ciencia se originaría- si trabajáramos nosotras y ellos desde el reconocimiento de la vida y de la lengua gratuitamente recibidas. Pero no es sólo cuestión de reconocimiento del legado materno, en el mismo sentido que otros como el alimento material o el vestido o el afecto. Como científicas nos compromete de otra manera. (intercalo un relato y una confesión). Cuenta Luisa Muraro sus reflexiones al escuchar los comentarios de un amigo filósofo británico –un auténtico feminista- al libro Speculum de Luce Irigaray. - Comentaba él: “novedoso, tal vez válido, pero el lenguaje es insoportable, dictatorial, carece de ética de la comunicación”. - Reflexiona y relata ella: “Comencé a reflexionar entonces sobre la proxa filosófica de los anglosajones, que ya encontraba extrañamente opaca y rebuscada, comparada con su literatura y su poesía: ¿lengua materna todavía viva en el arte, y en cambio muerta y embalsamada cuando se trataba de demostrar la verdad? ¿quizá por la sustitución por otra autoridad, otro orden simbólico?”
Si repaso los títulos de las obras que más amo, las realizadas por las feministas italianas de la diferencia sexual -o sea, ese compendio de ideas trabajadas durante años que expresa el título de un libro- encuentro algo distinto de los títulos normales, algo que me atrae irresistiblemente y que me ha llevado a coleccionar los libros, a releerlos e, incluso, a traducir al español uno de ellos: “Dos para saber dos para curar, el orden simbólico de la madre, autoridad femenina/autoridad científica, saber que se sabe, lo que quiere una mujer, nombrar el mundo en femenino, traer el mundo al mundo, de dos en dos, el perfume de la maestra, escupamos sobre Hegel, el final del patriarcado, no crear tener derechos, palabras que usan las mujeres, el perfume de la maestra”. Desde el punto de vista lingüístico, literario, o de estilo científico, podemos hablar y analizar la escritura, el habla de las mujeres; yo lo hecho en pequeñas dosis y lo aconsejo para aprender a hablar desde otro orden de cosas, de otra manera, para decir lo que no se nombra. Desde el punto de punta de su significado, retomo la reflexión y las palabras de la filósofa. “Las reglas de la primera lengua que hablamos nacen de la necesidad, a la vez lógica y fáctica, de la mediación. Son de hecho, las condiciones que impone la madre para que podamos volver a comunicarnos con ella compartiendo su experiencia del mundo” (el subrayado es mío). La reglas luego se complican con la intervención de nuevos interlocutores, de nuevas autoridades, de nuevas autoridades, de nuevas experiencias. En particular, la enseñanza escolar de la lengua, en la cual las normas estrictamente linguísticas se entrelazan con las de la convivencia civil y con imposiciones arbitrarias de poder construido (como la prohibición de hablar en dialecto). Otro tanto puede decirse de las reglas del intercambio en el seno de las clases profesionales, de las tradiciones de pensamiento y de la sociedad en general: también estas reglas son una amalgama de instancias deformes, de reglas necesarias con otras supuestamente tales que, en cambio, son convencionales e imposiciones más o menos arbitrarias”. El intercambio lingüístico no es reductible al intercambio entre hablantes; siempre es también intercambio entre palabra
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y experiencia. Y este es su origen permanente y la fuente de su originalidad: “La palabra separada de su matriz, se seca. Mengua el intercambio entre palabra y contexto, el recurso a las definiciones aplana el significado de las palabras, los criterios de juicio se hacen uniformes, desaparece la gestualidad, al igual que toda expresión no verbal del pensamiento” De este modo, el mundo decible en virtud de la lengua materna es sustiuido por el mundo de la experiencia convenida, decible según las reglas convencionales. No sostengo que el primero sea más bello y rico que el segundo; a veces ocurre lo contrario. Pero aquel está en correspondencia con la lengua viva y puede desarrollarse por ´si mismo, mientras que éste es fijo y solo cambia cuando se tiene el poder de manipular sus reglas” (p. 78-79). También comparto con esta corriente filosófica el rechazo y el temor por la artificioso de la filosofía postmodernista que relaciono con “el pensar de ciencia y tecnología en su inglés” (de ellas y ellos) Reconozco que no comprendo a Judith Butler en el sentido neto de la palabra: no comprender intelectualmente; no me dice nada, me paraliza. Y reconocerlo me granjea antipatías, pero eso es lo real en mí y ahora. Creo que la sustitución de la lengua materna –esa mediación necesaria de la palabra que comunica experiencia- por una lengua convencional lleva a olvidar que la mediación –los signos linguísticos- está en relación necesaria con un inmediato”. Comparto las palabras de Luisa Muraro: “La conciencia de la mediación necesaria, que caracteriza a nuestra cultura, ha desembocado en un régimen de mediación tal que en virtud del cual se pretende que aquello de lo cual hablamos supuestamente ya no es el mundo de la experiencia, sino del mundo de palabras, es decir, de mediaciones ya establecidas, y este régimen es la máscara más reciente del poder constituido, su máscara postmoderna”. Creo, como Milagros Rivera, que la felicidad consiste en eso, en tocar la realidad. Porque el mundo en que puede despuntar, desarrollarse y tener sentido la vida, es un círculo de cuerpo y alma. Porque en el mundo desprovisto de simbólico solo existe ciega repetición; en el mundo de lo simbólico convencional solamente tiene lugar lo previsible. Porque el convencionalismo no hace orden simbólico.
Porque yo concibo la escritura, y la escritura científica también, como una obra terapéutica. Creo que el orden simbólico que la lengua materna sabe hacer tiene el poder o capacidad de mantener unidos el cuerpo y la palabra, la experiencia y el lenguaje. Y digo terapéutico en el sentido expresado por muchas colegas profesionales sanitarias con quienes lo he aprendido (en la red de mujeres profesionales de la salud), gracias a filósofas y psicoanalistas e historiadoras de que “cuando el cuerpo de las mujeres enferma, con frecuencia es porque sus necesidades simbólicas, que son distintas de las de los hombres, no son escuchadas, ni entendidas ni atendidas”. Pues, como suele decir Milagros Rivera “cuando las palabras no coinciden con las cosas, con aquello que deseas, se produce un gran malestar en el cuerpo”, como dice la gente: ”tantas veces enferma el cuerpo porque sufre el alma”. Debiendo escribir en otra lengua, debiendo leer en otra lengua, acabamos pensando en otra lengua, en colisión o distancia infinita con nuestra lengua materna y cotidiana. Poder pensar y crear el mundo en la lengua materna y no dejar de ser científicas es un sueño (mío y de muchas). Para que se realice es necesario aumentar el prestigio de la lengua materna, para dejar de sentir vergüenza por no ser angloparlantes. Habría que traer al mundo de la ciencia el orden simbólico de la madre. Y otra anécdota. La médica de cabecera de mi hija adolescente a quien acompañé la semana pasada en su visita (que es una profesional muy buena), al resumir un diagnóstico certero (en mi opinión) se me disculpó por no haber leído la bibliografía inglesa sobre el problema, pues -me dijo, con su sonrisa de justificación- “-es que yo no leo inglés” (!justificarse ella que solo tiene oficialmente 10 minutos de consulta para cada paciente! aun me duele) Yo le dije, “-¿sabes que al próximo congreso llevo una ponencia para defender el uso del español?” Se le iluminaron sus vivos y perspicaces ojos. Y ante su sorpresa me ví justificándome con los DATOS:... pues es que hay 440 millones, está aumentando las revistas de impacto en español... En fin, todo un spot publicitario con los datos de situación de la ciencia en lengua materna (que tenía preparados para uds. y que presento a continuación). Como un homenaje a
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la práctica profesional sanitaria cotidiana de tantas médicas de familia de habla hispana. Uso del español en el ámbito de la ciencia de impacto internacional: ISI-WOS ¿Está aumentando el uso y el prestigio del español como lengua científica en la comunidad científica internacional? Para contestar a esta pregunta he analizado el idioma de las revistas más prestigiosas o de alto factor de impacto que son -aunque pueda discutirse este criterio- las registradas en la base de datos JCR (Journal Citation Reports) del Institute for Scientific Information- y lo he hecho comparado los datos del momento actual con los de una década antes, años 2008 y 1998. La comparación de los datos revela que el número de revistas de los países hispano parlantes ha aumentado globalmente, pasando de 73 revistas en 1998 a las 132 indexadas diez años después. Ese incremento ha sido mayor en el campo de las ciencias humanas y sociales (donde casi se ha han triplicado las revistas, 11 y 32) que en las de la naturaleza y tecnología, donde no se ha llegado ni a duplicar el número de revistas de países iberoamericanos (62 en 1998 y 101 en 2008), como puede verse en la gráfica adjunta. La distribución de países productores del mayor número de revistas son, por este orden; los siguientes: España, Brasil, México, Chile y Argentina, como se refleja en la siguiente tabla. 132
Tabla 1. Distribución por países productores de las revistas de alto factor de impacto. 2008 SCI
2008 SyAH
Total 2008
Crecimiento 2008:1998
Total 1998
España
37
16
5215
2.08
25
3
22
Brasil
28
3
31
1,63
19
2
17
México
12
6
18
2.00
9
4
5
Chile
8
3
11
1.83
6
-
6
Argentina
8
2
10
1.66
6
1
5
Venezuela
3
-
3
0.60
5
1
4
Colombia
1
1
2
-
-
-
-
Cuba
1
-
1
1
1
-
1
Ecuador
1
-
1
1
1
-
1
Costa Rica
1
-
1
1
1
-
1
Uruguay
1
-
1
+
-
-
-
Portugal
-
1
1
+
-
-
-
101
32
132
1.80
73
11
62
Elaboración propia. Fuente: ISI - JCR (Science edition, Social Science edition): 2008, 1998.
En el entorno europeo y mundial más relevante, el crecimiento ha sido menos intenso, salvo en el caso de China y España, que han vivido un crecimiento extraordinario, no observándose más cambios significativos en la dirección o ritmo de países o grupos de ellos que denoten una política científica determinada. Encontramos una tasa de crecimiento medio muy inferior a la hispana (1.80, es decir, un 80%), pero las distancias entre países siguen aumentando, como sabemos, porque el crecimiento es proporcional al tamaño adquirido previamente. En la siguiente tabla se ofrecen los datos de cada país y tipo de ciencia, así el valor numérico del crecimiento (expresado en forma de razón o ratio del cambio en el que 1= se mantiene el tamaño; 2= se duplica su tamaño): Tabla 2. Evolución del Nº de revistas de impacto de varios países según el tipo de ciencia. 2008 SCI
1998
1998 SSyAH SCI
2008 SSCI
Total 2008
Crecimiento
Total 1998
1998 SSCI
1998 SCI
2008:1998
Francia
150
22
172
0.91
188
23
165
Alemania
463
73
536
1.16
460
52
408
Inglaterra
1.423
486
1809
1,32
1361
325
1036
Italia
75
7
82
1.24
70
1
69
España
37
16
52
2.08
25
3
22
2.506
1060
2666
0.85
3123
1013
2110
USA
133
Rusia/URSS
108
6
114
0.94
121
9
112
China
81
6
87
2.55
34
3
31
India
45
4
49
0.89
55
4
51
Japón
175
7
182
1.21
150
9
141
Brasil
28
3
31
1.63
19
2
17
Elaboración propia. Fuente: ISI - JCR (Science edition, Social Sciences edition): 2008, 1998.
134
Como puede observarse las mayores tasas de crecimiento de nuestro entorno iberoamericano han correspondido en esta última década a España, México, Argentina y Brasil. Tres países se han mantenido en sus niveles ínfimos, con una sola revista de “excelencia”: Cuba, Costa Rica y Ecuador. Mientras que la peor tasa corresponde a Venezuela que ha reducido el nº de sus revistas (de 5 pasa a 3). Por contra, otros tres países han entrado en esta década en el concierto mundial de los índices de citas del ISI: Colombia (con dos revistas), Uruguay y Portugal. Pero la lengua materna de los científicos y científicas de estos países, el español o portugués, no es la lengua de publicación de la mayoría de las revistas, aunque su uso (y su registro internacional) ha aumentado considerablemente en esta década. La catalogación idiomática más frecuente en la actualidad- que sugiere ser la de mayor aceptabilidad internacional- es la de una revista de lengua no española ni inglesa, sino multilingüe, a diferencia de hace diez años en que parecía preferirse la etiqueta de revista de lengua inglesa, inclusive para las que seguían siendo predominantemente o casi exclusivamente de lengua española (como fue el caso de Medicina Clínica de Barcelona). Por ejemplo, estaban así catalogadas 18 de las 22 españolas revistas (incluidas las que nunca pasaron a publicarse en inglés, aunque integraron artículos en ese idioma), y 13 de las 17 brasileñas, pero lo más destacado es que hace diez años ninguna de las revistas españolas figuraba como de lengua española, y ninguna de las brasileñas como de lengua portuguesa. El análisis del idioma de publicación de cada una de las 100 revistas de países iberoamericanos seleccionados por la famosa base de datos norteamericana del Institutte for Scientific Informa-
tion (ISI) - de la universidad de Philadelphia, creada por Eugene Garfield y ahora comercializada por Thompson-, indica algo que ya sabíamos o intuimos: que el español se usa más en las ciencias sociales que en las experimentales o tecnología, y, algo que quizá no sabíamos: que el número de revistas que publican en español o portugués (o registran ese idioma para su revista) está aumentando considerablemente. Pero su representación es muy baja; pueden avergonzarnos las cifras absolutas, pero también las relativas, como se reflejan en la siguiente tabla. Tabla 3. Idioma de publicación en 2008 de las revistas de impacto de países iberoamericanos. Revistas de Ciencias Sociales LENGUA
Inglés Español
Revistas de Ciencias
Multilingüe
Inglés
Español
Multilingüe
España
4
11
1
13
12
12
Brasil
1
2
12
4
12
México
1
3
2
2
3
7
Chile
3
4
2
2
Argentina
1
1
-
2
3
3
Venezuela
-
-
-
-
-
3
Colombia
-
1
-
1
-
Cuba
1
-
-
1
-
-
Ecuador
-
-
-
-See AlsoLA INTERNACIONAL CINÉFILA 2024 (O1) - CON LOS OJOS ABIERTOS
-
1
Costa Rica
-
-
-
-
-
1
Uruguay
-
1
-
1
Portugal
1
-
-
-
-
Total
7
20
5
26
41
34
Elaboración propia. Fuente: ISI-JCR : 2008.
En números absolutos vemos que el español iguala al inglés entre las revistas españolas, pero no hay evidencias –en esta ventana de la excelencia y de predominio de las ciencias experimentales- de una política de promoción de su lengua materna, ni en este país europeo ni en ningún otro de los americanos16. La compara-
135
ción con otros países europeos, especialmente Francia e Italia, que representan dos tradiciones de política cultural y nacional casi totalmente opuestas, indica que la política de promoción del “patrimonio cultural” que es la lengua (o habría de decir “matrimonio” cultural) es un factor relevante de la visibilidad de la lengua materna. La siguiente gráfica retrata el distinto lugar que ocupa la lengua materna en los países del contorno europeo y misma tradición de promoción de sus lenguas vernáculas en sustitución del latín, la antigua lengua franca17 y de las lenguas de países emergentes del siglo XX. El número de artículos registrados por ISI en sus tres bases Arts and Humanities, Sociales Sciences Citation Index y Sciencie Citation index se ofrece en la tabla siguiente. Tabla 4. Análisis comparado de la evolución del uso del español y otras lenguas maternas distintas del inglés en la producción científica de alto factor de impacto. LENGUA
136
Nº artículos Ratio publicados X / español 2008
Nº artículos publicados 1998
Tasa de crecimiento 2008:1998
Alemán
25.346
2.00
24.363
1.04
Francés
22.470
1.77
25.441
0.88
Español
12.682
1.00
5.942
2.13
Portugués
7.233
0.57
877
8.24
Chino
7.131
0.56
1.979
3.60
Italiano
4.530
0.35
4.471
1.03
Ruso
3.922
0.30
10.074
0.38
Japonés
1.867
0.14
2.894
0.64
Elaboración propia. Fuente: ISI-WOS (SCI, SSCI, AHCI), 2008, 1998.
De los datos presentados podemos subrayar tres aspectos. En primer lugar, que después del inglés, el idioma más utilizado en la producción científica es el alemán, seguido del francés; y que en tercer y cuarto lugar por el número de artículos relevantes se hallan nuestras lenguas maternas: el español y portugués. A cierta distancia según su tamaño se halla la producción científica relevante en ruso, chino y japonés. En segundo lugar, y para resumir y medir
comparativamente los hechos, hemos establecido como valor de cambio el del español en 2008, lo cual nos permite decir que: 1) hay doble de artículos circulantes en francés y alemán que en español; 2) que el español y portugués se usa mucho más (el triple) que el italiano, ruso o japonés (llama la atención el italiano, pues el numero de revistas es alto y su peso científico parece considerable) En tercer lugar, la comparación con los datos de 1998, explica este y otros hechos: que el italiano cedió su lugar al inglés en esta década, que el portugués es el idioma emergente de la última década, seguido del español y el chino; y que otros idiomas mantiene su fuerte presencia, sin cambios en su producción o sus hábitos de lectura/ escritura científica (fr, ger). La mejora de la difusión científica en otros idiomas distintos del inglés se halla relacionado con una política comercial en un mundo globalizado de aumento de las publicaciones y la diversidad de lenguas de la base de ISI-Thompson, con la capacidad y necesidad de difusión que tienen las grandes distribuidoras como Elsevier o Science Direct, con las ediciones electrónicas que proporcionan casi todas las revistas, y con la costumbre establecida universalmente de acompañar toda publicación con un resumen en inglés; un resumen que cada vez es mejor, más extenso y protocolizado permitiendo realizar una excelente selección de la información requerida, de modo que muchas veces se sustituye sin problemas la lectura atenta del texto completo por su resumen en inglés. Hoy puede defenderse, desde el punto de vista de su rentabilidad científica y económica, el uso de lenguas nacionales en producción científica destinada al consumo extradoméstico o de circulación internacional. El estudio de la lengua en la que se “escribe” la nueva ciencia (investigación) debe completarse con el estudio de la lengua en que se “lee” la nueva ciencia. Eso quiere decir que la lengua debiera estar incluida entre los parámetros de variables de análisis de los patrones de uso o consumo de la ciencia en la comunidad científica internacional. Pero no es así. No lo es porque la principal fuente de información de las citas, la norteamericana ISI-WOS no incluye este ítem entre los campos de selección accesibles al gran público, como puede observarse en la siguiente figura. Ello explica proba-
137
blemente por qué el excelente trabajo de la “Red Iberoamericana de Indicadores de Ciencia y Tecnología” (RICYT), creado en 1994, no lo ha incluido entre sus 47 indicadores, como puede apreciarse en la siguiente tabla18. La edición durante algunos años del índice nacional de citas de las publicaciones españolas (IMECITAS) evidenció el uso habitual de las revistas no incluidas en el índice de ISI justificando su continuidad y la moderación de una política de excelencia y dependencia internacional, pero no aportó resultados concretos sobre la tasa de trabajos publicados en español citados en ellos. Las observaciones escolares que desde 1987-88 vienen realizando mis estudiantes de Medicina en Zaragoza ponen de manifiesto que el porcentaje de cita en español en revistas españolas es muy bajo, tanto en las de alto factor de impacto como en las no indexadas o rechazadas por ISI o PubMed (es decir de bajo nivel de internacionalización o consumo doméstico, como suele decirse utilizando terminología mercantil). En términos generales, se sitúa entre el 5% y el 10%, según las especialidades. Lo cual viene a indicarnos que los autores y autoras estamos realizando una selección de los trabajos consultados o leídos que merecen ser citados que implica una promoción y reconocimiento de los artículos escritos en lengua inglesa que gozan de mayor prestigio, reproduciendo y magnificando, así, el circuito del desvalimiento de la lengua materna que, si se usa, no deja huella. 138
Lengua materna y ciencia en profesiones populares: el caso de la medicina En el conjunto de las ramas del saber, el mayor uso de la lenguas materna corresponde a las ciencias de la vida y del entorno y tradición cultural, especialmente la medicina (por ejemplo, lo son 20 de las 37 revistas ISI españolas y 6 de las 28 brasileñas). En esta segunda parte, he centrado centrado el análisis en el campo de la medicina revisando la base de datos bibliográfica más popular en el mundo, que es de acceso libre y gratuito a través de internet: PubMed. Se observa un incremento sostenido de los artículos producidos inglés, español y portugués y una reducción también en
números absolutos del nºde artículos en italiano, alemán, y francés. En el conjunto destaca la emergencia del español, como pude apreciarse en la tabla. Tabla 5. Evolución del nº de artículos de medicina según idiomas registrados en PubMed: 1970-2010. Lengua
Total artículos
2000-09
Inglés
15.371.221 5.785.256
1990-99 3.761.236 93.922
1980-89
1970-79
Habitantes
2.512.921 1.627.312
Francés
643.348
89.754
111.859
127.279
Italiano
287.405
19.662
31.389
48.280
45.814
Alemán
775.943
80.866
103.394
140.149
194.855
Español
265.665
66.590
54.928
43.895
32.669
Portugués
69.729
20.143
10.563
8.840
9.768
La producción científica de medicina por países nos muestra los principales productores, que son España, Brasil, México, Portugal, Argentina, con más de 20.000 artículos (promedio de 2000/año), seguidos a distancia de 8000 o menos por Chile, Colombia, Venezuela y Cuba. El análisis del porcentaje de trabajos publicados en lengua materna (español o portugués) no muestra correspondencia positiva con el tamaño de la ciencia de estos países, como puede observarse en la siguiente tabla que revela que sólo el 4,3% de la producción firmada por instituciones brasileñas se escribe en portugués; o que el 90% de la producción médica argentina se escribe (y se lee) en inglés u otros idiomas, mientras que la producción española editada en español solo representa el 15% de su producción. Como sabemos, un alto porcentaje de esa producción no se publica en revistas de sus respectivos países sino en las revistas anglosajonas (británicas, canadienses, suecas y estadounidenses). Estos datos no dejan lugar a dudas acerca del proceso histórico en el que estamos inmersos: a mayor tamaño o dedicación científica, mayor grado de internacionalización y mayor pérdida de uso de la lengua materna. Asimismo lo indica el estudio del nº de revis-
139
tas (14) que muestra un porcentaje bajo de revistas catalogadas como multilingües. Tabla 6. Distribución de los artículos en español por países y porcentaje de uso de lengua materna. PAÍS
140
Artíc./país 2000-2009
Artíc./lengua materna 1970-2010
Nº revistas Registro total 1960-2010
Artíc./lengua materna 2000-2009
España
133.559
25.798
345
21.363
Brasil
88.118
4.181
309
3.848
México
31.103
8.159
157
4.495
Portugal
21.198
812
70
754
Argentina
19.559
3.710
156
1.932
Chile
8.808
4.713
66
2.230
Colombia
3.608
1.184
60
1.054
Venezuela
3.199
1.343
36
788
Cuba
2.637
1.246
48
724
Uruguay
1.641
197
29
121
Perú
1.171
387
47
240
Costa Rica
811
374
13
215
Ecuador
613
92
11
54
Panamá
511
193
9
26
Paraguay
406
28
3
23
Bolivia
153
36
7
19
Nicaragua
103
14
2
9
El Salvador
66
14
6
República Dominicana
35
14
16
como se muestra en la gráfica: descontadas las inglesas (4.500), vemos que las españolas, portuguesas e italianas conforman un tercio del conjunto, mientras los otros dos tercios los conforman las revistas médicas francesas y las alemanas. Tabla 7. Distribución del nº de revistas y artículos por paises e idioma de publicación. PAÍS
Artículos por país 2000-2009
Artículos en lengua materna 2000-2009
% de uso de lengua materna por país
Colombia
3.608
1.054
29,21
Cuba
2.637
724
27,45
Venezuela
3.199
788
26,63
Costa Rica
811
215
26,51
Chile
8.808
2.230
25,31
Perú
1.171
240
20,49
66
12
18,18
España
133.559
21.363
15,99
México
31.103
4.495
14,45
Bolivia
153
19
12,41
19.559
1.932
9,87
613
54
8,80
El Salvador
Argentina Ecuador
103
9
8,73
1.641
121
7,37
República Dominicana
35
2
5,71
12
Paraguay
406
23
5,66
2
Panamá
El estudio de las revistas muestra un crecimiento progresivo del nº de revistas indexadas hasta conformar las 1.117 revistas editadas en español registradas desde 1960 en Medline/Pubmed, de las que la mayoría corresponden a los principales productores: de de Chile (66), Colombia (60), Cuca (48) y Perú (47). La proporción de revistas en español es, sin embargo, “relativamente baja”
Nicaragua Uruguay
511
26
4,89
Brasil
88.118
3.848
4,36
Portugal
21.198
754
3,55
En este panorama, ciertamente desesperanzador de la producción científico médica relativa en la lenguas maternas de nuestro entorno latinoamericano en el campo de las ciencias de la salud, además de otras importantes iniciativas de cambio de la pauta cultural de las décadas anteriores que he resumido al principio, se
141
ha producido un hecho que significa una verdadera apuesta por el arraigo del español científico. Se trata del macroproyecto de la versión española del vocabulario de indexación o codificación de la información científica de PubMed/Medline que conforma un thesaurus o red semántica de sus más de 35.000 términos. El famoso, autorizado y refernte mundial en terminología científico médica MeSH (Medical Subject Headings) ya tiene su versión hispana: el DeCS (Descriptores de Ciencias de la Salud), que sigue creciendo y mejorando su calidad desde 2004, liderado por IBECS como puede verse en la imagen. Es un ejemplo de otro frente de acción a favor de la lengua materna. Tabla 8: Distribución por grandes idiomas de las revistas registradas en PubMed (2010).
142
El DeCS es un instrumento científico que facilita el trabajo en nuestro orden simbólico. Permite acceder desde la lengua materna a esa imprescindible fuente de información que es PubMed, y es utilizada no sólo para la creación de nueva ciencia (investigación) sino para la resolución de problemas profesionales cotidianos: diagnósticos, pronósticos y tratamientos). El thesaurus DeCS es un instrumento muy utilizado según las especialidades (más en salud pública o medicina legal que en microbiología) y que yo recomiendo con precaución, porque está en pleno desarrollo y no se advierte bien de ello: no se indica en cada término de los 35.000, si
está la información completa o no, ni siquiera si se ha incluido o no tal o cual término, faltando enlaces o definiciones que solo pueden detectar quienes tenemos costumbre arraigada de usar la versión original inglesa y/o la necesidad de analizarlo y enseñarlo. Como era de esperar, este proyecto internacional (vinculado a otro similar europeo de edición multilingüe y nivel e Atención Primaria que no ha tenido el éxito debido), delata en su estilo de escritura su dependencia del “english”. Al leer muchas de sus entradas y definiciones una tiene la impresión de que se les haya olvidado su lengua cuando traducen del inglés; lo mismo me sucede al leer artículos científicos en español, que parece que sus autores hayan aprendido de la materia biomédica directamente desde el inglés, como si hubieran borrado de su memoria personal cómo se decía -se dice- eso en su idioma, en su lengua materna. Como si no tuviéramos linaje, genealogía, y fuéramos huérfanos recién nacidos a la ciencia o la medicina. Creo que tienen razón las sabias feministas de la diferencia sexual que tanto advierten sobre los límites de lo legal y formal o institucional y nos invitan a poner la mirada en la creación de simbólico, de significado. Me parece que cuando entramos a “la iglesia de la ciencia”, hombres y mujeres, perdemos la cabeza, nos despojamos de nuestras voces con las que pensamos y conformamos la conciencia, con las voces que hablamos cotidianamente (y con nuestros pacientes, alumnos o colegas) y, de ese modo, constreñidos o, mejor dicho, “vendidos” o enajenados nos expresamos traduciendo, no desde el orden simbólico de la madre y de la cultura del lugar (popular en el sentido gramsciano), sino desde el orden simbólico (masculino) de la ciencia, que es un engranaje del orden social imperial (global) y mercantilizado, que no está regido por las relaciones personales y las necesidades humanas sino por el desarrollo del consumo, incluido el consumo de la industria farmacéutica o biotecnológica. Cuando los científicos y las científicas trabajan, piensan, leen y escriben de ciencia tan alejados de sí, de la vida y sus necesidades resultan menos perceptibles esos intereses espurios de la ciencia. Con la lengua franca de la ciencia perdemos libertad (y temple) y quizá no ganamos conocimiento, pues sin las palabras
143
que aprendimos de la madre (o la que en su lugar) perdemos la sonrisa y la malicia que necesitamos para que las palabras nombren las cosas que conocemos. Como conclusión práctica, en el sentido más institucional, propongo que se adopte una medida política científica muy fácil como es incluir el idioma de la publicación entre los parámetros analizados en informes bibliométricos periódicos que suele generar cada país de nuestro entrono iberoamericano. Creo que es fácil añadirlo cuando observo el enorme esfuerzo desarrollado por nuestros colegas de la red iberoamericano de ciencia y tecnología, responsables de estos indicadores y cuento que han consensuado nada menos que 47 indicadores. Añadir un indicador más, el porcentaje de la producción científica en la lengua materna (español o portugués) y lengua de la ciencia (inglés) en cada país y campo científico19.
mez, Verónica Vivanco Cervero. El español. lengua para la ciencia y la tecnología. presente y perspectivas de futuro. Madrid, Santillana -Instituto Cervantes, 2009. 5
Las acciones propuestas para la difusión internacional de la investigación en lengua española son: 1) Intensificación de la docencia del español en C y T; 2) Intensificación y obligatoriedad de los cursos de español aplicado a la ciencia y tecnología para los alumnos Erasmus en España; 3) Formación de estudiantes extranjeros en las universidades españolas; 4) Organización de talleres periódicos de escritura técnica en países hispanoparlantes y no hispanoparlantes; 5) Organización de talleres audiovisuales con soporte en Red; 6) Creación de cursos de español científico y técnico con soporte audiovisual; 7) creación de escenarios de trabajo informales en entornos virtuales; 8) Intensificación de las jornadas sobre divulgación de la ciencia española e hispana en el extranjero; 9) Intensificación de los congresos científicos y técnicos que tengan al español como lengua vehicular; 10) Creación de convocatorias para científicos e ingenieros de titulación reciente pertenecientes a países no hispanohablantes; 11) creación de convocatorias de proyectos científicos y técnicos que tengan el español como lengua vehicular para redes de trabajo entre países hispanohablantes y no hispanohablantes; 12) Fomento de la industria de la lengua; 13) Explotación de bases de datos científicas regionales, nacionales y extranjeras; 14) Intensificación de las publicaciones científicas y técnicas en lengua española por parte de editores, asociaciones y fundaciones; 15) Fomento de la presencia de libros científicos y técnicos publicados en español en bibliotecas de pasases no hispanohablantes; 16) Fomento del español de negocios aplicado a la ciencia; 17) Creación de una agencia de prensa científica hispánica; 18) Creación de una revista Erasmus de ciencias y tecnología para europeos en España; 19) Creación de una revista Erasmus de ciencia y tecnología para estudiantes españoles y extranjeros fuera de España; 20) Creación de nuevos índices de calidad de la investigación. Véase El español. lengua para la ciencia y la tecnología, Madrid, Santillana, 2009, pp. 110-134.
7
Vivanco Cervero, Verónica. Vías de actuación para el fomento y la difusión del español científico y técnico. En: El español. lengua para la ciencia y la tecnología, Madrid, Santillana, 2009, pp. 110-134.
7
Miqueo, Consuelo. Evolución histórica de los diccionarios. Archivos de la Facultad de Medicina de Zaragoza 41 (1):81-85, 2001.
8
Braidoti, Rosi, “El sujeto en el feminismo”, En: Feminismo, diferencia sexual y subjetividad nómade. Barcelona, Gedisa, 2004. pp. 9-31. La literatura específica que ha desarrollado esta idea es muy extensa. En mi caso concreto, desde la lectura del No creas tener derechos, de varias autoras del círculo de la Librería de Mujeres de Milán (Madrid, horas y horas, 1991) y Nombrar el mundo en femenino de Milagros Rivera (Barcelona, Icaria, 1995), he practicado el “partir de sí” en todos mis escritos científicos desde aquel inicial y comprometido en que ponderaba esta corriente filosófica y política. Véase: Miqueo, Consuelo. Contrastar experiencias: diversidad de modelos para las científicas. Una mesa redonda. En: Barral MJ et al. (eds.) Interacciones ciencia y género. Discursos y prácticas científicas de mujeres. Barcelona, Icaria, 1999, pp. 291-298.
9
Braidotti, Rosi. Sobre el sujeto feminista femenino o desde el “si mismo.mujer” hasta el “otro “ mujer. En: Feminismo, diferencia sexual y subjetividad nómade. Barcelona, Gedisa, 2004. pp. 33-54.
NOTAS 1 Organizado por el Instituto de Filosofía del CSIC de Madrid y desarrollado el día 9 de octubre de 2007, puede verse el programa y su contexto en: http://www.pensarenespan-ol.es/martes9_act02.htm. 2
144
En mi ponencia que titulé “¡pensar la ciencia en español!. Español vs. english: batallas sensatas e insensatas”, el conjunto de las actividades que personalmente había observado en el campo de la biomedicina fueron presentadas en orden temporal como las horas de un reloj de saetas: 1) evaluación de revistas según idioma, 2) ediciones en inglés y español de algunas revistas, 3) fomentar que las bases de datos bibliográficas indexen más revisar en español; 4) traducir más textos científicos al español; 5) mejorar la distribución de revistas electrónicas en español (Scielo, Rebiun, Latindex); 6) versión al español de lenguajes de codificación, thesaurus o buscadores de información; 7) becas; 8) enseñar en español; 9) promover congresos internacionales en español; 10) promover la coordinación española de proyectos internacionales; 11 otros.
3
Miqueo Consuelo, Concha Germán Bes, Teresa Fernández Turrado y Mª José Barral Morán. Disparidad de género en los órganos de dirección de las revistas biomédicas españolas (2007). Madrid, Instituto de la Mujer (edición PDF) accesible en: http:// www.inmujer.migualdad.es/mujer/mujeres/estud_inves/Miqueo.pdf. Véase sobre el mismo tema y autoras la monografía Ellas también cuentan. Científicas de los comités de revistas del area de salud. Zaragoza, Prensas Universitarias.de Zaragoza (en prensa).
4
Arias-Salgado Rosby, María José, Montaña Cámara Hurtado, Begoña Granadino Goenechea, Jose Antonio López Cerezo, Daniel Martín Mayorga, Luis Plaza Gó-
145
10 Véase el capítulo “Lengua materna, lengua de empresa”. Barbieri, Punuchia, Lia Cigarini, Vanna Chiarabini, Serena Fuart, Silvia Motta, Oriella Savoldi, Chirstiane Vaugeois. En: Palabras que usan las mujeres. Madrid, Horas y horas, 2008, pp. 1721. 11 Luce Irigaray. Sexes et genres à travers les langues. Paris, Grasset, 1990. Pueden verse algunos de estos ejemplos en la versión española de Luce Irigaray. Amo a ti. Bosquejo de una felicidad en la historia. Barcelona, Icaria, 1994, pp. 119-140. 12 Ha sido muy citado el pionero y relevante artículo, publicado en la prestigiosa Science hace casi veinte años, por Marcia Barinaga: Is there a “female style” in science? Science 1993; 260:384-391. En nuestro ultimo estudio comprobamos que la mayoría de las mujeres no estaba de acuerdo con la caracterización dicotómica del estilo de escritura científico que sometimos a valoración mediante encuesta dirigida a la Red española de mujeres profesionales de la salud. La idea de que “el estilo de los artículos científicos se adapta mejor al estilo de comunicación masculina que a la femenina” es una opinión con la que manifestaron máximo acuerdo el 42,62%. La idea de que “el estilo de comunicación científica masculina se caracteriza por ser escrito, informativo, objetivo, cuantitativo y analítico” produjo máximo o bastante acuerdo (63%), mientras que algo menos de la mitad compartía la idea de que “el estilo de comunicación científica femenina se caracteriza por ser oral, comprensivo, explicativo, empático y holista”. Véase: http://www.inmujer.migualdad.es/mujer/ mujeres/estud_inves/Miqueo.pdf.
A, Miguel-Dasit A, González de Dios J, De Granda Orive JJ. Español frente a inglés como idioma de publicación y factor de impacto de neurología. Neurología 2007; 22(1): 19-26. 18 Los informes periódicos de la entidad son de obligada consulta para conocer los indicadores de cada país y conocer el proceso de consenso llevado a cabo en el que destaca el Acuerdo de Lisboa. 19 La Red de Indicadores de Ciencia y Tecnología -Iberoamericana e Interamericana(RICYT), nació en 1994 y desde entonces ha organizado seis congresos internacionales y numerosos jornadas ypaneles de expertos para lograr los consensos y datos necesarios. Su base de datos es ineludible. Véase la sección de indicadores biblimétricos accesible en su página web institucional, donde puede observarse el valor que la entidad otorga al idioma español o portugues de estos países. http://www.ricyt. org/index.php?option=com_content&view=article&id=149&Itemid=3.
13 Luce Irigaray: Amo a tí. Bosquejo de una felicidad en la historia. Barcelona, Icaria, 1994, p. 114. 14 Luisa Muraro. El orden simbólico de la madre. Madrid, Horas y Horas, 1994, p. IX. 15 Una de las revistas españolas (Dynamis) se halla incluida en las dos ediciones (ciencias y ciencias sociales), lo que es un caso excepcional que debe interpretarse como un defecto de clasificación de una reciente incorporación a la base, que como criterio de adscripción de las revistas de áreas interdisciplinares como es la historia y filosofía de la ciencia.
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16 Entre las iniciativas más relevantes de promoción del español y de promoción del internacionalismo de la ciencia española debemos citar las siguientes: centralización desde la FECYT del contrato de acceso a la propia bases de datos con presupuesto millonario, creación de SCIELO, un portal de difusión electrónica gratuita de revistas biomédicas, financiación de la edición bilingüe de revistas, determinación de los criterios de calidad de las revistas y correlación con los criterios de evaluación de los investigadores, organización de reuniones de expertos y simposios sobre el tema del español, promoción de la divulgación científica en español y acceso a internet. Para una visión de la estrategia global remitimos a Vivanco Cerbero, 2009, pp. 110134). 17 Los estudios históricos sobre el uso del latín y emergencia de las lenguas vernáculas son muy nuerosos. Podemos citar la síntesis mas reciente y de amplia difusión, como es el Bertha Gutiérrez, así como los resultados de algunos tipo sobre el facror de riesgo que significa el uso del español para alcanzar el deseado imacto científico. Véase el erespecto: Aleixandre-Benavent R, Valderrama-Zurián JC, Alonso-Arroyo
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6
MUJERES PIONERAS EN LA CIENCIA ARGENTINA Diana Maffía
Introducción La ciencia moderna llega a la Argentina a través de los jesuitas, produciendo una relación extraña entre la educación formal religiosa y los centros laicos que comienzan a florecer fuera de las universidades y escuelas1. De cualquier modo, las ideas revolucionarias políticas que acompañaban la difusión de nuevas ideas científicas no alcanzan a incorporar a las mujeres al saber y a la ciudadanía. Pero rastrear estos datos es enormemente difícil. Como señala Alicia Palermo2, los pocos datos disponibles en nuestro país sobre la participación universitaria según sexo se inicia en las primeras décadas del siglo XX con datos no comparables entre universidades (CUADRO 1). Sólo a partir de 1941 se cuenta con registros acerca de matrícula y titulación universitaria según sexo y carrera. A partir del análisis de los datos disponibles, Palermo distingue cuatro períodos diferenciados en cuanto a la participación de las mujeres en los estudios universitarios. El primero va desde que se crea la primera universidad - en 1613, el Colegio Jesuítico, que en 1622 se transformó en la Universidad de Córdoba- hasta principios del siglo XX y se caracteriza por la ausencia de mujeres en los estudios universitarios, salvo unas pocas pioneras que obtuvieron su título fines del siglo XIX (como veremos, a partir de1889). El segundo período se extiende desde principios del siglo XX hasta la primera mitad de la década del sesenta y se caracteriza por un incremento paulatino pero constante de la participación femenina en los estudios universitarios, de modo tal que si en el quinquenio
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1900-1905 sólo el 0,79% de los títulos universitarios de todas las universidades nacionales fueron otorgados a mujeres, en el quinquenio 1961-1965, los valores porcentuales habían aumentado al 28,20%. Una característica importante de la participación femenina de esta etapa fue la concentración de las mujeres en carreras consideradas “típicamente femeninas” (ciencias de la educación, letras, ramas menores de las ciencias médicas, etc.). CUADRO 1 – Cuadro Títulos otorgados a varones y mujeres en todas las carreras de las universidades nacionales. Posición relativa por quinquenio. Valores absolutos; Valores relativos.
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Período
Varones
Mujeres
Total
Varones
Mujeres
1900/05
1367
11
1378
99,21
0,79
1906/10
1783
25
1808
98,62
1,38
1911/15
2860
122
2982
95,91
4,09
1916/20
4401
418
4819
91,33
8,67
1921/25
6948
825
7773
89,39
10,61
1926/30
7505
807
8312
90,30
9,70
1931/35
8680
999
9679
89,68
10,32
1936/40
11055
1771
12926
86,20
13,80
1941/45
15196
2824
18020
84,33
15,67
1946/50
18720
3747
22467
83,33
16,67
1951/55
21421
5763
27184
75,85
24,15
1956/60
27475
8752
36227
75,85
24,15
1961/65
27796
11705
41501
71,80
28,20
Fuente: Evolución de la mujer en las profesiones liberales en Argentina. Ofi cina Nacional de la Mujer,. Ministerio de Trabajo. 1970. Citado por Maglie y Frinchaboy, 1988.
El tercer período abarca desde mediados de los sesenta hasta mediados de los ochenta y en él se produce un incremento más marcado, ya que sólo en dos décadas la participación de las mujeres en la universidad aumenta del 30% al 50%, es decir, llega a igualar a la masculina. Este incremento está acompañado de una diversificación de las opciones de carreras por parte de las mujeres. Finalmente el cuarto período se caracteriza por una relativa estabilización de la participación femenina universitaria, aunque con
una leve tendencia a aumentar. Según el último Censo de estudiantes de Universidades Nacionales (1994), las mujeres constituyen el 52,2 % de los esudiantes a nivel nacional, quedando un grupo reducido de carreras no feminizadas. 3 Médicas: Cecilia Grierson Sin duda, la obtención de su doctorado en medicina en 1889 convierte a Cecilia Grierson en el paradigma de las mujeres pioneras en la ciencia argentina (FIGURA 1). FIGURA 1 – Cecilia Grierson en 1894.
La doctora Grierson nació en Buenos Aires en 1859. Fue pionera en la Argentina de su época, no sólo por su dedicación a la ciencia sino también como activista feminista por su abnegado trabajo en la lucha por los derechos de la mujer. Cuando la ciencia era por más de 100 años solo un universo masculino, soportó un ambiente angustiante y de burlas por parte de sus compañeros en la Facultad de Medicina de la Universidad de Buenos Aires. Había tenido una precursora de trágico fin: Elida Pazos, primera mujer farmacéutica universitaria, que luego de recibir ese titulo quiso seguir Medicina y no se lo permitieron. Debió presentar un recurso de amparo en la justicia y así consiguió cursar hasta quinto año de medicina en la Universidad. Casi al final de su carrera, la tuberculosis termina prematuramente con su vida.4
151
A Cecilia Grierson no le prohiben el ingreso, pero para disuadirla le agregan como condición pedagógica, junto a su título académico (que pocas mujeres poseían) cinco niveles de lengua latina. Debió preparar y dar libres esos exámenes en un colegio que prohibía la incorporación de mujeres, y así en 1883 logró entrar a la Facultad. Mucho antes, cuando era poco más que una adolescente, Cecilia Grierson fundó, en la Escuela Normal de Maestras (en la que yo misma me recibí en 1970, siendo todavía una “escuela de señoritas”) una biblioteca de más de 300 volúmenes a la que llamó “El estímulo argentino”. Y antes aún, de niña y junto a su madre, en la Provincia de Entre Ríos donde pasó su infancia, daba clases de lectura y matemáticas a chicos analfabetos en una escuela rural. Cecilia Grierson finaliza su doctorado y, en 1889, presta el juramento hipocrático como doctora y cirujana. En 1892 funda la Sociedad Argentina de Primeros Auxilios. Mientras desarrolla su carrera, funda también la Cruz Roja Argentina y la Escuela de Enfermeras (FIGURA 2).
Grierson viajó 3 veces a Europa. Al regreso del primer viaje funda el Consejo Nacional de Mujeres (1900) y la Asociación Obstétrica Nacional (en 1901). Trajo también conocimientos con los que introdujo la kinesiología en las aulas de la Facultad de Medicina. Su obra médica más ambiciosa, Cuidado de los Enfermos (1912) estaba en proceso de revisión cuando cayó enferma de cáncer de útero, un mal que había atendido por años en los que trabajó en el servicio de ginecología. Murió el 10 de abril de 1934, a los 74 años (FIGURA 3).5 FIGURA 3 – Cecilia Grierson.
FIGURA 2 – C. Grierson tomando exámen de Escuela de Enfermería.
Mujeres astrónomas
152
Participó del Primer Congreso Feminista Internacional, que tuvo lugar en Buenos Aires para el centenario de la independencia en 1910. Precisamente en mayo próximo tendremos el Segundo Congreso Feminista Internacional, y evocaremos su figura.
Argentina fue pionera en el desarrollo de la astronomía. Fue el primer país de Latinoamérica con telescopios y observatorios propios. Como es previsible, las primeras mujeres pueden encontrarse en la institución pionera, el Observatorio Nacional Argentino, fundado en 1871. En un comienzo los empleados del Observatorio Nacional fueron todos hombres: el director, el Dr. Benjamin Gould, y cuatro ayudantes. Mary A. Quincy Adams, esposa del director, era la única mujer que junto a sus hijos vivía en los predios del observatorio (FIGURA 4). Había nacido el 27 de agosto de 1834 en EE.UU. Mujer muy instruida, simpatizó e influyó mucho en el trabajo del Dr. Gould.
153
FIGURA 4 – Mary A. Quincy Adams de Gould.
Cuando en 1885 el Dr. Gould renuncia a la dirección del Observatorio Nacional, asume la misma su discípulo el Dr. John Thome.Pocos meses más tarde Thome desposa a Frances Angeline Wall (FIGURA 6). FIGURA 6 – Frances Angelina Wall. A la izquierda junto a su esposo J. Thome en 1885 en oportunidad de su casamiento.
Estando en EE.UU. obsequio a su esposo un pequeño observatorio dotado con un círculo meridiano.Mary ayudo a Gould en diversas tareas del observatorio, especialmente las relacionadas con la Uranometría Argentina (FIGURA 5). FIGURA 5 – Mary A. Quincy Adams.
154
Fuente: Archivo OAC – Museo Astronómico.
El director resume la participación de su esposa del siguiente modo:“No puedo hablar de otro ayudante, cuyo nombre no figura en los libros del Observatorio, y sin cuya incansable e incesante ayuda, mi trabajo apenas habría podido ser ejecutado”.
Frances fue una de las famosas “maestras de Sarmiento”. Ejercía como vicedirectora en la recién formada Escuela Normal de Maestros. Al casarse, debe renunciar a su puesto pues el contrato firmado por estas maestras estipulaba que debían ser solteras.6 Wall se involucra mucho en los trabajos de la institución, en particular con el célebre catálogo y atlas Córdoba Durchmusterung. De hecho, cuando en 1908 fallece Thome, gestiona la continuación del trabajo, contactándose incluso con el director del Observatorio Nacional de Chile, Dr. Friedrich Ristenpart, para analizar la posibilidad de terminarlo en Santiago. Esta iniciativa se truncó con la llegada en 1909 del nuevo director de la institución Charles D. Perrine (FIGURA 7). La esposa de Perrine, Bell Smith – que había sido bibliotecaria en el Lick Observatory –, al igual que sus predecesoras también ayuda al director en sus tareas, por ejemplo con las anotaciones de las observaciones del cometa Halley realizadas entre 1910 y 1911. En 1913, en Estados Unidos, se doctoran en astronomía las primeras mujeres. Entre ellas se encontraba Anna Estelle Glancy, quien había ingresado al Berkeley Astronomical Department de la Universidad de California (FIGURA 8).
155
FIGURA 7 – Bell Smith y D. Perrine en el Observatorio Nacional.
Es la única mujer empleada como astrónoma en el Observatorio Nacional Argentino, desde su fundación y hasta al menos 1941 (FIGURA 9). FIGURA 9 – La Dra. Niemela muestra quiénes la precedieron en el estudio de estrellas masivas.
FIGURA 8 – Anna Estelle Glancy.
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Dadas las escasas posibilidades de ser contratadas en su país por su condición de mujer, ofrece sus servicios al Observatorio Nacional Argentino. Prontamente recibe la aceptación , y Anna Glancy se establece en Córdoba y trabaja en el observatorio entre 1913 y 1918. La nueva astrónoma recibe una paga menor que la de sus colegas hombres. Su sueldo inicial fue de 237,5 pesos mensuales, idéntico al recibido por un computador varón. A modo de comparación, los astrónomos de tercera cobraban 256,5 pesos y los de primera, 475 pesos – varios de los cuales también tenían incluido el alojamiento –. Cabe destacar que más allá de ser recién recibida, su formación era superior a la de todos sus compañeros de trabajo, excepción del director. Esta situación se mantuvo hasta su renuncia. Cuando deja el observatorio, regresa a su patria donde se emplea en la American Optical Company, en la que se especializa en el diseño de lentes, principalmente oftálmicos y para telescopios. Por sus trabajos obtuvo 13 patentes.
La astronomía argentina dio luego grandes investigadoras mujeres, como Virpi Niemela, que publicó más de 130 trabajos científicos a lo largo de su carrera. Como ocurre con quienes se destacan en la Astronomía, la Dra. Niemela tiene un asteroide (el 5289) que lleva su nombre (FIGURA 10). Hoy más de un tercio de los profesionales de esta rama en Argentina son mujeres, contra el 13% a nivel mundial. Hasta el momento ningún director de los grandes observatorios fue mujer. Pero los tiempos están cambiando, solo como ejemplos pueden mencionarse a la Dra. Marta Rovira (FIGURA 11). Astrónoma y estudiosa del sol, en 2008 fue designada al frente del CONICET, convirtiéndose en la primera mujer que lo hace en sus más de 50 años de vida. Rovira había dirigido durante siete años el Instituto de Astronomía y Física del Espacio.
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FIGURA 10 – Imagen superior: Órbita del asteroide Niemela y su posición en el día de hoy, fecha del fallecimiento de la Dra. Virpi Niemela. (Image Credit and Courtesy programa órbitas: Jet Propulsion Laboratory (JPL) Pasadena, California).
FIGURA 11 – Dra. Marta Rovira, primera mujer Presidenta del CONICET.
FIGURA 12 – Delfi na Molina y Vedia en sus tiempos de estudiante.
FIGURA 13 – Delfi na Molina y Vedia.
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159
Mujeres químicas: En 1896 se creó en Argentina la carrera para acceder al título de Doctor en Química. En 1901 egresa el primer graduado. La primera mujer en obtener el título de Doctora en Química en la Facultad de Ciencias Exactas fue Delfina Molina y Vedia, en1906. En un libro escrito en su madurez, A redrotiempo, rememora: “Recuerdo mi estreno como alumna universitaria como si fuese ayer. Me destinaron una pequeña pieza que daba al Museo de Historia Natural, donde pasaba los recreos librándome del contacto con la muchachada”(FIGURA 13).
Delfina era sobrina del primer ingeniero egresado en 1870, Luis Huergo, que fue decano de la Facultad de Ciencias Exactas, Físicas y Naturales.
Delfina ingresó en la carrera de química aunque estaba interesada en el arte, y buscaba vincularlos en el pensamiento abstracto. Ella había elegido filosofía, pero en una reunión social un profesor de química la convenció de estudiar ciencias. Hizo la carrera en tres años, y adelantando materias se fue a Francia a estudiar pintura durante un año y medio. Luego de graduarse se dedicó a la enseñanza, la filosofía y el arte (FIGURA 14).
mayor número de bases permanentes y temporarias y refugios, en el mundo. Un ámbito inusual para el trabajo femenino es el de las biólogas que participaron de una campaña a la Antártida (FIGURA 15). FIGURA 15
FIGURA 14 – Olga Hanelo, Syma Hosen y Ana Baidembaum (1937).
160
La siguieron María Jiménez de Abeledo, egresada a fines de la década del 1920 y fallecida a los 103 años, y Ana Baidembaum y María Olga Hanelo que egresaron en 1937. A las tres se les hizo un homenaje en el Programa de Historia de la Ciencia de la Universidad de Buenos Aires.7 Pioneras en la Antártida En 1904 se fundó la primera base antártica permanente en el mundo. Es argentina y continúa hasta el presente.Además, en 1951 se creó el Instituto Antártico Argentino. Fue la primera institución científica especializada del mundo; desarrolló un sistema de bases, refugios y apoyo logístico. Las Campañas Antárticas cuentan con el acompañamiento del Ministerio de Defensa, por tratarse de un lugar estratégico geopoliticamente. En lo que hace a la infraestructura en la Antártida, hoy la Argentina es el país que posee el
En 1968 por primera vez pudieron incorporarse a la expedición mujeres, y las pioneras fueron Elena Martínez Fuentes, especialista en molúsculos y autoridad consagrada internacionalmente en biología; Irene María Bernasconi, la más destacada especialista de equinodermos del país en esas fechas, ganadora del premio Eduardo L. Holmberg en 1940, Carmen Pujal, profesora de ciencias naturales y especialista en algas rojas y María Adela Caría, experta en bacteriología marina. El 7 de noviembre de 1968 zarparon a bordo del Transporte ARA “Bahía Aguirre”, formando parte de la Campaña Antártica 19681969. Su destino fue la Base Naval Melchior, habilitada periódicamente para estudios de biología marina ordenados por el Servicio de Hidrografía Naval (FIGURA 16).8 Allí realizaron investigaciones durante todo el verano en una memorable aventura científica, en un lugar, prácticamente de dominio masculino y donde actualmente resulta difícil vivir.
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FIGURA 16 – Las investigadoras en La Antártida en 1968.
torio de Investigaciones Sensoriales (LIS), en la Universidad de Buenos Aires (UBA) (FIGURA 17). FIGURA 17 – Miguelina Guirao.
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Se dedicaron tenaz y minuciosamente a tareas de recolección y clasificación de algas, erizos, y estrellas de mar, moluscos y peces. Por ello, los resultados científicos de la expedición fueron de tal magnitud, que se capturaron tres ejemplares de peces raros llamados Parachaenichtys charcoti, especie que se había extraído solamente cuatro ejemplares en el mundo entero. Lo más revelador fue demostrar que las mujeres podían adaptarse a la vida en la Antártida al igual que los hombres, esto significo la inclusión frecuente de personal femenino de investigación en las futuras campañas argentinas. Estas cuatro investigadoras fueron de las primeras mujeres en el país que sentaron precedente para el papel que en el futuro tendrían otras científicas en campos como la glaciología, biología, oceanografía e impacto ambiental, contribuyendo ampliamente al desarrollo de la ciencia en la zona. El misterio de los sentidos Una pionera en la investigación interdisciplinaria es la Dra. Miguelina Guirao, que investiga los mecanismos neurobiológicos y psicofísicos de los sentidos humanos. Para ello fundó el Labora-
Estudió originalmente Filosofía, donde se interesó por la Teoría del Conocimiento con particular énfasis en las relaciones entre el sujeto y el objeto. Su tema de tesis referido al problema del origen del conocimiento la llevó al estudio de los procesos cognitivos, para lo cual realizó su perfeccionamiento en el Instituto de Psicología de la Universidad Católica de Milán, donde se le despertó el interés por la ciencia y por el enfoque interdisciplinario de la investigación científica. De regreso en Buenos Aires, una obra despertó su curiosidad por el estudio de los sentidos: Handbook of Experimental Psychology editado por S. S. Stevens, Profesor de la Universidad de Harvard. En una entrevista con el Dr. Bernardo Houssay, que era entonces presidente del CONICET, le manifestó que en su plan de investigación faltaba incluir los procesos sensoriales, igualmente le comentó sobre el libro de Stevens y Houssay le sugirió que se presentara al concurso para Becas Externas del CONICET. La consiguió y el Dr. Stevens aceptó dirigir su beca. En una deliciosa entrevista, Ana María Peppino Barale la lleva a relatar sus experiencias como mujer en la ciencia. Miguelina Guirao le relata que no había notado ninguna actitud discriminatoria hacia su persona pero algo sospechó en la primera entrevista que tuvo con Stevens en Harvard, pues éste no bien entró a su ofi-
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cina le dijo: ¨¡Oh! Creí que era un hombre¨. A lo que Miguelina, le contestó que no había nada que pudiera hacer al respecto. Si bien le causó gracia la respuesta de la joven becaria, trató de disuadirla del proyecto enfrentándola a tareas que presuponía que no iba a poder llevar a cabo. La envió a construir un Potenciómetro de Sonido en el taller de Mecánica y Electrónica, indicándole que en el Laboratorio encontraría los manuales de los circuitos y todos los elementos que necesitaría para construir el equipo. La asombrada argentina le recordó que venía de las Humanidades y que “nunca había pelado un cable”, a lo que Stevens con gesto no muy amigable le contestó “que ahora iba a aprender, que él también venía de las Humanidades y que los primeros frecuencímetros, voltímetros y demás equipos de audio que había en el Laboratorio habían sido primero diseñados y luego construidos por él con la ayuda de los técnicos”. Afortunadamente el técnico encargado del taller la apoyó y así logró su cometido, si bien no en el primer intento. De esos experimentos resultó el primero de varios trabajos que publicó con el propio Stevens en Journal of the Acoustical Society of America. Así fue como se inició en la Investigación y rompió el esquema que el propio Stevens tenía –según le comentó posteriormente- “que en general las mujeres no estaban interesadas en la investigación”. Nuevamente en Buenos Aires, Miguelina Guirao ingresó a la Carrera de Investigador del CONICET y a la Facultad de Ingeniería de la UBA donde dictaba Psicoacústica como Adjunta de la Cátedra de Electroacústica. En una segunda etapa, retornó a Harvard como investigadora contratada y posteriormente, en Argentina, comenzó a desarrollar proyectos de investigación con un grupo de becarios, de diferente formación universitaria, en primer lugar con sede en la Cátedra de Biofísica de la Facultad de Medicina (UBA) y luego en el Departamento de Investigación y Docencia del Hospital de Clínicas (UBA). De ese modo se fue formando el Laboratorio de Investigaciones Sensoriales (LIS). En 1972, el LIS fue reconocido oficialmente como Centro dependiente del CONICET.
Si bien el tema central de los Proyectos de Investigación estaba referido a los Procesos Sensoriales, los temas específicos fueron cambiando de acuerdo con la demanda de los nuevos tesistas y becarios que llegaban de diferentes carreras universitarias con lo que el LIS funcionó como un centro interdisciplinario de investigación básica y aplicada en las áreas de: Ciencias Cognitivas, Procesos Sensoriales, Psicofísica, Percepción, Sentidos Químicos, Evaluación Sensorial de alimentos, Percepción de habla, Análisis de la voz, Reconocimiento Automático de Habla y Patologías Neurosensoriales. Producto de las investigaciones MG publicó “Los sentidos, bases de la percepción”, (Madrid, Alhambra, 1980); fue la primera publicación sobre el tema de los procesos sensoriales en lengua castellana. Como sucede en nuestros países latinoamericanos, esta labor pionera del LIS lejos de favorecerles dio lugar a muchos inconvenientes, particularmente por la falta de tradición de los temas de investigación; además, al no pertenecer al sistema curricular de ninguna Facultad los colocó en una situación de desventaja inclusive con respecto al lugar de trabajo, ya que tuvieron que mudarse cuatro veces con las consiguientes dificultades que acarrea el hecho de tener que desmontar y reinstalar laboratorios. Actualmente han regresado al lugar de origen, pero esta vez acogidos por el Departamento de Neurociencias del Hospital de Clínicas. Con pesadumbre, MG dice: “Durante muchos años el CONICET no tuvo Comisiones Asesoras Interdisciplinarias. En el orden local nuestros trabajos tenían que peregrinar de una Comisión Asesora a otra con las consiguientes demoras. Se obtenían juicios parciales y a menudo también contradictorios. Con muy pocas excepciones nuestros interlocutores válidos estaban en el exterior”. Guirao no parece haber tenido dificultades para desarrollar un trabajo consistente y de gran proyección. Sin embargo, ella misma reconoce que el modo de segregar a la mujer a menudo reviste características tan sutiles que es difícil percibirlo como tal. Igualmente, señala que durante su permanencia en centros de investiga-
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ción de países avanzados pudo apreciar que la situación de la mujer no es más aventajada que la de su país. Al respecto relató que en una oportunidad en la que dictaba un seminario de postgrado en una universidad japonesa uno de los organizadores le pidió que en los primeros diez minutos no entrara directamente al tema porque los estudiantes, que eran todos varones, iban a distraerse ante la sorpresa de encontrarse con una mujer… y argentina, es decir, de ninguno de los países de liderazgo científico. Tiene razón Miguelina Guirao, las mujeres latinoamericanas dedicadas a la ciencia sufren una doble segregación: por género y por condiciones geopolíticas de poder.
Mucho tiempo había pasado desde el primer diploma obtenido por Cecilia Grierson. Para entonces las mujeres lograban el derecho al voto, y una joven enamorada se casaba y comenzaba a formar una familia. Ana Galimberti fue su obstetra. Del segundo de sus cuatro partos nací yo. Fue también mi primera ginecóloga, en la adolescencia. Hace unos meses, como diputada, le entregué una distinción legislativa como “Personalidad Destacada de la Ciencia”. Hemos recorrido un largo camino.
Conclusión:
1
Miguel de Asúa, La Ciencia de Mayo. La cultura científica en el Río de la Plata, 18001820, Buenos Aires, Ed. Fondo de Cultura Económica, 2010.
2
Alicia Itatí Palermo, “La participación de las mujeres en la Universidad”, http://www. cps.org.ar/_archivos_descargas/articulos_academicos/La_participaci%C3%B3n_ de_las_Mujeres_en_la_Universidad.doc.
3
Mónica García Frinchaboy, “Mujer y Educación” en Maffía D. y Kuschnir C. Capacitación Política para Mujeres. Género y Cambio Social en la Argentina Actual, Buenos Aires, Feminaria Editora, 1994.
4
Rolando Riviere,”Pioneras del feminismo argentino” http://www.magicasruinas. com.ar/revistero/argentina/pioneras-feminismo-argentino.htm.
5
Guillermo F. Marín, “Cecilia Grierson: mujer profana” http://www.socargcancer.org. ar/rcs/nmr/Cancerologiarevista2000427.pdf.
6
Santiago Paolantonio “Mujeres en los observatorios astronómicos argentinos” http:// historiadelaastronomia.wordpress.com/2010/03/08/mujeres-en-los-observatoriosastronomicos-argentinos/.
7
Susana Gallardo, “El techo de cristal” http://www.fcen.uba.ar/prensa/cable/2009/ pdf/Cable_722.pdf.
8
María Cristina Morandi, Anahí Cabezas y Carolina Brizuela, “Mujeres Pioneras en el Continente Helado”, http://www.hidro.gov.ar/Noticias/Mpioneras.asp.
9
Ana María Peppino Barale, “Miguelina Guirao, una científica argentina pionera en su campo”, http://veneno.com/2009/3/pepp-126.html.
FIGURA 18 – Diana Maffía y Ana Galimberti
NOTAS
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Me gustaría concluir esta ponencia con un llamado de atención sobre esas complejidades y a la vez un puente entre las pioneras y quienes hemos seguido un camino marcado por su huella. La Dra. Ana Galimberti, especialista en obstetricia, fue la primera mujer que obtuvo una cátedra como titular en la Facultad de Medicina de la Universidad de Buenos Aires. Promediaban los años ’50.
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PIONERAS DE LA CIENCIA EN MÉXICO. EL CASO DE LA UNIVERSIDAD NACIONAL AUTÓNOMA DE MÉXICO Norma Blazquez Graf Olga Bustos Romero
Introducción La recuperación de los nombres, trayectorias y contribuciones de las mujeres como académicas en la universidad, en la ciencia y la tecnología, ha sido trabajo de investigación en diversas partes del mundo, y en particular ha sido parte del proyecto más amplio de los estudios feministas que buscan transformar a la ciencia y eliminar el androcentismo aún presente en estas actividades. Lograr el reconocimiento de los aportes de las mujeres a las distintas áreas del conocimiento, muchas veces atribuidos a los hombres o registrados como anónimos, ha sido fundamental mediante el desarrollo de estas iniciativas. El análisis de la literatura en el tema1, muestra varios enfoques o aproximaciones para abordar la historia de las mujeres en la ciencia como campo de estudios, y se observa una diversidad de trabajos que abordan desde los primeros hallazgos e inventos de mujeres como Hypathia y sus aportaciones a la astronomía y las matemáticas en el siglo IV o María la Profetisa en el siglo XII2, hasta los descubrimientos más recientes de investigadoras como Bárbara McClintock sobre los mecanismos de la transposición genética3, o las investigaciones de Rosalind Franklin sobre la estructura del DNA4. La primera aproximación dentro de la historia de las mujeres en la ciencia, analiza la incorporación y participación fe-
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menina en las instituciones donde se ha practicado esta actividad, abordando la historia del acceso limitado y los obstáculos que han tenido las mujeres a la producción científica oficial y el lugar que ocupan en instituciones como las universidades, las sociedades y las organizaciones científicas. Una segunda aproximación se refiere a la recuperación de los logros de aquellas mujeres cuyas contribuciones científicas han sido eliminadas de las corrientes principales de la historia de la ciencia, mediante trabajos biográficos que incluyen a mujeres dedicadas a la ciencia y ponen el énfasis en su interés por el conocimiento científico y en las barreras por las que tienen que pasar para participar en la ciencia. La tercera aproximación, muy relacionada con la anterior, aborda la enseñanza de la ciencia a partir del conocimiento biográfico de mujeres científicas, destacando la importancia de enseñar ciencia vinculando los procesos de construcción del conocimiento con las personas que hicieron esas aportaciones5. La cuarta aproximación se refiere a las tareas que han realizado las mujeres desde el nivel de ayudantes de laboratorio, hasta el de investigadoras principales y sus aportaciones. Se describe y sistematiza su producción académica, la organización de espacios académicos propios, los proyectos surgidos por iniciativas de las mujeres, las nuevas publicaciones, y los números especiales dedicados a sus investigaciones, así como la participación de las mujeres en seminarios, grupos de estudio, asociaciones, congresos, revistas y editoriales. El eje de todas estas aproximaciones, es la incorporación de la perspectiva de género dentro de la historia de la ciencia, considerándola como un campo del conocimiento, ya que cuando surgió la historia de la ciencia como disciplina que estudiaba las relaciones entre la ciencia y la sociedad en las décadas de 1920 y 1930, no se consideró el papel de las mujeres, pues sólo se incluían aspectos como la religión, la clase social y la edad6. La importancia que tiene el análisis de género, es que recupera para la historia el trabajo de mujeres olvidadas, y al mismo tiempo muestra los factores culturales que incluso en la actualidad dificultan su acceso a la investigación científica y tecnológica.
Antecedentes En Iberoamérica, se realizan cada vez más trabajos con estas perspectivas, como puede verse en las publicaciones que se han elaborado a partir de los congresos de Género, Ciencia y Tecnología7. Con la idea de contribuir a estos estudios y conocer más acerca del trabajo de las académicas mediante la combinación de datos cuantitativos con resultados cualitativos, recientemente se han desarrollado estudios en México, que desde distintas perspectivas y visiones, han trabajado las biografías y los logros de las mujeres pioneras que se han dedicado a la docencia y a las ciencias en distintas universidades del país8. En la Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM), se han realizado tesis y proyectos de investigación que abordan tanto la historia de la incorporación de las mujeres a la educación superior y las ciencias9, como las trayectorias y contribuciones de las académicas, a través de entrevistas e historias de vida10. Los resultados obtenidos en estos estudios han permitido entender la condición de género de las académicas y proponer modelos de referencia que incluyan a las académicas pioneras y sus contribuciones, que reconozcan su autoridad, que las integren en una tradición que se transmita a las alumnas y alumnos y que permita nuevas actitudes del personal docente ante estos hechos. El trabajo que aquí presentamos, es parte de esos estudios, y se enmarca dentro de las aproximaciones mencionadas anteriormente, ya que describe la historia del acceso limitado y poco reconocido que han tenido las mujeres y el lugar que ocupan en la UNAM; recupera los logros y contribuciones científicas mediante trabajos biográficos; aborda la enseñanza de la ciencia a partir del conocimiento de figuras científicas femeninas vinculando los procesos de construcción del conocimiento; así como las tareas que han realizado, sistematizando su producción. Presentamos las trayectorias y proyecto de vida de 10 destacadas académicas, pioneras en sus respectivas disciplinas, que se han distinguido por hacer aportaciones notables en diferentes áreas del conocimiento, recuperando así la memoria histórica de estas mujeres en la UNAM.
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Objetivos Con el propósito de generar referentes a seguir por docentes y estudiantes, encaminados a lograr la equidad entre hombres y mujeres en la universidad, se hacen visibles las trayectorias y contribuciones de las académicas de distintas áreas del conocimiento en la UNAM. Se analizan y discuten los mecanismos institucionales e individuales que favorecen o dificultan su presencia, representación y reconocimiento; y se difunden las aportaciones de estas académicas en los distintos campos del conocimiento, contribuyendo así a eliminar los estereotipos de género prevalecientes aún en la comunidad universitaria y en la sociedad. Procedimiento
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Con la finalidad de analizar los mecanismos y políticas institucionales de ingreso, permanencia, promoción, reconocimiento y posicionamiento actual de las académicas en la UNAM, se realizó el acopio de materiales bibliográficos y de estadísticas, así como la búsqueda y recopilación de material en archivos fotográficos, institucionales y personales. La recuperación de los nombres, trayectorias y contribuciones de las mujeres académicas pioneras en la Universidad, se abordó mediante la utilización de entrevistas no-estructuradas como herramienta metodológica, poniendo el énfasis en el cruce de trayectorias académicas con vidas cotidianas. En cada entrevista se exploraron las distintas etapas de la carrera académica vinculándola con la historia personal y esta información se relacionó con el análisis del Currículo vitae completo y actualizado de cada académica entrevistada, elaborando cuadros de información que se combinaron con las categorías de análisis de cada entrevista. La elaboración del guión de la entrevista, se desarrolló con base en estudios anteriores11, considerando los objetivos de la investigación y el marco teórico en el que se sustenta, así como en los rubros o categorías previamente identificadas, es decir, los datos socioeconómicos y la familia de origen; la formación escolar que comprendía primaria, secundaria y preparatoria; la formación universitaria, en la que se contemplaban los estudios de licencia-
tura y posgrado, las expectativas y percepciones de estas fases de la educación, así como las relaciones afectivas establecidas en esos periodos; y la trayectoria académica profesional, que incluía la etapa como académica, las relaciones sentimentales de esas etapas y el proyecto de vida personal elegido. Asimismo, se incluyó la percepción de una conciencia de género o de discriminación a lo largo de sus trayectorias. A partir de los criterios de selección establecidos, se hizo el contacto con cada académica para programar las entrevistas, y se les solicitó el curriculum vitae extenso, en el que se consideraron los principales rubros de las actividades de investigación, docencia y difusión, así como los nombramientos y cargos académicos; las becas, reconocimientos y premios. Con el guión de entrevista previamente elaborado y probado, se realizaron las citas y las visitas a las entrevistadas, que se grabaron en audio y video en distintos escenarios (cubículos, laboratorios, estudios y casas particulares). Asimismo, se solicitó a las académicas fotos, videos, y documentos, como material necesario para la inclusión y óptima edición de los materiales. La videograbación de las entrevistas permitió estructurar posteriormente un video de cada académica, dejando así una memoria histórica de estas destacadas mujeres. Características de las académicas entrevistadas En la investigación participaron diez académicas de la UNAM, cuyas edades fluctuaban, al momento de hacer las entrevistas, entre 56 y 80 años de edad (dos nacieron a finales de los veintes, cuatro nacieron en la década de los treinta, cuatro en la década de los cuarenta y una en la década de los cincuenta). Todas tienen los más altos nombramientos en la UNAM en distintos campos del conocimiento, y actualmente están activas: tres pertenecen a las ciencias naturales (química), una es de ciencias exactas (física), una de ingeniería, tres de ciencias sociales (sociología, antropología y psicología), y dos de humanidades (letras y geografía). Estas académicas son mexicanas, destacadas profesoras e investigadoras, con amplia y productiva trayectoria desde hace décadas y se han distinguido por haber hecho importantes contribu-
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ciones e innovaciones que han incidido en el enriquecimiento de las ciencias de donde proceden. Han dejado huella a través de las múltiples publicaciones que han producido, y también de manera importante y consistente han formado a estudiantes de diferentes generaciones que se han incorporado a grupos de investigación a cargo de ellas, o han creado nuevos grupos con excelentes resultados. Tienen el nombramiento más alto que otorga la UNAM y la categoría más alta en estímulos al personal académico (PRIDE); así como reconocimientos dentro y fuera de la universidad, y los niveles más altos en el sistema nacional de investigadores (SNI). Las características y criterios de selección de las académicas de esta investigación, fueron las siguientes: • Nacionalidad mexicana • Mayores de 55 años de edad • Doctorado • Plaza de tiempo completo como profesoras o investigadoras titulares • Definitividad (implica antigüedad) • Participación en el Programa de Estímulos a la Productividad de la UNAM (PRIDE) • Integrante del Sistema Nacional de Investigadores (SNI) • Contribución al campo de conocimiento en el que trabajan • Reconocimientos y premios internacionales, nacionales y de la UNAM • Desempeño de cargos de responsabilidad y dirección, y en órganos colegiados (comisiones evaluadoras y dictaminadoras) • Proyectos dirigidos y financiados • Proyectos colectivos y/o internacionales
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Pertenecer a las siguientes áreas del conocimiento: I. Ciencias de la vida, ciencias químicas y de la salud II. Ciencias físico-matemáticas III. Ciencias sociales y ciencias de la conducta IV. Humanidades V. Ingenierías y tecnologías
Nombramientos del personal académico y ubicación de las académicas En la UNAM, el nombramiento de profesora o investigadora de carrera de tiempo completo, se adquiere por concurso abierto y tiene dos categorías: asociada y titular, que a su vez tienen tres nivelesde
menor a mayor A, B, y C. Para determinar estas categorías y niveles, se considera la formación académica y los grados obtenidos; la labor docente y de investigación; los antecedentes académicos y profesionales; labor de difusión cultural; labor académico-administrativa; antigüedad en la UNAM; y la intervención en la formación de personal académico. El total del personal académico en la UNAM en 2008 fue de 34,835. De ese total, 11,731 son de carrera (es decir el 33.7%), y abarca las siguientes figuras de plazas: Investigador/a titular o asociada/o, con categorías A, B y C; Profesor/a titular o asociada/o con categorías A, B y C; Técnicas/os auxiliar, asociada/o o titular, con categorías A, B y C. Resulta pertinente aclarar que el nombramiento, figura y categoría más alta que se puede asignar al personal académico en la UNAM, es la de Investigador/a o Profesor/a Titular C tiempo completo, con igual salario. El porcentaje de las mujeres dentro del personal académico de la UNAM durante el periodo 1999 a 2008 no ha variado mucho, observándose un incremento únicamente de 39 a 42%. Personal académico en la UNAM por sexo, 1999-2008. Año
Hombres
%
Mujeres
%
Total
1999
18,706
69%
12,062
39%
30,768
2000
17,941
61%
11,589
39%
29,530
2001
18,369
60%
12,004
40%
30,373
2002
19,051
60%
12,510
40%
31,561
2003
19,183
60%
12,687
40%
31,870
2004
19,409
60%
13,089
40%
32,498
2005
19,489
59%
13,326
41%
32,815
2006
19,601
59%
13,655
41%
33,256
2007
20,075
59%
14,144
41%
34,219
2008
20,251
58%
14,584
42%
34,835
Fuente: Dirección General de Planeación, UNAM. Base de datos, 2008. http://www.estadistica.unam.mx/sideu/html/anual.php.
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Gráfica elaborada a partir de la tabla anterior.
Fuente: Dirección General de Planeación, UNAM. Base de datos, 2008. http://www.estadistica.unam.mx/sideu/html/anual.php.
Respecto a la diversidad de nombramientos, lo que se observa es una relación inversa en detrimento de las académicas, es decir, a mayor categoría menos mujeres. Como puede verse, en el nombramiento de personal técnico académico, ellas representan 54%, en el nombramiento de profesoras de carrera, las mujeres alcanzan 41%, y en el nombramiento de personal de investigación, sólo alcanzan 35%. La brecha todavía es más grande cuando se desagrega el tipo de nombramiento por categoría, es decir, A, B o C, observándose que en la categoría de profesoras titulares C, las académicas representan 39% y en la de investigadoras titulares C, constituyen únicamente 27%. 176
41% del total del personal académico 54% técnicas académicas 40% profesoras de asignatura 42% profesoras (Titulares C = 39%) 35% investigadoras (Titulares C = 27%) Historias de vida y trayectorias académicas A partir de las entrevistas realizadas, a continuación se muestran las trayectorias familiares y profesionales de las académicas, combinándolas con sus currículo vitae, y se ilustran con algunos testimonios.
1. Familia y procedencia sociocultural En términos generales, las académicas entrevistadas tuvieron padres profesionistas (ingeniero agrónomo, metalúrgico, médico, abogado, fotógrafo, antropólogo, político) y madres con estudios a nivel medio (comercio, contabilidad, costura, piano) la mayoría dedicadas al hogar y a la familia. Sus familias eran unidas, con fuerte influencia de tías y abuelas sobre ellas; dos de las entrevistadas fueron hijas únicas y las demás tenían 3 o más hermanos y hermanas; 6 tuvieron padre y madre nacidos en México, una tuvo padre mexicano y madre extranjera y 3 son hijas de padre y madre extranjeros (España, Venezuela, Ucrania y Rumania); todas menos una nacieron en el país, la mayoría en el Distrito Federal. En 4 casos sus madres quedaron viudas, o por problemas económicos tuvieron que trabajar. Todas fueron educadas para el matrimonio y la maternidad, pero al mismo tiempo, sus familias (padre, madre u otro familiar) tuvieron actitudes favorables hacia los estudios superiores, aunque no en todos los casos en las carreras que ellas decidieron, sobre todo, aquellas que seleccionaron física e ingeniería. Según los resultados de las entrevistas, en cuatro casos se favoreció su entrada a la universidad porque nacieron y crecieron en ambientes familiares en los que por el nivel cultural, económico o ambos, se consideró apropiado y normal que las mujeres estudiaran en la universidad. “… mis padres vivían en un mundo muy intelectual, muy político y no había ni que preguntar, era muy natural y muy lógico que yo iba a estudiar”. “Mis papás nunca dudaron, lo vieron como un hecho, como algo natural, siempre me apoyaron a seguir adelante con mis estudios universitarios”.
En otros 4 casos, la familia no contaba con recursos económicos pero apreciaba la educación como vía de movilidad social, así como las capacidades intelectuales de sus hijas. “haber decidido estudiar una carrera universitaria fue algo que siempre se nos inculcó por mis padres”.
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“Cuando dije: quiero ser secretaria, mi madre montó en cólera y dijo de ninguna manera, de ninguna manera, te vas a la universidad porque tu tienes una gran inteligencia”. “En esa época tú sabías que teniendo una carrera, podías mejorar económicamente, socialmente, todo. Entonces tú tenías un aliciente…”.
En dos casos, hubo cierta resistencia para que ingresaran a la universidad porque se pensaba que era mejor que estudiaran alguna carrera u oficio corto como modista o decoración, pero su insistencia, inteligencia y aplicación en el estudio, convenció a sus familias. “…mi papá me decía, si te vas a casar, para qué quieres estudiar, como estaba en la universidad femenina, había varias carreras cortas, entonces me decía, estudia decoración de interiores, estudia para laboratorista y yo le decía, por qué voy a ser laboratorista, si puedo ser química…”. “…un médico que era amigo de él, muy amigo le dijo: no es posible que sigas teniendo a esta chica en la casa, ella tiene deseos de estudiar, entonces entré como al año y medio como estudiante oyente, y presenté todas las asignaturas a título de suficiencia, y bueno ya después me seguí con mucho gusto toda la carrera”.
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Puede decirse que la procedencia social de la mayoría de las académicas entrevistadas, era de clase media y media alta, con acceso a la cultura y con intereses en la educación y la formación profesional de sus descendientes. En todos los casos ellas reconocen las ventajas de su procedencia familiar o herencia intelectual en la que se cultiva el conocimiento y la creatividad. 2. Ambiente escolar El acceso a la universidad y después a los estudios de doctorado, se vieron influidos por distintas circunstancias. El aprovechamiento escolar tuvo una influencia notable en la decisión para proseguir la carrera académica. Además del gusto por el conocimiento, la mayoría de las entrevistadas tuvieron alto rendimiento y mayores opciones para continuar su formación, rompiendo con los estereotipos de género acordes con la época: “desde pequeña tuve especial dedicación al estudio, siempre me gustó y no me costaba trabajo”.
“tuve que ir a una preparatoria de hombres, pues no había para mujeres en esa ciudad”. “no me iban a dejar entrar a la Universidad pues tenia 16 años y anduve preguntando cómo le hacía para poder entrar acá a la Universidad; decía háganme un examen a ver si puedo entrar. En aquel tiempo no había exámenes, había las contradicciones de la edad… …entonces dije: están mis calificaciones, traigo buenas calificaciones, bueno por fin yo creo que por cansancio me dejaron entrar”.
La inclinación por la carrera de investigación puede originarse o fortalecerse por la influencia favorable de maestros y maestras: “… la figura que más me marcó, era una mujer, nunca supe si inglesa o mexicana, con un inglés perfectamente británico y ella fue una maestra que despertó en mi la pasión por el idioma, pero una pasión verdaderamente desmedida que fue lo que luego me salvó porque, como no pude estudiar medicina, no quedé frustrada porque pude estudiar letras inglesas”. “ya habiendo salido de la facultad tenía que hacer mi tesis, ahí también me encontré con un profesor magnifico…, me dio una beca que me permitió hacer una tesis interesante”.
La vinculación temprana con los grupos de investigación profesionales, también aparece como un elemento importante para su desarrollo científico: “… me topé con gente que hacía investigación desde muy temprano, de hecho la mayoría de mi generación seguimos hacia un posgrado porque fuimos muy motivados por nuestros maestros”.
Una vez que llegaron a la universidad, las exigencias académicas y el ambiente intelectual, así como el interés personal, las impulsaron para seguir y ser exitosas dentro de la carrera académica. De las diez entrevistadas, 8 realizaron los estudios universitarios en la UNAM y dos en otras instituciones nacionales (una privada). Obtuvieron su licenciatura a una edad entre los 21 y 23 años (entre 1947 y 1974), menos una, que inició sus estudios universitarios después del matrimonio y la maternidad: “cuando entré a estudiar la carrera yo era la más vieja, mi hijo mayor tenía 13 años, yo tenía 3 hijos y en medio tenía una hija, a la niña, entonces tenía que arreglármelas”.
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En todos los casos, ellas decidieron estudiar su carrera aunque no fuera lo esperado y apropiado para las mujeres, ya que la presencia femenina en la universidad no era lo común en la época en la que ellas estudiaron, esto se observa de manera más evidente en el caso de las dos académicas que se incorporaron a física e ingeniería, por ser campos muy masculinos, donde era mucho menos esperado su ingreso: “...tuve que romper el esquema porque había un edificio de puros salones y sólo había baños para hombres. Entonces tuvimos que ir a ver al director y decirle: “oiga, no se ha dado cuenta que también hay mujeres”. “…en el Politécnico hubo muchísimos profesores sobre todo en el área de electrónica que eran militares, entonces para ellos una mujer ¿qué está haciendo ahí?. Cuando entré a cálculo hubo un profesor que me dijo: no, yo no acepto mujeres …cuando salí de esa materia con diez, él llegó y me dijo: la felicito, de aquí en adelante la restricción de no mujeres, la elimino”.
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Durante la carrera académica, la mitad de las académicas entrevistadas se dedicaban exclusivamente a sus estudios universitarios, sólo un caso tenía además trabajo familiar y doméstico porque como mencionamos anteriormente, primero se casó y tuvo descendientes y luego entró a la universidad; las otras cuatro académicas sí desempeñaban trabajos adicionales complementarios como docencia o trabajo en laboratorio para mejorar la situación económica de la familia, sobre todo en el caso de aquellas cuyos padres fallecieron muy jóvenes o no vivieron con ellas: “Yo estrené las prepas. Había ésta posibilidad de que le dieran a una clases a pesar de que no tenía el título. No sólo no tenía el título, estaba empezando la carrera”. “… y en la facultad, lo mismo. Era el momento en que empezaba a crecer letras inglesas, pues me dieron clases luego luego”. “… empecé a dar clases desde antes de terminar la carrera, … un profesor me dijo: necesito una ayudante en el laboratorio de química inorgánica y le dije yo no se nada de eso y me dijo pues así aprendes…”. “era el primero o el segundo año de la carrera y se presentó la posibilidad de concursar siendo yo estudiante, por una plaza de ayudante de maestro… y le entré”.
Más de la mitad hicieron maestría, y todas menos una se doctoraron. Dos obtuvieron este grado a los 27 años, tres entre los 32 y 37 años, y las demás entre los 42 y 45 años; todas menos una realizaron los estudios de posgrado con beca en el extranjero, la mayoría hizo el doctorado ya con pareja e hijos/as. Sobre el desarrollo de las especialidades en las que se formaron para doctorarse las académicas entrevistadas, se observa que como se gradúan a partir de los sesentas, algunas se especializaron en áreas nuevas en México (principalmente las de ciencias naturales), abriendo la posibilidad de que se incorporaran a la universidad cuando había apertura de plazas nuevas para ellas. “en aquel entonces el grupo de orgánica de la Facultad de Química era un grupo muy fuerte y de hecho había nada más dos maestros que hacían inorgánica, era una deficiencia muy grande, entonces al platicar con alguno de los maestros, me incentivaron a mí y a otros compañeros que ahora somos investigadores aquí, de por qué no estudiábamos inorgánica…”. “yo tenía el compromiso de que nos habían invitado a formarnos fuera del país para ser profesores de calidad… en esa época la gente entraba con una gran facilidad a dar clases, no había tanta gente preparada, ni tantas restricciones y competencia como ahora”.
3. Trayectoria académica Como hemos visto anteriormente, en la UNAM el nombramiento de profesora o investigadora de carrera de tiempo completo, que es el que tienen las académicas entrevistadas, es un nombramiento que se adquiere por concurso y tiene dos categorías, asociada y titular, que a su vez tienen tres niveles: A, B, y C, siendo este último el máximo nivel que se puede alcanzar. La mayoría de las entrevistadas se incorporó a la universidad con horas de asignatura o con una plaza de ayudante o asociada y fueron obteniendo promoción cada tres o cuatro años de acuerdo con la reglamentación universitaria: “…empecé a dar clases en la Facultad como profesora de asignatura por horas, porque en aquel entonces yo ya tenía un bebé y tuve mi segundo hijo en esa etapa”. “cuando yo entro casi en el primer año, no recuerdo si era el primero o el segundo...se presenta la posibilidad de concursar, siendo yo estudiante de la carrera, por una plaza de ayudante de maestro…”.
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“entré a trabajar al instituto como ayudanate de investigador y tengo plaza desde que estaba en la facultad… y de ahí fui promoviéndome poco a poco. Pero primero estuve medio tiempo, cuando mis hijas estuvieron chiquitas”.
El acceso al primer puesto estable como profesora o investigadora de carrera se produce muy rápido una vez obtenido el doctorado; en los 10 casos estudiados, se consiguió entre los 30 y 40 años, y el puesto de mayor nivel académico, se logra a partir de esa edad en adelante. El análisis sobre la producción científica en cantidad de artículos publicados, libros y capítulos de libros, relacionada con los años en los que accedieron a los distintos puestos de trabajo o categoría, muestra que hay un incremento a partir del nombramiento de mayor nivel, coincidiendo también con que los hijos ya no eran pequeños. La mayoría de ellas articula la investigación con la docencia, varias de ellas señalan que les gusta formar a estudiantes y participar en la elaboración de programas de estudio. “dar clases me encanta, me gusta mucho la interacción con los jóvenes, transmitirles lo que hago, el gusto por la materia, interactuar con ellos es mantenerse joven”. “además de mis actividades de investigación, yo diría que la docencia es probablemente mi mayor fortaleza, si me preguntan qué es lo que mejor hago, digo que es dar clase, a pesar de que los alumnos cuando están bajo mi tutela, se quejan, porque soy exigente”. “me gusta, disfruto dar clases y mejorar y cambiar nuevos libros, mi disciplina me lo exige, no me puedo quedar atrás”.
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Son integrantes de comisiones evaluadoras, dictaminadoras y de arbitraje de proyectos y publicaciones, y han recibido reconocimiento y premios a su labor. Cuando han tenido cargos de responsabilidad, varias de ellas piensan que son distinciones y triunfos que las han enriquecido, otras piensan que es un “servicio” que ellas hacen para retribuir lo que la universidad les ha brindado:
“Fui nombrada de la Junta de Gobierno, no sé por qué, la verdad fue una cosa que yo nunca me esperé…” “… la Junta de Gobierno es una cosa muy especial, realmente es uno de los grandes honores que he tenido yo en toda mi vida”. “En mi entrevista ante la Junta de Gobierno, me preguntaron si yo creía que siendo mujer la iba a poder hacer como Directora de Facultad… yo les dije que sí podía ser directora…”.
Como se vio anteriormente, los reconocimientos que se otorgan por la labor científica son importantes ya que traducen la distinción y estímulo que hace la comunidad académica a sus integrantes. De acuerdo con la normatividad universitaria, es personal docente o de investigación emérito, quien es designado por la UNAM por haberle prestado cuando menos 30 años de servicios, con gran dedicación y haber realizado una obra de valía excepcional. De las diez académicas entrevistadas, seis son eméritas: “la satisfacción máxima fue cuando me dieron el emeritazgo, me sentí muy apreciada, muy querida en la universidad”. “el día que se hizo la celebración de mi emeritazgo, para mi fue muy significativo no sólo que se le diera a una mujer, con lo que se sigue manteniendo la cuota del diez por ciento de los eméritos que hay en toda la universidad, pero más importante me pareció que jamás se le había dado a nadie de letras modernas”.
Todas consideran que han logrado el reconocimiento de la comunidad a la que pertenecen. Se sienten muy satisfechas y realizadas con su trabajo y son conscientes de que ser académicas les da una posición de independencia, autonomía y libertad que no tendrían si no se hubieran dedicado a la academia, además de a su familia: “fue un logro muy importante, es un reconocimiento del gremio, ese premio fue muy importante”.
“estar en la administración es mi contribución a la universidad por todo lo que me ha dado”.
“… mis ingresos son muy razonable, me siento muy independiente y muy bien”.
“participar en comisiones se vuelve como una obligación, parte de nuestra responsabilidad es hacer todas esas actividades”.
“he recibido mucho más de lo que yo esperaba de mi formación, creo que he recibido muchísimo porque trabajo en lo que me gusta, cosa que no todo mundo puede tener esa suerte”.
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“Soy una persona muy afortunada de estar en esta Universidad, a la cual le debo todo lo que soy y a esta Facultad de la que he tenido los mayores retos y la que me ha dado posibilidad de estar en otros lugares y tener ánimo para hacerlo, porque tiene sus grandes potencialidades…”.
4. Estado civil y descendencia De las 10 entrevistadas, 8 se casaron o vivieron en pareja y 2 decidieron vivir solas; la edad de matrimonio fue alrededor de los 20 años; sus parejas en todos los casos fueron profesionistas y la mitad de estas parejas también se dedicó a la academia. De las 8 casadas o que vivieron en pareja, 5 se divorciaron, 4 de ellas después de más de 20 años de matrimonio, 2 enviudaron y una sigue viviendo con su pareja: “Yo me casé estando todavía en la licenciatura, me casé con un compañero de generación”. “tuve muchos amigos, pero realmente gente con la que viví ninguna, yo diría que soy muy exigente… entonces buena parte de mi tiempo lo dedico a otras cosas, tengo amigos, pero realmente pareja no la he tenido”. “Era tal mi apasionamiento por el estudio, que me distraje y por eso no me casé, me dediqué mucho a mis estudios y el novio era algo así como secundario, creo que los novios se decepcionaban de mí porque no ocupaban el primer lugar…” “…he tenido muchas satisfacciones, mis alumnos llenan mucho mi vida…”.
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De las 10 entrevistadas, 7 tuvieron descendientes, 6 de ellas los tuvieron antes o durante la realización del doctorado y una después de haberlo obtenido; actualmente casi todas son abuelas. Existe una influencia importante en la formación de sus descendientes, ya que se han dedicado también a las ciencias o a las artes. Cabe destacar que ninguna de ellas se planteó el escenario de dejar su carrera laboral y dedicarse únicamente a la crianza de los hijos e hijas: “mi carrera ha sido ya de casada… en el momento que inicié el doctorado dije, sí esto es lo que yo quiero hacer, entonces asumo la responsabilidad”. “para mí era muy claro que sí quería tener familia y no sentía que eso me iba a impedir hacer una carrera de investigación; sí por supuesto implicó mucho de mí, o sea, organización, ingeniármelas, los famosos cursos de verano, cómo te las vas arreglando, pero la verdad es que era parte del asunto, por supuesto que nunca hubiera dejado mi familia, ahora te puedo decir que al mirar hacia atrás, fue lo mejor que pude haber hecho, tener mi familia y tener mi carrera”.
“en la decisión de tener a éste hijo mío, supe desde siempre que tener un hijo significaba ya nunca poder volver a trabajar ni a la profundidad, ni con el ritmo que había trabajado antes y no me importó”.
En cuanto a la participación de sus parejas en el cuidado de los descendientes, relatan haber tenido apoyo de su parte, pero las cargas eran desiguales: “él sí me ayudaba a estar con los hijos… pero yo me las tenía que arreglar… en una ocasión, de tan cansada me quedé dormida en la alfombra del baño de quienes nos invitaron a cenar”. “cuando mis hijos nacieron, preferí dedicarme a traducir libros, pues así no los descuidaba. Fue muy importante, pues traduje libros novedosos ”. “siempre me apoyó con los niños más chiquitos y cuando ya estaban más grandes pues con sus tareas, entonces siempre hubo un apoyo muy fuerte por su parte, ha sido un excelente padre”.
Aunque las entrevistadas son académicas que cuentan con la categoría y nivel más alto que se puede obtener en la UNAM, los resultados muestran que estar casadas con académicos puede abrirles las puertas o afectar el reconocimiento y logros dentro de la comunidad, ya que en algunos casos ellas han obtenido esos puestos más altos de la trayectoria docente o de investigación, después de que los obtuvieron sus esposos. En algunos casos también existe cierta competencia que llega a interferir, o a provocar separación: “Los dos concursamos por una beca porque todo lo hacíamos juntos, eso sí, nunca nos separábamos...no imaginábamos la vida separados. Yo no sé si eso favoreció la relación pero yo creo que sí, porque estábamos más unidos, muy unidos y todo lo queríamos hacer juntos”. “como mi esposo se dedicó a la administración en la universidad, conocía mi trabajo y no había conflicto ni competencia, al contrario, siempre me apoyó y me apoya hasta la fecha”. “Pues mira, yo creo que la verdad a la larga siempre sucede, sobre todo si trabajas en áreas muy afines, tan parecidas, pues sí hay competencia”. “Mi esposo era un hombre muy activo, muy dinámico estaba en la iniciativa privada... teníamos visiones diferentes de la vida, y el cambio más significativo se dio cuando me nombraron como Directora…”.
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Como mencionamos, una de las académicas que tuvo descendencia, tuvo a su hijo después de su doctorado al cumplir 40 años, y otras tres no tuvieron descendencia. En estos últimos 4 casos, es interesante notar la decisión consciente de las académicas, que actuaron como las mujeres de las siguientes generaciones en cuanto a la opción por la descendencia y la edad de maternidad, lo que hace suponer que la trayectoria académica puede modificar las pautas familiares y maternales tradicionales en comparación con sus contemporáneas: “Cuando me embaracé ya tenía los cuarenta cumplidos. De hecho nació mi hijo y a los tres meses cumplí los cuarenta y uno… dije: no quiero el paquete completo, marido y esas cosas no, yo quería un bebé”. “con respecto a si me hubiera gustado tener hijos, hubo momentos, pero muy breves yo diría, realmente nunca sentí que los necesitaba… nunca tuve en mente: es que yo quiero tener un hijo”. “sobre tener hijos, pensé que ya habría tiempo para eso, y se fue el tiempo; creo que he llenado esos huecos con muchas otras actividades, además del aspecto académico, también me gusta mucho el arte, pinto acuarela, óleo y he tenido muchas exposiciones de pintura, me gusta escribir cuentos, en fin, tengo otras actividades que me agradan”.
5. Sensibilidad de género
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El grupo entrevistado, pertenece a una generación de mujeres que en el curso de su formación científica, así como en sus trayectorias, no han tenido la oportunidad de reflexionar o identificar tratos desiguales hacia ellas: “mi experiencia es que siempre hemos sido parejas las mujeres y los hombres, yo nunca he sentido que los hombres nos hayan tratado menos a las mujeres…”. “yo nunca sentí una discriminación de ninguna manera ni en mis estudios aquí, ni en mis estudios en Inglaterra”. “ser mujer no implicó trabas, al contrario, yo me siento muy afortunada de haber tenido las posibilidades que he tenido aquí y en ningún momento he sentido que el hecho de ser mujer me haya detenido, las circunstancias propias de una familia sí, en un momento dado no avanzaba yo a la velocidad que a mí me hubiera gustado”.
Sin embargo, en sus estudios profesionales algunas de ellas no estuvieron exentas de comentarios desalentadores por estar en la universidad: “Él me decía: para qué estudias? ya sabes mucho….. yo estudiaba con sentimientos de culpa, porque sentía que descuidaba a mis hijos…
En las primeras sesiones de las entrevistas, expresan que la buena formación y el éxito se da independientemente del sexo. Se sienten libres de discriminación, pero tienen conciencia de que en otros ámbitos puede existir: “Yo pienso que si la gente hace el esfuerzo, es igual que sea hombre o que sea mujer. El chiste es que se prepare, que estudie y que trate de hacer las cosas bien. No hay diferencia”. “Yo llegué a una universidad recién fundada como universidad técnica en Alemania, y resulta que yo fui la primera mujer en graduarme, así que salí en el periódico, porque era la primera mujer que salía del doctorado en ingeniería. Y había pocas mujeres estudiando en ese momento. Parece que las sociedades muy desarrolladas también son sexistas en esos campos”.
Sin embargo, es interesante destacar que en varios casos la conciencia de discriminación por ser mujeres se fue construyendo a través de la retrospectiva que realizaban al repasar su vida durante las entrevistas. Es decir, la entrevista per se contribuyó a la toma de conciencia sobre su condición de género, y específicamente sobre su situación en relación al sexismo en la institución académica, lo que al inicio de las entrevistas no identificaban, como ocurre al señalar algunos obstáculos que han vivido para ocupar puestos de dirección y aprecian ventajas de los hombres para obtenerlos: “Me dieron la jefatura de división… me consta que no me la iban a dar a mí; se la iban a dar a un profesor, que no pudo tomarla porque era jubilado”. “Participé dos años en la evaluación de los premios de la Academia de Investigación Científica. Entonces, como que parece ridículo, porque nunca he tenido el premio de la Academia de la Investigación Científica, sin embargo me nombran para que yo evalúe, para que yo juzgue…”. “Las mujeres llegamos a puestos de responsabilidad, pero no a puestos de poder, esa es la realidad”.
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Además, en relación con lo anterior, aprecian diferencias entre hombres y mujeres en el trabajo científico, señalando que ellos dedican más tiempo a las tareas de investigación, mientras que ellas tienen que compartir su tiempo entre el trabajo y la familia. Un aspecto de gran importancia es la incompatibilidad de la vida y costumbres familiares con las exigencias del trabajo de investigación: “las mujeres hacen más de lo que se puede porque siguen haciendo su labor como profesionales pero también otras labores familiares que los hombres no tienen”. “Sentía que iba muy despacito porque la carrera de investigación siempre me ha gustado y además con la familia a veces sentía que estaba en una banda sin fin, que corre, corre y corre y no llegaba muy lejos…”. “…regresaba a trabajar como a las 7 de la noche, ya que les había dado de cenar a mis hijos, los había bañado y los dejaba dormidos”.
Sobre el tema de los obstáculos y estrategias para llegar a las posiciones que actualmente tienen, las entrevistadas se centraron en las cualidades o habilidades personales, la capacidad y el gusto por el trabajo, por crear e innovar, perseverancia y redes familiares, de amistades y colegas, una buena parte de ellas siempre tuvieron la posibilidad de tener a alguien a cargo del cuidado de sus descendientes y del trabajo doméstico:
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“Aprendí muy bien a decir en todos los comités: pues fíjense que tal vez tenga un compromiso a las diez de la mañana y no pueda ir a la junta, y no tenía que decir que era la fiesta de fin de curso de mi hijo”. “algunas personas piensan que es un vicio el trabajar, pues yo creo que es un placer, cuando te gusta es un verdadero placer hacerlo”. “he tenido gente que me ha ayudado con el cuidado de mis hijos, tuve a una señora que trabajaba con nosotros desde soltera, era como una tía, quería mucho a mis hijos”. “tuvimos la enorme ventaja de que mi mamá y mi suegra siempre nos ayudaron con los niños cuando nosotros teníamos que irnos a trabajar”.
Reflexión Final Con esta investigación, dejamos memoria de las académicas de distintas áreas del conocimiento para no sólo visibilizarlas y recono-
cerlas, sino también para que la comunidad académica y estudiantil tenga un referente o modelo que pueda ser retomado en su quehacer universitario diario. Cuando hablamos de generar modelos, nos referimos a que tradicionalmente las figuras a seguir han sido los hombres, porque históricamente es lo que se difunde, se publica, se enseña y por lo tanto es de quienes se habla, producto de un sistema androcéntrico que todavía está presente en las sociedades, por lo que se conocen pocas figuras de mujeres. Estas académicas han sido capaces de romper o superar los estereotipos y roles de género que históricamente se han asignado a las mujeres y son ejemplo a seguir, ya que han tenido una participación activa y han hecho aportaciones en alguna de las áreas del conocimiento, incluyendo las matemáticas, que tradicionalmente se h considerado un campo masculino; es decir, son mujeres académicas que ya forman parte importante de la historia de la UNAM. Los resultados obtenidos permiten conocer mejor la historia de las académicas universitarias, sus hábitos e intereses, su vida social, profesional y familiar, y la dedicación e interés que mantienen a lo largo de su trayectoria que es muy distinta a los de la vida doméstica, que las normas sociales y los estereotipos han asignado tradicionalmente, ya que algunas experiencias de las entrevistadas, revelan que se trasladan consignas y prejuicios sociales de género a la institución científica. Su trabajo académico y docente, el conocimiento científico y experimental o teórico que han difundido a través de su labor cotidiana, son su principal aportación social como mujeres productoras de cambios por su comportamiento cotidiano tanto en el hogar, como en sus puestos de trabajo. Nos interesó entrevistar a las pioneras en la UNAM, con la idea de explorar el medio en el que se produjeron las carreras de investigación y docencia de ese grupo de académicas universitarias, para obtener claves sobre los factores que intervinieron en el proceso social de profesionalización de mujeres en la academia universitaria en México. El grupo seleccionado pertenece a una comunidad académica que se formó y desarrolló en México principalmente dentro de la UNAM, en un periodo que va desde fines de los años cuarenta, a
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190
principios de los setenta, que accedió a la formación en el extranjero a partir de los años sesenta, y que obtuvo un cierto reconocimiento académico, nacional e internacional, a partir de los años setenta. En relación a las condiciones que hacen posible el acceso a la promoción profesional y a puestos superiores en el escalafón académicos, en México las académicas estudiadas consiguieron el primer puesto estable antes de cumplir los 30 años y el nombramiento máximo de Titular C lo lograron todas después de los 40 años. Las académicas entrevistadas de mayor edad, son del grupo académico que cuenta con el mayor respeto y que han logrado reconocimientos adicionales socio-académicos. Hay consenso en la comunidad universitaria y académica del país hacia ellas, entre hombres y mujeres, sobre su trabajo, sus aportes a la ciencia, y sobre su capacidad de difusión activa de conocimiento experto en cada una de las áreas del conocimiento en las que se especializaron, en las que se formaron y han formado a sus estudiantes. La procedencia social de la mayoría de las académicas entrevistadas, era de clase media y media alta, con acceso a la cultura y con intereses en la educación y la formación profesional de sus descendientes. Son mujeres con incentivos intelectuales y afectivos desde la infancia, cuyo acceso a la educación superior y a la investigación fue posible por pertenecer a familias que compartían intereses culturales e intelectuales que fomentaron en sus hijas, en una época en que esto no era habitual. Además del gusto por el conocimiento, la mayoría de las entrevistadas tuvieron influencia favorable de maestros y maestros, así como un alto rendimiento y mayores opciones para continuar su formación, rompiendo con los estereotipos de género acordes con la época, que les imponían una serie de restricciones. Decidieron estudiar su carrera aunque no fuera lo esperado y apropiado para las mujeres, ya que la presencia femenina en la universidad no era lo común en la época en la que ellas estudiaron, esto se observa de manera más evidente en el caso de las dos académicas que se incorporaron a física e ingeniería, por ser campos muy masculinos, donde era mucho menos esperado su ingreso. Todas menos una realizaron los estudios de posgrado
con beca en el extranjero, y la mayoría hizo el doctorado ya con pareja y descendientes. En lo que se refiere al estado civil y la descendencia, es importante destacar que ninguna de las entrevistadas se planteó el escenario de dejar su carrera laboral y dedicarse únicamente a la crianza de sus descendientes. Lo que se relaciona con la condición socioeconómica de estas académicas y las facilidades de apoyo doméstico, que les permitieron la conciliación profesón-maternidad, ya que existía un apoyo variable y relativo de sus parejas. Aunque las entrevistadas son académicas que cuentan con la categoría y nivel más alto que se puede obtener en la UNAM, los resultados muestran que existe una tensión continua en el binomio familia-trabajo, ya que el estar casadas con académicos, puede abrirles las puertas del sistema, o generar competencia y afectar el reconocimiento y logros dentro de la comunidad. El papel de la pareja en el avance profesional de las académicas, se vive como importante a la vez que como barrera ante el avance académico, por lo que este aspecto es un tema que requiere mayor estudio y análisis. Todas consideran que han logrado el reconocimiento de la comunidad a la que pertenecen. Se sienten muy satisfechas y realizadas con su trabajo y son conscientes de que ser académicas les da una posición de independencia, autonomía y libertad que no tendrían si no se hubieran dedicado a la academia, además de a su familia. Las entrevistadas pertenece a una generación de mujeres que en el curso de su formación científica no han tenido la oportunidad de reflexionar o identificar tratos desiguales hacia ellas. La conciencia de discriminación por ser mujeres se fue construyendo a través de la retrospectiva que realizaban al repasar su vida durante las entrevistas. Es decir, la entrevista per se contribuyó a la toma de conciencia sobre su condición de género y específicamente sobre su situación en relación al sexismo en la institución académica, lo que al inicio de las entrevistas no identificaban, como ocurre al señalar algunos obstáculos que han vivido para ocupar puestos de dirección y aprecian ventajas de los hombres para obtenerlos.
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Consideramos que esta investigación contribuye a llenar un vacío en la UNAM, al dar cuenta y dejar una memoria histórica audiovisual de estas académicas pioneras, para que las generaciones actuales y las que vienen, tengan la oportunidad de conocer de una forma más cercana y lúdica, a través de la voz, las exclamaciones, los ademanes, sus deseos, fantasías, expectativas y su presencia física, el legado que dejan con sus testimonios, entusiasmo y compromiso, que al ser difundidos entre estudiantes y docentes son fuente de energía, motivación y ejemplo, tanto a nivel académico como de vida cotidiana. La identificación de los obstáculos que se oponen a una plena participación de las mujeres en las universidades es una tarea de la mayor importancia. Lo mismo puede decirse de los cambios de mentalidad que se están produciendo desde las mujeres y las consecuencias que esto tiene. Se requiere la mirada crítica hacia las instituciones y hacia las propias comunidades académicas, para elaborar iniciativas, políticas educativas y de acción afirmativa, así como acciones tendientes a modificar aún más a estas instituciones con el fin de favorecer la equidad de género en la universidad y en las actividades científicas y docentes que ahí se realizan. NOTAS 1
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Shiebinger Londa. The History and Philosophy of Women in Science: A Review Essay. Signs, Journal of Women in Culture and Society, 1987, vol 12 No. 2: 305-332; Keller Evelyn Fox. Reflections on Gender and Science. Yale University Press. New Haven, London. 1985; Keller Evelyn Fox. “Gender and Sciences: Origin, History and Politics”. Osiris 10:27-38, 1995; Kohlstedt G. Sally. “Women in the History of Science: an Ambiguous Place”. Osiris, 1995. 10:39-58; Rose Hilary. Love, Power and Knowledge. Towards a feminist transformation of the sciences. Polity Press, Cambridge, UK. 1994.
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3
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Scott Wallach Joan. “El Género: una categoría útil para el análisis histórico”. En: Amelany James y Nash Mary. Historia y Género: las mujeres en la Europa moderna y contemporánea. Ediciones Alfons el Magnanim. Valencia. 1990.
7
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9
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10 Delgado Gabriela. “La condición de género de las Académicas”. Tesis de Maestría en Psicología Clínica, Facultad de Psicología, UNAM. 2004; Rosete Mohedano Guadalupe. “Mujeres universitarias con estudios de posgrado: innovadoras, expertas, solidarias, defensoras y adaptativas/aceptativas. Su carácter social”. Tesis de Doctorado. Posgrado en Ciencias Políticas y Sociales, Facultad de Ciencias Políticas y Sociales. UNAM, 2007; Blazquez Graf Norma. El retorno de las brujas. Incorporación, aportaciones y críticas de las mujeres a la ciencia y la tecnología. CEIICH, UNAM, México, 2008; Blazquez Graf Norma y Bustos Romero Olga, Académicas Pioneras. Trayectorias y Contribuciones en la UNAM. CEIICH, UNAM, 2008. 11 Ver Blazquez Graf Norma y Bustos Romero Olga, 2008.
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LAS PRECURSORAS: TENSIÓN Y SUBVERSIÓN Lourdes Fernández Rius
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La limitación en el acceso al saber, lograrlo, mantenerlo, certificarlo, ascender y alcanzar el poder que ello supone, han sido de las prohibiciones más fuertes que la cultura patriarcal ha impuesto a las mujeres. Un siglo escaso dista hasta nuestros días de las precursoras en ciencia y solo tres décadas de la irrupción masiva de las mujeres en las universidades. Anteriormente los grupos de ciencia eran integrados tradicionalmente por hombres tal como anhelaba Titchener, psicólogo estadounidense en 1904, el cual decía que: “Durante muchos años quería un club experimental, sin oficialismos, los hombres moviéndose de un lado a otro, portando aparatos, el laboratorio anfitrión para trabajar, sin mujeres, que se pudiera fumar, lleno de críticas y discusiones totalmente francas (…)”1. Transgrediendo estos anhelos presenciamos hoy en ciencias grupos de hombres y mujeres e incluso con predominio de estas últimas. Sin embargo, esto no es un hecho consumado de modo lineal y pacífico. sin que ignoremos las agudas transformaciones producidas desde las últimas décadas del siglo XX, tanto en las concepciones como en las prácticas en las sociedades contemporáneas, incluida Cuba, podemos afirmar que las relaciones de poder de género están aquí, ahora, a veces explícitas, otras solapadas, pero aquí.
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La irrupción masiva de las mujeres en ciencias ha sido y es un proceso con tensiones y contradicciones en medio de lo cual emergen, en no pocas ocasiones, con afán de reciclarse, las exclusiones y discriminaciones que a lo largo de toda la historia ha promovido en nuestras sociedades la cultura patriarcal. ¿Donde evidenciamos estos puntos de tensión y contradicción en el contexto de este avance presencial de las mujeres en ciencias? Esta interrogante nos conduce a otras que podrían abordarse a través de los resultados de investigaciones realizadas en este sentido incluidos los propios testimonios de mujeres que han sido precursoras en sus disciplinas en Cuba. En cuanto a estas últimas hemos entrevistado a 5 de ellas, 3 Filosofía entre 70 – 80 años, 1 Físico-Química 84 años y una de Lengua y Literatura Hispanoamericana, 58 años. Todas laborando activamente en la Universidad de La Habana, doctoras en ciencias particulares y dos de ellas con el 2do Doctorado en Ciencias. ¿Qué hizo a las mujeres interesarse en la academia?
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Un aspecto interesante a destacar y que se reitera en otras investigaciones es que todas estas mujeres constituyen las primeras universitarias en sus familias que a su vez poseían una situación económica favorable sin restricciones económicas. Estudiaron en escuelas privadas. Sin embargo, sus padres no poseían elevados niveles de instrucción aunque sí una determinada cultura y noción de la significación de los estudios en el desarrollo personal y para la inserción social. A partir de aquí se convirtieron en factores propulsores para que ellas se motivaran y se orientaran hacia estudios superiores. A veces ambos padres y en ocasiones de modo especial la figura paterna. “El amor por el estudio y la necesidad de estudiar, como un déficit que ellos tenían. Tengo grandes ejemplos de historias de mi vida con lo que me inculcaron del sentido de la honestidad y un profesional tiene que ser preparado y honesto. Ellos han sido definitorios en mi manera de ver el mundo, de vivir”2
¿Qué reconocimientos han tenido por parte de la comunidad científica, universitaria y/o de la sociedad? Todas han tenido o tienen actualmente responsabilidades significativas en el campo académico. Una de ellas es fundadora y directora desde hace 20 años de un Centro de Estudios de la UH. Otras poseen responsabilidades tales como: presidentas de Tribunales Nacionales de Grados Científicos, de categorías docentes, coordinan maestrías, presiden Comité Académico de Doctorado, sociedades científicas nacionales o integran Comités de Sociedades Científicas Internacionales, Miembro de la academia de ciencias y han sido decanas, directoras de institutos de investigaciones y Rectora una de ellas. “Ser mujer es lo que yo he sido, feliz, he podido construir determinados mundos, familiar, personal, ser una persona querida, yo he trabajado por los demás, aunque esto me diera satisfacciones e ingratitudes, pero siento que trabajo para los demás, prefiero dar antes que me den, entregar antes que recibir, entregar lo que tengo” Todas han recibido reconocimientos especiales tanto nacionales como internacionales, premios que otorga la Universidad de La Habana, la Academia de Ciencias, premio por la obra de toda la vida, profesoras de mérito o han sido electas figuras destacadas en las disciplinas en las cuales se desempeñan a nivel nacional e internacional. Sin embargo, esta no es la realidad que predomina pues si apreciamos como se comportan estos reconocimientos por el quehacer científico en el país a lo largo de 26 años observamos que el progreso en la presencia de mujeres es ínfimo si lo comparamos con el reconocimiento recibido por sus colegas hombres. Uno de los reconocimientos de mayor prestigio que otorga el MES es la Orden Carlos J. Finlay al mérito científico. Al analizar las condecoraciones concedidas desde 1981 hasta el 2007 se observa un marcado predominio masculino ya que de las 155 Órdenes entregadas, sólo 52 han sido otorgadas a mujeres.3 Asimismo, los reconocimientos otorgados por la Academia de Ciencias a varones y mujeres. 2007 se comportan de la siguiente forma.
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Orden Carlos J. Finlay, al Mérito Científico, MES, por sexo. Años Seleccionados.
Fuente: Elaborado a partir de datos ofrecidos por la Dirección de Ciencia y Técnica del MES, 2008
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Fuente: Elaborado a partir de información ofrecida por la Dirección de Ciencias de la Academia de Ciencias de Cuba, febrero 2008.4
No existe una correspondencia entre la paridad presencial de mujeres y hombres en las ciencias y el insuficiente reconocimiento que reciben las mismas. Las que hemos entrevistado constituyen excepciones que justamente están integrando los ínfimos porcientos de representación femenina. ¿Por qué hay ciencias más representadas por mujeres y otras por hombres? ¿La insuficiente presencia aún de hombres en ciencias y profesiones tradicionalmente femeninas indica perpetuidad de la cultura patriarcal? ¿Es la ciencia hasta hoy androcéntrica?
Carl Jung (1928) afirmaba que: “Nadie puede soslayar el hecho de que al seguir una vocación masculina, estudiar y trabajar como un hombre, la mujer esta haciendo algo que no corresponde del todo con su naturaleza femenina, sino que le es directamente perjudicial. La psicología femenina se funda en el principio de Eros, el gran ligador, entregador, mientras que una antiquísima sabiduría, ha adscrito el Logos al hombre como su principal rector” 5. Hoy comprendemos que la dicotomía jerárquica de género y el androcentrismo derivado se convierte en obstáculo para que mujeres sigan carreras “científicas” ya que esto sale del marco de las expectativas sociales y de ellas mismas, pues las cualidades necesarias para las “ciencias” desde una determinada noción de lo que es ciencia son las masculinas lo cual genera en ellas una tensión identitaria género – profesión a partir de que subsiste en el imaginario social nociones sexistas y androcéntricas con respecto a las ciencias. Algunas académicas de Ciencias Sociales que han sido sujetos en nuestras investigaciones refieren6 : (…) las mujeres nos movemos mejor en un tipo de discurso y de mensaje más emotivo-simbólico y los hombres como en un tipo de lenguaje más demostrable (…) He visto más preponderancia en los hombres de la tendencia a la metodología cuantitativa más de corte positivista, conozco muchos profesionales hombres en el mundo que su estilo de investigación tiene más que ver con acercar las ciencias sociales a las “ciencias duras”, investigaciones muy de tablas, muy de gráficos, cuantificable, medible, observable, de buscar siempre el tema de los métodos que te lleven a la máxima racionalidad, a la máxima demostración. (…) para llegar a ser una mujer académica de Ciencias Sociales en la Academia de Ciencias cuesta más trabajo porque la mayoría de ese conjunto son hombres y más vinculados a lo que se ha denominado las “ciencias duras”, no se visualiza una académica de las mal llamadas “ciencias blandas” (…) como una académica, intelectual, creo que hay como una especie de mirada no como a las “grandes científicas”, salvo estas que están vinculadas con las vacunas, con estas cosas que sí tienen un producto concreto.
201
Se produce una doble discriminación, por desempeñarse en ciencias sociales y por la condición de género. Veamos algunos datos: Mujeres y Educación INDICADORES
1976/77
2000/01
2008/09
Graduadas - Educación Superior por ramas de la ciencia (%) Ciencias Técnicas
17,6
20,7
36,8
Pedagogía
50,0
79,2
70,4
Ciencias Sociales y Humanísticas
32,6
59,2
71,8
Ciencias Económicas
60,3
57,0
73,1
Ciencias Médicas
47,3
74,8
81,4
Fuente: Publicación digital ONE: La población cubana 2009.
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Se aprecia así una segregación horizontal: mujeres y hombres concentrados respectivamente en profesiones diferentes. Como tendencia, hombres en ciencias exactas e ingenierías y mujeres en ciencias sociales y humanísticas. A su vez, las ciencias y sus resultados poseen un sesgo sexista: “Los productos de las ciencias sociales no son tan visibles, palpables, a veces cuesta trabajo que se visualicen. Esto es un problema que atraviesa mucho la situación de género porque la mayoría de las personas de las ciencias sociales o las ciencias mal llamadas “blandas” son eminentemente mujeres. Para alcanzar un premio en la Academia de Ciencias que tenga que ver con las Ciencias Sociales a veces cuesta más que un premio en Ciencias Experimentales donde tú traes un producto o un resultado o ahorras grandes sumas de dinero al país, por ahí hay un sesgo de género en esta situación de ser mujer académica.” “Los resultados no se consideran igual por la inmediatez de las ciencias naturales y exactas, por eso se les apoya más, sin embargo tengo ejemplos en que los avances y resultados de las ciencias sociales visualizan consecuencias que develan lo erróneo de ciertas políticas”.
“La historia, la cultura, la música, todo esto puede considerarse como resultado científico o aportes y pienso que estas cosas a veces se subvaloran y se constriñe la ciencia exclusivamente a las cuestiones tecnológicas, a los aportes inmediatos, a lo que se aplica enseguida que da resultados económicos. En esto he tratado de mantener una batalla para darle el lugar que merecen otros tipos de conocimientos… la historia, la literatura, la lingüística, la demografía, la psicología son conocimientos tan valiosos como cualquier otro. En eventos internacionales los científicos exactos y naturales claman por un vínculo más estrecho con las ciencias sociales porque reconocen que sin esta otra parte de las ciencias es muy difícil dar soluciones reales a los problemas de una disciplina concreta”. Para muchas mujeres que poseen lugares destacados en las ciencias esto ha sido al costo de asumir valores androcéntricos y de ser centro de prejuicios homofóbicos de las propias congéneres. Dice una académica de Ciencias Sociales al comentar acerca de la visión en la sociedad de las mujeres científicas: (…) es una mujer virilizada que ha tenido que asumir muchas posturas y actitudes competitivas y rivalidades con los hombres, y por lo general esas mujeres se han hecho más toscas, más viriles, he oído opiniones así como que más viradas del “otro bando” desde el punto de vista de su orientación sexual. El paradigma de lo que es “ciencia” sigue siendo el mismo, se sigue privilegiando una noción positivista de la ciencia o el estereotipo de ciencias “duras”. Solo se trata de que las mujeres habiten este espacio que se conserva tal cual y no una transformación personal y social. Lo social se conserva, en lo personal nos adaptamos a lo social ya existente e “inmutable”. Anida aquí la perpetuidad de la cultura patriarcal más aún si no se redimensionan las nociones de género y lo que se legitima como ciencia. La causa está pues en el androcentrismo de la ciencia, en los sistemas educativos y en la propia sociedad. Aunque las polémicas desde las dicotomías suenen estériles y vacías, aunque lo diferente (y no por ello desigual o inferior) se imponga cada vez más como una necesidad de la construcción de saberes contemporáneos, lo cierto es que en el imaginario social y
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académico, subsiste aún el fantasma de la ciencia asociada a lo medible, observable, constatable, es decir, a “lo masculino” como valor. Prevalece la ideología patriarcal allí donde la noción de ciencia, su concepción, diseño y dirección se sigue articulando desde una interpretación androcéntrica de la sociedad y de la ciencia como lo racional y objetivo. Otras interrogantes: ¿Por qué las mujeres no avanzan con la misma celeridad que los hombres en el perfeccionamiento de su saber? ¿Por qué son menos cuando aumentan las exigencias que acreditan el saber? ¿Por qué están en minoría cuando observamos los espacios de poder en el ámbito académico? ¿Cómo explicar estos hechos cuando existe paridad presencial de mujeres y hombres en las universidades y en el quehacer científico en Cuba? El Ministerio de Educación Superior (SES) dentro del Sistema de Ciencia, Tecnología e Innovación tiene un peso decisivo en la producción de conocimientos. Por solo citar un ejemplo, el MES produce el 50,4% de los artículos cubanos publicados en la Web of Science (García, Arencibia, Sánchez, 2007). Al analizar la distribución jerárquica y ocupacional al interior del Sistema, continúan presentándose brechas significativas de género. Por ejemplo, de los 17 Centros de Educación Superior sólo cinco son dirigidos por mujeres Rectoras. Además, de los 15 Centro de investigación del MES, solo uno es dirigido por una mujer7. Veamos otros datos: 2008
Concepto
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Fuente: Publicación digital ONE: La población cubana 2009.
Universitaria
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Mujeres graduadas - educación superior
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Mujeres profesionales y técnicos
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Mujeres dirigentes
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Diputadas-XI legislatura de la Asamblea Nacional del Poder Popular (2007-2012)
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Fuente: Publicación digital ONE: La población cubana 2009.
A
¿Por qué se producen estas segregaciones? ¿Se perpetúa el androcentrismo y el sexismo en las ciencias y en la educación? ¿Subsisten aún limitaciones en el acceso a la educación de mujeres y niñas?
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¿Existe hoy una brecha de género en la educación y en el acceso a las tecnologías? A pesar de los avances en paridad presencial entre mujeres y hombres en las ciencias y tecnologías, existe una segregación horizontal (ciencias con más presencia de mujeres y otras con más presencia de hombres) y vertical de las ciencias (más presencia de hombres en escalones acreditados como de mayor saber y en puestos de toma de decisiones en las ciencias). Esto constituye un indicador de las limitaciones actuales para dar continuidad a estos avances.
Personal docente a tiempo completo por categoría ocupacional y sexo del MES.
Fuente: Elaborado a partir de Prontuario Estadístico MES, 2008.
Comprender la interrelación género – ciencia nos permite examinar y comprender la existencia de androcentrismo y de sexismo en las ciencias, entender la incidencia de las condicionantes de género en el saber científico, en la exclusión, discriminación e inequidad de género en la educación, la ciencia y la tecnología. ¿Por qué existen mujeres que abandonan su preparación en distintas etapas del camino? 206
Según refiere Cristina Santamarina:”las investigadoras reconocen en los condicionantes de género (heteronomía femenina, doble jornada, trabajo invisible, responsabilidades familiares y domésticas) el verdadero muro para un mayor reconocimiento de las mujeres en el quehacer científico y tecnológico”8. Sin embargo, este hecho es asociado en una de las entrevistadas con el insuficiente desarrollo de las fuerzas productivas como un factor que impide la incursión más plena e intensa de las mujeres en las ciencias. Para otra de ellas no existe una explicación clara del por qué existen datos que evidencian la segregación vertical de las ciencias, “no sé, nunca había pensado en esto o será que hay mujeres que no se esfuerzan, que no se empeñan” para una insuficiente conciencia de género.
“Los estudios de género son valiosos porque ayudan a visibilizar a las mujeres y las discriminaciones pero la vida nunca me la he planteado así porque he tenido la comprensión de mi esposo e hija, yo he hecho todo lo que podido, no hay nada en la vida que haya querido hacer y que no haya podido hacer porque algo o alguien me lo haya impedido”. “… habrá discriminación, mujeres con vida personal o familiar complicada, la responsabilidad que históricamente hemos tenido con la vida familiar y hoy con las personas mayores, habría que ver con la naturaleza del objeto de estudio, disciplinas experimentales requieren estar en el laboratorio, yo me leo un libro en cualquier lugar, una química no puede, hay que ver la composición social del claustro. Estoy segura, o tengo una apreciación de discriminación de género en las ciencias, aunque nunca lo sentí ni lo hubiera permitido”. “Nosotras somos superiores no te quepa la menor duda… la pregunta me la hago al revés, ¿los hombres pudieran llegar a estos niveles que llagamos nosotras? Aunque no tengo nada que ver con los estudios de género”. ¿Cómo conciliar el desempeño académico y la propia vida? Estas mujeres pioneras una de ellas es viuda y estuvo casada 50 años, tiene dos hijos y 6 nietos, otra está casa por 2da ocasión hace 34 años, posee tres hijos y 5 nietos. Otra está casada hace 30 años, con una hija. Dos de ellas son divorciadas y poseen hijos y nietos respectivamente. Mi esposo es un poeta con altas responsabilidades en el país, los dos hemos podido desempeñar adecuadamente las funciones en la familia, hemos tenido el principio de ayudar al que más lo necesite de la familia. Cuando yo estaba terminando el doctorado todo el apoyo era para mí, vivía con mis padres, no teníamos casa, condiciones difíciles. Como familia tenemos encuentros y desencuentros, no somos un modelo pero hemos funcionado así. Antes tenía la ayuda de mis padres en la vida del hogar, me gustan las cosas de la casa, a veces he sentido la presión Esto
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no es conflicto, llevo el control de todo, la organización de la casa, pero esto no es un conflicto, ahora mi esposo me ayuda más, no hemos concientemente elaborado roles, pero en la práctica sí. Me dieron evaluación de bien cuando tuve a mi hija, fue lo que prioricé, no pude profesionalmente hacer mucho, no quise irme de Cuba a hacer el doctorado lo fundamental en ese momento era la educación de mi hija, detrás de la educación de un hijo hay mucho tiempo y dedicación, hemos descuidado eso, como si fuera de la escuela la educación, ahí hay que preguntar a esto de la emancipación de la mujer, al papel del hombre, antes no dejaban que los hombres se quedaran con los hijos en los hospitales, eso lo tenemos un poco abandonado y vamos a pagar las consecuencias. En un camino difícil, lleno de obstáculos las mujeres podemos llegar a donde deseemos y esto es siendo parte de una familia, entrenarse para afrontar esos obstáculos y ese entrenamiento es desde sentirse parte de una familia y con la fuerza profesional para hacerlo y ojala que mejoren las condiciones objetivas para que podamos hacerlo del mejor modo. Prepararse científicamente, yo no podría vivir sin mi familia, no se sin mi profesión, Balanza: hacia la vida familiar. ¿El hecho de ser relativamente reciente la presencia significativa de las mujeres en la “ciencia” habrá traído consecuencias en los problemas, diseños, métodos y concepciones en este sentido? ¿En qué grado pueden jugar un papel importante en la definición y dirección del contenido de la docencia y la investigación cuando logran llegar, permanecer y sobresalir? Haciendo un análisis desde una concepción de ciencia situada, contextualizada, podemos afirmar que determinados valores culturales, sociales, morales, políticos así como de quienes producen el saber científico condicionan dicho saber. Luego, si tenemos en cuenta que la subjetividad humana surge y se desarrolla de acuerdo a factores socio-históricos y culturales y que estos difieren según la condición sexuada, entonces la respuesta es sí. Ya no es posible hablar de ciencia descontextuada de quiénes la hacen, ni de la realidad sociocultural, histórica, política y profesional de realización, ni de la desconexión entre los valores episté-
micos y los contextuales o “extra-científicos” (entre otros, los de género). Existen ejemplos en las ciencias que evidencian el impacto que se produce en los problemas de investigación y en los diseños metodológicos cuando son mujeres u hombres quienes dirigen el proceso del conocimiento. La Psicología en Cuba y en la Universidad, por ejemplo, ha recibido la llegada del enfoque de género desde el impulso de mujeres. Desde aquí se produce una inclusión, aún modesta, en el currículum, aparecen nuevos problemas de investigación en forma de trabajos de curso, tesis, maestrías. Una mirada a la Historia de la Psicología con perspectiva de género es algo insipiente y actual que ha llegado de la mano de mujeres psicólogas. Lo mismo podría decirse en otras disciplinas como la Sociología, la Pedagogía, el Derecho, la Comunicación Social. Otra cuestión curiosa y paradojal es como en estas disciplinas, esencialmente integradas por mujeres, la llegada del enfoque de género es relativamente tardía y lenta. Con ello deseo subrayar que no se trata solamente de que sean mujeres las que arriben a las ciencias sino de que las mismas posean determinada sensibilidad y conciencia de género que les permita abordajes innovadores con respecto a un paradigma hegemónico de hacer ciencia y la producción de un saber científico desmarcado de miradas sexistas y androcéntricas. En reciente trabajo acerca de la historia de la llegada del enfoque de género a Cuba, hemos entrevistado a 6 mujeres pioneras que incentivaron este camino, todas de ciencias sociales y a un hombre. En todos los casos refieren el uso de perspectivas antropológicas, cualitativas y de la consideración de la experiencia vivida como una aproximación en sus investigaciones. Estamos entonces ante los supuestos cambios en la noción de ciencia, sus contenidos, métodos y prácticas desde una mayor presencia de las mujeres y del pensamiento feminista. Las transformaciones ocurridas en Cuba, a partir de 1959 condujeron a un grupo de medidas básicas como fue la naciona-
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lización de la enseñanza y la alfabetización lo que permitió elevar el nivel de vida de la población y consolidar el desarrollo social del país. Desde el punto de vista de la formación del profesional de la educación superior se ha seguido una política educacional no discriminatoria e inclusiva que ha posibilitado una participación masiva de las mujeres en los estudios universitarios. Por lo tanto, la presencia de las mujeres en las ciencias no es ya el problema de la realidad cubana en lo cual se han logrado alcances comparables a los países más desarrollados, sino determinadas características que adopta esta presencia. “La equidad no se ha logrado todavía y demora en lograrse, hay un avance en la integración social, pero en las ciencias estamos muy atrás, (...) en la Academia somos minoría, prevalece la hegemonía masculina, somos al menos una parte pequeña de los dirigentes y es una mejoría, pero siguen siendo los hombres los protagonistas. (...) hay una discriminación porque este trabajo requiere tiempo, dedicación y esto para la mujer está muy engarzado con la discriminación a nivel personal y en la esfera privada, familiar acompañado de los prejuicios sociales”. Esto es lo que sintetiza una de las académicas y es lo que marca, en buena medida, el derrotero en este tema de los próximos años en el camino de desmontajes y resignificaciones. Trabajemos para ello. 210
NOTAS 1 Rubio Herráez Esther (2000) Nuevos Horizontes de la Educación Sexista en Barral María José y Carmen Magallón editoras Interacciones ciencia y género. Icaria Editorial. Barcelona, España. Pág. 69. 2
Aparecerán subrayados y en cursiva fragmentos de entrevistas a académicas en investigaciones realizadas por la autora o bajo su asesoría.
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Echevarria, Dayma y cols (2008) “Las mujeres cubanas en la Educación Superior: apuntes para su estudio desde la Universidad de La Habana” Formato Digital. Universidad de La Habana.
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Echevarria, Dayma y cols (2008) “Las mujeres cubanas en la Educación Superior: apuntes para su estudio desde la Universidad de La Habana” Formato Digital. Universidad de La Habana.
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Guil, Ana. Mujeres en las ciencias. Conferencia ofrecida en la Facultad de Psicología UH. Enero 2010.
6
Fernández Rius, L. Género y Ciencia o la apoteosis del egoísmo. Versión digital. Facultad de Psicología. UH. 2010.
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Datos ofrecidos por la Dirección de Ciencia y Técnica del MES.
8
Santamarina Cristina. (2001) Mujeres españolas ante el conocimiento científico y tecnológico en Madrid. Cuadernos de Iberoamérica. OEI. Pág. 60.
REFERENCIAS
ECHEVARRIA, Dayma et al. Las mujeres cubanas en la Educación Superior: apuntes para su estudio desde la Universidad de La Habana. Universidad de La Habana, 2008. [Versión Digital.] GUIL, Ana. Mujeres en las ciencias. [Conferencia ofrecida en la Facultad de Psicología – UH, 2010.] HERRÁEZ, Esther Rubio. Nuevos Horizontes de la Educación Sexista. In: BARRAL, María José; MAGALLÓN, Carmen (Eds.). Interacciones ciencia y género. Barcelona, España: Icaria Editorial, 2000. RIUZ, Luis Fernández. Género y Ciencia o la apoteosis del egoísmo. [S.l.]: Facultad de Psicología. UH, 2010. [Versión Digital.] SANTAMARINA, Cristina. Mujeres españolas ante el conocimiento científico y tecnológico en Madrid. Cuadernos de Iberoamérica, OEI, 2001.
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MUJERES PIONERAS EN LAS CIENCIAS: UNA MIRADA A LA REALIDAD EN IBEROAMÉRICA1
Eulalia Pérez Sedeño
Es de sobras conocido que son pocas las mujeres que aparecen en las historias de la ciencia y de la tecnología, lo cual no significa que, de hecho, no haya habido mujeres a lo largo de la historia. Muchos pueden ser los factores que han influido o influyen en la invisibilidad de las mujeres. No hay que olvidar los sesgos habituales que padecen los historiadores: sus explicaciones o interpretaciones han de pasar por el tamiz de lo que el paso del tiempo ha permitido que les llegara y por el de quién decidió escribir o anotar qué cosas, con la subjetividad que eso conlleva. A todo ello hay que añadirle el hecho de que los historiadores han sido por abrumadora mayoría hombres, es decir, como seguramente alguien habrá dicho, la historia es masculina. Así pues, es hora de “devolver las mujeres a la historia y devolver nuestra historia a las mujeres”2. El papel desempeñado por las mujeres en la ciencia, a lo largo de la historia, ha sido objeto de estudio desde casi los inicios de la irrupción del feminismo en el ámbito académico. A la pregunta acerca de por qué había tan pocas mujeres haciendo ciencia en los años sesenta (cuando comienza esta preocupación), se contestaba siguiendo varias estrategias. Y una de ellas fue averiguar si efectivamente había habido pocas científicas a lo largo de la historia o, simplemente, es que no aparecían en las historias de la ciencia. Desde entonces, se ha estudiado el papel de las mujeres en el nacimiento y desarrollo de determinadas disciplinas o parcelas (como la botánica, la medicina o la programación) y se han
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examinado fenómenos valiosos para el desarrollo de la ciencia y la tecnología (salones científico-literarios, mecenazgo, divulgación científica, etc.). Desde luego, la mirada feminista o de género ha contribuido a cambiar enormemente muchas disciplinas3 y la historia de la ciencia es una de ellas. Al volcar la mirada en las mujeres se ha prestado atención a fenómenos previamente no estudiados, De hecho, historias de las aportaciones de las mujeres al conocimiento ha habido desde hace tiempo, aunque pocas. Estas obras tomaban la forma de enciclopedias cuya pretensión primordial era la de mostrar que las mujeres eran capaces de grandes cosas y que, por tanto, debían ser admitidas en las instituciones culturales. Las primeras tenían un carácter general, es decir, estaban dedicadas a los logros en todos los campos. Giovanni Boccaccio escribió entre 1355 y 1359 De claris mulieribus, en la que presentaba la biografía de 104 mujeres notables, aunque la mayoría eran reinas (reales o míticas). Agustín de la Chiesa publicó en 1620 Theatrum literatar feminarum, Johan Frauenlob en 1631 Die Lobwürdige Gesellschaft der gelehrten Weiber y Margerite Buffet, Eloge des illustres sçavants anciennes et modernes (1668). En la Historia mulierum philosopharum4, publicada en 1690, Gilles Menage daba cuenta de los logros de filósofas antiguas:”Yo, por mi parte he encontrado sesenta y cinco filósofas en los libros de los antiguos”5. A mitad del siglo XVIII aparecen las primeras enciclopedias específicas sobre la mujer en las ciencias naturales y medicina. Así por ejemplo, Jérome Lalande, en su Astronomie des dames (1786) - que entra de lleno en el género de la literatura científica ‘para damas’ - incluía una brevísima historia de las astrónomas. En la década de 1830 Christian Friedrich Harless escribió Die verdienste der Frauen um naturwissenschaft, Gesundsheits und Heilkunde (La contribución de las mujeres a la ciencia natural, la salud y la curación). En dicha obra pretendía “llenar un vacío existente” en las historias de su época y proponía una historia evaluadora de las aportaciones de las mujeres en todos los campos de las ciencias naturales, geología, antropología y medicina. Pero sin
duda, una de las historias más influyentes fue la del jesuita H. J. Mozans, seudónimo de John Augustine Zahn, que se publicó por vez primera en 1913. Es una exposición de las mujeres en diversas ramas de la ciencia y a lo largo de la historia. En efecto, abarca la antigua Grecia, Roma, se ocupa de los conventos medievales, de la sociedad renacentista y de los laboratorios de la era victoriana. Pero no sólo trata de los logros de las mujeres como filósofas, científicas e inventoras en física química, matemáticas, astronomía, ciencias naturales, arqueología, medicina y cirugía, etc. Ocasionalmente efectúa afirmaciones que muestran una serie de valores tradicionales: por ejemplo menciona que uno de los fines más deseables para la sociedad es que las mujeres estuvieran liberadas intelectualmente porque eso les permitiría simpatizar con los “más nobles propósitos” de sus esposos. Pero también se ocupa de la emancipación de las mujeres y muestra las restricciones de la propia cultura a sus logros. Aunque esta obra es algo imprecisa y las notas y la bibliografía no son demasiado fiables, es una fuente importante porque ofrece muchísimos nombres de mujeres olvidadas y, desde luego, ha sido un libro de referencia hasta que pensadoras feministas se han ocupado de la historia de la ciencia. La mirada diferente, sin prejuicios ni preconcepciones caducas de lo que es la ciencia y la tecnología, ha sacado a la luz la participación de las mujeres en tradiciones olvidadas o menospreciadas que, en muchos casos por ser ‘femeninas’ han quedado en la oscuridad o no se les ha dado importancia. Así por ejemplo, la medicina siempre fue un ámbito practicado por las mujeres desde la antigüedad, aunque con la institucionalización y profesionalización de la misma (esto es, con la creación de los colegios profesionales de médicos y la enseñanza de la disciplina en escuelas especializadas), a partir del s. XIII se legisla para que no puedan practicarla. No obstante, las mujeres siguieron ejerciendo como curanderas, herboristas o matronas. El caso de la ginecología es revelador, ya que pasó de ser una actividad exclusiva de las mujeres a una práctica médica y, por tanto, propia de hombres que buscaron ocupar su espacio, por ejemplo, median-
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te el uso de instrumentos como la silla de partos o el fórceps, o medicalizando los cuerpos de las mujeres. La masculinización de la ginecología y la obstetricia llega hasta nuestros días, en que no hay ni una sola catedrática de esta especialidad en la Universidad española. Esta perspectiva diferente también ha servido para hacer hincapié en trabajos invisibles y no reconocidos, pero fundamentales para el desarrollo de la ciencia, y que, por lo general, realizan las mujeres: computar datos astronómicos, clasificar y catalogar en historia natural, labores de técnicas de laboratorio, ilustradoras, divulgadoras, editoras, maestras... El papel de las mujeres ha sido sumamente valioso en el nacimiento y desarrollo de determinadas parcelas como la botánica o la paleontología, en las que realizaron el trabajo de recolección de especimenes y datos, así como su clasificación y catalogación. Por otra parte, las historias de la tecnología han pasado por alto el ámbito de lo privado, es decir de lo femenino, en el que se utilizaban y utilizan tecnologías propias de las tareas tradicionalmente determinadas por la división sexual del trabajo, teniendo como consecuencia que inventos relacionados con la esfera de lo doméstico y la crianza, y realizados por mujeres, no han contado como desarrollos “tecnológicos”. Así pues, la perspectiva feminista o de género ha tenido como consecuencia en la historia de la ciencia y la tecnología la de reconsiderar el propio objeto de estudio: qué se considera ciencia y tecnología y qué actividades y fenómenos hay que tener en cuenta a la hora de estudiar su desarrollo. Uno de los aspectos que más se ha desarrollado es la recuperación de figuras históricas6. Por ejemplo se han escrito historias de las mujeres matemáticas, astrónomas o biólogas y el género biográfico dedicado a científicas amplía sus ejemplares continuamente. Los primeros trabajos consistieron en rescatar del olvido, figuras que habían pasado inadvertidas o deliberadamente ocultas en la historia de la ciencia, bien por los sesgos inherentes a la disciplina, bien por concepciones estrechas de la historia de la ciencia que reconstruyen la disciplina sobre los
nombres de grandes personajes y teorías o prácticas exitosas y que dejan de lado actividades que, en modo alguno, son colaterales al desarrollo de la ciencia. Así, ahora conocemos mejor a mujeres como Hipatia, Maria Agnesi, Madame de Chatelet, Sophie Germain, Caroline Hershel, Christine Ladd- Franklin, Maria Mitchel, Jane Haldeman Marcet, Marie Ane Pierrete Paulze de Lavoisier, Helen Beatrix Potter, Mary Anning, o las astrónomas de Harvard com Williamina Paton Stevens Fleming, Antonia Maury, Annie Jump Cannon o Henrietta Swan Leavitt a la cabeza. Todas ellas han comenzado a ocupar el lugar que merecen en la historia de la ciencia7. Ahora bien, este tipo de estudios en Iberoamérica es más reciente. Sin duda alguna, las celebraciones de los Congresos Iberoamericanos de Ciencia, Tecnología y Género, iniciadas en 1996 y bianuales, están contribuyendo enormemente a la recuperación de nuestras tradiciones y de nuestra historia, a la vez que a consolidar una comunidad iberoamericana con voz propia, esto es, en nuestras propias lenguas y con problemas propios. Así podremos darles el lugar que merecen a Fátima de Madrid, Oliva de Sabuco, Elena Céspedes, Teresa de Cartagena, Francisca de Lebrija, Beatriz Galindo, María Isidra Guzmán de la Cerda8, Mª Andrea Casamayor y de la Coma o Blanca Catalán de Ocón. Aún sin acceder a los estudios superiores formales estas mujeres fueron sobresalientes en sus campos. Pero todas estas mujeres fueron excepciones en un mundo y una época en que les estaba vedado el acceso a la educación formal o reglada, ya fuera elemental o superior. La educación, para las mujeres, ha sido siempre un instrumento para la libertad e igualdad en todo el mundo y a lo largo de la Historia siendo demandada durante siglos. A finales del siglo XIX, fruto de esas demandas de las mujeres se logra el acceso a la Educación Superior. Como señala Consuelo Flecha (2006:115) “El diseño de un nuevo modelo de instrucción pública por parte de los Gobiernos de muchos países en el siglo XIX, fue una consecuencia de la necesidad de justificarse con
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unas relaciones sociales de mayor justicia; y, por lo tanto, de oportunidades para utilizar los recursos disponibles en igualdad referido a todas las personas y grupos de la sociedad, si bien en el caso de las mujeres la voluntad de incorporarlas necesitó una segunda reflexión”. Por lo que se refiere a la educación formal, las mujeres tardaron mucho en acceder libremente a una educación igual a la de los varones. En España, la educación estuvo en manos de la Iglesia Católica, quien, fiel a su ideología, las educaba para ser mujeres piadosas y ‘expertas’ en las labores propias de su sexo, labores domésticas como costura, bordado, cocina, etc. Los primeros textos legales que intentan sentar las bases de un sistema educativo universal, uniforme, público, gratuito y libre (el denominado “Informe Quintana”) excluyen a la mujer: “Al contrario de la instrucción de los hombres, que conviene sea pública, la de las mujeres debe ser privada y doméstica, [pues] su enseñanza tiene más que ver con la educación que con la instrucción propiamente dicha”9. El Plan General de Instrucción Pública del Duque de Rivas, de 1836, se limita a recomendar el establecimiento de escuelas separadas para las niñas “donde quiera que los recursos lo permitan” y “acomodando la enseñanza […] en la forma conveniente al sexo”10. A las niñas se les enseñaría a leer el Catecismo y a escribir medianamente. Con la Ley Moyano, la primera ley general de instrucción pública en España que dura prácticamente hasta la denominada “Ley Villar Palasí” de 1970, la obligatoriedad de la escolarización alcanza a las niñas, aunque en escuelas separadas y con currículos diferenciados: “En las enseñanzas elemental y superior de las niñas se omitirán los estudios de que tratan el párrafo sexto del artº 2º [“Breves nociones de Agricultura, Industria y Comercio”] y los párrafos primero y tercero del artº 4º [“Principios de Geometría, de Dibujo lineal y de Agrimensura” y “Nociones generales de Física y de Historia Natural”], reemplazándose con: Primero. Labores propias del sexo. Segundo. Elementos de Dibujo aplicado a las mismas labores. Tercero. Ligeras nociones de Higiene doméstica”11. No obstante, gracias a estas reformas y a la constitución de esas escuelas gratuitas para chicas comienza a disminuir la tasa femenina de
analfabetismo, aunque a mediados del siglo XIX todavía el 86 % de las mujeres eran analfabetas. Sin embargo, en 1900 el porcentaje de chicas que iban a la escuela era todavía ínfimo y el 71,4 % de mujeres eran analfabetas, frente al 50 % de analfabetismo que se daba entre los varones (Flecha, 1989, Del Amo, 2009). El acceso de las mujeres a los estudios universitarios se produjo casi de forma generalizada en la segunda mitad del siglo XIX y principios del XX. El primer país en el que se consiguió fue los EEUU, en la Universidad de Oberlin en 1834 (pero en departamentos o colleges segregados). En Suiza fueron admitidas en la década de 1860, en Francia en la de 1880, en Alemania en la de 1900 y en Gran Bretaña en 1870 (aunque algunas universidades británicas no autorizarían el libre acceso hasta la mitad del s. XX). En España, se permitió el acceso a las universidades en 1868, lo que posibilita que la primera mujer se matricule en la Universidad española: María Elena Maseras Ribera lo hace en la Facultad de Medicina de la Universidad de Barcelona en el curso 1872-73. La siguen María Dolores Aleu Riera y Martina Castells Ballespí que se doctoran en medicina en 1882, el mismo año en el que se dicta un decreto mediante el cual se limitaba el acceso de las ‘señoras’ a la Enseñanza Superior, excepto con permiso de la ‘autoridad competente’. Hasta el 8 de marzo de 1910 no se eliminó esa restricción en España12. Poco después, en 1914, María Sordé Xipell se licencia en Ciencias y en 1917 Catalina de Sena Vives Pieras se convierte en la primera española en conseguir el doctorado en Ciencias. El acceso a la educación formal posibilitó la entrada de mujeres en áreas hasta entonces vedadas. Las primeras han sido con frecuencia olvidadas desproveyéndosenos de modelos de referencia tan necesarios como útiles. Por ese motivo me voy a permitir esbozar las biografías de 5 mujeres que contribuyeron a la renovación científica y educativa que se produjo en España en el primer tercio del siglo XX, etapa denominada como la Edad de Plata13. Comenzaré por la menorquina Margarita Comas i Camps, muy reconocida en el campo de la pedagogía española, pues, entre otras cosas, contribuyó a introducir la didáctica de las ciencias en nuestro país, pero cuyos trabajos científicos son
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más desconocidos14. Nacida en Alaior (Menorca) el 25 de noviembre de 1892, su formación académica, tanto en el ámbito pedagógico como en el de las Ciencias Naturales, fue amplia, rigurosa y brillante, participando en numerosas actividades de las instituciones protagonistas del movimiento de renovación educativa (Museo Pedagógico, Junta para la Ampliación de Estudios…).Después de obtener sucesivamente, y con la máxima calificación, los títulos de Bachiller en Ciencias y de Maestra de primera enseñanza Superior, ingresó en la Escuela Superior del Magisterio, estudios que terminó en 1915, con el número uno de la Sección de Ciencias. Entre 1918 y 1924 fue cursando las distintas asignaturas de la licenciatura en Ciencias (Sección de Naturales), licenciándose en Barcelona, con premio extraordinario, en 1925. Tres años más tarde se doctoró en Ciencias (Sección de Naturales), también por la Universidad de Barcelona, con la tesis titulada la «Contribución al conocimiento de la biología de Chironomus humani y de su parásito Paramecius contorta». Se basaba en las investigaciones científicas que Margarita Comas realizó en la Sorbona de París entre 1926 y 1928, becada por la JAE. Allí se ocupa de las cuestiones más debatidas en la biología del momento: la determinación biológica del sexo y la intersexualidad. Realizó un estudio experimental de la relación entre el sexo y la temperatura en Rana temporaria, analizando la influencia de este factor sobre la proporción de hembras y machos en la población. Gracias a la cría en cautividad de mosquitos de los géneros Chironomus y Prodiamesa pudo describir sus ciclos biológicos y realizar un estudio citológico de los cromosomas durante la ovogénesis. Al mismo tiempo, utilizó los gusanos parásitos que encontró en el intestino de los mosquitos para estudiar las condiciones de producción de las formas intersexuadas. Después de estas primeras investigaciones, y a pesar de sus repetidos intentos y de las recomendaciones de los científicos con los que había trabajado, no consiguió acceder a un centro donde pudiera continuar su trabajo científico. Así pues, se dedicó a la enseñanza, fundamentalmente como profesora de ciencias en diversas Escuelas
de Magisterio, y entre 1933 y 1936 fue profesora de Biología Infantil en la facultad de Filosofía y Letras de la Universidad de Barcelona. Margarita era una firme partidaria de la coeducación. En su obra La coeducación de los sexos adopta un enfoque socio-pedagógico que abogaba por una sociedad igualitaria, en una época en la que la idea de escolarizar niños y niñas juntos despertaba vivas polémicas, Para ella, la coeducación no consistía en una simple integración de la mujer en el modelo escolar masculino, sino en crear un sistema nuevo, que reuniera lo mejor del modelo femenino y del masculino, para suprimir las tradicionales diferencias que había en los currículos de niños y niñas. Al inicio de la guerra de 1936, Margarita Comas se encontraba en Madrid, y tras pasar fuera de España un tiempo encargándose de la educación de los niños y niñas refugiados, regresa a Barcelona. Allí publica su obra, Contribución a la Metodología de las Ciencias Naturales, un volumen en cuarto de 611 páginas y 385 figuras, que refleja el magnífico nivel con el que se pretendía desarrollar los trabajos experimentales en los centros de enseñanza españoles de la época. Antes de terminar la guerra deja España definitivamente y se exilia en Inglaterra, acompañada por su marido Guillem Bestard, pintor y fotógrafo mallorquín con el que se había casado en 1931. Finalizada su tarea humanitaria con los refugiados, fue profesora de Biología en la Dartington Hall School (Devon). Conoció la vacante en esta escuela por un anuncio de periódico. Como no querían aceptarla por ser mujer, le pidió al director que la dejase una semana a prueba. El primer día de clase, los alumnos mostraron claramente que no querían una profesora, pero fueron esos mismos alumnos los que pidieron al director que la profesora Comas se quedara. Murió en Exeter el 28 de agosto de 1973. También destacó en el campo de la biología, pero más estrictamente en la genética, Jimena Fernández de la Vega (18951984) una de las primeras españolas en obtener el doctorado en medicina. Dedicada fundamentalmente a la investigación sobre la herencia, introdujo en España las ideas y técnicas de
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la genética aprendidas durante sus estancias en Alemania y otros países europeos. Jimena Fernández de la Vega nació, junto a su hermana gemela Elisa, el 3 de junio de 1895, en Vega de Ribadeo. Ambas cursaron el bachillerato en el Instituto de Lugo entre 1909 y 1913. obteniendo Jimena Sobresaliente en la Sección de Letras y en la de Ciencias. Durante el último curso del bachillerato (191213) las dos hermanas cursaron simultáneamente en el Instituto de Santiago la asignatura de alemán en enseñanza libre, y comenzaron la de “fisiología humana teórica y experimental” en la facultad de medicina. Entre 1913-19 completaron los estudios de medicina en la universidad de Santiago, realizando el examen de grado de licenciatura, que aprobaron con Sobresaliente, en junio de 1919, consiguiendo Jimena, por oposición, uno de los dos Premios Extraordinarios concedidos. Entre 1923 y 1927, Jimena Fernández de la Vega estuvo pensionada por la JAE en Alemania y Austria para realizar estudios de “herencia mendeliana con aplicación a la clínica”. Estudió biometría y realizó prácticas clínicas en Berlín y trabajó sobre biología y patología general en el Instituto Anatómico y Genético de la Universidad de Hamburgo. Gracias al favorable informe del Dr. Pittaluga sobre los trabajos presentados, Jimena amplió su estancia hasta 1927 en Viena, fecha en la que presentó a la JAE la memoria de su estancia como pensionada, con dos trabajos: “Estado actual de la Biología y Patología Gemelar en su relación con los problemas hereditarios” (Hamburgo, 1926) y “Drosophila y Mendelismus” (Hamburgo, 1927). Al regresar a España, Jimena encontró que la genética despertaba todavía un escaso interés entre los médicos. Trabajó en el Servicio (Instituto) de Patología Médica del Hospital General de Madrid y en el Laboratorio Central de Investigaciones Clínicas de la Facultad de Medicina de Madrid, publicando diversos artículos en los Anales del Servicio de Patología Médica, en los Archivos de Cardiología y Hematología y en Archivos de Neurobiología. En 1933, al crearse el Servicio de Genética y Constitución en la Facultad de Medicina de Madrid, fue nombrada directora (director-jefe). Dicho servicio, aunque no llegó a desarrollarse como centro de investigación, sirvió de puerta de entrada de las teorías
genéticas en los medios académicos de la medicina española. Posteriormente, Jimena recibió de la JAE una beca de un año para Italia y Alemania. En opinión del director del Istituto di Clinica Medica de Génova, Jimena tenía “una perfecta preparación para la investigación científica y gran cultura clínica”. En el Keiser Wilhelm Institut de Berlín, donde terminó su estancia ampliada en unos meses, realizó un trabajo de investigación sobre la herencia de las formas y de las diferencias de forma de los glóbulos rojos de la sangre humana, utilizando el método de los gemelos. Según el director de esta institución, el trabajo de Jimena era de gran utilidad para la medicina práctica (enfermedades de la sangre, etc.). En 1935 publica su obra La herencia fisiopatológica en la especie humana y en el prólogo del libro Gregorio Marañón escribe: “Es gallega, y con esto quiere decirse que es aguda, inteligente y poco dada a llevarse de arrebatos imaginativos. Cualidades todas excepcionales para el cultivo de la ciencia”. Y tras mencionar a sus maestros y logros concluye:”Con ese bagaje ha vuelto a España y de ella esperamos una colaboración importante en la obra en que todos andamos empeñados”. Tras la Guerra Civil española, Jimena Fernández de la Vega continuó un poco tiempo en la universidad desempeñando tareas menores y en 1945 oposita al Cuerpo de Baños y se incorpora al Balneario de Guitiriz (Lugo), que había sido fundado por su padre, para estar cerca de su madre enferma y de edad avanzada. Después de la muerte de su madre, dirigió varios balnearios en Montemayor (Salamanca), Cestona (Guipúzcoa) y Lanjarón (Granada) en donde se jubiló. En 1946 publica Hidrología y materia biológica: lecciones adaptadas al programa de las oposiciones a Médicos Hidrólogo. Pero debió seguir con sus trabajos sobre genética porque en 1963 publicó otro libro: Teoría de la herencia y herencia molecular. Jimena Fernández de la Vega murió Santiago de Compostela en 1984. Médica también, pero de un carácter diferente y activista, fue Amparo Poch y Gascón, que nació en Zaragoza, en 1902 y murió en Toulouse, Francia, en1968. Muy conocida por sus ideas y luchas políticas, quizás lo es menos por su trabajo científico. En efecto, Amparo Poch perteneció al grupo de mujeres que impulsó política e intelectualmente las ideas feministas en Madrid. En efecto, con la
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escritora Lucía Sánchez Saornil (1895-1970) y la abogada y educadora Mercedes Comaposada Guillén (1901-1994) impulsaron y crearon la revista Mujeres libres, cuyo primer número salió a la calle el 2 de mayo de 1936. La idea de publicar esa revista surge porque estas mujeres se dan cuenta de que en el movimiento anarcosindicalista español, los problemas de las mujeres siempre quedaban en segundo plano. Mujeres Libres nació con el objetivo de educar y subir el nivel cultural de las mujeres, condición esencial para su emancipación social, vital y política. La importancia de esta revista reside no sólo en que se recogían las ideas de este colectivos, sino en ser el primer intento en lengua española de hacer una publicación netamente femenina, pues tanto os textos, como las ilustraciones, etc. eran básicamente realizados por mujeres. Amparo Poch y Gascón, de familia muy humilde, estudió en Zaragoza, primero magisterio y luego medicina carrera que cursó con gran brillantez y en la que obtuvo el premio extraordinario. Tras licenciarse, se dedicó a la sanidad y formación de las mujeres obreras en temas de Higiene, Educación Sexual y Puericultura a través de conferencias, colaboraciones periodísticas y publicaciones como Revista Blanca, Tiempos Nuevos, Tierra y Libertad, Generación Consciente, Estudios, y la propia Mujeres libres. Publicó una novela corta, Amor, y otros libros tales como La cartilla de consejos a las madres (1931), La vida sexual de la mujer (1932) y Elogio del amor libre (1936). De avanzadas ideas libertarias, fue elegida en 1937 directora del “Casal de la Dona Treballadora” de Barcelona lugar de encuentro, participación y educación de las mujeres. Durante la guerra fue directora de Asistencia Social dependiente del Ministerio de Sanidad de Federica Montseny y organizó en Barcelona la acogida de niños refugiados en Granjas-Escuela de las que elaboró el plan pedagógico. Especializada en salud sexual y puericultura impartió clases sobre salud sexual y maternidad consciente. La revista Mujeres libres no se manifestó de modo explícito con respecto a estas cuestiones, pero para Amparo Poch la maternidad consciente estaba estrechamente unida al control de la natalidad. De hecho, Amparo Poch fue una de las fundadoras del grupo Ogino, cuya principal
misión era difundir este método anticonceptivo, en una época, recuérdese, en que no se disponía de los modernos que ahora tenemos. La maternidad implica, por un lado, el reconocimiento de los derechos reproductivos de las mujeres, separando actividad sexual y procreación, pero presupone el reconocimiento de la auténtica función social de la maternidad, fundamentada en una base biológica de carácter esencial. Para Amparo Poch, la maternidad consciente no sólo significa la liberación de las mujeres gracias a la limitación de nacimientos, sino que conlleva una importante labor social pues una madre consciente educa revolucionaria y racionalmente a sus hijos. Exiliada en Francia, siguió trabajando en los campos de concentración franceses y, después en Toulouse, donde dirigió el Hospital de Varsovia y murió en 1968 cuando iba a trasladarse para atender a los heridos de la guerra de Argelia. También quiero destacar a una mujer de otra área diferente. María Moliner nació el 30 de marzo de 1900 y murió en 1981. Bibliotecónoma y lexicógrafa española, ocupa un lugar importantísimo en la historia por su prestigioso Diccionario de uso del español, una de las principales obras de la lexicografía española, publicado hace cuarenta años. Hija de un médico rural, estudió en la Institución Libre de Enseñanza, donde fue, al parecer, Américo Castro quien suscitó en ella el interés por la expresión lingüística y por la gramática. Tras licenciarse en Historia con Premio Extraordinario por la Universidad de Zaragoza, al año siguiente ingresó, por oposición, en el Cuerpo Facultativo de Archiveros, Bibliotecarios y Arqueólogos, en el que permanecería hasta su jubilación en 1970. A principios de los años treinta, se trasladó con la familia (marido y dos hijos, luego nacerían otros dos) a Valencia, donde María vivió un período de plenitud vital e intelectual, participando de forma activa en las empresas culturales que nacieron con el espíritu de la II República. Además de su colaboración en la Escuela Cossío, inspirada en la Institución Libre de Enseñanza, donde enseñó Literatura y Gramática, colaboró con las Misiones Pedagógicas de la República y se ocupó especialmente de la organización de las bibliotecas rurales. De hecho, escribió unas Instrucciones para el servicio de peque-
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ñas bibliotecas, cuya presentación preliminar constituye una pieza conmovedora y un testimonio incuestionable de la fe de la autora en la cultura como vehículo para la regeneración de la sociedad: “En vuestro pueblo – dice María en el Prólogo - …ellos presienten, en efecto, que es cultura lo que necesitan, que sin ella no hay posibilidad de liberación efectiva, que sólo ella ha de dotarles de impulso suficiente para incorporarse a la marcha fatal del progreso humano sin riesgo de ser revolcados: sienten también que la cultura que a ellos les está negada es un privilegio más que confiere a ciertas gentes sin ninguna superioridad intrínseca sobre ellos, a veces con un valor moral nulo, una superioridad efectiva en estimación de la sociedad, en posición económica, etcétera”… Y, algo más adelante, dice: “el bibliotecario [debe creer] en la eficacia de su propia misión. Para valorarla, pensad tan sólo en lo que sería nuestra España si en todas las ciudades, en todos los pueblos, en las aldeas más humildes, hombres y mujeres dedicasen los ratos no ocupados por sus tareas vitales a leer, a asomarse al mundo material y al mundo inmenso del espíritu por esas ventanas maravillosas que son los libros. ¡Tantas son las consecuencias que se adivinan si una tal situación llegase a ser realidad, que no es posible ni empezar a enunciarlas...!” (Prólogo de Instrucciones para el servicio de pequeñas bibliotecas, publicadas en Valencia en 1937, y que redactó María Moliner). Al terminar la guerra civil, María Moliner es depurada y sufre la pérdida de 18 puestos en el escalafón del Cuerpo Facultativo de Archiveros y Bibliotecarios. En 1946 pasará a dirigir la biblioteca de la Escuela Técnica Superior de Ingenieros Industriales de Madrid hasta su jubilación, en 1970. Hacia 1950 comienza el Diccionario de uso del español, que publicó en el 1966-67. El Diccionario no sólo es una obra titánica, realizada por una sola persona. La importancia de este diccionario reside en la claridad de sus definiciones, su meticulosidad y su sensibilidad apoyada en una sólida formación lingüística. Es una herramienta, un instrumento de guía en el uso del español. Y es importante señalar que María lleva a cabo su Diccionario cuando aún no se había desarrollado en España la lexicografía didáctica, cuando el estudio del léxico parecía irremediablemente desligado del com-
ponente gramatical, cuando en nuestro país, aún se desconocían algunas de las actuales líneas de investigación en lingüística. En ese contexto, el Diccionario de María Moliner nos informa de cómo, cuándo y en qué circunstancias se usan determinados vocablos y para expresar qué, a la vez que nos encamina hacia otros que podríamos tener olvidados. El Diccionario de María Moliner recogió, en su momento, numerosas acepciones de muchos términos que no se incluían en el D.R.A.E.. Además, revisó a fondo las definiciones, circulares y escritas en estilo dieciochesco, de éste último. Para evitar la definición circular, inventó una minuciosa jerarquización lógica de los conceptos, a la par que redactó las definiciones de la Academia en español del siglo XX, dándoles, en muchos casos, una precisión que les faltaba y desdoblándolas a menudo en nuevas acepciones que recogen matices relevantes. Algo que debió molestar a algunos académicos, pues, propuesto su ingreso en la Real Academia de la Lengua Española por Rafael Lapesa y Dámaso Alonso, nunca fue elegida. De haberlo sido, habría sido la primera mujer en ingresar en dicha institución. Mucha más suerte tuvo la historiadora Mercedes Gaibrois y Riaño, que se convirtió en la primera mujer en entrar en una Real Academia española, como miembro de pleno derecho. Nació en París el 18 de septiembre de 1891, aunque de padres colombianos. Tras dejar París realizó sus primeros estudios en Bogotá y ya en esos años Mercedes Gaibrois desarrolló un interés muy especial por la historia, aunque también le interesaba la pintura, y algunos de sus trabajos fueron premiados en la Escuela Colombiana de Bellas Artes. Años más tarde, Mercedes Gaibrois ilustraría algunos de sus trabajos, como algunos de los publicados en la revista Voluntad. Mercedes no recibió educación formal alguna, sino que se educó en su casa con profesoras particulares y nunca obtuvo ninguna titulación académica. Cuando Mercedes tenía 17 años, murió su padre y comenzó a viajar con su madre por España e Italia. En Sevilla conoció al célebre historiador sevillano Antonio Ballesteros Beretta, catedrático de la Universidad de Sevilla, con quien contrajo matrimonio en 1910. Mercedes se dedicó definitivamente a la Historia y
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sola o en colaboración profesional con su marido inició una carrera investigadora sumamente fructífera, especializándose en Historia española de los siglos XIII y XIV. Mercedes Gaibrois fue muy reconocida en su tiempo. Fue académica correspondiente de la Academia de Buenas Letras de Barcelona y de la Sociedad de Americanistas de París. Y como ya he mencionado fue la primera mujer en acceder a la Real Academia de la Historia, que había sido fundada en 1738, a propuesta, entre otros de Marcelino Menéndez Pidal. Fue elegida el 23 de diciembre de 1932 y tomó posesión el 24 de febrero de 1935 con un brillante discurso titulado “Un episodio de la vida de María de Molina” sobre uno de sus personajes históricos favorito, Dña. María de Molina, esposa del rey Sancho IV de Castilla. Desde 1949 fue bibliotecaria perpetua de la Real Academia de la Historia, donde Mercedes Gaibrois publicó parte de su ingente producción investigadora, entre las que destacan María la Grande, tres veces reina, Guzmán el Bueno y Juan Mathé de Luna en la defensa de Tarifa y, sobre todo Historia del reinado de Sancho IV de Castilla, en dos volúmenes, y que fue un punto de inflexión en la investigación histórica, pues contribuyó a aclarar una serie de oscuridades y malentendidos existentes sobre la Edad Media española. Para realizar esa obra, visitó 134 archivos de 90 ciudades españolas. Su prestigio era tan enorme que en 1933 recibió la valiosa condecoración colombiana de la Orden de Bogotá, aunque tuvieron que reformarse los estatutos de dicha orden y un acuerdo especial del parlamento, pues era la primera vez que se concedía a una mujer. Mercedes Gaibrois falleció en Madrid el 25 de enero de 1960, pero su huella ha permanecido en sus estudios históricos, algunos de ellos aún no superados, y por su modo de hacer investigación histórica. Estas son algunas españolas que abrieron el camino para nuestras congéneres y que deben ser un referente para nosotras y las generaciones venideras. Todas ellas tuvieron que compaginar vida profesional y personal, en algunos casos encarando múltiples adversidades, como una guerra civil. Es cierto que la sociedad española ha cambiado muchísimo desde la época en que estas mujeres comenzaron sus estudios e investigaciones.
En el curso 2007-200815, en España las mujeres constituían el 54,3 % de las personas matriculadas en las universidades españolas. Por áreas se distribuyen de la siguiente manera: el 56,4 % en Ciencias Experimentales, el 69,7% en Ciencias de la Salud, el 57,04 % en Ciencias Jurídicas y Sociales y el 60,7 % en Humanidades. Sólo en las carreras técnicas constituyen el 31,9 %. También suponían el 60,9% de las personas licenciadas y el 52,2 % de quienes iniciaban sus estudios de doctorado en ese mismo año. Las tesis leídas por mujeres en ese mismo curso alcanzaron el 49,9 %. Es precisamente, en este punto de inflexión, en el inicio de la carrera científica, donde se inicia el descenso: sólo constituyen el 35,7 % de los profesores permanentes de la universidad y apenas ostentan el 14,3 % de las cátedras. Las cifras siguen descendiendo si miramos decanatos, vicerrectorados, rectorados, comisiones de evaluación o academias. En efecto, algunas cosas siguen sin cambios. Ya hace casi 30 años que, por primera vez una mujer dirigiera una universidad española y también europea, Elisa Pérez Vera, que fuera rectora de la UNED de 1982 a 1987; y muchos más desde la primera mujer que dirigió una Facultad española, Gloria Begué, que fue decana de la Facultad de Derecho de la Universidad de Salamanca de 1969 a 1972; lo mismo sucede con las mujeres en las Reales Academias: en la Real Academia de la Historia, sólo hay 3 mujeres entre los 36 miembros; en la de Ciencias Exactas, Física, Química y Naturales (la primera en entrar, Margarita Salas, lo hizo en 1989) , tan solo 2 entre 55, al igual que en la de Ingeniería aunque ésta cuenta con menos miembros (44 en total); y en la Real Academia de Medicina, a la que pertenecen 46 personas, sólo una es mujer. La Real Academia Nacional que más académicas de número tiene es la de Farmacia, con 6, habiendo entrado la primera, Maria Cascales, el 29 de enero de 1987. En total, de los 654 miembros que componen las 10 Reales Academias, las mujeres sólo constituyen el 5,5%, a pesar del tiempo transcurrido desde la entrada de la primera en una de ellas. Ningún sistema, económico, social o cultural, se puede permitir el despilfarro que supone la pérdida de mujeres a lo largo de la carrera académica e investigadora. Muchas de las mujeres que
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se pierden en ella tiran la toalla ante las dificultades, pero también ante una historia que ha invisibilizado a nuestras predecesoras. Su reconocimiento es un paso que debemos dar para proveernos de una genealogía que nos haga más ricas en todos los sentidos. NOTAS
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Este trabajo ha sido realizado en parte dentro del proyecto Cartografías del Cuerpo: Biopolíticas de la ciencia y la tecnología, financiado por el Plan nacional de I+D, FFI 2009-07138-FISO.
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Joan Kelly (1984: 1).
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Véase, por ejemplo Schiebingen (1999), Pérez Sedeño (2008 y 2009).
4
El término ‘ciencia’ y ‘científico’ son relativamente recientes. Fue propuesto por Whewell en 1834 y fue aceptado tras gran oposición. En realidad, hasta mediados del siglo XIX no había necesidad en Inglaterra, que es donde surge, de un nombre específico para el profesional de la ciencia, pues hasta entonces, este fenómeno social, el individuo que hace ciencia y vive de ella, no existía. Anteriormente, los términos utilizados eran variados: filósofo natural, virtuoso. Con respecto a las diversas ciencias, la mayoría, entre ellas la física, se denominaban ‘filosofía natural’, así por ejemplo, la gran obra de Newton se titula Principia Mathematica Philosophia Naturalis.
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Op. Cit., pág. 45 de la edición en español.
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Una ayuda fundamental para ello es, sin duda, Ogilvie y Harvey (eds.) (2000).
7
Hay diversas biografías o diccionarios biográficos, entre los que cabe destacar Ogilvie y Harvey (eds.) (2000). Por otro lado, de las astrónomas me he ocupado más extensamente en Pérez Sedeño (2007) y Pérez Sedeño y Kizckowski (2010). Para biografías de otras científicas, véase.
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En1785 María Isidra Guzmán de la Cerda (Madrid, 1768-Córdoba, 1803) recibió el Grado de Doctora en Filosofía y Letras Humanas en la Universidad de Alcalá de Henares, gracias a una autorización especial de Carlos III, cuando tan sólo contaba 17 años.
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Informe de la Junta creada por la Regencia para proponer los medios de proceder al arreglo de los diversos ramos de instrucción pública, redactado por M.J. Quintana y presentado en Cádiz el 9 septiembre de 1813. En http://www.filosofia.org/mfa/ fae836a.htm. Consultado el 8 de Junio de 2010.
10 En http://www.filosofia.org/mfa/fae836a.htm. Consultado el 8 de Junio de 2010. 11 Artículo 5 de la Ley de Instrucción Pública de 9 de Septiembre de 1857. 12 Mediante decreto publicado en la sección del Ministerio de Instrucción Pública y Bellas Artes de la Gaceta de Madrid. 13 Sobre las mujeres en la Edad de Plata, veáse Alcalá, Corrales y López (coord.), 2008.
14 Véase Magallón ( 1998) y http://mujeresdeciencias.blogia.com/temas/biografias. php.
REFERENCIAS
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_____. Un conocimiento innovador. Pensamiento Iberoamericano, [S.l.]: v. 5, 2009. _____; KICZKOWSKI, Adriana. Un universo por descubrir. Género y astronomía en España. Madrid: Plaza y Valdés, 2010. SCHIEBINGER, Londa. Has Feminism Changed Science? Cambridge: Harvard University Press, 1999.
CIENTÍFICAS QUE DEJAN HUELLA: INTERACCIÓN ENTRE EXPERIENCIA VITAL Y CONTRIBUCIÓN A LA CIENCIA María José Barral Morán Isabel Delgado Echeverría Teresa Fernández Turrado Carmen Magallón Portolés1
VVAA, Educación de mujeres y niñas en Iberoamérica. I Jornadas de Cooperación Educativa sobre Género y Educación. Madrid: Ministerio de Educación, 2006. Disponível em: .
Introducción
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En este artículo queremos dar a conocer un proyecto de investigación cuyo nombre coincide con el título: “Mujeres que dejan huella: interacción entre experiencia vital y contribución a la ciencia”2, describiendo el diseño, planteamiento y método utilizado (planteamiento y método que consideramos pueden resultar de interés para la realización de estudios similares por parte de colegas de otros lugares), y aportando un resumen de los resultados obtenidos. En el proyecto se analizan las interacciones entre la experiencia vital y la carrera profesional en el ámbito científico. Se trata de un estudio cualitativo, que se ha basado en la recogida de datos acerca de la trayectoria vital y profesional de científicas de principios del siglo XX y actuales en el marco geográfico de España. En él hemos utilizado una muestra reducida, estudiada en profundidad en relación con una serie de aspectos predefinidos para permitir la comparación. Partiendo de que la experiencia académica, profesional y vital de un hombre y una mujer tienen rasgos diferenciales, la pregunta que planteamos es en qué sentido y en qué aspectos afecta a la producción científica la creciente presencia de mujeres constatada en el último siglo. Enlazando los dos supuestos, que
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la pertenencia a un sexo influye en la trayectoria profesional, y que ésta influye en la producción científica, nuestra hipótesis de partida es la siguiente: “La experiencia marcada por la pertenencia a un sexo (supuestos, estereotipos, expectativas y roles sociales asignados) influye en la propia carrera científica y en las contribuciones que se hacen a la ciencia”. Entendiendo la ciencia como un proceso colectivo en el que se entrelazan las diferentes contribuciones individuales, podemos deducir que el devenir de una disciplina científica en la que trabajan mujeres y hombres se verá afectado por las diferencias sexuales. La validación de esta hipótesis tendría como consecuencia el cuestionamiento de los principios positivistas de objetividad y neutralidad de la ciencia, según los cuales las personas que hacen ciencia, sus características y recorrido vital, no afectarían a los resultados de la misma. La amplia formulación de la hipótesis, que incluye términos poco definidos, como “influye” y “contribuciones”, hacía necesaria una mayor acotación, que pasamos a explicitar. Interpretamos que “influye” quiere decir que pueden encontrarse rasgos en las trayectorias científicas que se explican por la pertenencia a uno u otro sexo. En cuanto a “contribuciones”, puede entenderse de manera fuerte, como sería el hecho de que las aportaciones de las científicas incluyeran nuevos temas o enfoques a una disciplina dada –como ha sucedido a menudo en la historia de la ciencia-, o de manera débil, como aportaciones a su campo dentro de los paradigmas y líneas de investigación existentes. Objetivos del estudio Nuestra estrategia ha sido dejar abierta la interpretación amplia para dar cabida a los hallazgos que pudieran venir del estudio detallado de los diferentes casos individuales, si bien concretamos una serie de objetivos. Los cuatro primeros tienen un carácter general: 1) Dar continuidad a los trabajos de recuperación de la vida y contribuciones de científicas españolas en los dos últimos siglos que algunas de nosotras hemos llevado a cabo (Magallón, 1998; Delgado, 2006).
2) Completar nuestras bases de datos, incorporando aquellas científicas que conocemos por nuestra actividad docente o investigadora. 3) Analizar el trabajo científico y la trayectoria vital de las científicas de la muestra (del ámbito español y en las áreas de fisicoquímica, biología, neurociencias y psicología). 4) Estrechar lazos y colaborar en la construcción de la red de investigadoras españolas que trabajan sobre científicas. Junto a ellos, planteamos los siguientes objetivos, más específicos, aplicados al análisis de los datos obtenidos de las científicas de la muestra: a) qué factores influyen en su elección de campo de estudios, en el tipo de preguntas que guían sus investigaciones. b) qué cambios introduce la participación de las mujeres en la ciencia institucionalizada. c) qué aporta el trabajo científico a las mujeres que lo realizan y al resto de las mujeres. d) qué aporta la participación de las mujeres y la incorporación de la experiencia femenina al desarrollo de la ciencia. e) qué cambios están pendientes todavía, es decir, qué aspectos de la organización de la actividad científica responden exclusivamente a las necesidades o la experiencia que ha venido siendo categorizada como general pero que es masculina. Selección de la muestra En el estudio se incluyeron dos tipos de científicas muy diferentes: aquéllas que estudiaron y comenzaron sus trayectorias profesionales en el primer tercio del siglo XX, y otro grupo que comenzó después de los años 50 y han seguido ejerciendo hasta principios del XXI. Concretamente, hemos profundizado en cinco casos de mujeres de la primera categoría y nueve de científicas actuales.
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Las científicas de principios de siglo se eligieron entre las que destacaron en su momento en los campos disciplinares de física, química y ciencias naturales. Los cinco casos seleccionados para este proyecto se añaden a los que habían sido estudiados con anterioridad por algunas de nosotras (estudios prosopográficos y de trayectorias individuales incluidos en publicaciones anteriores de Magallón y Delgado). La reconstrucción de sus trayectorias vitales (muchas veces incompleta) se ha realizado fundamentalmente a partir de documentos históricos y científicos, si bien en algunos casos la información ha podido ser complementada gracias a los contactos con sus familiares y amigos. Las científicas actuales fueron seleccionadas a partir de nuestra propia experiencia en diferentes campos científicos (fisicoquímica, biología, neurociencias, psicología): elegimos a las autoras de trabajos que habíamos utilizado en nuestras investigaciones y docencia, nombres que habíamos citado en nuestros trabajos de investigación, científicas que habíamos conocido por su especial relevancia en su campo; es decir, que fueron seleccionadas por ser una referencia profesional para nosotras. Todas ellas son científicas de éxito. El estudio de sus trayectorias profesionales se ha realizado con su colaboración, que desde aquí agradecemos, ya que se ha basado fundamentalmente en los datos que nos han proporcionado a través de entrevistas y cuestionarios, que iluminaron los que pueden extraerse de sus currículos y de su producción científica. El cuadro siguiente resume los datos principales de las científicas estudiadas. a) Científicas del primer tercio del siglo XX Genoveva Gail Gallo Madrid, 1896-¿?
Dina Scheinkin Odessa, 1898 – Egipto 1933
Felisa Martín Bravo San Sebastián, 1998
Josefa González Aguado Albuñuelas (Granada), 1907-1955
Carmen GómezMoreno Madrid, 1914 – NY 2008
Ciencias Naturales
Ciencias Naturales
Física
Química
Ciencias Naturales y Arte
Lda. Facultad de Ciencias de Madrid, pensionada JAE
Lda. Facultad de Ciencias de Madrid, pensionada JAE
1ª Doctora Investigado- Publicacioespañola en ra en el INFQ nes como Física estudiante y como curator de Arte
b) Científicas actuales Nombre
Especialidad
Centro de trabajo
Física de partículas
CERN, Ginebra Instituto de Física de Cantabria
ROCIO FERNANDEZ BALLESTEROS
Psicología, evaluación y envejecimiento
UAM Facultad de Psicología, Madrid
PAOLA BOVOLENTA NICOLAU
Neurobiología
CSIC Centro Ramón y Cajal , Madrid
MAXIMINA MONZON MAYOR
Neurobiología
Facultad de Medicina, U. de Las Palmas de Gran Canaria
Mª JOSEFA YZUEL GIMÉNEZ
Óptica, Fotoelectrónica
Facultad de Físicas de la UAB, Barcelona
BERTA GONZALEZ DE MINGO
Neurobiología
Facultad de Medicina de la UAB, Barcelona
VICTORIA SAU
Psicología diferencial. Teoría feminista
Universidad de Barcelona
CARMEN BASIL ALMIRALL
Psicología evolutiva. Comunicación aumentativa
Facultad Psicología de la UB, Barcelona
Neuroanatomía
Facultad de Medicina de Oviedo
TERESA RODRIGO ANORO
ESPERANZA BENGOECHEA
Metodología Con las científicas ya desaparecidas, las de principios del siglo XX, se utilizaron las técnicas historiográficas al uso: consulta de archivos, expedientes académicos, rastreo de revistas de su disciplina, memorias de las sociedades científicas a las que pertenecieron, acercamiento y conversaciones con sus familiares, y fuentes secundarias de la época.
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A las científicas vivas estudiadas les realizamos “entrevistas en profundidad” semi-estructuradas, enviándoles previamente un guión de los temas a tratar. Con ellas obtuvimos información acerca de su vida personal (familiar, social, otras actividades) y de su vida profesional: campo de trabajo, estancias de formación en laboratorios y otros centros, dirección de equipos de investigación, reconocimientos obtenidos, calidad de sus publicaciones y participación en comités de revistas especializadas, sociedades científicas y profesionales, organización y comités científicos de congresos, comisiones de expertos, y difusión y transmisión del conocimiento científico (participación en manuales académicos, artículos de revista, capítulos de libros y libros de divulgación científica), así como de la presencia de mujeres en su medio. Además de las entrevistas, cada una de ellas nos aportó su CV actualizado, con el que hemos podido completar los datos de su vida profesional. Con todo ello, se elaboró un documento de registro de cada una de las entrevistadas, recogiendo los campos considerados significativos y viables para los objetivos propuestos, así como información de sus opiniones y valoraciones sobre la ciencia, la promoción profesional o el desarrollo de su actividad personal y profesional. Las entrevistas fueron grabadas en audio y en vídeo, teniendo las grabaciones una duración promedio de hora y media por entrevistada. Estas grabaciones, junto con las fotografías recopiladas, nos han permitido iniciar la constitución de un archivo digital sobre el tema. En este archivo se han incluido asimismo imágenes de las científicas de la primera mitad del siglo XX, obtenidas a través de intensa búsqueda en archivos públicos y privados. Se ha constatado la escasez de fuentes disponibles y la falta de archivos que recopilen las memorias de las científicas pioneras, habiendo logrado las imágenes especialmente a través de las familias y amistades. Algunos rasgos compartidos En las entrevistas realizadas a las científicas actuales se analizaron los aspectos previstos en relación con los objetivos específicos. En el conjunto de las entrevistas resaltan ciertos rasgos, bien porque ellas mismas los han subrayado como importantes en su carrera, o
bien porque han sido mencionados por la mayoría, convirtiéndose en rasgos comunes de las distintas historias de vida. A continuación se aporta un resumen para cada uno de los objetivos: - Factores que han influido en su elección de campo de estudios y en el tipo de preguntas que guían sus investigaciones. Encontramos que estos factores fueron: a) influencias familiares, b) la novedad y actualidad del campo, y c) algunos mentoras/es que les ofrecieron opciones para seguir. - Cambios que introduce la participación de las mujeres en la ciencia institucionalizada. En cuanto a la organización del trabajo científico, ellas se incorporaron a las estructuras y usos existentes sin cuestionarlas. Existe más o menos actitud crítica hacia las estructuras de trabajo científico, en función del campo de investigación, y también en función de tener o no pareja masculina en el mismo campo. - Qué aporta el trabajo científico a las mujeres que lo realizan y al resto de las mujeres. Les aporta una gran satisfacción personal, son mujeres que se sienten orgullosas de su vida profesional. Esta satisfacción puede servir de motivación para otras mujeres y crear genealogía. Han hecho aumentar la presencia de mujeres en su campo, incorporándolas en sus equipos en una proporción mayor de la habitual. - Qué aporta la participación de las mujeres y la incorporación de la experiencia femenina al desarrollo de la ciencia. Todas están de acuerdo en que la participación de las mujeres mejora la ciencia de una forma general. Paradójicamente, la mayoría cree en la neutralidad de la ciencia. - Cambios pendientes todavía, en particular aspectos de la organización de la actividad científica que responden exclusivamente a las necesidades o la experiencia masculina pretendidamente universal.
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Las solteras tuvieron obstáculos para desarrollar su carrera. Las casadas han recibido apoyo de sus maridos, generalmente científicos, que siempre avanzaron en sus carreras antes que ellas. Han compatibilizado, en doble jornada, la crianza con la profesión, pero han tenido importante ayuda familiar (del marido y/o madres, padres u otros parientes). Todas han sido reconocidas más tarde que los hombres. Otros rasgos que pueden extraerse de las entrevistas son los siguientes: - Las solteras afirman que la dedicación a la ciencia absorbe su vida. Las casadas han integrado la vida familiar en su actividad científica. - Todas han sido reconocidas más tarde que los hombres, sus compañeros. - Todas recibieron apoyo e impulso familiar para hacer estudios superiores. - Todas comparten el empeño, gusto y dedicación completa a la ciencia y la investigación. - Todas las entrevistadas consideran que han alcanzado el máximo nivel profesional. Cambios en el tiempo 240
En relación con las científicas de principios del siglo XX, un primer resultado evidente es que la Guerra Civil significó para ellas, como para el resto de la sociedad, un punto de inflexión que para la mayoría supondría la ruptura de su carrera profesional. No obstante, esto no les sucedió a todas sus coetáneas: otros trabajos (Alcalá y Magallón, 2009) han mostrado algunos casos de mujeres que continuaron su trayectoria investigadora tras la guerra, en particular las que tenían una ideología similar a la del nuevo régimen dictatorial o colaboraron con él. Si bien los efectos de la guerra y de la dictadura tuvieron repercusiones en todas las trayectorias científicas, en el caso de las mujeres las directrices políticas de la época franquista tuvieron unas consecuencias añadidas a las que soportaron sus coetáneos varones.
Las pioneras incluidas en este estudio dejaron inconclusas sus carreras científicas, muchas veces directamente por la guerra, pero otras a causa del matrimonio o de la falta de oportunidades debida a sus roles sociales. El estudio realizado evidencia, pues, lo que puede ser considerado una primera conclusión: el contraste entre las científicas de principios del siglo XX y aquellas que comenzaron en los años 50 y posteriores, en las que ya se constata que han podido llevar a cabo un desarrollo completo de sus carreras profesionales. Comparando las trayectorias de científicas españolas del primer tercio del siglo XX con las de científicas actuales, podemos constatar que las condiciones de igualdad legal en el acceso a la educación, así como el cambio en las expectativas sociales y en la socialización de ambos sexos, han favorecido la participación de las mujeres en la ciencia. Los obstáculos que para las primeras llegaron a ser, en muchos casos, insuperables, han sido menores para las que iniciaron sus estudios universitarios cincuenta años después. La principal diferencia la encontramos en el peso de las cargas familiares, y en particular del matrimonio, que en las primeras determinó su alejamiento de la ciencia, mientras que se ha minimizado en las segundas, sin que esto signifique que las científicas actuales no se resientan con este problema. En la muestra de científicas actuales se observa una cierta minimización del asunto doméstico (mantenimiento de la casa, cuidado de los hijos, ...), de forma que no aparece como problema diario a resolver. La vida diaria se organiza girando en torno a la profesional, las tareas domésticas apenas aparecen, y en el caso de las que tienen hijos e hijas a su cargo, la responsabilidad se comparte con la pareja, y se reciben ayudas de otros familiares y externas. A ello ayuda el hecho de que los maridos compartan en muchos casos los mismos intereses profesionales, e incluso formen parte del mismo equipo de investigación. Valoración general Siendo este un proyecto limitado a una serie de casos, no era nuestra pretensión obtener unos resultados generalizables a todas las
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científicas o a todas las ciencias. Sin embargo, consideramos que los casos estudiados proporcionan pruebas suficientes para afirmar que el sexo de las personas que se dedican a la ciencia no es indiferente, ni en relación con las trayectorias profesionales, ni en cuanto a las contribuciones científicas. En relación con nuestra pregunta inicial, nuestra conclusión es contundente en cuanto a que la pertenencia al sexo femenino influye en la trayectoria profesional dentro de la investigación científica, y podemos afirmar que existen interacciones entre la vida de una mujer y su producción científica. En cuanto al tipo de interacciones, la respuesta obtenida ha sido plural y heterogénea: la vida y características de cada una de las mujeres científicas es única e irrepetible, y existen múltiples formas de solucionar los problemas comunes. Sin embargo, del estudio se desprende que existen unas condiciones de partida que favorecen el desarrollo de la carrera científica. Estos resultados nos reafirman en el interés por estudiar las biografías y trayectorias vitales como fuente de conocimiento, y en particular como base para la elaboración de políticas encaminadas a impulsar la producción científica. Puesto que las científicas actuales investigadas son todas ellas profesionales de éxito, puede decirse que sus circunstancias vitales, los factores que nos han explicado acerca de sus vidas, si no son causa del éxito (nuestro estudio no es de causa-efecto) sí que correlacionan con él: son factores que acompañan al éxito. De ahí su interés. Estos factores son: la legalidad y expectativas sociales (mentalidad debida al contexto), la actitud de la familia (padre-madre), la salida al extranjero, la elección de una pareja científica, el apoyo constante familiar en la vida cotidiana, y el haberse dedicado a una ciencia o una rama de la ciencia novedosa. En relación con muchos de estos aspectos, las regularidades extraídas de las entrevistas realizadas configuran unos rasgos que, de acuerdo con los datos de que disponemos, muy posiblemente compartirían las científicas de principios del siglo XX. En todas las científicas entrevistadas destaca su pasión por la investigación, el enorme deseo de dedicar su tiempo a algo que les gusta y les satisface enormemente. Un tiempo que les cunde
mucho, pues aunque realizan largas jornadas de trabajo no parecen nunca cansadas. Les contraría, sin embargo, tener que dedicar una parte de su tiempo a otras actividades (a veces tareas de gestión, otras de docencia o divulgación) que les aparten de la investigación que están realizando. Tras escuchar a estas científicas, es fácil comprender la frustración de aquellas que por diversas causas tuvieron que dejar inacabadas sus investigaciones y dedicar su tiempo a otras tareas, como ocurrió en los casos de las pioneras estudiadas. En cuanto al hecho de haber decantado su vida hacia la práctica de la ciencia, constatamos que la familia ha jugado un papel decisivo: han tenido el apoyo y la comprensión de su padre/madre para estudiar y para elegir su carrera. La sensación de excepcionalidad se transmite solamente en las más antiguas, a pesar de que las más jóvenes estudiaron en clases en las que las chicas no representaban más de un tercio del alumnado. También ha sido determinante la posibilidad de ampliar estudios en otros países, ya fuera con apoyo familiar o gracias a las políticas de becas y subvenciones. En los relatos de las científicas entrevistadas destaca la importancia que han tenido las relaciones personales en el inicio y afianzamiento de sus trayectorias profesionales. Destaca el reconocimiento explícito de las redes de relaciones que les han dado apoyo, tanto en los aspectos más vitales (lugar de residencia, idioma) como en los estrictamente profesionales, que contrasta con la impresión de self made man que transmiten otros relatos autobiográficos al uso. En concordancia, se manifiesta un esfuerzo por la prolongación de estas redes hacia quienes empiezan actualmente sus carreras científicas. La huella que estas científicas dejan no es pues solamente en el ámbito de la producción científica directa, sino también en el del sostenimiento y engrandecimiento de la comunidad científica. También hemos constatado que se cumple lo que indican otros estudios históricos: que hay mayor probabilidad de que una mujer científica destaque en un campo nuevo, donde se da una menor competencia. En los casos estudiados: la rama de la óptica de Yzuel, el enfoque de la física de partículas de Rodrigo, el estudio del envejecimiento de Fernández, o el estudio dentro de la neurociencia del papel de las células de la glía de Monzón, Gon-
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zález de Mingo y Bovolenta, son avances en áreas de novedad, no son estudios clásicos. Lo mismo puede decirse de los estudios de biología en los que participaron Genoveva Gail, Dina Scheinkin y Carmen Gómez-Moreno. Un resultado inesperado de nuestro trabajo es que todas las científicas entrevistadas se han sentido reconocidas por haber sido seleccionadas para este estudio. En algunos casos, el hecho de haber sido entrevistadas ha transcendido a la prensa y ha tenido repercusiones positivas en su medio laboral. Finalmente, queremos reiterar que los rasgos comunes encontrados constituyen solamente pinceladas de vidas todas ellas más complejas, ya que la riqueza de cada trayectoria de vida es singular e irreducible a categorías cerradas. NOTAS 1
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ÉLITES PROFESIONALES FEMENINAS EL CASO DE LAS ACADÉMICAS Y LAS CIENTÍFICAS: UN ANÁLISIS SOBRE EL BINOMIO GÉNERO&PODER María Antonia García de León Álvarez
1. Preliminares El género es uno de los pilares más vertebradores de todos los sistemas sociales. A escala individual, el género determina también todo un modo de vivir la existencia humana, de tal manera que dentro de un mismo sistema social podríamos decir que existe una cultura de la masculinidad y una cultura de lo femenino. En la actualidad, una vez quebradas las pautas tan marcadas sobre el ciclo vital de hombres y mujeres en la sociedad tradicional, uno de los problemas centrales que afectan a la configuración de la estructura de la personalidad en las sociedades industriales y urbanas es el de la identidad. Si ha habido un ámbito en el cual el gran cambio social experimentado en el mundo occidental en tantos aspectos, tras la Segunda Guerra Mundial, que pueda calificarse de enorme, éste es el relativo a la vida de las mujeres. El proceso no está, ni muchos menos, agotado. Estamos ante una identidad femenina fragmentada. De tal modo que en la sociedad actual se pueden contemplar a mujeres pioneras en distintos moldes de vida social (vr.gr.: las primeras políticas, senadoras, etc.) junto a las profesionales establecidas, las profesionales «juniors» y, asimismo, mujeres con existencias bajo moldes precapitalistas y «quasi» feudales. Por conveniencias de espacio, no expondremos aquí en extenso el modelo teórico interpretativo en el cual hemos efectuado
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el siguiente diagnóstico: se está produciendo un proceso de aculturación de las mujeres desde el viejo modelo cultural femenino («el ama de casa») hasta el nuevo modelo cultural femenino («las profesionales»). Por ello, todo cuanto se analice en este campo debería llevar el rótulo «atención arenas movedizas». Tal es la sensación y realidad de estar nosotras mismas inmersas y siendo protagonistas de este intenso cambio social. Si la situación social de las mujeres en la actualidad es fragmentada, asimismo lo son los móviles por los que se ha llegado a ella: la resistencia de las mujeres a la femineidad convencional ha sido un arma de cambio (Evans: 1998) pero también el Mercado, la mera modernización sin más autoconsciencia, ha sido otra vía de producir mujeres alejadas de la dinámica social tradicional impuesta al género femenino. Este acelerado cambio social por género ha tenido y tiene su traducción en el plano del pensamiento y de la producción del conocimiento que se ha visto forzado a afrontar todo ello súbitamente. Así, desde unas Ciencias Sociales, en general, ciegas a todo análisis por género, que tenían entronizada la clase social como explicación «quasi» total de unos sistemas sociales pensados (por puro androcentrismo) como asexuados bajo la égida del universal Hombre / Humanidad, se ha pasado a unas Ciencias Sociales en las cuales se considera imprescindible o ineludible el análisis de género. Todo ello ha originado una nueva literatura especializada, sumamente vital y brillante, pero, asimismo, un magma de tópicos que se arrastran cual bola de nieve, engrosando los escritos sociológicos, una vez tras otra sin ser revisados. Destacaremos sólo los siguientes «ad exemplum». 1.1. El llamado efecto temporal La respuesta espontánea y común en nuestras sociedades avanzadas, al problema de la escasez de mujeres en las esferas del poder, es: el tiempo lo remediará. Los datos demuestran que no es así. Hay un cierto estancamiento en muchas áreas científicas y el ritmo temporal de incorporación de las mujeres a puestos de responsabilidad profesional es lento y está lejos de alcanzar la deseable paridad de género.
Criticamos a esa respuesta sencilla del sentido común en lo que etiquetamos como “el efecto temporal”. El factor tiempo “per se” no cambiará las cosas. Debe ser ayudado y corregido por controles y medidas “ad hoc”. Ello por las siguientes evidencias: 1ª) el grado de desarrollo de un país y su trayectoria sociohistórica, no correlacionan con el grado de poder de sus mujeres, no guardan una proporción lógica. En este sentido, el “ranking” al respecto, entre países con sociedades avanzadas no refleja grandes diferencias como cabría esperar. 2ª) El flujo de nuevo capital humano femenino que aporta efectivos formados iguales a los masculinos, refleja, paradójicamente, no llegar a logros profesionales proporcionalmente igualados o equilibrados con el éxito que alcancen los hombres. 3ª) La carrera profesional que deben seguir hombres y mujeres está diseñada en principio en abstracto, pero, de hecho, desde la lógica y necesidades masculinas, las cuales perjudican a las mujeres y, en conjunto, a la sociedad. No tiene en cuenta el hecho de la maternidad que es un asunto personal pero también social (vr.gr.: como ha demostrado la imponente bajada de la natalidad española). 4ª) El mero “efecto temporal” no evitará la clara división del trabajo por género que se advierte en la realidad: los efectivos femeninos se incorporarían bajo moldes de género al mercado profesional. Todo lo anterior demuestra la necesidad de una especie de “intervenciones quirúrgicas de género” que sobrepasen y potencien el que llamamos crítica e irónicamente el efecto temporal. 1.2. El halo de la domesticidad Las responsabilidades familiares, «cargas» u obligaciones, como se las quiera llamar, se comportan como puntos ciegos, sumideros, que indefectiblemente se adjudican a todas las mujeres, reificándolas en una arquetípica y ya inexistente condición femenina. Y no digamos, cuán distante queda dicha «condición» si estamos observando a elites femeninas (García de León: 1982). Hay una especie de perspectiva victimista que esencializa la condición femenina (vr. gr.: cuestionarios a mujeres profesionales que casi exclusivamente les preguntan por hijos, servicio doméstico, etc., y no tanto sobre el trabajo). Funcionan dichos análisis según moldes mentales de la
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ideología dominante: mujer igual a cargas familiares. Contra ello, el análisis sociológico deberá cribar lo que denominamos el efecto halo de la domesticidad, un obstáculo al conocimiento en el análisis por género. Mejor, pensar en cargas familiares según clases sociales. Al límite, tener cargas familiares es no tener profesión, ser ama de casa (hay quienes quieren considerarla una profesión) y, mucho menos, tener una profesión de elite, como las mujeres profesionales que nos ocupan. Éstas se liberan de las llamadas «cargas» en el no inspirado lenguaje estadístico, por un doble flanco de condiciones especiales: o bien son solteras sin hijos y/o bien son mujeres con un alto nivel social que desplaza las llamadas cargas a agentes especializados: empleadas del hogar, colegios, etc. Todo evidencia que para profundizar en el conocimiento habría que construir tipologías femeninas, incluso dentro de un mismo campo profesional. 2. Una comparación relevante: políticas y científicas
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La revisión de todas las esferas de la vida social y de cada una de sus instituciones es un objetivo socialmente compartido tanto por mujeres como por hombres progresistas. Es el campo de la política en el que primeramente se abrió el fuego. Primacía que responde a razones inherentes a la lógica de dicho campo, o lo que es igual, a la necesidad de representación y legitimidad ante un electorado compuesto en su mitad por mujeres y, en general, respondiendo a necesidades de funcionamiento del “establishment”. Dada esta dinámica temprana en el campo político, ya tenemos construida una pequeña historia y, subsecuentemente, ya contamos con un “corpus” teórico de calidad, pujante y en continua actividad creativa, al igual que continuo y acelerado es el cambio de la realidad social. De ahí que a nuevos actores sociales, nuevos temas de investigación social, es decir, la estrecha relación y revitalización entre la construcción de la realidad social y la construcción de la producción intelectual. Es en este sentido que proponemos la revisión de la institución universitaria, ya que es una de las instituciones con un poder androcéntrico más persistente, en sorprendente paradoja con su llamado talante liberal. De ahí que la crítica sea obligada. Se trataría, una vez más, de investigar a la contra (el “quid” del oficio intelec-
tual) y romper las falsas imágenes provocadas por la gran afluencia de universitarias: pensar que la Universidad es ya un universo conquistado para la igualdad. Por el contrario, esa gran clientela femenina de la institución (a diferencia de la menor clientela femenina de sindicatos y partidos) subraya la injusta e injustificada razón de la existencia de un poder académico-androcéntrico. Así pues, vivenciamos una Universidad contradictoria y paradójica por razón del género, es decir, feminizada pero no feminista. Trazar la homología entre el campo político y el campo académico podría ser de un gran valor heurístico por múltiples razones, entre las que se encuentran las siguientes: 1ª) El denominador común que reflejan las elites femeninas en sus datos biográficos, en sus ventajas y obstáculos para su acceso a los puestos de poder, más allá de las singularidades del campo: Vid. Bourdieu y su teoría de los campos. 2ª) La ya mencionada acumulación de conocimiento en el campo político, sobre el tema de Género y Poder, dada la impuesta primacía temporal de los problemas de las mujeres profesionales en él. Todo parece indicar que la institución universitaria no hubiera sido impelida a compartir su poder con las mujeres que en ella trabajan, ni mucho menos haberse propuesto este reto deliberadamente y “per se”, cosa que hubiera podido hacer acorde con su pretendido talante liberal. Parece como si la institución (el poder académico) hubiera vivido agazapado y en silencio, sin plantearse ninguna existencia a este respecto, y asimismo sin serle planteado ningún cuestionamiento. Por decirlo expresivamente: letargo por arriba y letargo por abajo, es decir, desde las bases o usuarios/as de la Institución. Ninguna exigencia, ninguna petición de cuota (qué gran heterodoxia hubiera sido plantear la cuota académica, al igual que en su día se elaboró la política compensatoria que supone la cuota política). Calma chicha en la mar académica, dicho sea en el argot marino. Se había conseguido tanto: sólo se hablaba del irresistible ascenso de las mujeres universitarias. Mientras el poder académico permanecía, y permanece, casi incólume a cualquier reparto por género, aunque fuera guardando una cierta desproporción en los
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porcentajes entre hombres y mujeres con cargos académicos, dada la trayectoria histórica de la universidad al respecto. 2.1. Una comparación interesante: datos internacionales Sólo un breve apunte: las élites profesionales femeninas reúnen un elenco de características que forman un denominador común, dicho en términos generales; de este hecho hemos realizado múltiples comprobaciones, tanto a nivel internacional, como a nivel de los distintos sectores de actividad en que pueden destacar1. No nos detenemos ha analizarlos aquí (por falta de espacio) y remitimos a la bibliografía especializada, incluida al final. Sólo indicar lo siguiente: a través de dos flancos le vienen estas características comunes (que llaman la atención observar similares en las más diversas latitudes geográficas y socio-históricas)primero, son características “per se”, por su condición de élites y apoyadas en el poder y su férrea reproducción social; segundo, son características ligadas al sistema patriarcal que es un universal y por tanto, iguala a estas élites femeninas, hace similares sus peculiares estructuras familiares, como destacaremos en este texto al hablar de sus datos biográficos. 3. El poder académico y científico como poderes androcéntricos 256
Dejando a un lado matices, se puede afirmar que respecto a un equilibrado reparto del poder entre hombres y mujeres académicos y/o científicos (es decir la Universidad o el campo de la Investigación) ambos ámbitos el universitario y el científico, se comportan de igual manera. De tal modo que igualmente podríamos decir poder académico = poder androcéntrico que poder científico = poder androcéntrico, y en suma, en ambas instituciones destaca la existencia de un poder ejercido y controlado casi en solitario por los hombres y, lo que no es menos importante, desde su particular perspectiva masculina de la realidad. Veamos la evidencia de los datos: tanto catedráticas como profesoras de universidad, la más alta jerarquía que las mujeres pueden alcanzar en sus respectivas instituciones, están prácticamente igualadas en su escasez.
Es en este sentido que proponemos la revisión de la institución universitaria, ya que es una de las instituciones con un poder androcéntrico de lo más persistente, en sorprendente paradoja con su llamado talante liberal. De ahí que la crítica sea obligada. Se trataría de romper las falsas imágenes provocadas por la gran afluencia de universitarias: pensar que la Universidad es ya un universo conquistado para la igualdad. Por el contrario, esa gran clientela femenina de la institución (a diferencia de la menor clientela femenina de sindicatos y partidos) subraya la injusta e injustificada razón de la existencia de un poder académico-androcéntrico. Así pues, vivenciamos una Universidad contradictoria y paradójica por razón del género, es decir, feminizada pero no feminista. Igualmente esta revisión y crítica es aplicable a las instituciones científicas. 4. Profundizando el conocimiento. Las aportaciones del enfoque biográfico 4.1. ¿Quiénes son? Una visión al pasado Toda anomalía debe ser explicada. De este modo se procede en el terreno científico, ya sea en el campo de la medicina, de la bioquímica, de la física o en cualquier otro que se vea concernido. En nuestro caso, tratamos de explicar, desde las Ciencias Sociales, la anomalía histórica y social que significa el caso de las primeras élites profesionales femeninas. Sin embargo, estas mujeres, aun siendo pioneras y minorías, se han producido en tal número, y sobre todo apuntalando tal tendencia social a un incremento de futuro que no pueden ser catalogadas como “excepciones”. Estudiamos a mujeres profesionales, cuyas edades están comprendidas entre los cincuenta y setenta años y cuya actividad profesional se ha desarrollado plenamente desde los años ochenta, siendo significativo desde el punto de vista histórico que sean la primera rectora, las primeras catedráticas de su especialidad, las primeras académicas de su área de conocimiento, etc. En suma, hemos hablado de anomalía, la pregunta obligada sería: ¿qué era lo normal? ¿la norma? Pues bien, las élites profesionales femeninas son anomalías porque lo normal en la sociedad pa-
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triarcal en que nacieron, se socializaron y han forjado sus carreras profesionales, era la mujer no profesional, o dicho de otro modo, la mujer profesionalizada en las tareas familiares: el ama de casa. Y en otro plano de lo real, la norma eran las mujeres sin poder (profesional). Esta dialéctica entre norma-anomalía, o si se prefiere entre lo general y la excepción, tal vez explique, como telón de fondo histórico, aspectos de su condición de élite, su mérito y su demérito, en términos de estructura, no aludimos aquí a personas ni a psicologías individuales. El enfoque biográfico es una aproximación emergente para el estudio de la realidad social, pese a su dificultad, debida, entre otros factores, a este nuevo fenómeno: “el cambio radical de los procesos de individualización de las biografías. Las historias personales son cada vez más difíciles de tipificar. Los individuos siguen hoy caminos que no se dejan captar en ninguna de las categorías tradicionales”. Esta puede ser una de las dificultades actuales del tratamiento de los materiales biográficos, pero que encierra, a su vez, una de las razones de su uso creciente: la ruptura del curso biográfico tradicional, molde vital férreamente trazado para todos los estratos sociales y, dentro de ellos, para sus hombres y mujeres, con el consiguiente rechazo social y punición a la desviación de dicho molde. Los materiales biográficos de las élites profesionales femeninas que aquí trabajamos, tienen, además del interés de todo material de estudio, la importancia añadida de ser vidas en transición, es decir, cursos vitales con un componente tradicional fuerte (componente de pasado) presto a ser alterado, cambiado, por un componente nuevo y de cara al futuro. Nuestras mujeres, objeto de estudio, son mujeres en transición. Ellas mismas manifiestan tener consciencia de su propia coyuntura histórica. Veámoslo en estas declaraciones: “Somos una generación puente. Estamos en el momento de hacer cuatro cosas a la vez. No podemos ser débiles” (Catedrática, 55 años). “Somos un modelo. Cuando yo estudié en EE.UU. ya existían tres generaciones de mujeres académicas. Ahora nosotras somos las donadoras del saber” (Catedrática, 53 años).
Nuestro diagnóstico es el siguiente: para que una mujer pudiera abrirse camino hacia una profesión superior en cualquier sociedad tradicional patriarcal se tuvo que producir un significativo proceso de sobreselección social, más intenso que la selección social que muestra toda biografía de élite (y, en concreto, las de nuestro elenco de hombres periodistas y catedráticos de universidad que veremos en sus respectivos capítulos). Ello en el terreno de lo social. Pero la fortaleza de la negación de un mundo profesional a las mujeres fue tal, que provocó, además de la mencionada sobreselección para que dichas mujeres pudieran alcanzar el éxito en sus profesiones, el siguiente hecho: que fuese una sobreselección muy cualificada, es decir, familias no sólo con riqueza, sino familias ricas y cultas. Por si todo ello no bastase (y no bastaba dada la fortaleza del patriarcado) debieron contar con padres muy especiales: padres no solo singulares por su riqueza (económica y social) y por su riqueza cultural, sino padres sobre todo singulares por su sensibilidad hacia las mujeres, padres liberales y hasta “feministas” (“avant la lettre”). Unos lo fueron por principios, otros inicialmente forzados por un significativo destino familiar: ser patriarcas de sororidades, es decir, familias que no tuvieron primogénito, familias con una especial composición femenina, de tal manera que el padre se vio obligado por las circunstancias a pensar en los destinos de sus hijas, o a trasladar de buen o mal grado el diseño profesional del “heredero” que no tuvo, a sus hijas. Se ha teorizado largamente sobre los capitales social, económico, simbólico, cultural y escolar de las personas, pero no se suele hablar de un hecho esencial para su funcionamiento como persona adulta: el suelo psíquico sobre el que ha crecido, o lo que podríamos llamar su capital afectivo. Sin embargo, este “input” es fundamental en cualquier biografía, y se pone claramente de manifiesto en las de nuestras entrevistadas como una importante socialización en patrones profesionales para las hijas primogénitas y/o únicas en las familias sin descendencia masculina. Es asimismo destacable que, en muchos casos, sus familias componen una especie de matriarcado, o lo que es igual, padres que no tienen hijos varones, o bien, que ellas son las primogénitas, po-
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sición muy significativa en la constelación de hermanos/as como ha sido puesto de manifiesto por diversas investigaciones. De este modo, son fácticamente, muchas de ellas, las herederas, con un destino socioprofesional que se ha cargado de la energía de un padre que no ha tenido hijo varón en quien depositarla. 4.2. ¿Qué hacen? Una visión de presente
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“Tenemos una identidad provisoria”. Parte sustancial del poder es poder (en esta deliberada redundancia) controlar cómo los demás nos ven, y esto se nos escapa a las mujeres, no lo dominamos. Aún pesa mucho el género: tal vez ser estimada como una posible “presa sexual”, o simplemente, ser vista como una hembra2. Más allá de toda “moralina”, en la arena pública actual hay mujeres con una clara reluctancia hacia el poder y otras decididas a entrar en él. En ambos casos, las razones y los discursos han sido ampliamente sopesados y sometidos a reflexión y análisis. Las primeras, las que se muestran distantes hacia el poder, o más exactamente, a un poder con reglas “tramposas” en tanto que desequilibradas para las mujeres (como hemos visto con las redes informales y la irresponsabilidad masculina hacia la familia) pueden tener dos posturas: la denuncia explícita, o bien lo que es más común, la no participación, denuncia tácita, que tiene visos de pasividad pero sobre todo es fruto de un sabio realismo ante unas reglas del juego en las que ellas no han participado. Un motivo más para tildar al juego del poder tramposo por motivos de género, aparte de otros motivos sobradamente conocidos y más allá del género. En el otro extremo, las mujeres que se introducen en el juego del poder (aun a riesgo de esquematizar) pueden tener dos posturas: o bien estar bajo el llamado “síndrome de la abeja reina”, y vivir su condición de élite desde el elitismo y la distancia, o bien una postura solidaria, consciente de la opresión femenina y del esfuerzo colectivo por erradicarla. Veámoslas. Las abejas reinas, o una forma de etiquetar a algunas mujeres que han alcanzado ciertas posiciones en áreas tradicionalmente dominadas por los hombres, que muestran las tendencias a sentir que lo han hecho individualmente y por sus propios méritos, me-
nospreciando toda consideración de género y lejos de toda consciencia histórica. Asimismo, tendencia de esas mujeres a no ahorrar a las otras mujeres los esfuerzos que ellas mismas han tenido que desplegar para llegar al puesto de responsabilidad donde están, incluyendo también la tendencia a sacar gloria y beneficio del hecho de ser tan pocas las de su sexo, en su ámbito. Por último, tendencia de estas mujeres a disociarse de su sexo y a no ser solidarias con los problemas de la mayoría de las mujeres. Las mujeres solidarias, por oposición a la anterior categoría, tendrían consciencia histórica de su identidad de género y convertirían su privilegio (v. gr.: ser una mujer profesional de élite) no en crear y aumentar la distancia social, sino justamente en lo opuesto: el gozo de poder tener y por tanto poder repartir, estar en condiciones de ayudar. Un privilegio es para dar, sitúa en el deber social de dar, podrían pensar desde esta postura. Preguntas relevantes podrían ser las siguientes: ¿Hay un liderazgo femenino en la actualidad? ¿Cuáles son las condiciones de ese liderazgo para existir? ¿Cómo se pueden ayudar las mujeres? De cara a medidas y, en general, de cara a promover cambios sociales, sería de interés evaluar qué papel social están jugando las élites y, concretamente, las élites femeninas respecto a la eliminación de la discriminación de género. ¿Están deliberadamente ayudando a acelerar un cambio social? ¿Obstaculizan dicho cambio para mantener la distinción y/o el elitismo? ¿Están en sus posiciones como un peso muerto, inerme, simplemente haciendo número? ¿Ejercen un liderazgo social o se comportan con el más craso individualismo? ¿Las otras mujeres apoyan su liderazgo, lo reconocen en caso de tenerlo, o bien, obstaculizan, si pueden, su posición preeminente? Estas cuestiones relevantes tendrían tal entidad propia para ser el punto de partida de una nueva investigación. En síntesis, como indicábamos al inicio, hay que tratar de estar más allá de todo maniqueísmo o simplificación. El grado de complejidad del cambio social por género hace que rápidamente las categorías de trabajo (v. gr.: mujeres profesionales) queden como categorías muy generales. La creciente especialización de la realidad de las mujeres, fragmenta la condición femenina y especia-
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liza asimismo los Estudios de Género que sobre ella versan, requiriendo la construcción de tipologías femeninas, incluso dentro de un mismo campo (vr.gr.: las mujeres políticas). Todo ello adobado con la celeridad de un cambio social imponente. 4.2.1. Obstáculos externos (a) El ceremonial masculino o el juego de lo serio.
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Numerosas investigaciones están recogiendo la queja de las mujeres profesionales sobre el dispendio de tiempo de sus colegas varones en reuniones interminables en las que subyace veladamente, no la eficacia, sino la lucha simbólica, de ver quién dice la última palabra o pone la última coma, por poner un ejemplo, ya que el juego del «hacha de silex» ha periclitado. Igual dispendio de tiempo (o ganancia de tiempo en su carrera al poder) hacen los hombres en la «política de pasillos», «restaurantes», etc. desde la óptica femenina. Tal vez, autoexculpados en su mayor parte de las responsabilidades de la vida familiar y doméstica. Glosemos estos extremos importantes y, cada vez, más puestos en evidencia con algunos ejemplos de otros campos, concretamente el de la política. M. Aubry (ex-ministra francesa) señalaba: «En la política como en el resto de esferas las mujeres molestan porque dicen lo que piensan más fácilmente y más directamente. En un medio en que la gente pasa mucho tiempo divagando, eludiendo las cosas, mejorando las relaciones entre unos y otros, es verdad que las mujeres molestan porque no dudan en plantear los debates mientras que los hombres dudan hacerlo para no crear oposición». Asimismo, P. Norris analizó las actividades parlamentarias de hombres y mujeres de la Cámara de Comunes británica, encontrando grandes diferencias de género respecto a las tareas que consideraban principales en su calidad de miembro del Parlamento: las parlamentarias británicas dedicaban bastantes más horas al trabajo relacionado directamente con los electores o con su circunscripción y, además, se daba un contraste muy grande en las horas dedicadas a casos concretos, ayudando en problemas individuales como vivienda, servicios sociales y
servicios de bienestar. En contraste, los hombres parlamentarios pasaban más tiempo en actividades de partido, especialmente en reuniones informales con otros miembros y en las reuniones del grupo parlamentario. Además, los hombres pasaban más tiempo en debates mientras que las mujeres preferían el trabajo en comisiones especiales. Así pues, reuniones informales, debates, o similares, es decir, el estilo y lugares clásicos de la masculinidad. Tantos siglos de ágora, foro o casino son difíciles de olvidar por el inconsciente histórico varonil. Sumamente aclaratoria de estos aspectos que estamos analizando es la didáctica obra de V. Camps (1998) que resume los siguientes tres rasgos arquetípicos del comportamiento masculino en el campo de los partidos políticos, pero, a nuestro juicio, extrapolables a toda organización con hegemonía masculina, y qué duda cabe, a las empresas en general, como indican una y otra vez nuestras entrevistadas. Los mencionados tres rasgos son: “organizacionismo” (perderse en la organización que es una forma de perderse en el mundo) “formalismo” (el discurso hueco, las reuniones interminables) y “la media verdad”. En dichos extremos, abundan las críticas de las participantes de un grupo de discusión de alta cualificación (incluye medios de comunicación) al igual que parte de los sujetos de nuestra investigación. De ahí que sea de interés incluir esta cita. Sus opiniones trascienden las características de su empleo para cuestionar la organización del trabajo, provista de una racionalidad del tiempo despilfarradora: “Como no hay otros tiempos en los que pensar, las reuniones se extienden a lo largo del día, ellos no saben en qué emplear su ocio”. Su crítica, como expone Murillo: “proviene de las formas y condiciones que adopta el mercado de trabajo. La sujeción a una jornada intensiva ofrece el asidero a dos juicios de valor complementarios. Por una parte, el miedo a travestirse en una cadena de semejanzas con el prototipo de varón trabajador, cuando disponer de otros modelos de gratificación (la vida familiar o las aficiones personales) implica desprenderse de una identificación con la cultura de la competitividad y el ejercicio de la profesión. Horizonte predominante en la actividad viril. Y, por otro lado, en
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ningún momento el grupo dejar de reconocer las contrapartidas: el ejercicio de la autonomía que conlleva un empleo muy bien remunerado”. Abundando en lo anterior, podríamos decir que el ceremonial masculino, implícito en el juego del poder cuyos actores por excelencia son los hombres, es visto desde la visión de género de las “outsiders” y dominadas, las mujeres, no tanto ya como el rey en camisa, sino como “el poder en camisa” y cualquiera de sus rituales y boatos como juegos de artificio en los cuales de lo que se trata auténticamente, más allá de la apariencia, es de afianzar exclusivamente la identidad masculina, la cual básicamente se confirma y tiene sus asideros más firmes en la lucha y la competencia. Pasamos a dar cuenta de algunas muestras de estas luchas. (b) El efecto de “el viejo club de los muchachos”
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El sistema de poder informal es el poder que se mueve en la sombra y se complementa con unos poderosos mecanismos, los cuales obtienen su fortaleza de ser la mayor de las veces inconscientes, propios del androcentrismo y de sus prácticas anexas en nuestra cultura. “The Old Boys Club” es una expresiva etiqueta del feminismo anglosajón, para denunciar la sistemática recurrencia masculina a recurrir (valga la redundancia) a hombres, antiguos conocidos, para repartir entre ellos nombramientos, cargos, en suma, poder. De esa forma han sido evidenciados, criticados y sacados a la luz dichos mecanismos en los que la antigua amistad masculina acude por norma al viejo amigo, en nuestro caso, al amigo del bachillerato, al compañero del Colegio Mayor, Residencia u otros espacios sociales para cooptarlo y repartir con él parcelas de poder. Son mecanismos “humanos demasiado humanos”, basados en una realidad de un mundo segregado de hombres y mujeres que no obedece ya a las pautas de la sociedad actual, por lo cual ha sido necesario esa especie de intervención quirúrgica que ha sido la “cuota” y en la actualidad lo es “la paridad”, medidas de discriminación positiva, para que realmente tome cuerpo también en los aspectos de género esta nueva sociedad creada. “Sexismo igual a democracia imperfecta”, se ha escrito. O bien ha sido necesario ganar mucho en sensibilidad
política y social a través de la cuota tácita que practican los partidos políticos que introducen a mujeres en los más altos puestos sin recurrir a la denominada discriminación positiva, a la que son refractarios, aunque de hecho la practiquen. Hay normas sociales no escritas pero tan poderosas como si lo estuvieran. En la sociedad rural, por ejemplo, la hora de “la partida” (de cartas, de dominó, etc.) eran, y aún hoy son, horas masculinas con sus respectivos espacio y tiempo circunscritos, no transgredidos por las mujeres. Ese no compartir y no transgredir parece seguir existiendo aún en los ámbitos más racionalistas e igualitarios como pudiera ser a primera vista el mundo de la Universidad. Por último, nos parece casi deliciosa la candidez con la que expresa esta alta profesional del periodismo, la persistencia de universos masculinos aparte, que desde luego están más acá y más allá del carácter amistoso, lo traspasan (lo “trufan” casi podríamos decir) con intereses profesionales, políticos, académicos, o de cualquier índole, pero a fin de cuentas intereses, no mero altruismo o simple amistad: “Hombre, yo creo que de todas formas sí que influye que los hombres se reúnen entre hombres y están más confiados”. Es en esa zona-atmósfera del “estar más a gusto”, “estar más confiados”, en la que se introducen las discriminaciones ocultas más sofisticadas, en muchos casos inconscientes. Se producen contra la mujer “quasi” sistemáticamente y contra los hombres no poderosos por otros motivos. Ese “estar más a gusto”, es muy humano, pero para la amistad, no para ponerse en el desfiladero de transgredir las normas de igualdad entre hombres y mujeres que nuestras sociedades se han otorgado a sí mismas. (c) La situación de tribunal: una situación desigualitaria y desfavorable para las candidatas femeninas en general Situándonos en un nivel crítico hacia la institución universitaria, es obligado citar el excelente ensayo titulado significativamente «La tribu universitaria»3. En él, A. Nieto analiza (y con gran conocimiento de causa, puesto que es un personaje que ha vivido de lleno el poder académico) la universidad (en este caso la española, pero
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creemos que generalizable a otros ámbitos), su carácter «quasi» feudal, reinos de taifas en permanente guerra de banderías. Es muy difícil, obviamente, a alguien que viva como un sujeto autónomo, libre de grupos, prosperar en ella. En suma, habría que criticar políticamente y también desde el feminismo (por intereses de política feminista) el estado, podríamos decir, de no modernidad, de irracionalidad que preside la institución en sus más altos niveles de cara al reparto y ejercicio del poder. Este estado de irracionalidad de la universidad es doblemente perjudicial para las mujeres. Como regla general, podemos decir que a las mujeres les favorece la transparencia, por lo siguiente: la falta de transparencia es doblemente perjudicial como mujeres (género) y como dominadas (sujetos sin poder). Es decir, en un campo con grandes dosis de poder, las mujeres, al no tener poder por lo general, por tanto no van a tener la posibilidad de influenciar o intervenir en el comercio de favores que obtener una cátedra conlleva o puede conllevar. Los hombres, como tales hombres, no pagan tanto precio como la mujer en el escenario universitario. En primer lugar, porque están socializados en la brega de la dureza de la lucha por el poder; en segundo lugar, porque tienen el apoyo de una sociedad patriarcal, y, en tercer lugar, porque por definición los hombres suelen reunir más poder que las mujeres, las cuales suelen tener un poder o influencia indirecta (ser la mujer de ..., la cuñada de ... etc.). Por tanto, la negociación femenina para obtener poder es mediada y, en suma, más débil. En nuestra opinión, aquí radica el “quid” de una de las más importantes desventajas femeninas: la falta de poder o su posesión en menor grado. Es decir, enfatizamos que se trata de un problema de poder, y no tanto de un problema de socialización, argumento sumamente empleado y que, aún siendo cierto, es débil y remite la causa a la infancia, dando la sensación de un cierto fatalismo. Socializarse en la competitividad, y hasta en la agresividad, es factible. Tener o poder es difícil, choca frontalmente con las constricciones del mundo social, o de lo real en general. Pongamos un ejemplo relativo a las reglas del juego académico mencionado. Habría que explicar cómo en círculos de alta cualificación profesional, donde los «curricula» masculinos y femeni-
nos están igualados, no obstante, los hombres siguen obteniendo las mayores y mejores ventajas profesionales, los mejores puestos de dichos círculos, y las mujeres sean en ellos élites discriminadas. Por ejemplo, ante unas pruebas profesionales (oposición a cátedra) un hombre llevará sus conocimientos + el excedente de valoración masculina que lo dota de autoridad, y una mujer, por contra, llevará un déficit de valoración + una ilegitimidad histórica en esa práctica. El excedente de valoración masculina que ha acumulado el candidato hipotético (por el mero hecho de ser un hombre) y, sin embargo, le falta a la candidata, funciona en varias vertientes: 1ª) la diferencial socialización masculina, ya le ha ido proporcionando desde la infancia esa valoración superior y subsecuente autoridad; 2ª) cualquier tribunal profesional está compuesto casi en su totalidad por hombres, produciéndose así una afinidad de pautas culturales entre examinado y examinadores; y 3ª) el hecho de ser varón el candidato, le dota «per se» de autoridad, lo acrisola en su rol, mientras que la situación novedosa que constituye una mujer en situación de examen profesional, en el mejor de los casos, produce curiosidad, sorpresa, duda, que incluso a veces puede jugar a su favor por el valor que se le puede acordar a lo exótico, pero, sin embargo no produce una situación neutra o el automatismo de autoridad que crea por sí misma la violencia simbólica que acompaña a la masculinidad. La ruptura del criterio meritocrático (igualdad, objetividad, etc.) parece producirse en el ámbito universitario, y muy especialmente en las pruebas que suponen las oposiciones a cátedra, a juzgar por los bajísimos porcentajes de: 1º) mujeres que llegan a tal tipo de oposición, y 2º) por los bajísimos porcentajes de logro en ellas. La meritocracia implica un discurso y juego social desde la perspectiva de la dominación, ampliamente criticado por una literatura sociológica ya clásica. Ahora bien, aun admitiéndola, es un juego social que quiebra significativamente en el ámbito universitario, por su “clanismo”, o lo que es igual un poder con rasgos “quasi” feudales (vasallaje incluido). Prueba de ello es que en ámbitos donde las oposiciones guardan unas reglas y contro-
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les racionales y asépticos a grupos de presión, las mujeres triunfan. En las oposiciones en que sólo se trata de ser “buenas y brillantes estudiantes” (esfuerzo, trabajo, mérito) las mujeres se presentan y triunfa, mientras que en oposiciones donde priman las relaciones de poder (por excelencia, las oposiciones a cátedra de universidad) las mujeres ni se presentan, o se presenta el reducido número de las élites femeninas, es decir, una forma más de desigualdad (frente a hombres y mujeres) y una discriminación para ellas mismas y, por último, claro exponente de una discriminación general por género, ya que la inmensa mayoría de mujeres no reúnen esa condición de élite y sus minoritarios “inputs” biográficos. 4.2.2. Obstáculos internos (a) La lucidez de las excluidas
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Volvamos de nuevo al anterior testimonio citado y su descripciónvivencia del ejercicio del poder por parte de los hombres de su profesión. Sobre este eje del poder, la mirada femenina se comporta como la mirada de «el Otro», como si perteneciera a otra cultura, de ahí que todo parece indicar, dicho con la archiconocida frase: “las mujeres han visto al rey en camisa”. Y lo que es más: se han decepcionado. Es la mirada limpia e inteligente, que da la distancia de quienes no están en el juego. Y, al tiempo, es la mirada torpe de las no iniciadas. La lucidez de las excluidas, al menos entre las mujeres profesionales que tienen constantemente el elemento masculino comparativo en su práctica laboral cotidiana, ha puesto de manifiesto recurrentemente cómo la masculinidad “per se”, en un mínimo contexto profesional donde ello sea posible, goza de unos privilegios meramente simbólicos (injustamente diferenciales y en detrimento de los de las mujeres, aunque sólo sea porque afecta a un mundo de recursos y puestos escasos) como simbólico es también el ceremonial con los que la masculinidad los hace valer. Veámoslo de una forma palmaria en el testimonio de esta mujer profesional: “Sí, sí, yo creo que un hombre mediocre tiene bastantes más posibilidades de éxito que una mujer dedicada a lo que hace, con igual o doble de competencia profesional” (Catedrática, 41 años).
(b) Virtudes femeninas / irresponsabilidad masculina Hay más factores que influyen en ese ejercicio desigualitario del poder por género: la desventaja femenina se convierte abusivamente en correlativa ventaja masculina. De esa injusta asimetría da cuenta ese reconocer, por parte de hombres profesionales (sin embargo no haciéndose más problema) las carreras truncadas de sus mujeres. Más allá de psicologías personales y sin “moralina”, es fácilmente aquilatable los “inputs” que el sistema patriarcal ha otorgado a las carreras profesionales de nuestras élites profesionales masculinas, y específicamente los “inputs” que sus mujeres “voluntariamente”, es decir, siguiendo las reglas socializadoras del sistema, les han proporcionado. En síntesis, la sociedad patriarcal ofrece a los hombres por propia definición de lo que es tal sociedad, unas coordenadas excelentemente ventajosas para desenvolverse en el ejercicio del poder, las cuales son diametralmente desfavorables para las mujeres. Las condiciones de género en relación al poder son el cóncavo y convexo de una superficie: donde hay un rasgo se produce indisolublemente otro igual pero de signo distinto. Así, en los últimos testimonios de los profesionales que hemos dado, hombres favorecidos por sus esposas, la ocupación a la familia por parte de la mujer, supone una gran ventaja para el hombre y asimismo una gran desventaja para la mujer que lo hace, desde la perspectiva de la trayectoria profesional. Virtudes femeninas versus irresponsabilidad masculina, e incluso desfachatez masculina, podría decirse, sin faltar a la realidad de los hechos, pero no es nuestro deseo o estilo caer en una especie de “fundamentalismo feminista”, sabemos que la realidad social y humana es muy compleja. Un pensamiento en blanco y negro (como cualquier fundamentalismo lo es) poco matizado, se mueve entre ambos polos, cuando lo que más abunda en la realidad es el inmenso continuum de la banda de los grises. Tras esta metáfora cromática podríamos interrogarnos: ¿virtudes femeninas? A veces incapacidad, frustración, etc. En cualquier caso, conductas las de las esposas-esposas, por así llamarlas, que no han puesto en práctica sus estudios ni ejercido profesionalmente, coherentes con el viejo molde patriarcal de relación matrimonial. De otro modo, estaríamos simplificando un complejo modelo cultural.
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(c) Las tentaciones de las élites femeninas
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Más allá de psicologías personales, la difícil posición estructural de las élites profesionales femeninas viene dada por los siguientes hechos: Primero, por ser unas pioneras, lo cual las sitúa en el plano de ser mujeres en un mundo de hombres (estamos visualizando el tema en sentido horizontal). En segundo lugar (visualizándolo en sentido vertical) las sitúa en la cúspide, en una posición de privilegio con respecto al resto de mujeres, la base. Por dicha estructura, las tentaciones psicológicas a las que las élites profesionales femeninas están abocadas, son a sentirse-pensarse como mejores y distintas. Por otra parte, sus tentaciones fácticas (en el plano de actitudes y hechos) son las siguientes: 1ª) un cierto travestismo: mimetizarse física y mentalmente con los moldes dominantes y/o al uso de ejercer la profesión y el poder, los cuales son masculinos por excelencia. 2ª) Falta de sensibilidad histórica a la trayectoria de un movimiento de mujeres que ha creado unas conquistas y una situación social favorable para que ellas mismas hayan podido acceder al poder4. En síntesis, el no feminismo, es una tentación y, de hecho, una característica que se advierte en bastantes élites femeninas, algunas de sus claves pueden encontrarse en el tratamiento biográfico que hemos realizado sobre ellas. 3ª) El individualismo que podría expresarse en estos términos: a mí me ha costado mucho llegar, la que valga que lo demuestre. Dicho individualismo meritocrático, junto con las otras tentaciones, les dificultaría la comprensión del problema de la discriminación de género, obstaculizaría el aunar fuerzas y plantear medidas contra ella y, por último, dichas tentaciones (tendencias) no propiciarían el ser solidarias con el resto de las mujeres. 5. El poder: una asignatura pendiente de las mujeres Cómo articulan los hombres el poder (el taylorismo masculino) Trabajo, productividad, especialización, etc., son las características del hombre occidental contemporáneo que hemos querido resumir bajo el enunciado del “taylorismo” masculino. Ellas están entronizadas en su mentalidad y son cauces por los que generalmente
discurre el fenómeno del poder, en una sociedad que vive bajo la hegemonía del Homo Oeconomicus. Comencemos a responder a la pregunta que nos hemos hecho sobre cómo articulan los hombres el poder. En primer lugar, los hombres articulan el poder por un hecho rotundo, por una cuestión “de facto”: porque lo tienen. En efecto, y por expresarlo al modo “shakesperiano”: tener poder o no tener poder, ésta es la cuestión. Y respecto a este extremo, por definición de lo que es una sociedad patriarcal, las mujeres no tienen poder o lo tienen en menor medida, casi siempre de modo indirecto. Podríamos matizar, no han tenido poder ni lo tienen aún en la esfera de la vida pública (por expresa prohibición las mujeres no estaban en lo público en la sociedad franquista, por ejemplo). Ahora bien, este circunscribirnos a decir la vida pública es una concesión un tanto vidriosa al tópico esgrimido “ad nauseam” en el discurso social común: “pero en casa, mandan las mujeres”, que es una forma de salirse por la tangente y que nada resuelve sobre el tema del poder. En segundo lugar, los hombres una vez que tienen el poder, deben mantenerlo y reproducirlo, ambas operaciones por definición de lo que es la naturaleza del poder. En suma, esas son sus características ineludibles para que no pase a convertirse en un no poder. En efecto, el poder tiene una naturaleza ensimismada, podríamos decir, ya que su naturaleza es mantenerse. De este modo, el poder se aliena en sí mismo. No se trata de tener poder para algo sino tener poder por el propio hecho de tener poder. Asimismo, otra condición intrínseca del poder es su carácter abrasivo, todo lo quiere, necesita todo recurso para mantenerse frente a los muchos que no tienen poder y desearían apropiárselo, en el obligado marco de la escasez que es toda sociedad humana. Pero, además, el poder también es abrasivo (engullidor/destructor) de manera acorde con el signo de los tiempos actuales: el narcisismo como carácter social dominante. De este modo, contemplamos en la escena social, grandes egos. Hoy, las figuras públicas no se conforman con ser una cosa, están ahítas de dualidades, de fama, v. gr.: presentadora y literata, señora de y novelista, político y novelista. En el tiempo anti-
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guo, se era notario o médico de por vida. Hoy en la era de Narciso se quiere ser bidimensional o tridimensional si se puede. Dobletes maravillosos, dualidades omnipotentes, divinas, pero casi imposibles del ser humano y que cuando se dan producen maravilla, son la excepción insólita no la regla social (o al menos, dicho de un modo más suave, estilo social) a la que se tiende hoy en día, lo cual no es incompatible con la consabida hiperespecialización del sistema. En suma, volviendo al comienzo, los hombres pueden articular el poder teniéndolo (e implicándose en los condicionantes más alienantes de su naturaleza que acabamos de nombrar). Es esta una cuestión meridiana, para cualquier clase de poder. Los hombres, una vez que lo tienen, se saben desenvolver en él a través de un uso ilimitado de tiempo en la vida profesional: ingentes cantidades de trabajo, más el conocido cultivo de redes profesionales amistosas, más la consuetudinaria irresponsabilidad masculina respecto a lo doméstico-familiar. El paradigma masculino se encarna en horizontes vitales cerrados, homogéneos e inmóviles sobre el eje profesional. Sin entrar en valoraciones éticas, dicho paradigma es absolutamente ventajoso, adecuado y coherente con la vida profesional y el logro de poder. Supone un ahorro total de tiempo, recursos y energía, alejándose sistemáticamente de todo lo que se aparte de dicho eje profesional. Contrariamente, el poder es la asignatura pendiente para las mujeres, en primer lugar, lograrlo pero también saber desenvolverse en él. A ello, se opone una cultura femenina situada en las antípodas del paradigma masculino que acabamos de trazar. Muestra esa cultura femenina horizontes vitales abiertos, identidades cambiantes y fragmentadas (como veremos) que no tienen un eje unidireccional en el trabajo, por tanto y aquí también sin entrar en valoraciones, las fugas de tiempo, recursos y energía son moneda corriente. En síntesis, la vida del hombre profesional y de poder es taylorista, está regida por códigos radicalmente productivistas. La vida de las mujeres profesionales actuales es una vida mestiza, es decir, con aportes culturales diversos y curiosamente amalgamados y, para más complejidad aún, articulados en un ensamblaje hipercambiante. El mestizaje profesional femenino aúna hoy elementos de la cultura masculina, del mundo femenino, del “Antiguo Régi-
men” y de las vanguardias más actuales, todo ello batiéndose en la marmita de un cambio social acelerado. Cómo no articulan las mujeres el poder (el mestizaje femenino) En las mujeres profesionales se produce una significativa dualidad, entroncada directamente con graves problemas de la identidad de género hoy, y que refleja la tensión que sufre dicha identidad entre ser mujer-mujer y ser profesional-profesional, por decirlo humorísticamente. Tensión que el hombre profesional, más que nada ente profesional a secas, se ha ahorrado históricamente en una única elección: me pongo el terno gris o el mono azul, según el caso, y presto a trabajar. Parte del estrés (y de la sobreselección social que también a estos efectos se le exige a la mujer profesional) viene de mano de esta especie de esquizofrenia femenina socialmente impuesta que por nombrarla en forma coloquial podría exponerse bajo la forma de este singular imperativo categórico: “tener que ser la más mona y tener que dar la mejor conferencia”, por ejemplo. No hay que buscar mucho, la arena pública está llena de “profesionales-cortesanas”, o de la mujer “cortesana-profesional”, como también pudiera llamarse. No estamos hablando en términos morales, sino imparcialmente tratando de analizar ese plus, esa alienación de género que la sociedad patriarcal inflinge a las mujeres profesionales, o lo que es igual, ellas mismas se autoinflingen por haber interiorizado la dominación patriarcal. ¿Qué hombre profesional podría hacer tal “dispendio-inversión necesaria” (por ende, no dispendio) en peluquería, gimnasio, salón de estética, conseguir un guardarropa adecuado y variado, además de llevar las relaciones sociales de la familia (hablar por teléfono, como es sabido es cosa de mujeres) tratar con el servicio doméstico, ídem con los colegios de los hijos, etc. etc., es decir, todo lo que compone el universo arquetípico de una mujer profesional hoy. Todo ello, por si fuera poco, lo hacen algunas profesionales subidas a unos zapatos puntiagudos de tacón. De este problema, en absoluto irrelevante, se han hecho eco muchos analistas de la vida social. Veamos el problema en la siguiente cita, extensa pero creemos que oportuna: “El efecto más contraproducente de la obsesión femenina por su imagen es el re-
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ducir sus oportunidades de emancipación laboral o profesional, que exigirían una más completa dedicación al trabajo intelectual o productivo. Se trata de uno de los dilemas más acuciantes que se le presentan a la mujer moderna, dada la contradicción que le obliga a tener que elegir entre emanciparse por medio del amor (y de la imagen ficticia que se pone al servicio ritual de éste) o emanciparse a través del trabajo. (…) Pero esta duplicidad vital tiene un coste muy elevado, que impone un doble precio a pagar. Por un lado, en el ámbito de la esfera pública, surge una fuerte contradicción entre la imagen femenina, fundada en la representación ritual de la inmadurez y la minoría de edad, y la competencia profesional que se espera de las mujeres modernas. El racionalismo eficiente y la productividad técnica que se exigen en todas las profesiones resulta en buena medida incompatible con el ocioso ritualismo de la imagen femenina, que descalifica a sus portadoras con el estigma de inútiles muñecas pintadas, a las que no se puede confiar ninguna responsabilidad. De ahí el techo de cristal, que cierra el paso de las mujeres hacia los cargos responsables y dirigentes. ¿Por qué se empeñan las mujeres en compaginar su forzada imagen femenina con el trabajo profesional, cuando resultan tan claramente contradictorios e incompatibles? Se trata probablemente de un efecto derivado de la inercia histórica”. Siendo el debate uno de los rasgos más definitorios de los temas de género en la actualidad, hagamos un breve disenso respecto a ese diagnóstico sobre la condición femenina actual, de ese agudo y brillante ensayo. Sintetizadamente, y en primer lugar, no se trata de un dilema -como se indica- que hipotéticamente podría resolver el problema hacia uno u otro extremo. Se trata (por decirlo en un juego de palabras) de un único lema: ser todo, es decir, ser mujer profesional, por la reluctancia femenina a la lógica del productivismo de mercado, unidireccional, que exigiría ser a secas una profesional. En segundo término, la imagen femenina, el adorno por decirlo en un término más amplio, es, hoy por hoy, uno de los códigos culturales que más impregnan la femineidad. Es ineludible, no es algo externo a la femineidad, es un factor constitutivo que incluso ni queda obstaculizado por las diferencias de clase. Es cues-
tión de grado y no de cualidad: de Armani a la modesta peluquería de barrio. La necesidad de imagen es una de las más fuertes etiquetas del Yin, por así llamarlo (y esto más allá de todo esencialismo sobre “la Mujer”). Porque el asunto número uno de las mujeres hoy por hoy, sigue siendo el amor. Y para conseguirlo una de las armas más eficaces es una buena imagen como reza la publicidad más clásica. Bien que esta imagen pueda adoptar la practicidad del confort deportivo, o racionalizarse “ajournándose” a otros modos y espacios sociales. Ello no cambia el código. Por ello, renunciar a ella es como pedir a una gacela que no salte o a un leopardo que no cace. Juzgar este asunto como un juego pueril es posiblemente una percepción androcéntrica del problema. Pero lo dicho sobre la imagen femenina es un tema importante de molde cultural pero no el factor primordial por el que las mujeres tienen un “techo de cristal” (obstáculo invisible para ocupar puestos, poder, etc.). Son los mecanismos androcéntricos de poder descritos, no la imagen, los que desposeen a las mujeres. Así pues, efectivamente hay que acercarse a la imagen femenina con la distancia aséptica del antropólogo que va a descubrir pautas culturales nunca vistas, de una “racionalidad arbitraria”, pero a fin de cuentas racionales e inteligibles para el objetivo vital femenino por excelencia: obtener amor. ¿Y por qué el amor no es el problema número uno masculino, y por tanto el tema de la imagen no le compete de un modo radical? Porque la acción es el “leit-motiv” hecho naturaleza histórica en los hombres. La rigidez masculina (su super-ego) es la espoleta fundamental para la acción y casi siempre dirigida a dominar y obtener poder. En contraposición, esa especie de posibilismo femenino es el caldo esencial para el cultivo y mantenimiento de la vida, casi siempre dirigido a dar y obtener amor. En síntesis, podríamos trazar el siguiente esquema de opuestos con todos los matices que acabamos de tratar sobre las históricas masculinidad y femineidad de nuestras sociedades: 1º) “Taylorismo” o “workaholismo”, es decir, adicción al trabajo, por parte de los hombres, de una forma monolítica u homogénea (compartida generalmente por todos los hombres) y unidireccional, sin fisuras, fragmentaciones o vacilaciones, sino el trabajo como valor por an-
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tonomasia. Mestizaje, dualidad, fragmentación vital femeninas, en clara contraposición a todo lo anterior, bien que ésta sea de hecho o bien que funcione sólo como cuestión de mentalidad, ideológica. 2ª) Especialización masculina (profesionalización a ultranza). Diversidad femenina. Se puede ser profesional, pero también muchas otras cosas, ya sean en el plano real, en el plano mental o en el plano del deseo y del imaginario. 3º) Rigidez masculina (esa vida de trabajo unidireccionalmente especializada que acabamos de esquematizar, además apoyada por un rotundo super-ego masculino. Posibilismo femenino, en las antípodas de todo lo anterior y abasteciendo la necesidad de diversidad y flexibilidad que por definición necesita la vida como tal vida para sobrevivir. Todo ello lejos del espíritu tanático al que pueden abocar las características opuestas de la masculinidad. Hasta tal punto esas diferencias de género son importantes que podríamos decir, en un cierto nivel que las mujeres carecen de super-ego, o tienen otro sistema normativo, siendo este aspecto una de las divergencias más notables entre hombres y mujeres. Divergencia que se pone de manifiesto claramente y traspasa sus relaciones sociales. Observemos cómo nuestras élites profesionales traducen en palabras expresivas su relación con el trabajo y el poder:
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“Por supuesto el trabajo a los hombres nos da identidad, pero además te da estatus, además da estatus familiar, es decir, el estatus de la familia es el estatus del hombre, en general, luego esto está cambiando, eh ..., eh, y luego además el trabajo te da estatus personal interfamiliar: un hombre sin trabajo es una mierda (...) porque hay componentes en el trabajo masculino que no los tiene el trabajo femenino y yo creo que la mujer tiene en gran parte interiorizada, yo creo, vamos a ver: sensaciones que tengo yo de la vida, tengo sensaciones muy distintas, por ejemplo, tengo la sensación de que la mujer es menos agresiva, menos trepa ¿eh? en su carrera eh ... profesional” (Catedrático, 57 años, Área de Ciencias Sociales).
Oigamos la versión femenina de la relación de género con el trabajo y el poder: “Para los hombres el ganar en unas elecciones a un cargo académico es cuestión de vida o muerte y para una mujer no, para mí no es vida o muerte, yo si pierdo me llevo un disgusto, pero tengo una vida llena, completa y ellos lo detectan, ellos detectan que para ti no es cuestión de vida o muerte, entonces les da muchísima
rabia, les chirría: “pero esta tía ¿a qué viene?, encima presume de que tiene hijos estupendos y de que, bueno, si no gana, pues bueno, tiene otras cosas que hacer” y para ellos es, entonces eso de que: “bueno, mataos vosotros si queréis”, tenemos mucho las mujeres ¿no?, tenemos como otras muchas alternativas, entonces seguro que eso no, no les gusta, no ...” (Catedrática, 52 años, Área de Ciencias Sociales).
Tal vez habría que promediar e hibridar esas tendencias que actúan como tensiones estructurales de la masculinidad y la femineidad, es decir, la tendencia a que el amor sea la tensión femenina por excelencia y la acción-trabajo la auténtica tensión masculina. Asimismo, promediar las siguientes dicotomías: el poder, un asunto y un gueto de la masculinidad; la domesticidad, un asunto y gueto de la femineidad. Respondiendo a nuestra cuestión inicial sobre cómo las mujeres no articulan el poder, podríamos decir “mutatis mutandi” e inversamente al caso masculino: no lo articulan porque no tienen poder que articular. Y ello es una cuestión meridiana, “de facto”. Pero hay más. Ya hemos apuntado los obstáculos que esa naturaleza femenina construida históricamente opone al poder, dificultando su obtención y ejercicio, y en cualquier caso no mostrando el alto grado de especialización masculina en obtenerlo y ejercitarlo. Es como si en una misma competición corrieran atletas de élite (los hombres) y atletas en fase de entrenamiento (las mujeres). Nunca mejor dicho: entrenamiento histórico. El público sabría que la carrera no está igualada, que no debe tener las mismas normas. De ahí, la necesidad de esa especie de intervenciones quirúrgicas que son las medidas de discriminación positiva para las mujeres. Siguiendo con el símil, para que haya más atletas femeninas (cantidad) y para allanarles la meta (cualidad: lograr poder) en una carrera “tramposa”, en la que correrían en desventaja, ¿qué habría que hacer? ¿Participar en este juego trucado a favor de los hombres que es el poder actual, teñido de todos los impedimentos ventajistas de la cultura masculina que lo ha forjado, rechazarlo frontalmente y seguir con la consuetudinaria división sexual de la vida, o bien entrar en el juego del poder para cambiarlo, transformándolo aún a costa de alienarse en él, pero explicitando, al menos, otras reglas del juego? Podríamos responder que es demasiado grave lo que arries-
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gamos con los modos del poder actual para dejarlo sólo en manos de los hombres. 6. Medidas 6.1. Científicas, no heroínas (normalizar la anomalía)
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Son muchos los problemas de género que hemos examinado en torno a las relaciones de las mujeres y los hombres con el poder y son además muy matizados y complejos. Ante el entramado que componen, una pregunta clásica sería la siguiente: ¿qué es lo que permanece y qué es lo que cambia? ¿Qué hay de enquistamiento y qué de avance? Lo que cambia es de tal importancia y extensión que lógicamente la resistencia y la tentación a permanecer de los viejos moldes de relación con la realidad, es enorme. Se trata nada más ni nada menos del cambio del modelo de la relación más genuina y primigenia con la realidad: la relación entre hombres y mujeres, tradicionalmente como relación de dominación que se pretende cambiar por una relación de igualdad, sin perder además la diferencia, la singularidad de sus actores. Arduo problema. Vivimos y protagonizamos, hombres y mujeres, este imponente cambio social de normalizar lo que es una anomalía histórica: la presencia de mujeres y su igualdad social de rango y cometidos en la arena pública. Estamos inmersos en el hecho de normalizar históricamente, en el aquí y ahora de nuestro estadio civilizatorio, dicho proceso de género. Y la “máquina social” chirría, sus engranajes acusan el golpe de lo nuevo. Avance y retroceso, coherencia y contradicción componen el paisaje cotidiano de quienes observamos tal fenómeno social y, al tiempo, estamos igualmente transformándonos y en cambio con él. Pues bien, hay mucho de cierto en la denuncia de la dominación masculina y su monopolio sobre el poder, hay mucho de cierto en los gravámenes y juego desigualitario que ésta impone a las mujeres. Pero, ya situados en el plano general e histórico que acabamos de enunciar y desde una amplia visión de conjunto, vemos que es un modelo social de relaciones de género el que se resquebraja, el que tiene que adaptarse a nuevas situaciones, es un modelo tradicional, tremendamente consolidado, en el que estaban muy hechas pautas de conducta y modos diferenciales de vida, sostenidas tanto por
hombres como por mujeres. De ahí que tanto ellos, pero también ellas, mantengan conductas contradictorias, sin embargo, inteligibles desde este plano general. Algo parece indicar que en esta fase inicial de ajuste-desajuste, se detectara entre los resquicios del proceso de cambio social de las mujeres, un rumor soterrado que murmurase de este modo: “mi mente está con la Razón, mi corazón pertenece al Patriarcado”. De ahí, la nostalgia del viejo modelo que tan sabiamente explota la moda y la publicidad. Nostalgia, tal vez insalvable en una generación, la cual provoca una especie de esquizofrenia, cierta escisión entre lo viejo y lo nuevo, en las mujeres. Hay tantos matices que no se tienen en cuenta, tantas cosas que no se dicen. Los problemas de género son, hoy por hoy, cualquier cosa menos sencillos. 6.2 Feminizar el poder: el efecto masa crítica En el campo científico, se habla del efecto de una masa crítica para indicar que tiene que haber suficiente número de individuos para que un colectivo pueda reproducirse y mantenerse en unas condiciones en las que pueden darse elementos adversos. En efecto, dicho concepto de la masa crítica es aplicable al colectivo élites femeninas. En tanto que anomalía sociohistórica, este colectivo debe alcanzar la suficiente masa crítica (número de efectivos) para defenderse, reproducirse y crecer. Sus dos obstáculos serían los siguientes (además de producirse en el marco general de una sociedad androcéntrica): en primer lugar, los que hemos expuesto bajo el “efecto temporal”, de tal manera que aquí, en este apartado (“mutatis mutandi”) también podríamos hablar de los efectos de la masa crítica y de algo más; y, en segundo lugar, los obstáculos derivados de las “tentaciones” de las élites femeninas. Tentaciones, y más que tentaciones a veces, actuaciones, que se sitúan en las antípodas de lograr poder formar una masa crítica (es decir, el suficiente número de mujeres para dejar de ser minoría y crecer). Tentaciones que chocan frontalmente con la promoción de dicha masa, o la zancadillean a veces. Hablar de masa crítica de mujeres también podría ser utilizado en otra vertiente: la visión nueva de las mujeres que en calidad de recién llegadas, incontaminadas aún, se comporten como una
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auténtica “masa crítica” hacia las viejas mañas del poder, le den nueva sabia y nuevos temas y un nuevo saber hacer. 6.3 Construir conciencia social y autoconsciencia (las élites profesionales femeninas como test social)
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En el plano de lo social, las élites profesionales femeninas presentan una vertiente de estudio importante: son objetos privilegiados donde van a parar toda clase de juicios, prejuicios y estereotipos sociales. Son en gran parte una creación del pensamiento ajeno, mucho más allá del grado de poder sustantivo que alcancen o no. En este sentido, las élites profesionales femeninas funcionan como excelentes tests sociales, y ello en distintos niveles de la realidad que pasamos a explicitar. En primer lugar, en el plano de lo real, las élites femeninas están funcionando como tests a los Gobiernos y partidos políticos (o como tests a cualquier área del quehacer social, incluida la ciencia): qué composición tiene el ejecutivo, por ejemplo, qué número de candidatas y en qué puestos las presentan en las listas electorales, qué liderazgo femenino promueve y en qué sectores, qué políticas sociales lleva a cabo de cara a las mujeres, qué presupuestos destina a ello, etc. etc. Más allá de “testar” actuaciones políticas concretas, las élites femeninas profesionales se pueden comportar como una especie de sociotest general en relación al grado de transformación de la maquinaria del poder de cara al tema de género (ya sea este poder político, empresarial, académico, etc.). Tal sociotest podría funcionar hipotéticamente de la manera siguiente: a) qué cantidad de requisitos y de qué naturaleza se les exige para ocupar la parcela de poder a las mujeres que componen las élites profesionales femeninas. b) Qué se les da a cambio. Ver si se produce un intercambio igual o desigualitario entre requisitos y desempeño o cargo, o lo que es igual si guardan ambos una correcta proporcionalidad. c) Cómo y con qué rigor se las examina y (probablemente por ello) en qué situaciones conflictivas y de riesgo se las sitúa. Todo ello, además, en el marco comparativo de lo masculino/lo femenino. Las respuestas a cada una de esas preguntas pueden convertirse en buenos in-
dicadores expresando si la maquinaria patriarcal, el núcleo duro de la masculinidad que es el poder, permanece intacta y qué es lo que cambia y a qué precio diferencial para las mujeres. En segundo lugar (no por ello menos importante) aparece el nivel de la imagen. Las élites femeninas constituyen un tema pertinaz de la imaginería popular y, antes que nada, del tratamiento que los “massmedia” gustan dar a las relaciones entre hombres y mujeres. A veces, faltando a la objetividad, éstos sobredimensionan los datos, sobreexcitan la información, podría decirse, para aguijonear la curiosidad del lector, y frecuentemente, ofrecen una información sesgada y sexista de cuanta noticia concierne a las mujeres. Probablemente la causa de ello radique en el vigor que aún tienen los estereotipos sobre la identidad de género. En este caso, la mujer sigue siendo “lo esencialmente otro” que escribiera Antonio Machado. Pensamos que bastante de lo que acabamos de apuntar subyace en los patrones dominantes del tratamiento informativo sobre los hechos que protagonizan las mujeres. Al ser dichos patrones informativos una parcela más del poder masculino, ese Otro que la mujer pasa a ser, en suma, una construcción de la mirada masculina. En tercer lugar, y por último, las élites profesionales femeninas, mujeres en minoría, como tal minoría podrían autoadministrarse (por decirlo en lenguaje psicológico) con cierta periodicidad este singular test en que las constituye la sociedad. La tarea no es difícil, dado su escaso número. Deberían preguntarse cómo las ve la sociedad, someter su imagen pública a control, por bien propio y bien colectivo de las mujeres, depurando cuánto es sesgo de los Medios (denunciando) y cuánto no. Todo ello en el plano de la imagen pública. En el plano de los hechos, ¿por qué no preguntarse cómo está funcionando esta minoría que conforman? ¿Qué tipo de liderazgo está ejerciendo? ¿Qué proximidad o lejanía, qué entendimiento tienen respecto al resto de las mujeres? Preguntas reflexivas sobre su propio protagonismo, en suma, un test social autoadministrado por y en el colectivo de las propias élites femeninas.
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6.4. Otras medidas: • dar visibilidad a las mujeres científicas (publicaciones) • crear redes y lobbies de mujeres • intervenciones institucionales (los observatorios de la desigualdad) • la cuota académica/la cuota científica) 7. A modo de conclusión: nueve claves de un problema Son muchos los datos y matices que hemos ido recogiendo y señalando, pero sobre ellos se impone esta especie de corolario: la discriminación de las mujeres académicas y científicas tiene muchas y diversas causas concretas pero un solo origen: la división del trabajo y de los roles de género en una sociedad patriarcal, la cual proyecta su sombra sobre toda actividad humana. Efectivamente, el problema central (o el problema tomado desde su raíz) es la pervivencia de una sociedad patriarcal en una sociedad en transición hacia otro modelo social. Desde las Ciencias Sociales ya se comienza a hablar de la sociedad postpatriarcal. Veamos estas nueve claves de un problema:
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1. Estamos en presencia de un campo social restrictivo para las mujeres en sus jerarquías altas. De ahí que hablemos de mujeres en minoría. 2. Una vez evidenciado lo anterior, hay que salir al paso de los tópicos sociales al uso y los efectos perversos que generan. Básicamente se producen de este modo: pasar de pensar en una minoría de mujeres (las académicas y científicas) a ignorarla y/o negarla, con lo cual aún se agrava más el problema. O bien el “opuesto complementario (dicho al modo de Bachelard): crear el efecto de hiperrepresentación, tan característico de áreas inéditas para las mujeres, exagerando su presencia y/o poder. 3. Dar la justa visibilidad social a las mujeres científicas, sería el modo de reconocer equilibradamente (sin tópicos) y
objetivamente las que existen y la excelencia del trabajo que realizan. 4. Publicaciones canónicas (que constituyen un canon o modelo del tratamiento del problema) como son el caso del número monográfico de la revista Arbor (julio-agosto 2002) y el libro Nosotras, las biocientíficas (editado por L’Oréal) junto con la gran labor de agitación del problema de discriminación de género por los “mass-media” (incluida la red de internet5) son medidas enormemente eficaces y de gran repercusión social para enfrentar los problemas señalados en los dos apartados anteriores. Hasta tal punto creemos que dichas publicaciones son positivas para visibilizar a las científicas y a los problemas de género que a modo de recomendación creemos sería muy conveniente instituir una especie de serie bajo el mismo esquema de “Nosotras, las físicas”, “Nosotras, las químicas”, etc. 5. Pese al movimiento emergente (y especie de clamor social) que hay respecto al problema de las escasas mujeres en ciencia, se percibe un cierto retraso en la consciencia del problema de discriminación de género en este campo, incluso por parte de las propias mujeres. De este modo, podemos afirmar que la denuncia del problema está mucho más avanzada en el área de las Ciencias Sociales y Humanidades, y en el ámbito universitario más que en las llamadas ciencias “duras”. Tal vez el trabajo en un ámbito tan enormemente masculino, lleva a un tal proceso de adaptación de las mujeres a una concepción androcéntrica de la vida y de la ciencia (adaptación obligada para sobrevivir en él) que dificulta el nacimiento de una autoconsciencia del problema de discriminación de género. Asimismo el carácter puro, neutro, ensimismado que tradicionalmente se le ha otorgado a la Ciencia, provoca (o puede provocar) una especie de “ceguera social”, y frecuentemente un alejamiento de las cuestiones de actualidad o de moda en el medio en que viven, y, especialmente, de las cuestiones de género.
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6. Por lo que se acaba de exponer, trabajar con el enfoque biográfico (y las historias de vida) es especialmente recomendable para este colectivo. La negación frecuente que hacen muchas mujeres (y hombres) de no haber sido discriminadas, o de no conocer ningún tipo de discriminación por razón del sexo en el campo científico, se ve de otro modo a la luz del análisis biográfico. Frecuentemente se advierte otra interpretación de los curricula masculinos y femeninos, y se ven las estructuras discriminantes . Este es uno de los efectos muy positivos de lo que llamamos reflexividad en Ciencias Sociales: la virtud transformadora del propio proceso de investigación. 7. La comparación entre las élites profesionales femeninas en el campo político y dichas élites en el campo académico-científico, arroja un balance mucho más favorable para las mujeres políticas. La sensibilización del problema entre ellas es mucho mayor, así como el respaldo de un electorado sensibilizado socialmente hacia uno de los temas etiquetados como “políticamente correctos”: la no discriminación por razón del sexo. De tal manera, que podríamos decir (según nuestra opinión) que está más madura la situación en términos sociales para que se produzca una presidenta del gobierno, que para lograr una rectora de una antigua y gran universidad. 284
8. El enfoque de “Género y Poder” es esencial para estudiar la situación de las mujeres en el campo científico. La desagregación de las estadísticas por género (curiosamente hecho relativamente reciente) es fundamental para denunciar las jerarquías masculinas de poder, y observar la exclusión de las mujeres de casi toda instancia de poder y/o decisión. Especialmente discriminadora es la composición de los tribunales, compuestos mayoritariamente por hombres que sesgan androcéntricamente los resultados de los concursos y dan prevalencia a la promoción de candidatos masculinos. La denuncia del tema tribunales es casi un denominador común y unánime por parte de las científicas. En ellos se concede un
plus extra a la masculinidad “per se”, bien que sean mecanismos no deliberados, inconscientes, los que hagan surgir esta discriminación (vr.gr.: como los descritos bajo el efecto de “Old Boys Club”). Analizar el binomio Género y Producción de Conocimiento puede ser en un área sofisticada de investigación a proponer a seguir. 9. El fenómeno de sobreselección que sufren las mujeres científicas (sobreselección social, hiperesfuerzo, carreras doblemente difíciles que las de sus homólogos masculinos, en muchos casos, por no hablar de las desigualitarias cargas familiares, etc.) producen el efecto social que hemos denominado “élites discriminadas” (García de León: 1994) es decir, una sofisticada forma de discriminación por arriba que además, “sensu contrario”, es un excelente indicador para observar que importante número de mujeres van a quedar de antemano excluidas del campo científico o relegadas a las categorías más bajas, por no estar en condiciones de pasar la frontera de esa injusta sobreselección social por el mero hecho de ser una mujer. NOTAS 1 Deseo dar noticia aquí del excelente trabajo que han realizado las Dras. Norma Blázquez y Olga Bustos a través de unas entrevistas especializadas en vídeo a mujeres pioneras de la investigación científica mexicana, buscando su visibilidad social y no olvido .Cuando esos vídeos tienen además consciencia feminista se constituyen en vídeos doblemente armados, pues contienen reflexividad y ciencia al tiempo, los cuales como legado a las generaciones de relevo, portan una doble arma: la ciencia “per se”, más la conciencia de género de toda una generación de mujeres, sus obstáculos sociales, problemas de discriminación, etc. Toda una arqueología del saber y del poder feminista para el futuro (por decirlo con un cierto sabor foucaultiano).La profesora Yolanda Agudo (UNED) ha realizado el visionado y análisis exhaustivo de ellos. 2
Carmen Iglesias (conferencia, Madrid, 15-XI-01). Iglesias es una pionera de la presencia femenina en esferas tradicionalmente masculinas, como Académica, amén de otros relevantes cargos públicos.
3
A. Nieto: La tribu universitaria, Ed. Tecnos.
4
Vid. lo tratado sobre el “síndrome de la abeja reina”.
5
Simplemente en una búsqueda rápida en Internet aparecen concernientes con nues-
285
tro tema de estudio, algunas de estas noticias: “We need more female evaluators!”. 2/ Message to the Women in Science Unit.
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CUERPOS Y DIFERENCIAS Eulalia Pérez Sedeño
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La idea de esta mesa surgió dentro de un proyecto de investigación que dirijo, Cartografías del cuerpo: Biopolíticas de la ciencia y la tecnología” y que está financiado por el PN I+D+I, ref. FFI 2009-07138FISO. En él pretendemos analizar desde una perspectiva de Ciencia, Tecnología y Sociedad (CTS) las ciencias y tecnologías del cuerpo, interrogándonos sobre el estatuto que los cuerpos ocupan y desempeñan en las prácticas científicas. A través del estudio de determinadas tecnologías (tecnologías terapéutico-reproductivas, tecnologías de asignación y reasignación de sexo y tecnologías de mejora y reforzamiento de los cuerpos) pretendemos plantear cómo se representan los cuerpos sexuados, y en particular los de las mujeres, qué papel desempeñan en la tarea científica, y cómo sus cuerpos se convierten en receptores y proveedores privilegiados de biomateriales para esas tecnologías, al tiempo que resultados, de los procesos y relaciones promovidos por éstas.La perspectiva adoptada es la del campo inter- y multidisciplinar de los estudios de ciencia, tecnología y sociedad (CTS) y de ciencia, tecnología y género (CTG), desde los que se abordan los supuestos y valores socioculturales presentes en la elaboración, aplicación y justificación de estas biotecnologías. Los estudios de Ciencia, Tecnología y Sociedad (CTS) adoptan un abordaje, por un lado, multidisciplinar, porque en él intervienen disciplinas tan diversas como la historia, la filosofía, la economía, la sociología o la política de la ciencia, así como la teoría feminista; pero, por otro lado, es un campo transdisciplinar, porque no se trata tan sólo de estudiar la ciencia -o la tecnología- desde
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cada una de esas disciplinas: el uso de todas ellas, produce una visión más ajustada y completa de la ciencia. Este tipo de enfoques tiene, al menos, seis características: es antiesencialista acerca de la ciencia, mantiene un compromiso no explicativo con las prácticas científicas, postula el carácter material, local y discursivo del conocimiento científico, hace gran hincapié en la apertura cultural de la ciencia, aboga por la subversión de las concepciones de la ciencia que afirman su neutralidad valorativa y mantiene su compromiso con la crítica epistémica y política desde dentro de la cultura de la ciencia. Igualmente nuestra perspectiva coincide con el esfuerzo de varias propuestas que relacionan la objetividad con prácticas científicas democráticas (Irwin, 1995; Reid y Traweek, eds., 2000; Romero Bachiller y García Dauder, 2002; Pérez Sedeño, 2008), en el sentido de que la democratización del conocimiento y de las prácticas científicas es necesaria para un incremento de la objetividad: ya sea generando espacios de “democracia cognitiva” que atiendan a la inclusión de todos los actores y perspectivas socialmente relevantes, mediante el uso de la crítica intersubjetiva (Longino, 1990, 2002), ya sea privilegiando epistemológicamente el punto de vista de los grupos marginados (Harding, 1991), o buscando las articulaciones precarias, contingentes y parciales entre las múltiples posiciones subyugadas (Haraway, 1995). En el contexto de los estudios CTS se han desarrollado con fuerza líneas de investigación que exploran las intersecciones de la ciencia y la tecnología con el género. Los estudios de “ciencia, tecnología y género” (CTG) se ocupan de examinar desde diversas disciplinas y perspectivas las relaciones existentes entre el sistema sexo/ género y las ciencias y las tecnologías. Los enfoques más actuales en CTG subrayan la coproducción frente a la proyección de valores de género sobre los productos de la ciencia. Esto es, el orden social y el orden tecnocientífico se coproducen mutuamente (Anderson, 2003; Longino, 2002; Mol, 2002) en complejos entramados de influencias mutuas. Las ideas preconcebidas acerca de sexos y géneros, sus propiedades y relaciones condicionan de formas diversas los productos y procesos de las biociencias y biotecnologías y éstas, a su vez, contribuyen a reforzar o modelar los cuerpos y sus significados sociales y de género.
Las biociencias y las biotecnologías se han convertido en las tecnociencias por excelencia de los últimos años. Es por ello que han recibido una especial atención, tanto en los estudios generales sobre ciencia y tecnología como en los estudios específicos de género. Su papel es fundamental en nuestras sociedades, especialmente si tenemos en cuenta que éstas toman el cuerpo como objetivo concreto de estas prácticas tecnológicas. Su capacidad creciente para comprender y manipular, su relevancia económica y su influencia sobre la forma en la que entendemos y aplicamos los conceptos de género, de salud y enfermedad, o de identidad hacen de ellas objetos preferentes del estudio de las relaciones entre las tecnociencias y la sociedad. En particular, las investigaciones, interpretaciones e intervenciones tecnocientíficas sobre los cuerpos son ahora centrales para el estudio social y el análisis de la ciencia y la tecnología. El objetivo de esta mesa es el de reflexionar sobre estos temas y el de ofrecer las aportaciones más recientes entorno a los asuntos de ciencia, tecnología y cuerpo. Por todo ello se abordan: Los cuerpos como objetos de la investigación biomédica: los sesgos racistas y sexistas en la investigación primaria en ciencia y tecnología, especialmente en las disciplinas biomédicas. El cuerpo que se hace: performatividad del cuerpo dentro de la actividad médica y tecnológica. Los cuerpos que se reclaman como sujetos activos y no como objetos de conocimiento dentro de la lógica de la biomedicina. Apuesta por la ruptura de las dos lógicas activa/pasiva a través de una crítica de la lógica de la elección frente a una investigación en la lógica del cuidado. Tecnologías del género y medios de comunicación. La representación de los cuerpos femeninos y masculinos en los medios de comunicación. La maternidad como summun de la feminidad a la vez que espacio liminal por excelencia. Diana Maffía en su trabajo “Tecnología y control social de los cuerpos sexuados” se centra en cómo las diferencias visibles entre los cuerpos (la genitalidad, el color, los rasgos étnicos y otros) han sido el soporte material de la desigualdad política. El extraordinario avance que la ciencia y la tecnología han aportado a la reproducción control y preservación de la vida, pero tiene su contrapartida
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cuando en su aplicación se producen algunos estancamientos y retrocesos ideológicos. Por eso, Diana nos lleva a reflexionar sobre la conciliación necesaria entre igualdad y diferencia, en especial en las diferencias de género con base en los cuerpos, en casos complejos como la intersexualidad. ¿Cómo construir ciudadanía en cuerpos tutelados por la ciencia, que construye violentamente la verdad de su sexo? Las paradojas que se producen en niñxs o adultxs que no pueden decidir sobre sus propios cuerpos señala, como indica Diana Maffía, dónde está el problema: no en la tecnología y la ciencia, sino en la autoridad que detentan quienes deciden el uso terapéutico de determinadas tecnologías. El trabajo de Silvia García Dauder, “Tecnologías, cuerpos sexuados y diferencias” se centra en el análisis del “cuerpo múltiple”, que no parte de una idea prefijada de lo que un cuerpo es y cuáles son sus fronteras, sino de los muchos cuerpos producidos y performados por diferentes prácticas bio-médicas y las conexiones parciales entre ellos. En especial, Silvia se centra en los cuerpos sexuados de las tecnologías biomédicas en intersección con las tecnologías de la comunicación, como mediadoras en la producción de discursos, cuerpos y subjetivivades en torno a la intersexualidad y, por tanto, en los ideales reguladores sexo/género. Para ello escoge como caso de estudio la evolución y utilización de los tests de verificación de género en el deporte olímpico, en concreto tal y como aparece en la prensa deportiva. Finalmente, Olga Bustos en “Dictadura del cuerpo, publicidad, género y trastornos alimentarios” también incide en cómo los medios de comunicación, en concreto a través de la publicidad, tratan los cuerpos sexuados. Históricamente ha habido una dictadura sobre los cuerpos, en especial los de las mujeres, que se traduce también en varios tipos de violencia. Estas diferencias quedan evidenciadas en los media, específicamente en la publicidad, donde se sigue fomentando el culto a la hiper-delgadez, que resulta de lo más antidemocrático, incidiendo asimismo en los trastornos alimentarios como bulimia y anorexia. La discusión en el trabajo de Olga se centra en la importancia de formar audiencias críticas hacia los media, en la necesidad de formular y llevar a la práctica políticas
públicas y elevar a rango de ley la iniciativa ya existente sobre el tema en México. Como se puede ver, todos los trabajos abordan los cuerpos diferentes, de diferentes maneras y perspectivas, aunque con el denominador común de moverse en el terreno de los estudios CTG y usar la teoría feminista como teoría crítica. Manifiestan la necesidad de no abordar la diferencia como un problema en sí mismo que debe ser eliminado o corregido a través de procesos normativos de estandarización y homogeneización, bien sea en las prácticas médicas en forma de protocolos o en los propios cuerpos en forma de patologías, anormalidades, desviaciones, etc. También señalan la exigencia de gestionar las diferencias y las tensiones entre los diferentes elementos y actores implicados, dentro y fuera de la medicina, los conflictos y contradicciones, y su coordinación. Y, también insisten en atender a las diferencias corporales y encarnadas, constituidas como marcas socialmente relevantes y jerarquizadas, producto de desigualdades estructurales y de procesos de normalización y exclusión. Los procesos médicos y tecnológicos son reconstituidos y reconstruidos a través de prácticas sociales concretas, a la vez que afectan a estas mismas, dándose un proceso de co-producción. Dichos procesos extienden la jurisdicción médica y de la salud a áreas anteriormente no medicalizadas – tales como las ideas estéticas de los cuerpos, la alimentación como vehículo de cura o prevención de enfermedades y promotor del bienestar, etc. En este contexto, la comercialización de la salud aparece como fundamentalmente constitutiva de estas nuevas prácticas biomédicas que convierte a los ciudadanos y ciudadanas en pre-pacientes perpetuos. Todo ello sin olvidar que la gestión bio-médica está relacionada también con relaciones de poder y dominación y con procesos de identidad, subjetivación y resistencia. Por todo ello es necesario resistirse a la autoridad de ‘los expertos’, generando autoridad sobre las propias percepciones e identidades y apropiándonos democráticamente de la ciencia y la tecnología, de sus aplicaciones y efectos. Sólo con una auténtica democratización podremos crear políticas públicas científico-tecnológicas que favorezcan la igualdad y la equidad, respetando las diferencias.
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TECNOLOGÍA Y CONTROL SOCIAL DE LOS CUERPOS SEXUADOS Diana Maffía
Desde la antigüedad y con métodos primero mágicos y luego científicos, la humanidad se preocupó por dos cosas aparentemente opuestas: asegurar e impedir la fertilidad y la fecundación. Desde rogatorias y oraciones, pasando por sustancias repugnantes, metodos químicos y de barrera hasta llegar a los avances tecnológicos contemporáneos, la historia de estos recursos es deslumbrante, pero también hay una persistencia desoladora: ¿para quién son esos avances tecnológicos, quién decide su aplicación, en qué cuerpos y con qué fines? Nos proponemos hacer una breve reseña1 para reflexionar luego sobre la apropiación de la tecnología desde los cuerpos de las mujeres y otros cuerpos subalternos y disidentes. Comenzando a indagar ejemplos de métodos rituales anticonceptivos, encontramos que Aspacio de Mileto (S II) recomendaba “rociar con sangre menstrual los amuletos que lleva la mujer”. Más simple, el método de Alberto el Grande era “escupir tres veces en la boca de un sapo”, claro que para eso había que tener un sapo en el dormitorio, o dos. Otro método antiguo, no sabemos si de igual eficacia, era hacer girar al menos en cuatro ocasiones la rueda de un molino durante la noche para que la concepción no se produjera. El celibato, e incluso la castración ritual, fueron en muchas culturas métodos religiosos que aseguraban la no reproducción. En este caso, aplicado en varones. En el caso de las mujeres, la mayoría de las religiones aconsejaban abstenerse durante la menstruación, tanto por tabu e higiene como por control. Ya en el siglo
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XX, los conocidos Ogino y Knauss establecieron la regularidad de un lapso fijo entre ovulación y menstruación, lo que dio origen al método que lleva su nombre y consiste en abstenerse en fechas determinadas. Como no conlleva sexualidad sin fines reproductivos, este método es aceptado por la religión católica. El onanismo, vinculado usualmente a la masturbación, es en realidad el método del coitus interruptus, asociado a Onan (600 AC), que “echaba su simiente en la tierra” incumpliendo el precepto Levítico de dar descendencia a la viuda de su hermano. Otro modo del coitus interruptus, sugerido en el 500 AC, era el estornudo de la mujer al eyacular, lo cual exige una sincronía notable. Según Sorano de Éfeso (siglo II DC) “en el momento crítico del coito, cuando el hombre esté próximo a descargar la simiente, la mujer debería contener la respiración y retirarse un poco, de manera que la simiente no sea depositada demasiado profundamente en la cavidad uterina. Entonces, la mujer debería levantarse inmediatamente y acuclillarse, inducir el estornudo y limpiar la vagina en su alrededor y, quizás, tomar algo frío”. También se practicaba el coitus obstructus, un método sánscrito consistente en presionar fuertemente en la base del testículo la uretra perineal llevando a la eyaculación retrógrada (vesical). Otro método sánscrito era el coitus reservatus, orientado a que el varón no eyacule en ningún momento del acto sexual. Con estos métodos, y el dominio del poder, no es raro que los varones hayan centrado los métodos de anticoncepción en los cuerpos de las mujeres. Antes de que se descubrieran los modernos espermaticidas, ya los primeros documentos médicos, los papiros de Ebers y de Kahoun (del 1600 AC y el 1900 AC) recomendaban tapones anticonceptivos de miel y fermento de acacia, o en su defecto heces de cocodrilo o irrigaciones con miel y carbonato de sodio. El ya citado experto en temas ginecológicos Sorano de Éfeso (S II DC) sugiere varios productos para aplicar en la entrada misma del útero, como aceite de oliva añejo, o una bola hecha de lana bien empañada en vino. Tanto el físico islámico Rhazes en el S IX como Avicena en el XI mencionan la caca de elefante como método anticonceptivo2
En el siglo XIX la medicina avanza con los supositorios de quinina, y el siglo XX encuentra diversas sustancias con el objetivo de obstruir la viabilidad del espermatozoide. Las modernas esponjas tienen su antecedente en bolas de papel que usaban las prostitutas japonesas. Los métodos de barrera también tienen larga historia, desde la caña de bambú en Egipto (1400 AC), el cuero de víbora (800 AC), la vegiga o intestino de animales (Roma). Gabriel Fallopio, en 1564, sugiere usar una pieza de lino para evitar la sífilis. Lord Condom (1720) pasó a la historia con su cobertura de intestino grueso de oveja; pero es el descubrimiento del caucho en 1872 y del latex en 1950 lo que produce la verdadera masificación de los preservativos. Como antecedente del diafragma creado por Hasse en 1880, sin llegar al extremo del cinturón de castidad de la edad media (que como método de barrera era un poco drástico) Casanova recomendaba colocar una cáscara de limón como capuchón sobre el cuello uterino para evitar la concepción. Como métodos quirúrgicos, la salpingoclasia o ligadura de trompas se debe a Lungren en 1880, mientras en 1930 Sharp practica la vasectomía o ligadura de conductos deferentes. No sólo median 50 años entre uno y otro método, sino que a pesar de la mayor simplicidad de la vasectomía, su número sigue siendo mucho menor que el de las ligaduras. Los actuales dispositivos intrauterinos, como se sabe, tienen un origen no pensado para mujeres sino para que los camellos que hacían largas travesías en el desierto no se preñaran. En el 600 AC se descubrió la eficacia de poner piedras de río en el útero de las camellas. Sólo en el siglo XX la técnica se extiende a las mujeres usando desde aleación de plata y cobre, plástico, T con progesterona y aplicaciones cada vez más evolucionadas y seguras del mismo principio. Se discute si el dispositivo intrauterino es anticonceptivo o abortivo, lo que lejos de ser una cuestión empírica es una cuestión puramente definicional. De cómo definamos embarazo dependerá cómo definamos interrupción del embarazo, y el mismo hecho será leido entonces como abortivo o anticonceptivo.
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El aborto también fue preocupación desde la antigüedad por muchos motivos, y así se encontraron eficaces abortifacientes como el baño de asiento en agua hirviendo con ajos, la masa de hormigas, la espuma de la boca de camellos o el cabello de cola de ciervo disuelto en grasa de oso. La fertilidad de las mujeres, lejos de ser una cuestión personal, siempre fue una cuestión económica y política de gran magnitud. Mientras la reproducción humana requiera de nosotras, los Estados procurarán no dejar librado al azar o la voluntad individual el control de población. Las medidas orientadas a aumentar o disminuir el número de habitantes de un país han hecho progresar la ciencia y la técnica mucho más que las necesidades humanas. Desde la eugenesia en Esparta (500 AC), pasando por la tribu americana Akimel O´odham o Pima que mataban al recién nacido huérfano de padre para librar a la madre de la crianza, hasta el moderno infanticidio en la India, China, Tahití y norte de África, los países han procurado controlar la fertilidad de las mujeres y adecuarla a las necesidades y proyectos de los grupos hegemónicos. Ya en el inicio de la anticoncepción en la antigüedad la sexualidad fue separada de la reproducción; tanto con el sentido de protección de enfermedades de transmisión sexual en los métodos de barrera, como de obstáculo para la concepción o la anidación del embrión, muchos y diversos son los métodos probados de diversa eficacia. Aunque sin duda en el siglo XX se produce el impacto social más importante para las mujeres, que tuvo que ver con el acceso masivo a la píldora anticonceptiva en la década del 60. Una primera observación que debemos realizar es que la experimentación sistemática que permite el avance de la anticoncepción reconoce barreras de género, cuando se aplica especialmente en el cuerpo de las mujeres. Su condición de portadoras del embarazo las hace las principales interesadas y por esto responsables de evitarlo. Los varones son renuentes al uso de anticonceptivos, incluso cuando se trata de métodos de barrera que
los protegen de enfermedades de transmisión sexual. La razón por la que esto es así puede extenderse incluso a la proporción entre ligaduras de trompas y vasectomías, donde los mitos que envuelven la anticoncepción quirúrgica tienen que ver con las pérdidas para la sexualidad masculina, ya sea en la función eréctil o en la falta de deseo, y en la masculinización de las mujeres consideradas como objeto sexuales de los varones. Las nuevas tecnologías reproductivas invirtieron el enfoque, liberando la reproducción de la necesidad del vinculo sexual. La inseminación artificial, pensada en sus orígenes para ampliar las ganancias en la selección del ganado transladando el semen en lugar de los machos, y facilitando la inseminación de gran cantidad de hembras en los tiempos y lugares decididos por los ganaderos, mostró pronto su utilidad para solucionar problemas de fertilidad humana. Rápidamente, y a la luz de este nuevo destino medico, el propio concepto de infertilidad se modifica reduciendo los tiempos requeridos para el diagnóstico, ampliando entonces por definición el campo de parejas infértiles que podían ser tratadas. La fecundación in vitro acompaña en el último tramo del siglo XX la emancipación femenina y la crítica a la institución maternal, y no expresa sino que produce una demanda terapéutica por fuera de los límites biológicos. Se amplían los modelos de madres que pueden no tener compañeros varones y estar fuera de la edad reproductiva. De deconstruye la función de los progenitores creando una fragmentación entre quien aporta el material genético, quien aporta el útero gestante, quien amamanta y quien se responsabiliza finalmente por el cuidado y la crianza. Parece un escenario disruptivo con respecto al papel tradicional, pero paradójicamente a la vez se entroniza la maternidad/paternidad biológica como objetivo. Personas que habrían descartado ese proyecto lo ven como algo posible, alcanzable siempre que se cuente con el capital económico suficiente, y así se refuerza la asociación natural entre progenitura y maternaje. El extraordinario avance que la ciencia y la tecnología han aportado a la reproducción, control y preservación de la vida, tiene su contracara en algunos estancamientos y retrocesos ideoló-
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gicos que su aplicación acarrea. La selección genética que permiten hacer las nuevas tecnologías reproductivas, bajo la pretensión del éxito terapéutico esconden formas de eugenesia notables, no sólo en los conceptos de viabilidad de los “mejores embriones” cuando debe hacerse una selección, sino en la propia caracterización de los rasgos con los que se califican el esperma y los óvulos donados. El avance de la tecnología neonatológica, produce una independencia cada vez mayor del útero materno como condición para la reproducción, y del pecho materno para la alimentación, permitiendo la sobrevida de fetos cada vez menos evolucionados en la gestación. El embrión puede concebirse fuera del útero hasta etapas cada vez más tardías, y el feto puede mantenerse fuera de él desde etapas cada vez más tempranas. En una sincronía difícilmente inocente, a medida que avanza la demanda política de derechos vinculados a los cuerpos de las mujeres, avanza también la capacidad tecnológica de prescindir de ellos. Si bien este desarrollo asegura el acceso a la vida y la salud de los neonatos, y a veces con ello de las gestantes, esta independencia no necesariamente significa mayor libertad para las mujeres, ni para el género humano, sino que puede asociarse con una concentración incontrolable de poder y determinación del dominio tecnológico sobre los destinos sociales. Los hijos e hijas ya no dependen para su supervivencia (y quizás en poco tiempo, para su existencia) de una voluntad humana –y sobre todo femenina- cada vez más esquiva a los mandatos sociales, culturales y religiosos. Todavía estos recuersos no son totalmente alcanzables para parejas sexualmente disidentes. Algunas clínicas de fertilización asistida exigen a las mujeres un compañero varón para considerarlas como pacientes, ni mujeres solas ni mujeres lesbianas son inseminadas en estas instituciones que parecen resguardar más el orden patriarcal que el derecho a la maternidad. No obstante, muchos son los recursos usados por parejas gays o lesbianas para lograr el acceso a la maternidad o la paternidad deseadas. También aquí podemos señalar una paradoja. La aplicación de nuevas tecnologías reproductivas a parejas no heterosexuales fortalece a la vez la capacidad de tener hijos propios, y el modelo
de familia nuclear fundado en los orígenes del capitalismo como modelo de convivencia que garantiza la legitimidad de la progenie y con ello de la herencia. La aspiración de personas sexualmente disidentes de ser reconocidas como matrimonio y como familias, es a la vez una ampliación del acceso a los derechos y una restauración del orden del Estado en la legitimación de las muchas formas de convivencia. En el debate sobre el aborto, la utopía tecnológica ha sumado una nueva paradoja: la propuesta de incubadoras que permitan deshacerse de los embriones sin destruirlos, y llevarlos a término para su posterior adopción. Esta increíble sugerencia fue el aporte “científico” al debate legislativo sobre reglamentación del aborto no punible en los hospitales públicos de la Ciudad de Buenos Aires. Poner el acento en la reproducción biológica empuja a los márgenes otras expresiones de la sexualidad, incluso en su voluntad de maternar/paternar. Y presupone un alineamiento de las condiciones complejas del sexo con expresiones dicotómicas de género. El debate feminista y luego los estudios queer pusieron en crisis la dicotomía sexual y de género, permitiendo hacer visibles sexualidades diversas y construyendo demandas concretas de ciudadanía. En el caso de las personas transexuales, los avances tecnológicos que permiten perfeccionar la readecuación genital presentan la paradoja de que por una parte amplían las posibilidades de adaptar los cuerpos a las subjetividades de género, y por otra parte vuelven a consolidar la exigencia de alienamiento entre los cuerpos y las identidades. Actualmente, proyectos de ley que contemplan el reconocimiento de la identidad de género, patologizan la disidencia sexual y la “reparan” con cirugías de cambio de sexo. Por otra parte, la judicialización de las decisiones de cambio de sexo para posibilitar el reconocimiento de la identidad, enajenan la determinación del género poniendo los saberes en manos de profesionales médicos y psicólogos, quienes evaluarán según estrictas condiciones vinculadas a estereotipos sociales. Si a una persona adulta se le interpone el conocimiento científico como mediación con el reconocimiento de su género sexual, un porcentaje alarmante de recién nacidos con condicio-
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nes de ambigüedad sexual recibirán un imperativo tratamiento quirúrgico de corrección de sus genitales para “normalizarlos”. El avance tecnológico ha modificado el lugar físico en que reside la “verdad” sobre los sexos, que ha pasado de la lectura de los genitales al análisis de los cromosomas. Así, según el resultado de los análisis de adn, se determinará el cuerpo de un bebé intersex con argumentos retrógrados que no consideran su subjetividad y se imponen como normalización ideológica. La paradoja de niñxs que no pueden decidir (intersex), y adultxs que tampoco pueden hacerlo (transexuales), muestran que el problema no es la modificación de los genitales, el problema es quién lo decide y quién tiene la autoridad sobre la aplicación terapéutica de un avance tecnológico que abre posibilidades que expanden las capacidades de incidencia sobre los cuerpos, pero no erradica la enajenación de la decisión sobre la oportunidad y conveniencia de esas intervenciones. Para reapropiarnos de esas decisiones no alcanza con la existencia de tecnologías adecuadas y disponibles, es necesario generar una autoridad sobre las propias percepciones y las propias identidades, un reconocimiento político de la autoridad de los sujetos y el alcance de sus derechos. Proponemos revisar críticamente las condiciones de aplicación de la ciencia y la tecnología al servicio del control social, pero también valorar la apropiación que democratiza sus aplicaciones y sus efectos. En todos los casos, es relevante la afirmación epistémica de lxs usuarixs de la tecnología, la demanda y apropiación no regidas exclusivamente por el mercado, y la participación del Estado en la generación de políticas científicas y tecnológicas que sin renunciar a la innovación permitan orientarla hacia necesidades sociales definidas con participación ciudadana plena. No se trata de rechazar los avances tecnológicos, sino de favorecer avances políticos que permitan la apropiación democrática de sus resultados.
NOTAS 1 Para esta reseña histórica tomé como base datos de Ernesto Gil Deza, “Aspectos éticos relacionados con el comienzo de la vida humana”, http://hmoore.org/presentaciones/Clases%20modulo%20bioetica/Regulacion%20de%20la%20natalidad. pdf. 2
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TECNOLOGÍAS, CUERPOS SEXUADOS Y DIFERENCIAS Silvia García Dauder
Cuerpos múltiples y diferencias El presente trabajo forma parte de un proyecto de investigación más amplio denominado “Cartografías del cuerpo: Biopolíticas de la ciencia y la tecnología”. En dicho proyecto colectivo y heterogéneo no partimos de una idea prefijada de lo que un cuerpo es y cuáles son sus fronteras, es decir, de un cuerpo único, unitario y coherente que precede al conocimiento y a su regulación. Nuestro propósito es analizar, en cambio, el “cuerpo múltiple” (Mol, 2002), los muchos cuerpos producidos y performados por diferentes prácticas y tecnologías bio-médicas y las conexiones parciales entre ellos: los cuerpos de las tecnologías reproductivas, los cuerpos de las tecnologías terapéuticas, los cuerpos de las tecnologías de re/ asignación de sexo o los cuerpos de las tecnologías reparadoras. En este caso concreto, nos centraremos en los cuerpos sexuados de las tecnologías biomédicas en intersección con las tecnologías de la comunicación. Coincidimos con Mol y Law (2004) en atender no sólo al cuerpo que se “tiene” (observado por la mirada científica o experta “desde fuera”), o que se “es” (auto-reflexivo y experimentado subjetivamente “desde dentro” por las propias personas), sino también al cuerpo que va “haciéndose” en el proceso de articulación de los diferentes elementos que lo van conformando. Nuestra idea es analizar cómo cada “cuerpo” está específicamente conectado a un conjunto de prácticas, tecnologías y discursos y cómo se relaciona con otros (Berg y Akrich, 2004). Esta consideración del cuerpo afecta también a la propia idea de lo “humano”, nos pa-
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rece especialmente relevante indagar cómo se hace el cuerpo humano por medio de las diferentes tecnologías: por ejemplo cómo se hacen hormonal y quirúrgicamente los cuerpos humanamente vivibles dentro de un modelo social y de ciudadanía de dicotomía sexual (García-Dauder, Romero Bachiller y Ortega, 2007). Esta idea de “cuerpo múltiple” nos introduce necesariamente en las políticas de la diferencia: diferentes problemas, de diferentes cuerpos, con diferentes actores implicados, y diferentes formas de gestionarlos. Tampoco queremos considerar la diferencia como un a priori, sino como el resultado de variados procesos que van conformando las diferencias. Nos interesa estudiar, por ejemplo, cómo la diferencia es presentada como un problema en sí mismo que debe ser eliminado o corregido a través de procesos normativos de estandarización y homogeneización: tanto en las prácticas médicas en forma de protocolos; como en los propios cuerpos en forma de patologías, anormalidades, desviaciones, etc. Por ejemplo, cuando se habla de “variaciones anormales de la apariencia” que convierten en “necesaria” una cirugía que responde a motivos sociales de no aceptación de la diferencia (Davis, 2007). Para las diferentes tecnologías bio-médicas que hemos seleccionado en nuestro proyecto de investigación, queremos analizar también la gestión de las diferencias y de las tensiones entre los diferentes elementos y actores implicados, dentro y fuera de la medicina, los conflictos y contradicciones, y su coordinación (Berg y Mol, 1998). Nos interesa estudiar cómo se moviliza y articula la diversidad de diferentes formas y para diferentes propósitos: cómo los diferentes actores definen sus objetos de trabajo y organizan sus diferentes prácticas y cómo se generan conexiones y alianzas parciales entre ellos. Aquí en concreto nos interesa analizar cómo diferentes sexos son incorporados en diferentes prácticas médicas (psiquiátricas, endocrinológicas, quirúrgicas o genéticas) conformando un logro interactivo con apariencia de unidad, el sexo, pero que no deja de ser un “sexo múltiple” producto de conexiones parciales. Si en estudios anteriores hemos abordado cómo se producen los cuerpos sexuados en los discursos y prácticas médicas en el diagnóstico e intervención de los llamados “estados intersexua-
les” (García-Dauder, Romero Bachiller y Ortega, 2007), aquí nos centraremos en la producción del dualismo sexual a través de las intersecciones tecnológicas en el espacio deportivo. En tercer lugar, en el análisis de las tecnologías bio-médicas que forman parte de nuestro proyecto, también atendemos a las diferencias corporales y encarnadas, constituidas como marcas socialmente relevantes y jerarquizadas, producto de desigualdades estructurales y de procesos de normalización y exclusión. No olvidamos las relaciones de poder y dominación en la gestión biomédica y, junto a ello, los procesos de identidad, subjetivación y resistencia. En concreto, un eje transversal en nuestra investigación es la atención a los cuerpos de las mujeres, a veces invisibilizados y a veces marcados y estereotipados, todo ello en un contexto general de análisis sobre cómo se construye la normalidad –desencarnada- y la diferencia corporal y qué diferencias deben ser consideradas relevantes para constituir una “categoría” distintiva de cuerpos. Por último, nos interesa analizar la diferencia como mercancía, presentada como objeto de consumo “neutro” para la autogestión personal de la salud y de la vida. La imparcialidad como negación de la diferencia da paso a la imparcialidad como proliferación de diferencias igualmente consumibles, de la normalización se pasa a la customización (Davis, 2007). Se trata del discurso de la diferencia como individualidad elegida libremente como proyecto de identidad personal. Relacionado con ello, pretendemos analizar las retóricas sobre lo que se considera un lujo o una necesidad médica respecto a los cuerpos en un sistema capitalista y de bienestar, o conceptos como la auto-determinación corporal, las “decisiones libres” o los consentimientos informados en los contextos bio-médicos actuales. Es en este contexto global de análisis que venimos “cartografiando” cómo se producen los cuerpos y sus diferencias por medios de diferentes prácticas y tecnologías. En concreto, en este texto, pretendemos analizar la intersección entre lo orgánico, lo técnico y lo textual en la regulación normativa de cuerpos sexuados y sus diferencias.
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Cuerpos, diferencias y tecnologías de la comunicación
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Como ha señalado Donna Haraway (1995), los cuerpos como objetos de conocimiento son nudos generativos materiales y simbólicos, sus fronteras se hacen en interacción social a través de la intersección entre la investigación biológica, la escritura, las prácticas médicas y las visualizaciones tecnológicas. Aquí pondremos en articulación a las tecnologías de la comunicación con las tecnologías médicas como mediadoras en la producción de discursos, cuerpos y subjetividades en torno a la intersexualidad y, por ende, en torno a los ideales reguladores de sexo/género1. A través de ello, podremos observar cómo los medios de comunicación funcionan como dispositivos de poder/saber sobre la verdad de los cuerpos sexuados (Foucault, 1976) regulando formas corporales y subjetividades dentro de los límites del dualismo sexual. Entendemos aquí a los medios como parte de las diferentes “tecnologías de género” (de Lauretis, 2000): aparatos semiótico-materiales que conforman las fronteras entre los sexos mediante representaciones que naturalizan y “cajanegrizan”2 el dualismo sexual (Latour, 1999) -la “obviedad” de que sólo existen dos sexos por naturaleza, varones y mujeres-, y que ejercen violencia simbólica sobre los cuerpos ilegibles bajo este orden binario y jerárquico. No obstante, más allá del efecto de una representación, los cuerpos sexuados son también su excedente, aquello que queda fuera del discurso y puede producir una ruptura (de Lauretis, 2000). Pero, ¿por qué centrarnos en la representación de la intersexualidad? Consideramos que la regulación mediática de la intersexualidad es un dispositivo más de la regulación y vigilancia del dualismo sexual y nos permite reflexionar, no sólo sobre las violencias de género producto de la dominación masculina, también sobre aquéllas que provienen del “privilegio de la normalidad” de sexo/género (Engel, 1997; Hinkle, 2006). Si las mujeres, junto con otros colectivos, se han construido como lo Otro del sujeto occidental moderno, aquellas personas cuyos cuerpos no encajan dentro del dualismo sexual, dentro de lo considerado típico como propio de un varón o de una mujer, han quedado relegadas como “otras inapropiadas/bles” fuera incluso de los límites de lo pensable o teorizable (Trinh Minh-ha, 1986).
Como ha señalado Fausto-Sterling (2006), el olvido del cuerpo sexuado por parte de la teorización feminista ha supuesto el no cuestionamiento de la base material desde la que se asentaba el concepto de género, el dualismo sexual, y con ello desatender las implicaciones epistemológicas y políticas de la reproducción de los dualismos sexo/género, cuerpo/mente, naturaleza/cultura, real/ construido. Como afirma esta autora, la materialidad corpórea ya viene interpretada por la ideología de género del dualismo sexual que traduce “lo normal” en “natural”. La “lección de la intersexualidad” (Kessler, 1998) consiste en evidenciar las arenas movedizas en las que se asienta la experiencia encarnada de “ser mujeres o varones”, nos obliga a entender la complejidad y variabilidad del sexo, nos cuestiona su seguridad y nos hace cómplices de las violencias generadas por la construcción social del binarismo sexual. Más allá de una cuestión “meramente cultural”, nos habla de cómo la ciudadanía y la propia categoría de “lo humano” están atravesadas por el dualismo sexual, nos habla de la inteligibilidad de los cuerpos y de sus efectos materiales y subjetivos. A través de sus discursos y representaciones, los medios de comunicación regulan y conforman cuerpos y subjetividades pensables y deseables, y por lo tanto vivibles. Su poder performativo (de hacer aquello que dicen) quizá se haga más evidente ante su presencia-ausente. Los medios se convierten entonces en tecnologías del silencio: lo que no se habla o no se representa no existe. Los límites del discurso enunciable se convierten así en los límites que hacen viable al sujeto (Butler, 1997). Existir en el repertorio mediático supone ser reconocido como existencia posible, la legitimación identitaria a través de la mirada pública (Hendel, 2010). Hasta recientemente, la intersexualidad había estado prácticamente ausente de los espacios de discurso y representación de los medios, apenas existían noticias. La propia palabra era o es desconocida por una opinión pública ajena a los temas relacionados con el género y la diversidad sexual. Pero a veces el silencio puede ser también una estrategia de resistencia, sobre todo, cuando el discurso o las representaciones que heterodesignan de forma hegemónica son negativas y estigmatizan o victimizan subjetividades. Este ha sido
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el caso de la intersexualidad. En los medios sigue presente el imaginario del hermafrodita como monstruo moral del siglo XIX, una figuración que genera atracción y rechazo por lo desconocido, morbo y perversión, o queda bajo la sospecha del engaño sexual y moral. La otra principal representación es la de la anomalía clínica, el referente médico que reduce la persona al cuerpo fragmentado “sexualmente ambiguo, indefinido” que debe ser corregido hormonal y quirúrgicamente para ser “normal”; por otro lado, objeto de interés científico y recurso para dirimir controversias herencia-ambiente, naturaleza-cultura, etc. La estigmatización y la cosificación, vienen acompañadas en los medios de la victimización, cuando se narran experiencias vividas, las personas intersexuales aparecen como víctimas pasivas bajo el sufrimiento inescapable de ser diferente. Así, en la mayoría de los casos, las representaciones sobre la intersexualidad en los medios interpelan a la persona intersexual por medio de palabras e imágenes que estigmatizan, cosifican o victimizan. De nuevo hay que preguntarnos por las marcas y heridas subjetivas de estas representaciones negativas y homogéneas de la intersexualidad, o incluso, como se han preguntado otros colectivos estigmatizados, si a veces es mejor el silencio a la palabra o imagen que hieren (Missé, 2009). A continuación vamos a analizar cómo se producen y se regulan los cuerpos sexuados en el ámbito deportivo a través de la articulación de tecnologías biomédicas y tecnologías de la comunicación. Nos centramos en el espacio deportivo por ser un escenario aduanero de las fronteras del sexo que asume como principios básicos la segregación y la desigualdad sexual. La existencia de cuerpos intersexuados desbarata el orden dual y provoca la activación de diversas medidas para hacer encajar la variablidad de los cuerpos sexuados en dos categorías. Cuerpos, dualismo sexual y “tests de verificación de género” Por tradición, el mundo del deporte siempre ha sido un espacio masculino y machista que ha partido de dos supuestos: que las diferencias físicas de las mujeres las hacen estar por naturaleza siempre en desventaja y que el deporte las masculiniza (Festle, 1996;
França, 2009). En general, si la práctica y el progreso deportivo confieren hombría y virilidad a un hombre, confirman su identidad de género, en una mujer ponen bajo sospecha su feminidad y heterosexualidad (Cahn, 1993). Los cuerpos de muchas mujeres deportistas rompen con las expectativas de género y representan una doble amenaza: el acercamiento a los varones en marcas y, lo que es peor, el acercamiento físico (Broad, 2001; Bohoun, 2008). De ahí la irritación que provoca en los medios deportivos la mujer con apariencia y fuerza física “masculina”, con grandes marcas, y que no se pliega al juego de deseos hacia los hombres. Ello ha llevado a utilizar el término anglosajón “the female apologetic athlete” para referirse a las expresiones de feminidad y heterosexualidad obligatoria de mujeres atletas para compensar una imagen “masculina” de logros en el deporte (Messner, 1988). Y su complemento: la preeminencia en los medios de comunicación del juicio estético de las atletas, en un contexto de mirada heterosexual, frente a la información sobre su rendimiento, regulando un “necesario” equilibrio entre logros y feminidad (Bohoun, 2008). Pero sobre las mujeres deportistas no sólo recae este peso de la dualidad de género y del sexismo, también la vigilancia de la dualidad sexual. Aquí es necesario recordar la ausencia de mujeres en los orígenes de la profesionalización del deporte y las competiciones internacionales (por ejemplo en los Juegos Olímpicos). De ahí la resistencia histórica y cultural a su incorporación y que las autoridades no supieran qué hacer con las mujeres que demandaban competir. La respuesta fue instaurar el principio de segregación sexual basado en el concepto de “competición justa”. En la década de los 60, el Comité Olímpico Internacional y algunas federaciones internacionales como la de atletismo, decidieron hacer controles de sexo a mujeres deportistas, también llamados tests de verificación de género o certificados de feminidad. Estas pruebas se crearon en el contexto de la Guerra Fría para detectar posibles fraudes de competidores varones que se hicieran pasar por mujeres y así sumar triunfos en el medallero de sus respectivos países. El chequeo sexual consistía en una inspección anatómica realizada por un comité de expertos que examinaba a las deportistas desnudas, con la
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humillación que ello implicaba. Más tarde, en 1968, se pasó a pruebas menos invasivas como el análisis de la cromatina sexual a partir de la mucosa bucal o, en 1992, el test de la reacción al gen SRY. Se asume, así, que el caleidoscopio sexual formado por cromosomas, hormonas, gónadas, genitales externos, caracteres sexuales secundarios, etc. es único y que todos sus componentes se alinean según un dualismo que responde a los estándares o prototipos del cuerpo sexuado de varón o de mujer. Nada mejor que el espacio deportivo, donde el cuerpo y la segregación sexual son protagonistas, como laboratorio donde poder analizar cómo estas complejidades son disciplinadas y forzadas a encajar en dos casillas. A través de los cambios producidos en las pruebas de “verificación de género” se pasa de una concepción de la “mujer” basada en su anatomía externa (fundamentalmente genital), a una concepción cromosómica y genética. En todo caso, las pruebas se basaban en la creencia de que el progreso tecnológico posibilitaría el criterio determinante para descubrir a la “verdadera mujer”. A partir de la década de los 80 comienzan a publicarse artículos en revistas de medicina deportiva cuestionando la validez científica de estas pruebas. El argumento es que los controles se basaban en cuerpos de varones y mujeres que respondían a los estándares típicos, pero no consideraban los casos de mujeres con cuerpos intersexuados que además carecían de ventaja competitiva (de la Chapelle, 1986; Simpson et al., 1993). En un artículo ya clásico, de la Chapelle afirmaba respecto a los objetivos de los controles de sexo: “el objetivo del test de ‘verificación de género’ no ha sido explícitamente establecido. Sin embargo, de forma general se asume que es excluir a varones y a otras competidoras cuya estructura corpórea o fuerza muscular son de tipo masculino o anormalmente fuertes como para conferirles una ventaja injusta sobre otras mujeres competidoras” (de la Chapelle, 1986: 1920). Según este autor, sí deberían competir mujeres “con condiciones congénitas de cromatina sexual anormal” que no producen una “fuerza muscular anormal”, ya que tienen “proporciones del cuerpo femenino, genitales externos femeninos, fuerza muscular femenina y constitución psicosocial femenina” (por ejemplo, mujeres XY con insensibilidad a los andrógenos o X0
con Síndrome de Turner). Para este autor no deberían competir varones que se hacen pasar por mujeres o “mujeres normales que han tomado hormonas que pueden incrementar su fuerza muscular”. Pero además incluía otra categoría de mujeres que no debería competir, la “mujer hipermuscular congénita”: “mujeres anormales con condiciones congénitas que pueden llevar a un incremento de la masa muscular”, con “marcada virilización y cuerpo y fuerza muscular de tipo masculino” (de la Chapelle, 1986). Se refería, fundamentalmente, a mujeres con hiperplasia suprarrenal congénita cuyo sexo cromosómico, gonadal y psicosocial es femenino, pero no las características sexuales secundarias (especialmente la fuerza muscular). Debido a ello, según este autor, poseían una ventaja competitiva dados sus altos niveles de testosterona. Como se puede ver, los criterios de verificación de género ya no buscan tanto descubrir a la “verdadera mujer” cuanto decidir quién debe o no competir en función de su “ventaja competitiva”. Y, para de la Chapelle, “lo que determina si un individuo debería competir en pruebas de mujeres es principalmente el sexo psicosocial (apariencia y conducta) y las características sexuales secundarias (músculos y cuerpo)” (1986: 1922). Así, el criterio que determina a la mujer ya no es el anatómico genital o el cromosómico, sino la “ventaja competitiva” medida por la fuerza muscular. Pero más allá de una cuestión puramente científica, la aplicación de los tests de verificación de género plantea cuestiones éticas. Por un lado, se trata de pruebas sexistas, en tanto sólo se aplican a mujeres. Pero además, más allá de errores de detección, las pruebas atentan contra la autonomía sexual de las mujeres, poniendo en cuestión su sexo a una edad adulta (con los traumas psicológicos que ello pueda conllevar); y contra su intimidad, ya que con ayuda de los medios se pone bajo sospecha de forma pública su sexo, acabando en la mayoría de los casos con su carrera profesional. Ante todas estas críticas, la Federación Internacional de Atletismo abandonó los tests de verificación de género en 1992, y un grupo de consenso estableció como criterio el sexo psicológico y de crianza de la deportista (y estudios particulares en casos de mujeres transexuales para comprobar que se había anulado su ventaja com-
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petitiva mediante tratamientos hormonales y quirúrgicos). En Atlanta-1996, el COI siguió aplicando la prueba de la reacción al gen SRY, pero la novedad ahora es la introducción de recomendaciones de intervención con estrógenos y cirugía en casos de intersexualidad para anular posibles ventajas. De esta forma, las autoridades deportivas no sólo se arrojan el poder de “diagnosticar” quién es o no una mujer, sino de regular qué tipo de intervenciones tiene que seguir una deportista para convertirse en tal cosa. En los Juegos Olímpicos de Sydney-2000 el COI abandona estos controles pero vuelven a ser retomados en Pekín-2008. Como veremos el debate vuelve a reabrirse tras la participación de Caster Semenya en los mundiales de atletismo de 2009. Regulación y vigilancia del dualismo de sexo/género en la prensa deportiva
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La regulación del sexo en las deportistas no sólo se produce en el momento en que se les aplica el “test de verificación de género”. Una segunda regulación tiene lugar a través de la divulgación en los medios deportivos de los casos donde “saltan las alarmas” y el sexo es puesto bajo sospecha. Vamos a analizar a continuación el papel de los medios de comunicación, en concreto la prensa, en las vigilancia del dualismo de sexo/género en el deporte. En la década de los 80, la corredora de vallas María José Martínez Patiño tuvo que enfrentarse a las sospechas sobre su sexo y la divulgación de las mismas en la prensa. Esta atleta luchó para que las autoridades deportivas dejaran de asentar el sexo de las atletas en los cromosomas, un criterio que injustamente discriminaba a mujeres con insensibilidad a los andrógenos que, como nos ocurre a la mayoría, desconocían las letras que conformaban su cariotipo. No obstante, al leer la prensa de aquella época, nos damos cuenta de hasta qué punto los medios pusieron en duda no sólo su sexo, sino también su género, su deseo y su moralidad. En las noticias se hablaba de su apariencia “complaciente y coqueta”, de su “deseo de casarse y tener hijos”, de sus creencias “católicas y monárquicas” y de sus “coqueteos” con los atletas varones. La vigilancia de sexo se confundía con una vigilancia de género y de deseo hetero-
sexual como pruebas de su “ser mujer”, como si no fuera suficiente su “sentirse mujer”3. Las cosas no han cambiado mucho en el nuevo milenio. Las noticias sobre las corredoras Santhi Soundarajan o Caster Semenya o las de la yudoka Edinanci Silva nos muestran que, ante la imposibilidad de encontrar un criterio para determinar el sexo verdadero y encerrar la fluidez del sexo en una dicotomía rígida, se ha pasado a controlar la “verdadera feminidad” a través de la vigilancia aduanera de la coherencia sexo/género/deseo. Pero con la agravante, en estos casos, de la imposición racista de los estándares blancos y occidentales sobre la apariencia de una mujer. La fuerza física de las atletas negras símbolo de orgullo, se pone en entredicho al suponer un cuestionamiento de su feminidad. El ensañamiento mediático contra las personas que no responden a los moldes dualistas de sexo/género se plasma en la falta de respeto a la identidad de género subjetiva de las atletas y a su intimidad. En los Juegos Asiáticos de 2006, con Santhi Soundarajan, los titulares hablaban de “estafa por cromosoma Y”, “De triunfadora a impostor. De mujer a hombre. La medallista es él”4. Parecería que, independientemente de la historia personal y del derecho inalienable de cada persona a elegir su propia identidad subjetiva de género, el periodista, al igual que el experto en medicina deportiva, se arrojan el derecho a decidir sobre el sexo, y por ende sobre el género, de la mujer deportista. El ensañamiento mediático viene, en ocasiones, acompañado de un sensacionalismo “comprensivo y victimista”. Noticias donde se busca en la infancia pobre y marginal de la atleta el sufrimiento inescapable de ser diferente por su “ambigüedad sexual”. Como si ese dolor fuera el precio social a pagar para compensar sospechas de moralidad sexual5. Durante los juegos olímpicos de Pekín-2008, el noticiero español volvió a lanzar su artillería mediática al servicio de la regulación del dualismo sexual en el deporte. Se habla de una “yudoka brasileña hermafrodita”, “con fuerza de un hombre”, “de potencia masculina en el yudo femenino”. De Edinanci Silva, se decía: “Tuvo que demostrar que es realmente una mujer ya que su cuerpo genera muchas dudas”6. ¿Es el cuerpo el que genera dudas o
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una percepción social basada en esquemas rígidos y dualistas de género? Los medios asumen sin más que, gracias a la cirugía y al tratamiento hormonal a los que fue sometida, “pudo cumplir su doble sueño: ser mujer y poder competir”7, ya que dichas intervenciones anulaban su “ventaja competitiva”. Para demostrar que “es realmente una mujer” su cuerpo tuvo que ser intervenido quirúrgica y hormonalmente. Desde el 2004 el COI permite a mujeres transexuales competir como mujeres, siempre y cuando se hayan sometido a una intervención quirúrgica de genitales y a un tratamiento hormonal durante dos años, suficiente como para anular su “ventaja”. Lo que constituye un avance para mujeres transexuales, resulta problemático si se establece como norma para mujeres con cuerpos intersexuados. Se plantea como “derecho al tratamiento” lo que no es sino una obligación quirúrgica y hormonal, que puede ser no deseada, para obtener un certificado de feminidad y poder competir. Como hemos señalado, tras abandonarse por problemas de validez científica en 1999, los controles de sexo se retomaron en los Juegos Olímpicos de Pekín-2008 y con la participación de Caster Semenya en los mundiales de Atletismo de Berlín-2009 se reaviva el debate. Confundiéndolo todo, las noticias mezclan cromosomas, con cirugías y hormonas, con un pasado “marimacho”, con la elección de pantalones grises sobre faldas a cuadros, con el deseo hacia las chicas en lugar de hacia los chicos, etc8. O, en un ejercicio de disciplinamiento de género, se presiona a la deportista a posar en una revista de moda, maquillada y con joyas, para así compensar con una feminidad que la pueda redimir de sus pecados de fuerza física y logros deportivos9. Ya se asume “que el sexo no es sólo una Y”10, pero la sospecha viene ahora por dos motivos según las noticias: “la imagen masculina que dio en la pista” y la “increíble mejora en su marca”11. Lo curioso es que ya no se discute sobre las tecnologías necesarias para detectar a la “verdadera mujer”. Se reconoce que hoy en día no tiene sentido hacer pruebas para detectar fraudes de varones que se hacen pasar por mujeres. El debate está ahora en torno al constructo “ventaja competitiva” que se ha convertido en un argumento circular que ancla a las mu-
jeres en una permanente inferioridad en lo deportivo. Se parte de que, en el plano deportivo, las mujeres son inferiores por su naturaleza física a los varones, ergo, si existe una mujer cuyas marcas se acercan a las de los varones, “corre como un hombre”, y además posee un cuerpo musculado, fuerte y no es “apologetic”, está bajo sospecha de no ser realmente una mujer, insisto, independientemente de su propia historia personal y de su identidad de género como mujer. El sexismo provoca que no se planteen los mismos debates en el ámbito masculino, que no se vigilen las ventajas competitivas en los deportistas varones. La tiranía del dualismo sexual provoca que no se vigilen otras dimensiones físicas de ventaja competitiva más allá de las relacionadas con el sexo, como nacer con una estatura que dote de superioridad para un determinado deporte. Obligar a una mujer deportista a hormonarse para compensar la “ventaja” que pueden tener niveles “elevados” de testosterona que genera su propio cuerpo, es como obligar a un jugador de baloncesto de altura “elevada” por efecto de sus hormonas a intervenciones médicas que compensen su ventaja respecto al resto. ¿Cuál es la amenaza? ¿La ventaja competitiva? ¿O la confusión de sexos, géneros y deseos que desestabiliza el principio del dualismo sexual en el que se asienta toda la institucionalización del deporte y, más aún, una estructura social basada en la diferencia sexual? Hacer que alguien se someta a una intervención quirúrgica u hormonal como precio a pagar por el reconocimiento de una autoridad deportiva o de otro tipo va en contra de los derechos humanos básicos. Claramente, el temor que despierta Caster Semenya no es su ventaja competitiva, sino el miedo a un cuerpo de mujer hipermusculado, que no pide disculpas, gracias a las hormonas que naturalmente genera su organismo, pero sobre todo gracias al esfuerzo y al entrenamiento duro. Hasta que no se celebren conjuntamente las marcas y la “masculinidad” de las mujeres deportistas, en el sentido de fuerza, musculatura, ambición e indiferencia hacia la estética en beneficio del logro deportivo, de la misma forma en que se celebran las carreras de Usain Bolt, seguirán existiendo barreras para las mujeres en el mundo deportivo y se seguirán vigilando las fronteras del sexo.
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Conclusiones
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El objetivo de este trabajo era analizar cómo se producen los cuerpos sexuados y la regulación de sus diferencias en la intersección de las tecnologías biomédicas, aplicadas en este caso al ámbito deportivo, y las tecnologías de la comunicación. Hemos podido ver cómo surgen los llamados “tests de verificación de género” para controlar la segregación sexual en el deporte y para vigilar posibles fraudes de varones haciéndose pasar por mujeres. Pero también hemos visto cómo se pasa de la vigilancia del fraude a la regulación de los cuerpos intersexuados bajo el dualismo sexual deportivo. Este cambio ha supuesto el paso de la búsqueda del criterio definitivo para descubrir a “la verdadera mujer” a la regulación de la ventaja competitiva. Con ello hemos identificado diferentes componentes que definirían qué es esa cosa llamada sexo o qué es lo que define a una mujer: desde la anatomía externa genital de comienzos de los 60, al sexo cromosómico y genético (hasta los 90), hasta el sexo psicológico o de crianza. Finalmente, los problemas existentes para fijar qué define a la “verdadera mujer” han provocado que se regule, en su lugar, qué mujeres deben competir en función de su ventaja competitiva. Con ello, el énfasis del sexo/género se pone ahora en la fuerza muscular. El argumento circular de la ventaja competitiva implica que no tener una ventaja competitiva es lo que te convierte en “mujer” para el mundo deportivo y a la inversa. Por otro lado, hemos analizado cómo las instituciones deportivas no sólo regulaban el diagnóstico del sexo en el deporte, sino también qué tipo de intervenciones médicas debe pasar una mujer con un cuerpo intersexuado para poder competir. Con ello, la cirugía y el tratamiento hormonal se imponen como rituales que devuelven legitimidad al sexo/género de la deportista al anular la “ventaja”. El precio a pagar para poder competir es someter el cuerpo a tratamientos quirúrgicos y hormonales de normalización sexual para que el dualismo sexual en el deporte no se desestabilice. Por último, hemos analizado cómo se produce la vigilancia del dualismo de sexo/género en la prensa deportiva a partir de noticias que cubrían los casos de mujeres deportistas a las que se ponía
su sexo bajo sospecha. Ante la definición imposible de la “verdadera mujer”, los medios de comunicación pasan a regular la “verdadera feminidad” en ejercicios de confusión y vigilancia del sexo, el género y el deseo. Pero lo que quizá llame más la atención es el escaso respeto a la identidad subjetiva de género y a la autonomía sexual de la deportista. Con todo ello hemos querido mostrar cómo se hacen los cuerpos sexuados y se regulan sus diferencias bajo los moldes dualistas en la intersección de las tecnologías biomédicas y de la comunicación. NOTAS 1
Las reflexiones de este artículo parten de un análisis de las noticias sobre “intersexualidad” (y términos relacionados) publicadas en la prensa española en general y de forma sistemática en el diario público El País desde el año 1985 hasta el 2008.
2
En términos de Bruno Latour (1999), su trabajo de naturalización se vuelve invisible, opaco, a causa de su éxito.
3
“La batalla por aclarar un error”. El País, 01-02-1986; “Martínez Patiño: “Pienso casarme y tener hijos“. La atleta aún no comprende que pueda tener cromosomas masculinos”. El País, 01-02-1986; ENTREVISTA.”Nunca he dejado de sentirme mujer”. El País, 09-10-1988.
4
“La subcampeona de 800 metros es él. La atleta india Santhi Soundarajan no supera un test de género y pierde la medalla de plata”. El Mundo, 19-12-2006; “La medallista es él. Un control desvela que la atleta y subcampeona de los Juegos Asiáticos Santhi Soundarajan es un hombre”. ADN, 19-/12-2006.
5
“La ganadora de una plata en los Juegos Asiáticos es descalificada por dudas sobre su sexo e intenta suicidarse”. El Mundo, 13-09-2007.
6
“Edinanci Silva, la judoca con la fuerza de un hombre”. Cadenaser.com, 14-08-2008.
7
“Esther San Miguel se queda a las puertas del bronce”. Subtítulo: “Una campeona hermafrodita”. El País 14-08-2008.
8
Por ejemplo, “El sexo no es sólo una Y”. El País, 25-08-2009; o “Polémica por el sexo de Semenya. La atleta que no podía entrar al baño de chicas”. El Mundo 23-08-2009.
9
“La reivindicación de Caster Semenya. La atleta surafricana posa para una revista para desmentir las críticas sobre su feminidad.” El País, 09-09-2009.
10 “El sexo no es sólo una Y”. El País, 25-08-2009. 11 “La reivindicación de Caster Semenya. La atleta surafricana posa para una revista para desmentir las críticas sobre su feminidad.” El País, 09-09-2009.
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15
DICTADURA DEL CUERPO, PUBLICIDAD, GÉNERO Y TRASTORNOS ALIMENTARIOS1 Olga Bustos-Romero
Algo de historia y la dictadura del cuerpo hacia las mujeres
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La importancia y concepción que se le ha dado al cuerpo, el lugar que ocupa en la sociedad, su presencia en el imaginario y en la realidad, en la vida cotidiana y en momentos específicos han tenido cambios a lo largo de la historia. Esto es importante señalarlo ya que por mucho tiempo imperó la idea de que el cuerpo pertenecía a la naturaleza y no a la cultura. Más bien, el cuerpo ha sido construido, reconstruido, reconocido u ocultado, dependiendo del momento histórico. El énfasis que se ha dado al cuerpo de las mujeres, en la gran mayoría de las culturas es superior al asignado al cuerpo de los hombres. La belleza física de la mujer recibe una consideración más relevante que la del hombre. El atractivo de ellos se asocia más con sus habilidades y poderes, que con su complexión o aspecto físico. En tanto que para las mujeres sus funciones procreadoras y alimentadoras, así como las sociosexuales, representan los cimientos de tal relevancia corporal. El mismo cuerpo destinado a engendrar, parir y amamantar debe contar con suficiente atractivo sexual e interpersonal para conseguir su integración en el medio sociocultural en el que se desenvuelve su vida.2 El estudio reportado en 1951, por Ford y Beach, que realizaron en 190 sociedades tribales demuestra que en la casi totalidad de estas tribus, el atractivo y las características físicas de las mujeres reciben mucha más importancia social que los manifes-
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tados por los hombres. En ellos contaban más sus demostraciones de valor.3 Sin embargo, la excepción a la regla anterior la constituyó la Grecia clásica, donde el cuerpo varonil fue objeto de admiración pública y considerado más atractivo que el femenino, tal vez porque el concepto de belleza, referida al cuerpo, se refería a lo saludable, al estar en forma, e incluso las cualidades internas, lo que se atribuía más al varón. Eso era una consecuencia de la concepción de la unidad cuerpo-mente vigente en la Grecia clásica, que fue muy diferente a la que posteriormente fue defendida por el cristianismo.4 En Grecia, la belleza del cuerpo era un concreción del culto al equilibrio, y lo extremoso, lo extraño no podía ser perfecto. Por su parte, la Roma antigua discrepó de la Grecia clásica en una parte de sus criterios estéticos corporales. Aquí había más interés por las peculiaridades y rarezas de rostros y personas.5 Se valoraba la delgadez o, al menos, evitaban el sobrepeso. Como bien se sabe, aunque en los banquetes la ingesta de comida era exagenerada, utilizaban el vómito como medio para regular su peso. Había una aceptación por los atracones y el vómito, que estaban plenamente integrados a la cultura, por lo que como señala Josep Toro6, eso “…..impide -¿o no?- que nos refiramos a esas prácticas como si de trastornos bulímicos se tratara”. En Roma se apreciaba a la mujer sobre todo por su condición de madre, puesto que debía dar muchos hijos al Estado; y esto entraba en contradicción con el culto a la delgadez. En la Edad Media, el cuerpo de las mujeres debía mostrar corpulencia; la mujer reproductora y su respectiva figura constituyeron el patrón dominante. El vientre de la mujer debía ser ostensiblemente redondeado como símbolo de fertilidad. Hay que recordar aquí que las deidades femeninas, sobre todo las asociadas con la fertilidad, en la mayoría de las culturas estás representadas como mujeres regordetas. Engordar no solo era un signo de riqueza, sino también de salud. Resulta muy significativo que a la aristrocracia dirigente se le denominara popolo grasso, mientras que a la clase popular se le llamaba popolo magro7 En otras palabras, al apreciar la gordura se rechazaba la delgadez, lo que implicaba huir
del hambre, la enfermedad y la pobreza. Al hablar de sexualidad en la Edad Media, se establece que la copulación solo se permite dentro del matrimonio y debe darse con el único fin de procrear. Esta sexualidad reprimida llega a situaciones de violencia contra las mujeres al considerarlas como objetos o propiedad: “El marido es dueño del cuerpo de su mujer, tiene su usufructo”.8 Todo intento contraceptivo es una falta mortal para los teólogos. Con respecto a las imposiciones sobre los cuerpos, Michel Foucault argumenta que en el siglo XVIII se establece en Europa una tecnología política del cuerpo; y más específicamente este autor, en su obra Vigilar y Castigar (1975)9 interroga la manera en que el cuerpo se sumerge directamente en un terreno político. Integra el cuerpo en una “microfísica de los poderes” mencionando que: lo cercan, lo marcan, lo enderezan, lo torturan, lo obligan a trabajos, ceremonias, exigen de él signos. Como puede verse, en la mayoría de las sociedades ha habido más exigencias en cuanto a la belleza de las mujeres que en los hombres. Esta belleza puede estar asociada con gordura o delgadez, pero siempre como un deber ser. Algunos casos de culturas que asocian belleza con gordura en las mujeres pueden encontrarse en10 : Mauritania: Entre más gruesas más bellas. Egipto: Estar rellenitas es un bendición. Nigeria: Debe engordarse antes de llegar a las nupcias. Samoa: Después de tener muchos hijos/as y llegar a estar gordas, es cuando realmente son admiradas por la comunidad. No obstante, también existe una pequeña minoría de pueblos en África, que muestran preferencias por las mujeres delgadas, por ejemplo, las massais, dobuanas, tonganas y gurages. En general considerar la corpulencia como algo repugnante, y las mujeres tonganas guardan dieta para mantener una línea esbelta, ya que se cree que si tienen abdomen voluminoso pierden entonces gran parte de su atractivo. En su obra sobre El Cuerpo como Delito, Josep Toro11 refiere que las mujeres, mucho más que la mayoría de los hombres,
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tienden a construir su autoestima en lo que ellas piensan de su propio cuerpo y en lo que creen que piensan las demás personas acerca del mismo. Por otra parte, el autoconcepto femenino suele fundarse significativamente en su atractivo corporal. Aquí vale la pena detenerse un momento para señalar que la autoestima es la valoración, positiva o negativa, que hacemos acerca de lo que consideramos que somos y hacemos. La antropóloga feminista Marcela Lagarde12 refiere que la autoestima significa la estima del yo ¿en qué grado y de qué manera se experimenta esta estima? ¿pevalecen en nosotras afanes de autocuidado, ganas de hacer cosas para nosotras mismas, pensamientos apegados a una visión profunda y concienzuda sobre nuestra vida, actitudes y comportamiento afines? ¿son nuestras las explicaciones complejas y basadas en nuestro saber y en nuestra autoridad? ¿qué esperamos cada una de sí misma y qué de las otras y los otros en cuanto a nuestra propia realización? ¿somos justas con nosotras mismas? Publicidad, género y trastornos alimentarios
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La construcción subjetiva del cuerpo de las mujeres, en tanto sexuado, establece una serie de imposiciones, restricciones y atributos que están sobre todo determinados por la cultura y el momento histórico por el que se atraviesa. Del prototipo de una Marilyn Monroe, con curvas, en la década de los cincuenta, hubo un gran cambio en la década de los sesenta con la Twiggy, portadora de un cuerpo delgado acercándose más a la anorexia, para instaurarse desde los años setenta la cultura de la delgadez, con exceso de ejercicio, adicción por los gimasios, fármacos, cirugías, productos “milagrosos”, a partir de estrategias de mercadotecnia que inducen al consumo excesivo, como fórmula mágica para alcanzar el “ideal” de belleza, establecido culturalmente, y que es ampliamente promovido por los medios de comunicación. El problema se presenta cuando la cultura impone ciertos valores y normas en relación al cuerpo, y quienes forman parte de esa cultura no se ajustan a ese modelo impuesto. Lo que sucede actualmente y en nuestro mundo occidental es lo siguiente:
“….podemos ver que la cultura establece la norma (un cuerpo delgado); la biología individual suministra razones para la inadecuación a la limitación (por ejemplo, un cuerpo grueso); la cultura proporciona el procedimiento aceptable para modificarla (comer menos), y el estatus como miembro del grupo cultural (esto es, ser mujer y poseer una autoestima dependiente de los atributos físicos) influye en el vigor con que el individuo persigue los procedimientos de modificación”.13 En las sociedades “occidentales”, principalmente, la belleza femenina se ha convertido en un deber ser: una mujer deber ser bella y si no lo es debe hacer todo para lograrlo. Al respecto, Vigarello14 destaca que en este momento histórico donde se atraviesa por una crisis de las instituciones, y los meta-relatos regresan la responsabilidad a las personas acerca de su propia vida, el cuerpo, su apariencia y su belleza, estos aspectos se constituyen como los principales objetos a dominar, es decir, ellas y ellos son responsables de sus maneras de ser, de sus imágenes. Lo anterior se vuelve un imperativo en el caso de las mujeres, ya que “no ser bella” se traduce en un estigma social. El cuerpo de las mujeres se ha concebido a través del reconocimiento y la palabra de los otros. Lourdes Ventura15, recupera John Berger quien señala: “Los hombres miran a las mujeres. Las mujeres se contemplan a sí mismas siendo miradas. Este hecho determina no solo la relación entre hombres y mujeres, sino también las relación de la mujer con ella misma. Como bien destaca la filósofa Susan Bordo16, la persistencia de esta suposición representa un esquema de género. La mujer se vive atrapada en su cuerpo, en su deseo de entregarse y en el temor del escrutinio ajeno, mientras que el hombre, de acuerdo a Simone de Beauvoir17 “puede renegar de la carne”, separarse bruscamente de un fusión amorosa, “volver a ser un cuerpo íntegro”, neutralizar lo fisiológico, transformarse en idea. Las sociedades marcan diferencias en cuanto a la concepción de mujeres y hombres, lo cual incide por supuesto en la construcción de los cuerpos, de las identidades y las subjetividades, dando como resultado la construcción de los géneros. Por género entendemos la dimensión construida socioculturalmente que, tomando como referente las diferencias de sexo biológi-
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co (y más específicamente los genitales) de la persona recién nacida, asigna arbitrariamente a cuerpos de mujeres y de hombres una serie de características, atributos o rasgos con una fuerte carga simbólica que van a incidir en la psique, derivando todo ello en la conformación de la llamada feminidad como propia de las mujeres, y la masculinidad como “propia” de los hombres. Esta división conlleva relaciones sociales de poder diferentes entre mujeres y hombres, otorgándose en la mayoría de las sociedades un mayor prestigio, estatus y reconocimiento a lo realizado por los varones, en comparación con lo que realizan las mujeres, que en general es desvalorizado e inferiorizado.18 Esta división en géneros promueve prácticas diferenciadas entre mujeres y hombres, incidiendo en la formación de la identidad y subjetividad de género, que conlleva y remite al sexismo y otras formas de discriminación y exclusión que marcadamente van en detrimento de las mujeres. Los agentes de socialización, donde uno de ellos son los medios de comunicación se encargan de difundir estas prácticas sexistas y discriminatorias, así como una serie de características y atributos asignados a lo femenino y lo masculino, como un deber ser, dando como resultado los estereotipos de género. Dentro de los múltiples estereotipos de género que difunden los medios de comunicación, y específicamente la publicidad, consistentemente se encuentra el relacionado una imagen de mujer seductora, objeto de decoración u objeto sexual, donde es valorada sobre todo por características como belleza, “buen cuerpo”, juventud; y donde el mensaje es que su función es agradar a los demás, o bien, que puede obtener y lograr cosas a través de estos atributos (para lo cual debe consumir una cantidad desmesurada de productos de “belleza”, convirtiéndose en “blanco” perfecto de la publicidad). De este modo, pasan a segundo término otras características como inteligencia, iniciativa, autonomía, libertad, asertividad, toma de decisiones, etc.19,20,21 La publicidad, como instrumento de comunicación social, influye en la formación de modelos colectivos de valores y comportamientos, ofreciendo además de productos, ciertas actitudes, formas de vida e imágenes paradigmáticas que dirigen las “necesidades” y
deseos de las personas, con grandes repercusiones en la imagen corporal que las personas tienen de sí mismas. Los estereotipos de género en la publicidad presentan a mujeres bellas, seductoras y muy delgadas, como formas de ser valoradas, especialmente por los hombres. Aunque ellos no escapan a esto, fundamentalmente son valorados por éxitos en: trabajos, deportes, mujeres. Algunos “pseudocambios” en publicidad proyectan a mujeres autónomas, respetadas, con poder y estatus, pero lográndolo sólo a través de la belleza, consumiendo cada vez más productos. Recientemente, estudiar la imagen corporal y los factores relacionados a ella tiene especial importancia, debido a su papel en la incidencia y desarrollo de trastornos alimentarios. Entre los factores, que pueden influir en la imagen corporal y en el grado de satisfacción con ésta, están el bombardeo de publicidad en los medios que muestra cuerpos idealizados y estilizados, así como la valorización diferencial de los cuerpos de mujeres y hombres, basada en la estructura de géneros de la sociedad que notablemente valora a las mujeres a través del cuerpo y la belleza. Resulta pertinente mencionar que la imagen corporal es la representación que cada persona se forma de su propio cuerpo, de la cara, de los ojos, del cabello, de la estructura somática global. Es el conjunto de representaciones, percepciones, sentimientos y actitudes que la persona ha elaborado con respecto a su cuerpo durante su existencia y a través de diversas experiencias. La imagen corporal es casi siempre una representación subjetiva, ya que se evalúa respecto a ciertas normas de belleza y los roles que son impuestos por la sociedad (Bruchon-Schweitzar, 1992).22 De acuerdo a Gómez Pérez-Mitre (1995)23, investigadora pionera en México, sobre los trastornos de la conducta alimentaria, la imagen corporal se refiere a una representación psicosocial, es como una fotografía dinámica, en movimiento, producto de una elaboración que finalmente puede tener muy poco qué ver con el objeto de la realidad que le dio origen. Pérez-Mitré ha realizado investigación desde hace más de una década en México, en relación con la imagen corporal y su relación con trastornos alimentarios como la bulimia y la anorexia. Al igual que en otros países donde se
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viene realizando investigación alrededor de esta temática, los estudios realizados en México señalan que hay una insatisfacción con la imagen corporal, observándose diferencias entre la imagen real y la imagen ideal. En buena parte de los casos, se observa una distorsión en la imagen corporal, ya que sobre todo las mujeres (desde la etapa infantil hasta la adulta) se perciben con mayor peso del que tienen (aun en mujeres muy delgadas), eligiendo como imagen ideal a figuras mucho más delgadas. Por lo que respecta a los hombres, se observa específicamente en la etapa preadolescente o de la adolescencia, que ellos reportan querer una imagen ideal más robusta que la que tienen. Algo acerca de los trastornos de la conducta alimentaria (TCA)
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Aunque los TCA se clasifican en: anorexia, bulimia y obesidad, aquí sólo haremos referencia a los dos primeros. La anorexia y la bulimia nerviosas se refieren a desórdenes en la percepción de la imagen corporal. Tales desórdenes son producto de una construcción sociocultural del cuerpo que se impone como ideal a alcanzar. Ambos trastornos son multifactoriales, interviniendo factores de orden psicológico, personal, familiar, biológico, social y cultural.24 Es vasta la literatura que existe en cuanto a las definiciones de estos TCA. Aquí retomaremos lo que señala Josef Toro25 al respecto: Anorexia nerviosa: Es un TCA donde hay una pérdida significativa del peso corporal (superior al 15%), habitualmente fruto de la decisión voluntaria de adelgazar. El adelgazamiento se consigue reduciendo o suprimiendo el consumo de alimentos, especialmente “los que engordan”, pudiendo recurrir a vómitos autoinducidos, uso indebido de laxantes, ejercicio físico desmesurado, consumo de anorexígenos y diuréticos, etc. Las personas anoréxicas presentan un intenso miedo al aumento de peso, sin importar si están bajando drásticamente de peso. La distorsión de la imagen corporal es una constante, sobrevalorándose las dimensiones de la silueta corporal, lo que “obliga” a mantener la restricción alimentaria. Bulimia nerviosa: En este TCA se presentan episodios críticos en los que la persona afectada ingiere cantidades de alimento
muy superiores a lo que generalmente ingiere en circunstancias similares. Esta ingestión alimentaria desmedida produce la sensación de pérdida de control sobre la misma. En principio, la persona bulímica no desea incurrir en el atracón. Pero una vez que ocurre éste, se experimentan prácticas destinadas a compensar sus efectos sobre el peso. En ese sentido, los vómitos autoinducidos son el recurso más frecuente, así como el uso desordenado de laxantes, diuréticos, etc. También ocurren ayunos compensatorios o ciertas restricciones alimentrias. Estos TCA se presentan generalmente en mujeres y en una proporción de 9 mujeres por 1 hombres. Y en ocasiones puede ser un 95% de casos de mujeres vs. un 5% de hombres. Sin embargo, en México al igual que en otros países se ha observado un incremento de estos TCA en mujeres principalmente, pero también en hombres. Adicionalmente a los anteriores, existen otros dos TCA: Ortorexia: Se le conoce también como la “enfermedad de las estrellas de Hollywood”. Se caracteriza por una obsesión hacia los alimentos sanos. Estas peólo productos ecológicos, bajos en grasas y azúcares. Puede suceder que tengan prejuicios sobre las propiedades de algunos productos; es común que sientan fobia a los alimentos normales y las personas que los comen, así como angustia, irritabilidad, etc. Vigorexia: A diferencia de los anteriores TCA, éste afecta mayoritariamente a hombres. Aquí hay un obsesión por conseguir un cuerpo musculoso, por lo que invierten entre 4 y 8 horas en el gimnasio, ingieren anabolizantes, etc. Por lo general está relacionado con problemas de timidez, baja autoestima y tendencias obsesivas. Análisis de algunos resultados de la investigación realizada en México sobre: “Género, Publicidad e Imagen Corporal: Prevención de Trastornos Alimentarios a través de la Formación de Audiencias Críticas”. En lo que sigue se hace referencia, brevemente a algunos resultados de esta investigación, que fue producto del análisis y reflexión de la literatura producida en México y en otros países, en torno a la influencia que pueden tener los medios de comunica-
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ción en el grado de satisfacción con la imagen corporal, así como su incidencia en los trastornos alimentarios. La primera etapa se orientó a indagar la relación que existe entre la identificación o aprobación de los estereotipos de género proyectados en la publicidad y el grado de satisfacción o insatisfacción con la imagen corporal de las y los participantes, a fin de identificar grupos con vulnerabilidad a caer en TCA como anorexia y bulimia. En la segunda etapa, los grupos detectados como de alto riesgo para caer en trastornos de la conducta alimentaria como anorexia y bulimia, se incorporarán a un programa de formación de audiencias críticas hacia los medios de comunicación con enfoque de género. El éxito de este programa reflejaría una imagen corporal más satisfactoria y menor identificación con estereotipos de género en la publicidad, disminuyéndose el riesgo hacia la problemática señalada. Participaron estudiantes de bachillerato de ambos sexos, de la Ciudad de México. La información se recolectó por medio de tres instrumentos de medición: 1) para indagar hábitos de consumo de revistas; 2) para detectar qué tanto se identificaban o aprobaban las características de las y los modelos, muy delgadas/ os que aparecían en los anuncios de publicidad, ajustados a los estereotipos de género, y que tenían a la vista durante el tiempo que elaboraban sus respuestas; 3) para identificar el grado de satisfacción/insatisfacción con la imagen corporal. Algunos resultados derivados de la primera etapa de esta investigación: El 70% de las alumnas de bachillerato manifestaron estar insatisfechas con su cuerpo y les gustaría ser más delgadas dos figuras y media (esto se explica así: en dos de las preguntas del tercer instrumento de medición, se les presentaba un conjunto de 9 siluetas; en una de las preguntas tenían que elegir la que correspondía a su imagen real; y en la otra elegían aquella figura que idealmente les gustaría tener. La diferencia entre una y otra nos daba el grado de insatisfacción con su imagen corporal).
Por lo que respecta a los alumnos de bachillerato, solamente el 11% resultó insatisfecho con su cuerpo, y deseaban ser únicamente una figura más delgados. Cuando se les preguntó qué características o rasgos les gustaría tener, de las modelos de los anuncios publicitarios, el 45% de las mujeres dijeron que ciertas características físicas como: delgadez, piernas largas, abdomen plano, cara; en cambio solo el 30% de los hombres expresó que le gustaría tener el abdomen, brazos y cara del modelo, pero no hicieron alusión a la delgadez. El 42% de las mujeres mencionó haber hecho dieta y ejercicio para parecerse a la modelo de los anuncios observados. Y únicamente el 35% de los hombres dijo haber hecho ejercicio, pero no dieta. En términos generales, el 64% las y los estudiantes dijeron que en su familia han hecho dietas para controlar el peso. Y el 40% señaló que hay o ha habido sobrepeso en su familia; y un 15% que hay o ha habido obesidad. El 75% de mujeres y el 58% de hombres considera que la apariencia física es importante para tener éxito con los hombres y con las mujeres, respectivamente. Reflexiones finales El análisis realizado en este trabajo muestra que sigue persistiendo una tiranía o dictadura sobre los cuerpos de las mujeres, en comparación con el de los hombres. Las formas de someter o castigar al cuerpo en épocas antiguas, ahora se han sofisticado o han tomado nuevas formas, si bien ya no con la misma crueldad, pero sí con serios daños. Ya no existe el corset o el cinturón de castidad, pero ahora la cultura, y específicamente los medios de comunicación tanto impresos como electrónicos y la publicidad en particular, al promover el culto a la delgadez, impone otro tipo de castigos como las las cirugías, los vendajes, los alimentos “milagrosos”, o las dietas restrictivas, lo que ha derivado en trastornos de la conducto alimentaria como la anorexia y la bulimia, que tienen serias repercusiones en la salud. Hay estudios que muestran que 1 de cada 5 anoréxica fallece y 30 por ciento corre
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el riesgo de quedar con problemas serios de riñones, hígado, estómago o del tracto digestivo.26 Algunos de los resultados que aquí se presentaron, relacionados con la investigación que estamos realizando sobre “Género, Publicidad e Imagen Corporal: Prevención de Trastornos Alimentarios a través de la Formación de Audiencias Críticas”, realizada con mujeres y hombres cursando el bachillerato en la ciudad de México, muestran que la publicidad que promueve el culto a la delgadez y los estereotipos de género, incide más en las mujeres que en los hombres, como puede verse en las cifras del apartado anterior. Asimismo, se observó que sí hay una relación entre el grado de insatisfacción con la imagen corporal y la identificación o aprobación de modelos de anuncios publicitarios que promueven el culto a la delgadez y reproducen los estereotipos de género, colocando en situación de vulnerabilidad para caer en TCA como anorexia y bulimia, a los grupos donde se observó esta correlación. Algunos datos sobre imagen corporal, así como la forma en que aparecen las modelos en la publicidad de los medios, señalan lo siguiente: a) Las mujeres en revistas están 23% debajo de su peso; b) algunos factores relevantes asociados con la insatisfacción de la imagen corporal son: los estereotipos de género y la baja autoestima; c) estar a dieta aumenta hasta 18 veces la posibilidad de caer en trastornos como bulimia y anorexia; d) erróneamente se asocia el bajar de peso con: buena apariencia, triunfo, aceptación social, belleza; e) quienes están muy delgada se perciben como: guapas, exitosas, felices, con prestigio y poder; f) más del 68% de las mujeres en secundaria y prepa hacen dietas restrictivas; g) generalmente no se baja de peso para mejorar la salud, sino por presiones de la imagen corporal; h) algunos factores asociados con comer de más o poco o no comer son: ansiedad, miedo, enojo, tristeza. Con base en lo anterior, resulta importante incidir tanto en los medios de comunicación y específicamente en la publicidad, para lo cual habría que rescatar los tratados y convenciones internacionales que México ha suscrito, entre los que destacan la Plataforma de Beijing, China, producto de la Conferencia Mundial de las Mujeres, organizada por la ONU, en 1995, concretamente en
el Apartado J, que está relacionado con la incidencia en los medios de comunicación, con objeto de erradicar el sexismo, los estereotipos y la violencia de género que en ellos se difunde. Asimismo, se hace necesario diseñar y poner en práctica programas para formar audiencias activas/críticas hacia los medios de comunicación, con perspectiva de género, pero que puedan insertarse como parte de las políticas públicas o gubernamentales, donde permee la equidad de género y el respeto a la diversidad, en este caso, la diversidad de los cuerpos, como elementos centrales dentro del marco de los derechos humanos, que sin lugar a dudas redundarán en un mayor justicia y relaciones democráticas en nuestro país. Los observatorios ciudadanos de medios de comunicación resultan ser una estrategia efectiva. Por otra parte, hay que señalar que así como en otros países se están proponiendo reglamentos y leyes para regular lo que atañe al tema de los TCA y su relación con los medios de comunicación, también en México esta preocupación ya ha sido retomada por el Senado de la República y la Cámara de Diputados, por lo que existen ya comisiones especiales para abordar esta problemática y hay ya también una propuesta de iniciativa de ley, a fin de que se pueda incidir también en los medios de comunicación; pero por parte de la sociedad civil y las instituciones de educación superior queda el compromiso de impulsar acciones y capacitación orientadas a la participación y acción ciudadana, con el objeto de asumir una actitud activa/crítica en relación a los medios y más concretamente lo que transmite la publicidad. NOTAS 1
Este trabajo forma parte de una investigación más grande que se titula: Género, publicidad e imagen corporal. La formación de audiencias críticas en la prevención de trastornos alimentarios”, que la autora de este trabajo realizó cmo académica de la Facultad de Psicología, de la UNAM.
2
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5
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6
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7
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8
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25 Toro, Josep (1999). Op. Cit. 26 Una de cada cinco anoréxica fallece a causa de los efectos de la desnutrición. El País, España, julio 2006.
9 Foucault, Michel (2008). Vigilar y castigar. México: Siglo XXI Editores. 10 Shack, W. (1971). Hunger, anxiety and ritual: deprivation and spirit possesion among the Gurage of Ethiopia, Man, 6, pp. 30-43. 11 Toro Josep (1999). Op. Cit. 12 Lagaede Marcela (2000). Claves feministas para la autoestima de las mujeres. Madrid: horas y HORAS. 13 Fallon, A. (1990). Op. Cit., p.81. 14 Vigarello, C. (2005). Historia de la belleza del cuerpo y el arte de embellecer desde el renacimiento hasta nuestros días. Buenos Aires: Nueva Visión. 15 Ventura, Lourdes (2000). La tiranía de la belleza. Barcelona: Plaza y Janés. 16 Bordo, Susan (1993). Unbearable Weight. Feminist, western culture and the body. Berkeley, Ca.: University of California. 17 De Beauvoir, Simone (2008). El segundo sexo. Madrid: Ediciones Cátedra. 18 Bustos Romero Olga (2003). Imagen corporal, mujeres y medios de comunicación, Revista Equidad, Instituto Colimense de las Mujeres, Año 2, No. 3.
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POLÍTICAS PÚBLICAS DE GÊNERO: DESAFIOS PARA EFETIVAR A IGUALDADE Nanci Stancki da Luz
Introdução A concretização de direitos continua sendo um grande desafio para a sociedade brasileira. As políticas públicas se revelam importantes na busca de efetivação dos direitos fundamentais do ser humano na medida em que estes exigem ação de um Estado que deve assumir a sua função social. A busca pela garantia dos direitos sociais – educação, saúde, moradia trabalho, lazer, segurança, previdência social, dentre outros – exemplifica claramente a necessidade dessa intervenção estatal para garantir obrigações inerentes a um Estado Democrático de Direito, no sentido de distribuir as riquezas socialmente e coletivamente construídas e contribuir para a justiça social. As políticas públicas, enquanto forma de concretizar direitos, também se mostram essenciais para a redução das desigualdades sociais, de todas as formas de preconceito e discriminação e tantas outras manifestações de injustiça social que obstaculizam a realização da cidadania plena. Para se atingir esse ideal, tais políticas exigem mecanismos democráticos de participação nos processos de elaboração, implementação e avaliação e o reconhecimento da necessidade de se eliminar as desigualdades sociais, dentre as quais destacam-se as desigualdades de gênero que inviabilizam um projeto de sociedade igualitária e justa. Sejam políticas de Estado ou políticas de um governo, a inserção da categoria gênero contribuirá para que se construa a
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igualdade entre homens e mulheres, essencial para a democracia e a justiça social. A efetivação da igualdade exige a compreensão de que somos iguais, mas diferentes. Embora pareça paradoxal, o princípio da igualdade exige o reconhecimento da diferença. Destacamos, nesta perspectiva, que o direito à igualdade nos garante o direito à diferença. Mas que igualdade é essa que se define justamente por uma palavra que parece ser exatamente o seu oposto? Essa é a igualdade de fato e não a meramente formal. Este artigo reflete justamente como o reconhecimento da diferença faz parte da construção da igualdade social e contribui para que as políticas públicas possam realizar projetos de justiça social. A igualdade A igualdade é formalmente assumida como um dos princípios do ordenamento jurídico nacional. Para Moraes (2006), a Constituição Federal de 1988 adotou o princípio da igualdade de direitos, prevendo o direito de tratamento idêntico perante a lei. Vedam-se diferenciações arbitrárias e discriminações absurdas, entretanto, o tratamento desigual dos casos desiguais, na medida em que se desigualam é exigência do conceito da justiça. De acordo com o artigo 5º da Constituição Federal (CF) de 1988, a igualdade é reconhecida como direito individual: 342
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade [...].
Afirma ainda que “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações [...]” (art. 5º, inciso I, da CF de 1988) e considera a igualdade entre homens e mulheres como direito social quando proíbe diferenças motivadas por sexo na esfera produtiva: “proibição de diferença de salário, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou idade civil” (art. 7º, inciso XXX, CF de 1988).
Reconhece esse direito no âmbito privado quando prevê que homens e mulheres têm os mesmos direitos e deveres no âmbito familiar: ”os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.” (art. 226, §5º, da CF de 1988). Mas afinal, o que é igualdade? Como interpretar a igualdade prevista na Constituição Federal? A idéia de igualdade é bastante antiga, como lembra Silva (2006), pois Aristóteles já vinculava a idéia de igualdade à de justiça, ou seja, igualdade de justiça relativa – princípio que dá para cada um, o que é seu. Perspectiva na qual não seria injusto o tratamento diferenciado entre escravos e senhores, o que permitia a coexistência da igualdade com situações de injustiça social. Não é essa igualdade a que assumimos neste trabalho, mas sim a igualdade que possibilita a justiça social. Para Norberto Bobbio (1996) o valor da igualdade reside na sua extensão para todos. A idéia é que todos devem ser considerados iguais e tratados como iguais com relação àquelas qualidades que constituem a essência do ser humano, tais como o livre uso da razão, a capacidade jurídica, a capacidade de possuir, a dignidade social. Há uma distinção entre a igualdade perante a lei e a igualdade de direitos. A primeira refere-se à exclusão de qualquer discriminação não justificada, significa o igual gozo, por parte dos cidadãos, de direitos fundamentais assegurados. A de direitos compreende além do direito de ser tratado igual perante a lei, também compreende o acesso a todos os direitos fundamentais (civis, políticos, etc). Um dos pilares do Estado de democracia social é o princípio da igualdade de oportunidades ou de chances ou de ponto de partida. Assim, deve-se ter como objetivo colocar todos os membros de uma determinada sociedade em condições de participar da competição pela vida ou pela conquista do que é mais significativo, a partir de posições iguais. Para colocar indivíduos desiguais por nascimento nas mesmas condições de partida, pode ser necessário favorecer alguns(mas), transformando a diferença como instrumento de igualdade pelo simples motivo de que corrige uma
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desigualdade anterior. A nova igualdade é resultado da equiparação de duas desigualdades(Bobbio, 1996). A igualdade entendida como equalização dos diferentes deveria ser um ideal permanente da sociedade. Bobbio (1996) destaca três fontes principais de desigualdades entre os seres humanos: a raça/etnia, o sexo e a classe social. A equiparação das mulheres aos homens – sociedade familiar, civil, relações econômicas e políticas – é um dos sinais seguros da marcha para a equalização dos desiguais. A igualdade é desejável porque a sociedade a considera justa. A justiça, por sua vez, é considerada como um bem social por excelência no qual a igualdade é uma condição necessária para a harmonia de um sistema que almeja ser considerado como justo. Assim, se a justiça é um ideal, a igualdade é um fato cuja esfera de aplicação é a das relações sociais ou dos indivíduos com o grupo (Bobbio, 1996). Perelman (1996) destaca que a noção de justiça sempre foi aproximada da noção de igualdade e que a injustiça resultaria do tratamento desigual de seres diferentes, cujas diferenças seriam irrelevantes no caso concreto. Entretanto, Bobbio (1996) avalia que o termo igualdade é indeterminado, o que dificulta o estabelecimento do seu significado. Assim, faz-se necessário que se responda a duas perguntas: 1. Igualdade entre quem? 2. Igualdade em quê? Neste debate, deve-se considerar também que não há um único tipo de justiça. Segundo uma distinção tradicional, de acordo com Bobbio (1996), ela pode ser comutativa – tem lugar na relação entre as partes (relação bilateral e recíproca). A igualdade pode se apresentar como problema de equivalência de coisas em relações de troca, podendo-se falar em justiça retributiva – igualdade entre o que se dá (ou se faz) e o que recebe (relação entre pagamento e trabalho, por exemplo). Pode-se falar ainda de justiça distributiva – tem lugar nas relações entre o todo e as parte, ou vice-versa (relação multilateral e unidirecional). A igualdade se apresenta como problema de equiparação de pessoas nas relações de convivência (entre cônjuges, entre trabalhador e empregador, por exemplo).
Deve-se considerar o que permite estabelecer, no caso concreto, em que duas coisas ou duas pessoas devem ser iguais, a fim de que a igualdade entre elas possa ser justa. A igualdade se relaciona com a justiça na chamada regra de justiça: regra segundo a qual se trata os iguais de modo igual e os desiguais de modo desigual. Tal regra pressupõe, no entanto, que já tenham sido escolhidos os critérios de justiça para estabelecer quando duas coisas são consideradas equivalentes e duas pessoas consideradas equiparáveis. Como a regra de justiça não diz qual é o melhor tratamento, mas se limita a exigir aplicação igual de um determinado tratamento, qualquer que seja ele, configurando a chamada justiça formal. Ela não leva em consideração o conteúdo, podendo uma norma injusta ter sua aplicação de forma justa (Bobbio, 1996). A justiça formal, via de regra, não é suficiente para se atingir a justiça social. Todavia, consoante Perelman (1996), ela possibilita avaliar se um ato é justo no sentido de igualdade de tratamento que ele reserva a todos os membros de uma mesma categoria essencial. A justiça formal é o princípio de ação segundo o qual os seres de uma mesma categoria essencial devem ser tratados da mesma forma. Assim, a igualdade de tratamento na justiça formal nada mais é que a aplicação correta de uma regra de justiça concreta que determina a forma como devem ser tratados todos os membros de cada categoria essencial. A fórmula da justiça concreta fornecerá o critério que permitirá dizer quando dois seres fazem parte de uma categoria essencial e indicará a maneira pela qual cada membro dessa categoria, em princípio deve ser tratado. No surgimento das antinomias da justiça e quando a sua aplicação força a transgressão da justiça formal, prossegue Perelman (1996), recorre-se à equidade – considerada a “muleta” da justiça. É o complemento indispensável da justiça formal, sempre que há dificuldade para a sua aplicação. A equidade consiste numa tendência oposta a todo formalismo e permite escapar às antinomias da justiça acarretadas pelo desejo de aplicar simultaneamente várias regras de justiça incompatíveis. A busca da concretização do ideal e dos princípios da igualdade para além da “igualdade perante a lei” traz a necessidade de se in-
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cluir o ideal da igualdade real, substancial ou de fato. Igualdade que, segundo Bobbio (1996), deve ser entendida em relação aos bens materiais ou igualdade econômica, assim diferenciada da igualdade formal ou jurídica e da igualdade de oportunidades ou social. Para Reale (1983), a noção de equidade, segundo a idéia aristotélica, implica uma compreensão melhor da idéia de igualdade. Ser justo consiste em julgar as coisas segundo o princípio da igualdade. Em certos casos a aplicação rigorosa do Direito pode significar ato profundamente injusto, o que evidencia que o Direito não é apenas sistema lógico-formal, mas, sobretudo, a apreciação estimativa ou axiológica da conduta. Assim, é necessário que a justiça se ajuste à vida. Este ajuste é o que se chama de equidade: É o princípio da igualdade ajustada à especificidade do caso que legitima as normas da equidade. Na sua essência, a equidade é a justiça bem aplicada, ou seja, prudentemente aplicada ao caso. A equidade, no fundo, é, repetimos, o momento dinâmico da concreção da justiça em suas múltiplas formas. Daí, inspirando-se nessa definição romana do que jus est ars aequi et boni, ter um jurista italiano proposto a expressão “equobuono” para mostrar a indissociabilidade dos dois aspectos essenciais à plena compreensão do Direito (Reale, 1983, p. 125).
Cada época histórica tem sua idéia de justiça, dependente dos valores dominantes na sociedade. Na história da teoria da justiça, destacam-se, segundo Reale (1983) três tendências: 346
1. Subjetiva: uma virtude ou hábito tal com expresso nos enunciados dos jurisconsultos romanos, inspirados na tradição voluntarista e nas lições da Filosofia estóica: vontade constante e perpétua de dar a cada um o que é seu. 2. Objetiva: com o predomínio das concepções naturalistas, a justiça passou a ser vista como realização da ordem social justa, resultante das exigências transpessoais imanentes ao processo do viver coletivo. 3. Subjetiva e objetiva: a justiça é complementarmente subjetiva e objetiva, envolvendo em sua dialeticidade o ser humano e a ordem justa que ele instaura. Compreende, dessa forma, que não há como separar a compreensão subjetiva do
objetiva, conforme advertia Platão: “não pode haver justiça sem homens justos”. Para Piovesan (2002), a implementação do direito à igualdade faz parte de qualquer projeto democrático, pois democracia significa igualdade (no exercício dos direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais) e a busca democrática requer o exercício dos direitos humanos elementares. A autora reitera ainda que o direito à igualdade pressupõe o direito à diferença, inspirado na crença de que somos iguais, mas diferentes. Essa discussão inicial sobre justiça e igualdade permite avaliar que a igualdade entre homens e mulheres na lei é algo necessário, entretanto a igualdade real é a que se busca enquanto ideal de justiça. A igualdade entre os gêneros deve ser considerada não apenas na justiça formal, mas sobretudo na busca da justiça social. (Des)Igualdade de gênero A concretização da justiça social e do direito à igualdade entre homens e mulheres, em um país – como o Brasil – em que ainda se fazem presentes profundas desigualdades de gênero, consiste em um grande desafio. As desigualdades entre homens e mulheres resultam de uma construção sociocultural secular, não sendo respaldado nas diferenças biológicas da natureza, mas sendo consideradas naturais num sistema de sujeição, dominação e poder. Para Campos (2009), gênero é um conceito que contribui para a desconstrução dessa naturalização e difere do conceito de sexo. Este último é definido, por Lima (2007), como as diferenças biológicas entre os corpos de homens e mulheres e gênero referese às construções históricas, culturais, sociais feitas sobre esses corpos. Os estudos de gênero buscaram estabelecer a distinção entre sexo biológico e a construção social do masculino e do feminino. As perspectivas de gênero não negaram as diferenças biológicas, no entanto consideraram que a partir delas são construídas outras diferenças que fazem parte das relações de poder entre homens e mu-
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lheres. Neste sentido, Scott (1995) define gênero como elemento constitutivo de relações sociais baseadas nas diferenças percebidas entre os sexos e uma forma primária de dar significado às relações de poder, implicando em quatro elementos que se inter-relacionam: 1) Os símbolos culturalmente disponíveis que evocam representações frequentemente contraditórias. 2) Os conceitos normativos que expressam interpretações dos significados dos símbolos que tentam limitar e conter suas possibilidades metafóricas. 3) A noção de fixidez e a natureza do debate ou da representação que leva à aparência de uma permanência atemporal na representação binária de gênero. 4) A identidade subjetiva que coloca a necessidade de examinar as formas pelas quais as identidades de gênero são construídas e relacionar seus achados com toda uma série de atividades, de organizações e representações sociais historicamente específicas.
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Os conceitos normativos aparecem expressos em doutrinas religiosas, educativas, científicas, políticas e jurídicas e tomam a forma típica de oposição binária fixa que afirma de maneira categórica e inequívoca o significado do homem e da mulher, do masculino e do feminino (Scott, 1995). Saffioti (1987) alerta que a sociedade não está dividida entre homens dominadores de um lado e mulheres subordinadas de outro, pois há homens que dominam outros homens, mulheres que dominam outras mulheres e mulheres que dominam homens. Ou seja, o patriarcado – sistema que garantiria a subordinação da mulher ao homem – não é o único princípio estruturador da sociedade. No entanto, a supremacia masculina perpassa todas as classes sociais. Uma mulher que, em decorrência de sua posição social e riqueza, pode dominar muitos homens e muitas mulheres, ainda assim é possível que se sujeite ao jugo de um homem, seja pai, companheiro, esposo ou namorado.
Estruturas de dominação, conforme lembra a autora, não se transformam meramente por legislações. Embora elas sejam de extrema relevância, permitindo que se possa recorrer à justiça quando da ocorrência de práticas discriminatórias ou mesmo inibi-las pela prevenção ou possibilidade punitiva. Além disso, Saffioti (1987) ainda defende que a mulher deve ter, em relação à justiça um tratamento diferenciado, haja vista, as particularidades que sem esse tratamento impediriam a efetivação da igualdade de direitos: Parece clara a necessidade de um Direito desigual no tratamento de seres humanos socialmente desiguais, com o objetivo de eliminar, ou pelo menos reduzir, as desigualdades. [...] Tome-se, por exemplo, a questão da violência masculina contra a mulher. Dada sua formação de macho, o homem julgase no direito de espancar sua mulher. Esta educada que foi para submeter-se aos desejos masculinos, toma este ‘destino’ como natural. A criação das Delegacias de Polícia de Defesa da Mulher resultou desta idéia de que pessoas consideradas desiguais pela sociedade não devem ser tratadas pelas mesmas leis. As delegacias especializadas no atendimento das mulheres vítimas de violência criaram condições para que estas vítimas denunciassem seus algozes. [...] Numa delegacia especializada, onde só trabalham mulheres, o ambiente é de solidariedade para com as vítimas, ao contrário do que ocorre nas delegacias comuns. Nestas, as vítimas, já grandemente fragilizadas pela violência sofrida, são objeto de chacotas com base na crença de que ‘mulher gosta de apanhar’ ou ‘mulher que apanha agiu incorretamente’. (Saffioti, 1987, P. 79-80).
Piovesan (2002) apresenta alguns desafios para a integração das perspectivas de gênero na doutrina brasileira. O Brasil tem nas leis e códigos normativos as principais fontes jurídicas (sistema civil law). A ordem jurídica brasileira revela tensões e conflitos valorativos, coexistindo instrumentos jurídicos contemporâneos (Constituição Federal de 1988 e instrumentos internacionais de direitos humanos) e diplomas legais de um remoto passado (Código Penal de 1940). Essa tensão atinge um elevado grau no que se refere à condição jurídica da mulher. A partir da Constituição Federal de 1988 e com base nos tratados e declarações internacionais de proteção aos direitos das mulheres faz-se necessário a construção de um novo paradigma que incorpore a perspectiva de gênero, contribuindo para fomentar uma cultura de proteção aos
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direitos das mulheres e para implementar os avanços constitucionais e internacionais que consagram a democracia e a igualdade em relação aos gêneros. A reflexão sobre direitos das mulheres e a construção da igualdade entre homens e mulheres não pode ser dissociada de um importante movimento social: o Movimento Feminista. O movimento feminista, considerado a partir de suas práticas, discursos e teorias é bastante diverso. Consoante Manuel Castells (1999), a força desse movimento reside na sua diversidade e no seu poder de adaptação às demandas sociais. O autor propõe uma tipologia, que embora reducionista, ajuda a perceber diferenças e semelhanças:
separação das mulheres em relação aos homens, considerados como fonte de sua opressão.
1) Feminismo como extensão do movimento pelos direitos humanos e que tem como ponto central a defesa dos direitos da mulher, tendo como premissa a igualdade de direitos entre homens e mulheres. Pode se apresentar como liberal ou socialista. Embora divirjam em suas táticas, linguagem, análise das raízes do patriarcalismo e possibilidade de reformar o capitalismo, ambas incluem os direitos econômicos e o de ter ou não filhos entre os direitos da mulher e têm como meta final a igualdade.
A extensão, a diversidade e a flexibilidade desse movimento apontam que os problemas que envolvem as mulheres são igualmente amplos e diversos. Entretanto, essa característica proporciona que reivindicações as mais diversas sejam assumidas pelo movimento, contribuindo para ampliar a luta, particularmente no sentido de conquistar direitos para as mulheres e construir a igualdade real. Tal movimento apresenta questões e críticas necessárias e que deveriam fazer parte das preocupações da sociedade e não apenas das mulheres. Kymlicka (2006) analisa algumas das críticas feministas sobre a maneira como as políticas dominantes atendem (ou não) os interesses e preocupações das mulheres. A primeira refere-se à descrição da discriminação sexual “neutra quanto ao gênero”. As democracias liberais, a partir da aceitação de que as mulheres devem ser vistas como seres “livres e iguais”, adotaram progressivamente estatutos antidiscriminação com objetivo de assegurar igual acesso à educação, ao emprego, ao cargo público, etc. Tais estatutos por si só não têm o poder de propiciar igualdade, pois o trabalho, por exemplo, foi definido sob o pressuposto de que seria preenchido por homens que tivessem mulheres em casa assumindo as responsabilidades do âmbito doméstico. Estar livre dessas responsabilidades é relevante para grande parte das profissões, pois suas definições já levaram em consideração o sexo de
2) Feminismo cultural (feminismo da diferença): afirmam a diferença entre homens e mulheres e que somente poderão construir sua identidade e encontrar seus próprios caminhos a partir da construção de sua própria comunidade para permitir a conscientização e reconstruir a personalidade. 3) Feminismo essencialista: proclama as diferenças essenciais em relação ao homem, enraizada na biologia e na história, assim como na superioridade moral e cultural da feminilidade como modo de vida. 4) Movimento lesbiano: tem como principal “adversário” a heterossexualidade e encontra no movimento gay um potencial aliado. O lesbianismo é considerado como forma de
5) Feminismo a partir da multiplicidade de identidades femininas (etnia, nacionalidade, orientação sexual, etc): constituído a partir das numerosas identidades pelas quais as mulheres se identificam no movimento, como por exemplo: feminismo negro, feminismo brasileiro, etc. 6) Feminismo Pragmático: constituem uma ampla corrente de lutas feministas, incluindo inclusive movimentos de mulheres que não se consideram feministas, mas que em, ação coletiva, lutam pela sobrevivência e dignidade.
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quem desempenharia a função. Para o autor, a subordinação das mulheres não é uma questão de diferenciação irracional com base no sexo, mas de supremacia masculina, sob a qual as diferenças de gênero são relevantes para a distribuição desigual de benefícios. Como o problema é a dominação, a solução é a presença de poder. A dominação masculina e a desigualdade de gênero, segundo Kymlicka (2006), tornam desnecessária a discriminação arbitrária contra a mulher porque poucas serão as que terão condições de competir por um emprego, seja pela divisão sexual do trabalho que a manteve no âmbito privado, dependência econômica ou dificuldades para qualificar-se. A subordinação das mulheres, prossegue o autor, é uma questão de supremacia masculina a partir da qual as diferenças de gênero são tornadas relevantes para a distribuição de benefícios para desvantagem sistemática das mulheres. Como o problema é de dominação, a igualdade requer poder. A partir de um poder igual não se criaria sistemas que definam trabalhos “masculinos” como superiores aos “femininos. Kymlicka (2006) questiona ainda se a aceitação da abordagem da dominação exigiria mudanças nas teorias da justiça? Muitas feministas argumentam que os teóricos da “corrente masculina” interpretam a igualdade de maneira que são incapazes de reconhecer a subordinação das mulheres. Argumentam ainda que a luta contra a subordinação de gênero exige abandonar a própria idéia de interpretar a justiça em termos de igualdade e que melhor seria uma política de autonomia do que de igualdade, pois a luta pela igualdade pressupõe na aceitação de padrões dados, já a luta por autonomia implica o direito de rejeitar tais padrões e criar novos. Nesse sentido, se incorporarmos a autonomia como parte da igualdade, esta passa a significar que os indivíduos têm igual valor e que não significa ser como os homens tal como são hoje. Para o autor, a abordagem da dominação aplicada à igualdade sexual traz como questão central a distribuição desigual do trabalho doméstico e a relação entre responsabilidade de família e responsabilidade do local de trabalho, questão que constitui a segunda crítica. Os teóricos da justiça costumam a ignorar relações
dentro da família, supondo ser um domínio essencialmente natural e que a unidade familiar natural é a encabeçada por um homem com mulheres executando o serviço doméstico e reprodutor não remunerado. A negligência da família esteve presente até mesmo em parte do feminismo liberal que aceitou a divisão entre esferas pública e privada e escolheu buscar a igualdade primariamente no domínio público. Deve-se levar em consideração que mesmo que homens e mulheres compartilhem o trabalho doméstico não remunerado ainda assim o sexismo poderia estar presente na avaliação dos trabalhos se ainda permanecesse a desvalorização do trabalho feminino. Como a desvalorização do trabalho doméstico está ligada à desvalorização mais ampla do trabalho feminino, parte da luta por maior respeito às mulheres envolverá maior respeito à sua contribuição à família (Kymlicka, 2006). A família, para Kymlicka (2006) é um lócus importante para a luta por igualdade sexual, sendo consenso entre as feministas que a luta pela igualdade deve ir além da esfera pública, atingindo os padrões do trabalho doméstico e a desvalorização das mulheres na esfera privada. A nítida divisão entre a esfera doméstica e o domínio público acarreta a invisibilidade pública das mulheres. Uma corrente importante na desvalorização do trabalho das mulheres, particularmente no parto e criação dos filhos é a idéia de que é meramente natural, uma questão antes de instinto biológico do que de conhecimento cultural. A eliminação da desigualdade de gênero requer além da distribuição do trabalho doméstico, também a ruptura na nítida distinção entre público e doméstico. Faz-se necessário encontrar formas de integrar vida pública e maternidade/paternidade, em vez de segregar a criação dos filhos a uma esfera separada. Pode-se verificar que as diferenças de gênero são construídas de inúmeras formas e nas várias esferas sociais. Neste sentido, cabe destaque à divisão sexual do trabalho como elemento relevante nesta construção. Tal divisão tradicionalmente atribuiu às mulheres, responsabilidade do âmbito familiar e aos homens, atividades da esfera produtiva, sendo esperado deles o papel de provedor familiar. Essa divisão – forma básica de divisão sexual
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do trabalho – tem reflexos sobre a vida de homens e mulheres, pois esses papéis sociais também se associam a relações de poder desiguais entre os gêneros. Para Hirata e Kergoat (2007), com o impulso do movimento feminista na década de 1970, surgiu uma onda de trabalhos que assentaram a base teórica do conceito de divisão sexual do trabalho. Com a tomada de consciência de opressão ficou evidente que uma enorme massa de trabalho é feita gratuitamente pelas mulheres – atividades invisíveis, desvalorizadas e sem reconhecimento, realizadas para outros em nome da natureza, do amor e do dever materno. Para as autoras, as análises que abordam trabalho doméstico como atividade de trabalho tanto quanto o trabalho profissional, permitiram considerar “simultaneamente” as atividades desenvolvidas na esfera doméstica e na esfera profissional, abrindo caminho para se pensar em termos de “divisão sexual do trabalho”, definido por: forma de divisão do trabalho social decorrente de relações sociais entre sexos; mais do que isso, é um fator prioritário para a sobrevivência da relação social entre os sexos. Essa forma é modulada histórica e socialmente. Tem como característica a designação prioritária dos homens à esfera produtiva e das mulheres à esfera reprodutiva e, simultaneamente, a apropriação pelos homens de funções com maior valor social adicionado (políticos, religiosos, militares, etc) (Hirata e Kergoat, 2007, p.599).
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Para Hirata e Kergoat (2007), essa maneira particular de divisão social do trabalho se organiza a partir de dois princípios: 1) Princípio da separação – existem trabalhos para homens e trabalho para mulheres; 2) Princípio hierárquico – o trabalho dos homens tem maior valor do que o trabalho das mulheres. A divisão sexual do trabalho se encontra no centro do poder que os homens exercem sobre as mulheres, pois essa divisão criou condições objetivas para desenvolver desigualdades, pois excluiu as mulheres de espaços de poder, isolando-as das esferas de decisões fundamentais e tirando-lhes o poder político tanto sobre a
sua sexualidade quanto sobre as decisões amplas das comunidades (Teles, 2006). Os princípios da divisão sexual do trabalho afetam as condições objetivas de vida das mulheres, contribuindo para a reprodução das desigualdades de gênero. Sobre essa questão, o Relatório do Fórum Econômico Mundial, divulgado em 12 de novembro de 2008, compara as condições entre os dois sexos em 130 países (92% da população mundial) e revela que o Brasil detém um péssimo resultado – 73ª posição. Os critérios para análise foram a participação econômica e oportunidades, acesso à educação, saúde e poder político. Embora haja destaque no fato de que o país apareça como uma das 24 nações que conseguiram acabar com a diferença entre homens e mulheres na área de educação (resultado do aumento do número de matrículas femininas na educação primária), o Brasil tem o seu pior desempenho – 110º posição – no que se refere à participação das mulheres na política (Gazeta do Povo, 2008). O que se refere ao trabalho considerado produtivo, o mercado de trabalho permanece apresentando preconceitos de gênero, tratando homens e mulheres de forma diferenciada, exigindo que as políticas públicas nessa área considerem tais diferenças e gerem ações que possibilitassem a construção da igualdade de fato. Embora muito se tenha alterado nas relações sociais de gênero, particularmente a partir da luta do movimento feminista, não é incomum que a força física, a racionalidade e a liderança sejam ainda consideradas como atributos masculinos e, a sensibilidade, a paciência e a delicadeza como características femininas. A atual divisão sexual do trabalho traz inúmeras consequências, dentre as quais destacamos: • a segregação do trabalho feminino, alocando as mulheres em atividades e setores associados ao feminino, particularmente em profissões associadas ao cuidado; • a desvalorização das atividades consideradas “femininas” com salários menores e menor prestígio social dessas profissões;
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• a dupla ou tripla jornada de trabalho das mulheres, pois mesmo assumindo atividades da esfera “produtiva”, permanecem sendo vistas como as responsáveis pelas atividades do âmbito doméstico (cuidado); • a continuidade da precarização de grande parte do trabalho feminino - trabalho sem vínculo formal, pouca mobilidade na carreira, trabalho temporário, etc.; • o trabalho feminino ainda percebido como complementação de renda familiar; • as doenças ocupacionais permanecem afetando grande número de mulheres; Todas estas questões contribuem para que perdure um processo de feminização da pobreza que, no entanto, afeta homens e mulheres. Reverter esse processo exige que o Estado adote políticas que incorporem a perspectiva de gênero e busquem a construir a igualdade. Para que essa construção seja possível, deve-se considerar as diferenças socialmente construídas entre homens e mulheres e as desigualdades de gênero delas decorrentes, o que contribuirá para reduzir a distância entre a igualdade formalmente assegurada e a igualdade real a ser construída. Neste sentido, Amini Haddad Campos e Lindinalva Rodrigues Corrêa apontam que: 356
para que ocorra a efetivação da equidade social e de gênero, torna-se necessário conciliar o princípio universalista da igualdade com o reconhecimento das necessidades específicas de grupos historicamente excluídos e culturalmente discriminados (Campos e Corrêa, 2009, p. 115).
Pois, conforme apresentam as autoras, como resultado da incorporação da categoria gênero, verifica-se que nenhuma sociedade trata igualmente homens e mulheres e que dados referentes às desigualdades de gênero colaboram, por exemplo, para a contextualização da violência contra as mulheres na esfera nacional (Campos e Corrêa, 2009).
Políticas públicas: um caminho para construir a igualdade de gênero Segundo SILVEIRA (2003), o combate das desigualdades de gênero pressupõe práticas de cidadania para que a justiça de gênero se concretize, sobretudo pela responsabilidade do Estado de redistribuir riqueza, poder, entre regiões, classes, raças e etnias, entre mulheres e homens etc. Esta responsabilidade estatal inclui a implementação de políticas públicas que necessariamente devem incluir a categoria gênero. Para Bandeira (2005), as políticas públicas podem ser consideradas de gênero, quando consideram a diversidade dos processos de socialização de homens e de mulheres, cujas conseqüências se fazem presentes, ao longo da vida, nas relações individual e coletiva; considerem ainda a natureza dos conflitos e das negociações que são produzidos nas relações interpessoais, que se estabelecem entre homens e mulheres e internamente entre homens ou entre mulheres. A igualdade de gênero, segundo Bandeira (2005), rompe com um universo restrito do não reconhecimento, da diferença, para caminhar em direção à eqüidade, da emancipação e do pertencimento. As mulheres emergem e passam a estar presentes na vida cotidiana, nas relações de trabalho e nas formas de inserção no mundo político, portanto, em um novo campo de possibilidades capazes de vencer a desigualdade. Para que uma política pública possa “vencer a desigualdade”, faz-se necessário que ela também contribua para a promoção da autonomia e do empoderamento das mulheres. Se historicamente as mulheres participaram de uma estrutura social patriarcal que corroborava que elas permanecessem sob domínio (mesmo que parcialmente) do poder masculino (do pai, do marido, do filho, de instituições com valores patriarcais, do chefe, etc.), a busca da igualdade deve superar esse domínio e assegurar que as mulheres possam decidir sobre suas vidas e sejam sujeitos de sua própria história. Isto contribuirá para o pleno desenvolvimento feminino e possibilitará que as mulheres possam participar e usufruir do desenvolvimento social, econômico e político do país – desenvolvimento que, sem dúvida, tiveram contribuição significativa.
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O processo de empoderamento das mulheres deve considerar que o poder não é algo centrado apenas no Estado, mas também envolve e se opera nas relações pessoais, familiares e institucionais. Envolve a compreensão da construção social e histórica que possibilitou a aceitação social da “subordinação” feminina, bem como a análise das formas de exercício e partilha de poder, buscando mecanismos que possibilitem que as mulheres participem e decidam sobre as mudanças sociais que contribuam para a justiça social. Dentre tais mecanismos destacamos a implementação de políticas públicas que visem a construção da igualdade de gênero e a efetivação dos direitos humanos das mulheres: vida sem violência, exercício dos direitos sexuais e reprodutivos, autonomia financeira , direito ao trabalho digno e com remuneração justa e a efetiva participação política. Considerando que a vida é um direito fundamental para todo ser humano, o Estado deve por meio de suas políticas garantir a efetividade desse direito, o que pressupõe que outras garantias e direitos individuais e sociais devem ser concretizados. Políticas que visem assegurar o direito à educação, saúde, segurança, alimentação, seguridade social, meio ambiente saudável, condições dignas de vida, dentre outros, consistem em condição sine qua non para a garantia de uma vida plena. A Lei Maria da Penha exemplifica a busca pelo direito à vida das mulheres, pressupondo que essa vivência deve ser sem qualquer tipo de violência, seja física, emocional, psicológica, patrimonial, etc. Consideramos importante destacar o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres (PNPM) como um importante instrumento para a construção e consolidação da igualdade de gênero. Com objetivo de reverter o padrão de desigualdade entre homens e mulheres, suas ações são orientadas a partir de princípios como a igualdade e respeito à diversidade, a equidade, a autonomia das mulheres, a laicidade do Estado, a universalidade das políticas, a justiça social, a transparência dos atos públicos e a participação e controle social. O II Plano é organizado em onze capítulos que trazem temas prioritários levantados pelas mulheres que participaram de seu processo de construção. A consolidação das ações propostas
nesse plano será um passo importante para a cidadania das mulheres e uma demonstração evidente de que caminhamos para uma sociedade com justiça social. Uma sociedade que pretende ser igualitária deve privilegiar a partilha do poder. Embora as mulheres sejam mais da metade do eleitorado do país, quando se considera a representação feminina no Congresso Nacional verificamos que a democracia brasileira ainda é frágil: em 2010, o Congresso Nacional tinha 44 deputadas federais de um total de 513 (aproximadamente 10%) e 12 senadoras de um total de 81 (aproximadamente 15%). No campo político, uma grande conquista no campo da democracia foi a eleição da primeira presidenta do Brasil. A eleição de Dilma Rousseff é um fato de grande relevância, contribuindo para derrubar barreiras e preconceitos em relação à participação feminina no poder. Um país que elege uma mulher para o mais alto cargo executivo, no mínimo venceu parte das discriminações arbitrárias de gênero. Uma maior participação feminina nas esferas de poder estatal acarretaria alterações nas formas de governar? Pode ser que sim, pois se existe uma construção social diferenciada para o feminino e para o masculino, esta diferença estará expressa na forma de fazer política, no processo legislativo e nas maneiras de pensar e elaborar as políticas públicas. Se homens e mulheres participam no espaço político de forma igualitária é mais provável que a “agenda” política insira diferentes percepções, colaborando para que as políticas públicas incorporem distintas demandas e possibilitem ações mais eficazes para solucionar os inúmeros problemas sociais que ainda afetam o nosso país. A partir dessa percepção, não queremos assumir o essencialismo, acreditando que mulheres possam fazer política melhor do que os homens, pois pensamos que sem consciência de gênero, participação e organização das mulheres, a presença feminina nos espaços políticos poderá não gerar força suficiente para modificar as relações de poder vigentes neste espaço, havendo inclusive a possibilidade de que as mulheres façam política de uma forma muito próxima da masculina.
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No entanto, não há dúvida que todos(as) perdem com uma baixa participação feminina no âmbito político. A democracia exige que haja representação política de todos os setores da sociedade e se mais da metade da população não está suficientemente representada no parlamento, por exemplo, não há como se falar em democracia. Se metade da população não fica de fora dos processos decisórios, quem perde é a sociedade. Políticas afirmativas que visam ampliar a participação política das mulheres, além de ser uma forma de construir a igualdade de gênero, é sobretudo uma forma de democratizar o país. No âmbito reprodutivo, a efetivação de políticas públicas que estimulem a paternidade responsável é mais do que uma forma de dividir responsabilidades, consiste em alteração nas relações de poder na educação e cuidado com filhos(as) e uma maneira de construir a igualdade no âmbito familiar. Da mesma forma, políticas que estimulem uma maior participação masculina nas tarefas da esfera doméstica, contribuem para relações familiares mais igualitárias e solidárias, alterando valores e modificando padrões educacionais das futuras gerações. As políticas públicas além de interferir sobre as formas de divisão sexual do trabalho na esfera pública e privada, deve também procurar alterar as relações do mundo do trabalho. Não se quer dividir responsabilidades femininas no âmbito doméstico para que isto se reverta em maior tempo para exploração do trabalho das mulheres. A busca de condições dignas de trabalho com redução da jornada de trabalho deve ser também objetivo das políticas públicas, pois permitiria que homens e mulheres pudessem partilhar atividades do âmbito familiar sem sobrecarga de trabalho, tendo como conseqüência a melhoria da qualidade de vida de todos(as). A partir dessas reflexões podemos perceber que o âmbito de discussão das políticas públicas é bastante amplo e que gênero é uma categoria que deveria fazer parte dessa reflexão. As políticas públicas, enquanto ação estatal direcionadas a concretizar direitos e efetivar a cidadania deve levar em consideração a construção social do masculino e do feminino, as relações de poder entre homens e mulheres, questionando as desigualdades e buscando transformar a
realidade social. Assim, tais ações devem estar comprometidas com projetos de construção da igualdade e da justiça social, exigindo que elas sejam direcionadas para prevenir e coibir qualquer tipo de violência, preconceito e discriminação, seja de gênero, etnia, diversidade sexual e classe social ou qualquer outra forma de lesão aos direitos fundamentais do ser humano. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1. Introducción En la mayor parte del mundo toda la organización de la sociedad, en sus diversas instancias, continúa siendo patriarcal. Se han logrado algunas conquistas en este aspecto, sobre todo en el siglo XX aunque no en todos los países por igual. Ejemplo de ello son el acceso sin distinción de sexo (en igual cantidad) a la educación, a las universidades, a profesiones antes consideradas como masculinas, el derecho de votar, a asistir a escuelas seminternas y guarderías o circulo infantiles, a horarios de los centros de servicio, o en la aceptación del cuidado compartido por mujeres y hombres, de los hijos y de los enfermos. Pero, no debemos cantar victoria, en algunos aspectos hemos avanzado, en otros, lamentablemente, retrocedido o se ha producido un recrudecimiento de estas manifestaciones, como se puede constatar en el aumento de la violencia intra-doméstica o en la persistencia de discriminaciones sutiles y subjetivas que encontramos producto de una conciencia y cultura de género que aún se manifiesta en las instituciones y en la sociedad en general. Es conocido que las investigaciones de género son aún muy jóvenes, aunque podemos decir que en apenas 30 años, se han alcanzado avances teóricos, importantes resultados cuantitativos con estadísticas y análisis reveladores, y que también se ha incidido e influenciado con un impacto directo favorable en muchas esferas. Podemos citar varios ejemplos: las mujeres españolas han avanzado
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notablemente, con los resultados del proyecto sobre la cuenta satélite del trabajo no remunerado de las mujeres en la comunidad de Madrid; ¿Qué sucedería si las mujeres paramos - digamos, una semana- y no hacemos la doble o triple jornada no-remunerada a las que estamos obligadas?, si ese día no compramos los mandados o el pan, no cocinamos, fregamos, no atendemos al esposo, o no cuidamos a los niños y a los abuelos, a la familia. Se sabe la respuesta, sería un caos, [Ref. 1]. El lograr que los indicadores y estadísticas se consideren desagregadas por sexo, también ha sido una conquista importante, que ha permitido descubrir discriminaciones y sesgo de género en muchos espacios y actividades y corregirlos con determinadas acciones o fórmulas, algunas exitosas, otras cuestionadas. Solo para ejemplificar una solución posible ha sido la de establecer “cuotas” o por cientos de mujeres en propuestas para cargos, en matriculas de algunas carreras, en composición de claustros, jurados, tribunales, asignación de becas, proyectos, etc. Otras han sido las acciones llamadas de “discriminación positiva” – a igual currículo o capacitación, favorecer a la mujer -. Como toda obra y propuesta humana, estas ideas y su implementación han tenido sus pros y sus contras y están sobre la mesa de los debates de género contemporáneos. En varios países de Iberoamérica se han realizado estudios de las leyes y normativas jurídicas para detectar y enmendar los sesgos de género donde aparezcan; en el caso de las mexicanas y las argentinas incidiendo directamente en el Congreso, con un grupo de diputadas hasta lograr una Ley de equidad para las mujeres; en el caso de las brasileñas han logrado importantes conquistas desde) un Ministerio creado para los asuntos de la mujer. Pero, ¿persiste la discriminación de las mujeres estando ya en avance la segunda década del Siglo XXI? Solo basta recordar, o informar a los que no lo saben que las tres quintas partes de los pobres más pobres del mundo son mujeres y niñas; de los 130 millones de menores que no estudian, 70% son niñas; de los 960 millones de analfabetos en el mundo, dos terceras partes son mujeres. Bastan solo estas cifras para responder la pregunta. En esta ponencia volvemos al tema de los porcentajes sobre la presencia de las mujeres en los sistemas de ciencia y tecnología y en las
academias de ciencia en el mundo. Discutimos brevemente sobre algunos indicadores de desarrollo humano relativos a las mujeres, tratando de responder el punto: ¿si un país educa e incorpora a las mujeres, implica que crecerá su índice de desarrollo humano?. En fin que nos gusten o no los indicadores, ni cómo se definen y sobre todos quién los define, por ahí nos miden y aunque no lo dicen todo, sí revelan un status. En mas de 10 años de celebraciones de los Congresos Iberoamericanos de Ciencia, Tecnología y Género, reuniendo a todas las científicas y tecnólogas de las mas diversas disciplinas, se constata cuánto hemos avanzado, tanto en el plano teórico, en el análisis, en el levantamiento de estadísticas, de historias de vida, como en hacernos visibles y hacer visibles a nuestras maestras y antecesoras. Pero aún falta mucho por definir, por demostrar y sobre todo por transformar. Porque como expresó Marx: “No se trata solo de conocer el mundo, sino de transformarlo”. 2. ¿Qué dicen las cifras? ¿Hemos avanzado? • Mujeres en los sistemas ciencia e innovación En un artículo publicado en el 2009, con cifras de la UNESCO, [Ref. 2], con el título “Las mujeres en las ciencias ¡Cuidado!, hombres trabajando”, se reportan las cifras sobre la presencia de las mujeres en los Sistemas de Ciencia e Innovación de varios países del mundo, como se muestra a continuación: El promedio mundial es 27 % En la India solo el 10 % El promedio en toda Asia es: 15 % Asia Central: Kyrgystan, Kazakhastan, Mongolia: ~ 50 % Y eso se cumple solo en 5 países europeos: Lituania, Letonia, Macedonia, Bulgaria y Estonia – todos de Europa del Este ! En Europa Occidental: el promedio es 27 % En Europa del Este es : 42 % Sudeste asiático: 40 % Filipinas: 55 % Myanmar: 85 % - la cifra mas alta del mundo Japón: 12 % CUBA: 49 %
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Nuestra región de Iberoamérica no es de las mas críticas, pero si miramos mas a fondo en América Latina hay grandes diferencias entre unos países y otros, no solo en cuanto a la presencia de las mujeres en la ciencia, si no en la definición de políticas estrategas y el propio sistema de ciencia e innovación, y dentro de ellos, acciones específicas para privilegiar el ingreso de las mujeres. En la mesa redonda, las participantes establecieron un diálogo sobre si el socialismo, en su utopía de la inclusión social abre igualdad de oportunidades, y por eso los países ex-socialistas aun mantienen cifras paritarias, y por otro lado el concepto de que no se trata de socialismo o capitalismo sino de una cultura y una organización de la sociedad estrictamente patriarcal que lleva implícita no incluir a las mujeres. Ambas afirmaciones válidas. • Mujeres en las Academias de Ciencias del mundo Si estudiamos los grupos de élite en la ciencia en el mundo, las Academias de ciencias, donde es de suponer se elijan a los investigadores de mayor excelencia científica en correspondencia con sus curriculums, en un estudio sobre la composición de su membresía realizado por el Panel Mundial de Academias, IAP, en el año 2009, [2], refleja la siguiente tabla:
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Academias
Porcentaje de mujeres en su membresía
Argentina
10 %
Bangladesh
2,3 %
Bolivia
9,0
Brasil
11,4
Canadá
13,0
China
5,7
Colombia
16,6
Croacia
7,5
Cuba
30.8
República Checa
11,8
República Dominicana
13,1
Egipto
11,2
Finlandia
8,6
Alemania, (Academia Leopoldina)
5,4
Ghana
13,5
Grecia
5,0
Irlanda
13,0
Academia regional islámica
6,0
Israel
5,4
Italia
2,8
Japón
20,0
Lituania
35,0
México
25,4
Perú
12,5
Portugal
7,6
Sudáfrica
24,1
Suecia
10,0
Turquía
14,3
Estados Unidos
10,0
TWAS-Academia de Ciencias del mundo en desarrollo
10,0 %
Estos porcentajes dan mucho para analizar y sobre todo, para proponer y ejecutar acciones urgentes. Resultan realmente bien impresionantes y revelan todo un mundo de invisibilidad que está ahí frente a nuestros ojos. En nuestros congresos iberoamericanos siempre nos planteamos el problema si estas estadísticas simples reflejan fenómenos complejos o si necesitamos emplear otras técnicas de mas avanzada, o si “basta ya de números, que ya nos los sabemos”, que lo que necesitamos es concluir, recomendar y ¡actuar para transformar!. Pero esta tabla de las academias nos sirve una vez mas para demostrar, sensibilizar y contribuir a cambiar la situación. A veces, unos buenos números dicen mas que mil palabras, y este es un caso.
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De hecho, esta tabla ya la hemos presentado en la Academia de ciencias del mundo en desarrollo y en el Panel de interacademias americanas, y en ambas ya se han creado grupos de asesoría y recomendación de acciones concretas que ayuden a cambiar el rumbo.
Índice de potenciación de género
• Mujeres y Desarrollo Humano en Iberoamérica En el último Informe de Desarrollo Humano publicado por el PNUD en el 2009 se reportan varios indicadores e índices que sirven para comparar a los países en términos de desarrollo. El mismo término “desarrollo” es objeto de debate, de evolución en el tiempo, considerándose actualmente otros conceptos como “desarrollo sostenible” o “calidad de vida” o el “una vida digna o el buen vivir”. Mas allá del debate de definiciones y números, observemos qué revelan las dos tablas siguientes: Índice de desarollo relativo al género
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Son las españolas, las chilenas, las costarricenses y las cubanas, las de mayor esperanza de vida. En tasa de alfabetización las cubanas tenemos casi 100%. Son las argentinas, las costarricenses y las cubanas las de mayor presencia en los Parlamentos. Sólo 8 países iberoamericanos, contando a Portugal, tiene Índice de Desarrollo Humano, IDH alto, de 21 que somos. Los 13 restantes clasifican con IDH medio o bajo.
3. Los conceptos de género. Las metáforas Aunque muchas de las expertas iberomericanas en los temas de género, conocen, incluso son autoras de algunos de estos conceptos que a continuación presentamos, las autoras quisimos compilarlos todos (lo que conocemos, por supuesto, porque con toda seguridad hay otros), porque a veces se habla de ellos como un lenguaje conocido y posiblemente no los hayamos compartido y sobre todo difundidos los suficiente. Sin ánimo de ser rigurosas en las definiciones, damos nuestra versión y visión simplificada de cada uno de ellos. Confiamos sea interesante a las y los que se inician en estos temas. • Guetto del collar rosado Este término se utiliza para expresar el fenómeno de las carreras y profesiones a donde acuden más las mujeres. Así por ejemplo: las mujeres son la gran mayoría de las enfermeras, de las maestras, licenciadas en ciencias sociales. Profesiones que requieren una vocación de servicio y entrega a los demás. Estas carreras se van convirtiendo en un guetto, en una especie de refugio donde las mujeres se sienten seguras, altamente valoradas y felicitadas, todas luciendo con orgullo “el collar rosado”, tipo Barbie.
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• Efecto tijera Este concepto toma su nombre por la forma del gráfico clásico y esa “tijera” ha persistido por décadas. Siempre se observa que al entrar en las universidades los por cientos de muchachas y muchachos resultan mas o menos iguales, en unas carreras entran más mujeres, en otras más hombres, pero no es perceptible como promedio la diferencia. Sin embargo, al avanzar en la carrera universitaria ya en el por ciento de graduados se comienzan a separar las cifras, y lo mismo ocurre en los estudios de posgrado: entran cifras similares y luego se gradúan mas hombres que mujeres, y en el avance de las carreras profesionales, sean en el acceso a categorías docentes, como a categorías y grados científicos, dominan los hombres y los porcentajes se diferencian mas mientras mas alto es el nivel profesional. Este comportamiento es muy similar ¡en todos los países del mundo!, incluida la Unión Europea. Evidentemente la “tijera”, es producto de la maternidad y del abandono de la carrera o del posgrado por la obligación de cuidar a los hijos o a los abuelos u otras múltiples razones. • Efecto pipeta
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Se trata también del avance limitado de las mujeres una vez graduadas, hacia la obtención de grados científicos como maestrías, doctorados, posdoctorados, o a su crecimiento con categorías docentes en sus universidades o como científicas en los diferentes sistemas nacionales de investigadores de nuestros países. Así se compara con una pipeta, llena de mujeres graduadas, de licenciadas, ingenieras, médicas, y pero donde sólo algunas, por cuenta gotas, siguen avanzando en sus profesiones, como docentes o como científicas. • El techo de cristal Este concepto de utiliza para ilustrar el acceso de las mujeres a cargos de poder o lo que se denomina también empoderamiento, el cual se aplica a las mujeres para llegar a todos los ámbitos y esferas de poder: político, gubernamental, ministerial, territorial, organizacional, institucional y empresarial. Describe que las mujeres en la
base, en sus departamentos e instituciones, ellas saben que existen los niveles de decisión, los pueden observar cuando miran hacia arriba, a través de un techo de cristal que las deja ver pero al intentar subir, chocan con esa barrera transparente, pero infranqueable. Y no acceden a puestos de poder por diferentes razones: porque no son propuestas, porque ellas mismas no lo desean, o porque observan a otras mujeres que sí han llegado al poder, pero éstas no representan para ellas modelos a seguir, etc. Últimamente se maneja también el termino “paredes de cristal” para significar que tampoco nos atrevemos a cruzar hacia otros espacios de igual nivel, pero con otros horizontes o posibles ventajas de desarrollo, muy relacionado con el siguiente. • El piso pegajoso Continuando con el fenómeno de las barreras para acceder a puestos de dirección o de poder, las mujeres en general, se ven “pegadas al piso”, se sienten atadas a la familia, a los hijos, los abuelos, a la cotidianeidad. La sociedad misma las obliga a desempeñarse como buena esposa, buena madre, buena con sus hermanos, en el cuidado de los ancianos, buena ama de casa y además buena profesional, casi ¡la supermujer!. Siente entonces que el tiempo no le alcanza para también ser líder y ocupar puestos de alta responsabilidad y dirección por lo tanto se queda “pegada” a su lugar, en la base. • Las escaleras resbaladizas En este concepto se define a las mujeres que si están interesadas en ocupar puestos de poder, pero que se encuentran, al tratar de ascender, disímiles escalones resbaladizos, desde el primero, cuando ningún jefe inmediato la valora para un puesto de mayor jerarquía, hasta los resbalones producto de sus errores y su falta de experiencia de dirección, (los que son más tomados en cuenta que los cometidos por los hombres ), hasta las zancadillas, a veces objetivas, otras veces muy sutiles y subjetivas, que sumadas, van impidiendo su ascenso a posiciones de liderazgo. Se trata de un proceso de aprendizaje donde las barreras y obstáculos las hacen resbalar. También se describen como escaleras movedizas.
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• El círculo de terciopelo
• De la cúspide a las planicies
Es muy nuevo y bastante ilustrativo del fenómeno que se da a partir de considerar para los diferentes espacios del organigrama o plantilla de las instituciones a las mujeres sólo como jefes de los departamentos o direcciones aparentemente más cómodos, más confortables. Los hombres que toman estas decisiones valoran el asunto de la forma siguiente : -vamos a colocarla a ella aquí así se sentirá más cómoda, estará presionada, es que queremos cuidarla porque es una persona valiosa para la organización. -No queremos darle un cargo o posición duros, donde tenga que enfrentarse a gente o tareas difíciles-. Nos colocan en esos espacios mullidos, suaves, de terciopelo y en el fondo se trata de la existencia de una duda sobre las reales capacidades y fortalezas de las mujeres.
¡Esta metáfora la aprendimos en Curitiba! Se refiere precisamente, a lo que estamos intentando abordar en esta ponencia. Una vez que alcanzamos el conocimiento, estudiamos los fenómenos acontecidos en torno a la vida y el desarrollo de las mujeres en las ciencias, se nos revelan y los ponemos en palabras, conceptos, cifras, quedan demostradas las barreras y obstáculos existentes, es nuestro deber “ volver a las planicies “, a la sociedad, compartir y transmitir lo aprendido, lo vivido, para así volver a nutrir a la población, plasmar conocimientos, para volver a transformar teorías, conceptos, aplicando, como ya sabemos, el ciclo del método científico dialéctico. Y aquí se encuentran algunas mujeres, que llegaron a cargos de decisión y luego, ni reconocen, ni se acuerdan, (o no quieren acordarse) de los problemas y obstáculos de género que tuvieron que vencer o las circunstancias que las llevaron a “las cúspides” o puestos de poder.
• La niña buena
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Este fenómeno esta siendo objeto de estudio y es bien importante. Se refiere a la educación, con un terrible y subliminal sesgo de género, de las niñas para que sean buenas, saquen notas excelentes, hagan una carrera, inclusive como científicas, ¡inclusive las mal llamadas ciencias duras!, doctoras destacadas, para que sean respetadas y queridas, pero nunca transgresoras. Nunca tan valientes que defiendan sus posiciones y espacios con firmeza, y lleguen a enfrentarse fuertemente a situaciones injustas. Por eso se escucha a menudo decir: Yo no creo en eso del género, pero lo que importa es ser competitiva y tener un buen currículo académico. • La “supermujer” El término quiere representar el proceso que hemos experimentado las mujeres, con nuestras luchas y nuestro activismo, para alcanzar la liberación, las conquistas personales y sociales, aprender a compartir tareas y obligaciones con los hombres, pero a costa de sentir una sensación de sobreexigencia, carga con el consabido riesgo psicológico y físico con riesgo de padecer enfermedades. Somos liberadas, pero estamos sobrecargadas, esclavizadas con dos o tres jornadas laborales diarias.
4. El caso muy particular de Cuba Desde los primeros años fue el objetivo principal de la dirección de la naciente Revolución lograr la incorporación de las mujeres a todas las actividades de la vida socio-económica del país y darle las mismas oportunidades de superación y empleo, y junto a ello la creación de múltiples facilidades para la educación de los hijos. En 1960 se funda la Federación de Mujeres Cubanas por iniciativa de las propias mujeres para participar activamente en todos los procesos de cambio. El liderazgo, el prestigio y la visión clara de la compañera Vilma Espín Guillois está ligada indisolublemente a los logros de las mujeres cubanas en todos los ámbitos del desarrollo económico de este país. Antes del triunfo de la Revolución, en Cuba sólo un pequeño por ciento de personas podía estudiar carreras universitarias de perfil científico-técnico. A su vez, quienes lo hacían pertenecían, por lo general, a las altas capas de la burguesía cubana, dado lo costoso que resultaba para las familias cubanas mantener un hijo o hija estudiando en la Universidad. En el campo tecnológico estaban ausentes también las facilidades necesarias para la experimentación y la investigación. La de-
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pendencia tecnológica implicaba, no sólo la importación de tecnología, sino también la importación de expertos, consejeros, profesores o el adiestramiento en el extranjero de determinados profesionales cubanos claves, rara vez estos eran mujeres. El futuro de la mayoría de los graduados, especialmente de las mujeres y sobre todo de aquellas que estudiaban ciencias naturales y exactas , así como las ciencias sociales solo podían aspirar a docentes en los Institutos de Segunda Enseñanza o en las Universidades. En cambio, la mayor parte de los hombres estudiaban medicina, leyes o las distintas áreas de las carreras de Ingeniería y Arquitectura, lo que les proporcionaba empleo asegurándoles retribuciones salariales más estimulantes. La Federación de Mujeres Cubanas jugó un papel decisivo en la recuperación de la dignidad de la mujer cubana, en su incorporación a las aulas, a la capacitación, así se propició su acceso pleno a la vida laboral a la par del hombre; creó los Círculos Infantiles y las Escuelas con régimen de Semi-internado promovió la aprobación de la Ley de Maternidad y el Código de la familia, que sin duda alguna fueron pasos que coadyuvaron a lograr este empeño. Imposible hablar de la incorporación de las mujeres a la Ciencia sin esas medidas: primero alfabetizarlas, después abrir amplias oportunidades de empleo y educación, sin discriminación de ningún tipo, mediante la creación de infraestructuras y con el correspondiente amparo jurídico. Hoy día, en muchos sectores y en particular en el sector de las ciencias, hemos alcanzado importantes logros. En el año 2010, esa tenacidad, esa constancia y ese esfuerzo ya es una realidad con impresionantes cifras e indicadores que hablan por si mismos. Hoy somos 51,2% del total de trabajadores en el Sistema de Ciencia e Innovación y 48,5% de los investigadores con categoría científica. Las mujeres somos 65,5% de toda la fuerza científica y técnica que tiene el país. La Reserva Científica está constituida en 60,4% por mujeres jóvenes recién egresadas de nuestras universidades, lo cual augura el incremento y sostenibilidad del papel de la mujer en este importante sector.
En los llamados Polos Científicos productivos, segmento del sistema de ciencia cubano, que ha demostrado su capacidad para el trabajo cooperado entre los centros de investigación, de educación, de producción y de servicios en función de resolver los problemas más cruciales vinculados con el desarrollo económico y social del país y los territorios: 48,16% del total de trabajadores que los integran son mujeres. En las últimas elecciones para Miembros Plenos de la Academia de Ciencia de Cuba, hemos constituido 30,8% de su membresía, cuestión con la que aún no estamos satisfechas, pero que toma distancia, en positivo, de la situación de otras academias como ya vimos. 5. Conclusiones y recomendaciones En el mundo de hoy, son aún frecuentes las manifestaciones de discriminación contra las mujeres, además de la pobreza y el hambre que afectan principalmente a las mujeres, la violencia se hace cada vez más visible en todo el mundo. A ello se añaden las enfermedades y la “feminización del SIDA”. Este es el panorama, en pleno siglo XXI y todavía hay más. Una distinguida intelectual de Jamaica, hace poco decía: “las mujeres aún somos consideradas ciudadanas de segunda o de tercera clase, pero sí se nos reconoce que podemos educar y formar hijos de primera clase para ser ministros, catedráticos, científicos, hombres de negocio, útiles a sus pueblos”. Otras investigaciones reportan que si además de ser mujer científica eres latina, indígena, mulata, mestiza o tu piel es de color oscuro, entonces, para aspirar a ocupar una misma posición, tienes que demostrar 3 ó 4 veces mas de las condiciones estándares que se le exigen a un hombre. En muchos países el salario es menor aunque sea igual el puesto de trabajo e incluso se llega a adjudicarle otro nombre al cargo de igual contenido del que ocupa un hombre, solo para que sea ocupado por una mujer y pagarle menos. La presencia y participación de las mujeres en la Ciencia se considera necesaria condición para elaborar nuevas propuestas no sólo de la Ciencia, sino del mundo en su conjunto. Una mayor participación de mujeres en el quehacer científico fortalece la comple-
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titud de la Ciencia, en la medida en que implica la aceptación de nuevos enfoques y el surgimiento de nuevas interrogantes. Si fallamos en motivar y animar a las mujeres, al igual que los hombres a desarrollar carreras científicas y tecnológicas, nuestra región perderá una parte sustancial de su potencial. La participación de la mujer en todas las esferas de la sociedad es muy importante y contribuirá a diseñar el futuro. La influencia de los “modelos de rol” es crucial y nuestro activismo será la única manera de “corregir” el futuro.
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O PRÊMIO CONSTRUINDO A IGUALDADE DE GÊNERO: UMA POLÍTICA PÚBLICA FEMINISTA Hildete Pereira de Melo
Nas últimas décadas as mulheres aumentaram sua participação na atividade científica, mas as conquistas da ciência ainda continuam sendo creditadas ao gênio masculino. Não resta dúvida que a ciência é um campo de poder e do poder masculino e embora as mulheres tenham avançado muito no sistema educacional, o mundo científico ainda permanece um reduto intocável para o sexo feminino no Brasil como no mundo. No caso brasileiro essa constatação coloca imediatamente uma questão: já que não há mais nenhuma discriminação legal, por que as mulheres cientistas ainda são poucas em alguns campos disciplinares, e ocuparem posições menos relevantes no sistema científico e tecnológico? Certamente que não é fácil vencer as barreiras impostas pelo papel feminino tradicional que dificultam a conciliação entre a vida familiar e a grande dedicação exigida pela prática da ciência! Lentamente a ciência avança e a participação feminina também, espera-se que num futuro próximo haverá cientistas de ambos os sexos e a ciência perderá a imagem misógina e androcêntrica atualmente dominante. É preciso vencer as barreiras impostas pelo sistema patriarcal que ainda continuam a sujeitar as mulheres a padrões diferenciados por gênero na escolha de carreiras profissionais próximas do estereótipo do ser mulher. A Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República consciente desta problemática e respaldada pelo II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres (II PNPM) tem desenvolvi-
379
do diversas ações para mudar esta situação. Foi escolhido como fio analítico deste texto apenas uma ação de um programa mais amplo da SPM/PR – Programa Mulher e Ciência. Sua ação foi um compromisso assumido pela SPM/PR com as mulheres inseridas no sistema educacional e científico nacional e com toda a plataforma de luta das mulheres brasileiras que propugnam por uma sociedade mais igualitária entre mulheres e homens. Escolheu-se dentre as linhas de ação deste programa o Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero para estas considerações preliminares, interpretando-o como uma política pública feminista, já que seus objetivos são ambiciosos no sentido que este concurso ao se dirigir a milhares e milhares de estudantes do País, espera-se que tenha um impacto transformador no processo de transformação da sociedade em relação as questões de gênero. Este artigo, assim, tem como objetivo fazer um balanço do Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero com foco nas edições de 2009 e 2010 e da repercussão dele no ambiente educacional, através de uma análise sucinta do conteúdo de suas redações e artigos científicos. O que é o Programa Mulher e Ciência?
380
Este programa tem como objetivo estimular a produção científica sobre relações de gênero no país e promover a participação das mulheres no campo das ciências e carreiras acadêmicas, nas quais ainda há forte hegemonia masculina. Criado em 2005, o Programa Mulher e Ciência se constitui em três tipos de incentivo: um edital de fomento à pesquisa, o Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero e o Encontro Nacional de Núcleos e Grupos de Pesquisa – Pensando Gênero e Ciências. O Programa é umas das prioridades do Eixo 4 do II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, que trata da Educação Inclusiva, Não-sexista, Não-racista, Não-homofóbica e Não-lesbofóbica. Todas as ações se orientam segundo a ótica da transversalidade e da intersetorialidade, com fim de ampliar seu impacto na promoção da igualdade entre mulheres e homens em geral e no campo científico e tecnológico em particular. Como foi explicitado acima este programa é resultado de uma parceria da SPM com o MCT, CNPq e MEC. Das ações que compõem este programa o carro chefe, nestes anos, foi o Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero, é obvio que
o Programa Mulher e Ciência têm ações extremamente significativas do ponto de vista do desenvolvimento científico das mulheres pesquisadoras, tais como os editais de fomento a pesquisa nas relações de gênero, feminismos e mulheres que está em sua terceira edição, a realização de encontros dos núcleos de estudos e pesquisas sobre gênero, publicações e outras ações pontuais relativas à edição de livros e linha de financiamento para os núcleos de pesquisa. Mas, o presente texto limita-se analisar o Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero. Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero1 Este prêmio resulta da proposta feita pela SPM/PR, aos Ministérios da Ciência e Tecnologia e Ministérios da Educação, através do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/ MCT), da Secretaria de Educação Básica (SEB) e da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD) do Ministério da Educação (MEC) e o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher - UNIFEM2. Sua história começa em 2004, com a formação de um grupo ministerial que agregou a SPM/ PR e os ministérios da Ciência e da Tecnologia e da Educação, como resultante das deliberações deste grupo foi instituído o Programa Mulher e Ciência na Secretaria de Políticas para as Mulheres. No interior das ações deste programa foi desenhado este concurso que propunha premiar redações e artigos científicos dos estudantes de ensino médio, estudantes de graduação, graduados, especialistas, estudantes de Mestrado, Mestres e estudantes de Doutorado. No início seus objetivos foram mais modestos havia menos categorias de prêmios, mas na edição de 2009 todas estas categorias foram implantadas. Seu objetivo é estimular a produção científica e a reflexão critica acerca das desigualdades existentes na sociedade entre mulheres e homens, contemplando suas intercessões de classe social, geração, raça, etnia e sexualidade. Sua ambição é desta forma fomentar melhor a perspectiva de gênero e feminista no meio educacional nacional, tanto para as novas gerações que cursam o Ensino Médio, quanto na comunidade universitária.
381
Este prêmio já foi organizado em seis edições 2005, 2006, 2007, 2008, 2009 e 2010. Em 2009 os artigos científicos inscritos pela foram desagregados em várias categorias e este formato será analisado neste texto. E também foi criada uma nova modalidade, a Escola Promotora da Igualdade, prêmio especial para os melhores projetos educacionais de promoção de práticas igualitárias nas escolas de nível médio do País. Qual é a Premiação?
382
O Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero concede prêmios monetários para os artigos científicos, publica os textos e oferece bolsas de doutorado, mestrado e iniciação científica para os/as autores/as dos trabalhos agraciados. A categoria Estudante de Ensino Médio ganha laptop e impressora multifuncional para cada um/a das/os três candidatos selecionados na Etapa Nacional e Bolsa de Iniciação Científica Júnior. A etapa Unidade da Federação um computador com monitor LCD para cada um/a das/os candidatos selecionados por estado. A categoria Estudante de Graduação recebe cinco mil reais para cada um/a dos dois candidatos/as selecionados e Bolsa de Iniciação Científica. A categoria Graduado, Especialista e Estudante de Mestrado recebe oito mil reais para cada um/a das/os dois candidatas/os selecionadas e Bolsa de Mestrado no país. A categoria Mestre e Estudante de Doutorado recebe dez mil reais para cada um/a das/os dois candidatas/os selecionadas/os e Bolsa de Doutorado no país.A Escola Promotora da Igualdade de Gênero recebe dez mil para cada uma das escolas por Unidade da Federação. Além disso as/os professores orientadoras/es dos trabalhos premiados e as escolas premiadas de todas as categorias recebem uma assinatura anula das revistas feministas: Cadernos PAGU e Revista de Estudos Feministas. O Prêmio em Dados Os números revelados pela Tabela 1 e ilustrados pelo gráfico 1 são expressivos da participação da comunidade educacional e universitária na produção de gênero no País e de como este Prêmio foi aceito por esta comunidade. O destaque fica por conta do interesse
dos jovens de ensino médio que nestes cinco anos geraram quase treze mil redações sobre o tema. A tabela 2 mostra as taxas de crescimento destas inscrições ao longo destas edições. Notem que as três primeiras edições foram tempos críticos para a consolidação desta ação em relação aos alunos/as do Ensino Médio. Só a partir da quarta edição foi que esta linha de trabalho foi assumida definitivamente por todos os parceiros e a taxa de crescimento entre a quarta e a quinta edição espetacular, até porque é na categoria Ensino Médio que a capacidade de crescimento é mais acentuada, o corpo discente é mais numeroso. Esta capacidade depende substancialmente do esquema montado para sua divulgação. O que aconteceu nas primeiras edições foi exatamente isto. A divulgação não feita de forma adequada. Isto é a mala direta com cartazes e panfletos explicativos do Prêmio não foram devidamente distribuídos pelo MEC. Diante da queda nas inscrições em 2007 foi elaborado um esquema de distribuição entre a SPM e MEC que redundou num grande crescimento no número de inscrições de estudantes de ensino médio e esta forma de distribuição foi mantida nas edições seguintes. Observem que a participação do MEC na distribuição do material de propaganda é fundamental para o sucesso do Prêmio. Atualmente este prêmio representa uma das maiores premiações das que o CNPq realiza no seu setor de Prêmios. Em relação aos alunos/as universitários nas suas diversas categorias nota-se um comportamento diferenciado, nada de crescimento elevado, mas também na quarta edição suas inscrições aumentaram entre a terceira e quarta edições. Na comunidade universitária houve mudanças no decorrer destas edições o que dificulta a comparação, mas pode-se afirmar que entre 2005 e 2010 foram inscritos neste Prêmio 3.329 artigos científicos sobre o tema relações de gênero e feminismos pela comunidade universitária dos estudantes de graduação aos de doutorado (Tabelas 1 e 2 e gráfico 1) . É evidente que o maior dinamismo do processo de inscrição reside na categoria do Ensino Médio que contam com poucas premiações para seus estudantes, enquanto que para o Ensino Superior há maiores possibilidades de reconhecimento de talentos devi-
383
do aos diversos prêmios que as categorias profissionais e a própria academia oferecem para seus/suas pesquisadores/as. Como síntese das duas últimas edições temos a tabela 3 discriminando as inscrições segundo as diversas categorias que compõe o Prêmio nos dois anos. Há um predomínio absoluto da categoria “estudantes de ensino médio” no certame. Seja por que estes estudantes representam a maioria deste processo educacional, seja pelo menor comprometimento intelectual que este trabalho significa na sua elaboração para estes estudantes. Para as instituições promotoras deste Prêmio a presença dos estudantes de ensino médio tem grande importância, porque estes/as são jovens que serão as mulheres e homens do futuro.
Tabela 2 - Percentual de crescimento das Inscrições no Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero, todas as Edições. Categoria
Trabalhos Inscritos, 2005-2010. 20052006
20062007
20072008
20082009
20092010
Ensino Médio
1,1%
-51,7%
270,8%
29,4%
32,8%
Ensino Superior/ Pós
9,2%
11,0%
27,5%
24,3%
-27,3%
Fonte: Secretaria de Políticas para as Mulheres, Brasília/DF, Outubro de 2010.
Gráfico 1
Tabela 1 - SPM/CNPq/MEC: Inscrições no Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero, todas as Edições. CATEGORIA
Redações e Trabalhos Inscritos 2005 2006 2007
2009 2010 TOTAL
Estudante de Ensino 1270 1284 Médio
620
2299
2976 3951 12400
Estudante de Graduação
141
154
171
218
271
197
1152
429
485
-
-
914
176
207
-
-
-
-
383
Graduado, Especialista e Estudante de Mestrado
-
-
-
-
283
267
550
Mestre, Estudante de Doutorado
-
-
-
-
156
145
301
Escola Promotora da Igualdade de Gênero
-
-
-
-
17
10
27
Graduado Estudante de Pós-Graduação
384
2008
TOTAL
385
1587 1645 1220
3002
3703 4572 15726
Fonte: Secretaria de Políticas para as Mulheres, Brasília/DF, Outubro de 2010.
A etapa de seleção A escolha dos melhores trabalhos, em todas as edições, foi feita por dois comitês diferentes, um para a categoria “Estudante de Ensino Médio” e o outro para os estudantes universitários e graduados. Antes de serem examinados por estes comitês os trabalhos passam por uma seleção prévia feita para a categoria “Estudantes de Ensino Médio”, esta seleção é feita pela SPM, SECAD/MEC, CNPq e UNIFEM e as categorias universitárias o comitê é formado pelos/ as pesquisadoras/es de produtividade (PQ) do próprio CNPq.
Tabela 3 – Total de Inscrições, da 5° e 6° Edição do Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero, referentes as categorias selecionadas. CATEGORIA
Quantidade
REGIÃO
ENVIADAS
SELECIONADAS
ELIMINADAS
2009
2010
Mestre e Estudante de Doutorado
156
145
Graduado, Especialista e Estudante de Mestrado
283
267
Estudante de Graduação
271
197
Sul
466
397
51
37
415
360
Estudante do Ensino Médio
2976
3951
Sudeste
1596
2080
120
305
1476
1775
Total
3686
4560
Centro Oeste
208
514
25
38
183
476
TOTAL
2912
3951
290
514
2622
3437
Fonte: CNPq/SPM, 2010.
386
Tabela 4 – 5° e 6° Edições do Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero, pré-seleção, categoria estudante de ensino médio, inscrições segundo a região.
As tabelas 3 e 4 mostram para a categoria “Estudante do Ensino Médio” o processo de inscrição e pré-seleção por microrregiões e unidades da federação. A primeira constatação é da concentração das inscrições nos estudantes da região Sudeste nas duas edições, embora esta tenha caído um pouco em 2010. Todavia, esta região em 2010 teve 59% das redações selecionadas, uma proporção superior ao número de redações inscritas pela região. O Nordeste fica em segundo lugar tanto pelo envio como pelas redações selecionadas, ambas as regiões num percentual de redações selecionadas superior ao das inscrições. Como mostra a tabela 4 o estado de Minas Gerais é o que inscreve o maior número de redações nos dois anos, seguido de São Paulo. De forma interessante Minas Gerais elevou suas inscrições, enquanto São Paulo apresentou uma diminuição em 2010. Por que isto acontece? Provavelmente as redes públicas mineira e paulista estão melhores estruturadas e com professoras/es sensíveis a temática. No Nordeste destacam-se os estados da Bahia e do Ceará com o maior número de inscrições, sendo que merece destaque os desempenhos na região Centro-Oeste dos estados de Goiás e Mato Grosso do Sul que aumentaram significativamente o número de redações inscritas em 2010.
2009
2010
2009
2010
2009
2010
Norte
97
137
13
22
84
115
Nordeste
545
823
81
112
464
711
Fonte: CNPq/SPM, 2010.
Tabela 5 – 5° e 6° Edição do Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero, categoria estudante de ensino médio, inscrições segundo Região e Unidade da Federação. REGIÃO
ENVIADAS
SELECIONADAS
ELIMINADAS
2009
2010
2009
2010
2009
2010
AC
2
7
3
2
4
AM
10
4
3
1
7
3
AP
4
3
1
3
3
PA
40
68
4
10
36
58
RO
23
15
4
19
15
RR
2
6
1
2
5
TO
16
34
1
7
15
27
Sub-Total
97
137
13
22
84
115
AL
19
30
4
4
15
26
BA
217
214
33
24
184
190
CE
100
190
11
37
89
153
MA
60
104
10
9
50
95
PB
11
64
3
9
8
55
Norte
Nordeste
387
74
159
12
19
62
140
PI
21
34
1
4
20
30
RN
31
16
5
2
26
14
SE
12
12
2
4
10
8
Sub-Total
545
823
81
112
464
711
PR
95
110
21
10
74
100
Norte
SC
99
110
13
12
86
98
Nordeste
Sul
Tabela 6 – Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero, Categoria Escola Promotora da Igualdade de Gênero, número de projetos inscritos, segundo região, 2009 e 2010. Região
2009
%
2010
%
2
12
nd
nd
2
12
3
3
RS
272
177
17
15
255
162
Sul
6
35
3
3
Sub-Total
466
397
51
37
415
360
Sudeste
4
24
2
2
Centro-Oeste
3
18
2
2
MG
824
1224
32
160
792
1064
Total
17
100
10
100
ES
41
99
59
98
-18
1
RJ
126
216
23
32
103
184
SP
605
541
6
15
599
526
Inscrições segundo o sexo
Sub-Total
1596
2080
120
305
1476
1775
21
2
3
34
18
A tabela 7 e o gráfico 2 mostram as inscrições sob o ângulo do sexo, as mulheres permanecem no comando do espetáculo, isto é parece que escrever sobre este tema é, sobretudo um tema que interessa mais de perto as mulheres. Em todas as edições houve um predomínio de autoras na competição do Prêmio.
Sudeste
Centro – Oeste DF
388
enviou projetos inscreveu menos, mas ainda continua agora junto com Nordeste com o maior número de projetos apresentados.
PE
36
GO
99
208
17
21
82
187
MS
35
219
2
14
33
205
MT
38
66
4
34
66
Sub-Total
208
514
25
38
183
476
TOTAL
2912
3951
290
514
2622
3437
Fonte: CNPq/SPM, 2010.
Uma das novidades das duas últimas edições foi à introdução da categoria escola promotora da igualdade de gênero. Nesta categoria as escolas de ensino médio deviam apresentar projetos para a promoção da igualdade de gênero desenvolvidos por elas entre os anos 2008/2009 e em 2010 ou que estivessem em face de desenvolvimento destes projetos. Na edição de 2009 dezessete escolas inscreveram-se no concurso de todas as regiões brasileiras. No ano de 2010 houve uma diminuição no número de projetos apresentados apenas dez escolas enviaram projetos e a Região Norte não inscreveu nenhum. A região Sul que em 2009 foi a região que mais
Fonte: CNPq/SMP, 2010.
Tabela 7 – 5° e 6° Edição do Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero, todas as categorias, inscrições segundo o sexo. Sexo
Quantidade de redações e trabalhos enviados 2009
%
2010
%
20092010
Masculino
1222
33,2%
1520
33,3%
24,4%
Feminino
2464
66,8%
3040
66,7%
23,4%
Total
3686
100,0%
4560
100,0%
23,7%
Fonte: CNPq/SPM, 2010.
As tabelas seguintes mostram as inscrições por sexo para as diferentes categorias do Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero: em todas as categorias há um predomínio do sexo feminino. Aparentemente o assunto diz respeito apenas às mulheres, esta
389
predominância das mulheres aponta também para o patriarcalismo presente na sociedade que faz com os homens não se interessem por estas temáticas. O mais interessante é que considerando o grau mais elevado de escolaridade dos concorrentes, ou seja, a categoria mestres e doutorandos ainda diminui mais a presença masculina nas inscrições como mostra a tabela 7. Nas tabelas seguintes abriuse as categorias do Prêmio por sexo e acentua-se esta distinção e onde temos uma participação dos jovens/meninos é na categoria Ensino Médio, o que mostra talvez, certo avanço destas idéias igualitárias no meio educacional (gráficos 3, 4, 5 e 6). Gráfico 2
Gráfico 4
Fonte: CNPq/SPM, 2010.
Gráfico 5
Fonte: CNPq/SPM, 2010.
Fonte: CNPq/SPM, 2010.
Gráfico 3 Gráfico 6
390
Fonte: CNPq/SPM, 2010.
Fonte: CNPq/SPM, 2010.
391
Um Estudo de Caso: a 5º Edição do Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero, breve análise sobre o conteúdo das redações e artigos3 Categoria Estudantes de Ensino Médio
392
Para a pré-seleção a comissão da Categoria Estudantes do Ensino Médio leu todas as redações que cumpriam todos os requisitos do edital e adotou o critério sim ou não para selecionar as redações que fariam parte da etapa final. Nesta leitura observou-se que as redações se dividiam em narrativas ou textos que abordavam a história das mulheres, feminismos, mercado de trabalho, violência e sexualidade. Estes foram os temas mais tratados pelo conjunto das redações, no entanto, raça/etnia e questões da lesbofobia foram tratados marginalmente nestes trabalhos. O primeiro destaque desta avaliação refere-se ao aspecto de que estas redações apresentavam na sua maioria uma visão estereotipada dos papéis masculinos e femininos, tais como “elas são frágeis e eles fortes e rudes”. A questão da homossexualidade foi um tema recorrentemente abordado, mas os desfechos dessas redações eram sempre trágicos. A prostituição foi justificada como uma solução para as situações de pobreza e para as dificuldades que meninas/moças encontravam para vencer situações de miséria e violência. No entanto, de forma recorrente as redações apresentavam um final dourado para estes sofrimentos. A homossexualidade é punida com sofrimento e a prostituição resolvida pela mudança de vida das mulheres. As narrativas na grande maioria tratavam das questões da violência, mas estas histórias têm sempre um final feliz. A infelicidade é retratada pela falta de mãe ou de pai. Os/as filhos/as relatam sofrimentos maternos com a violência doméstica praticada pelos pais. Mas, invariavelmente estas situações têm um final feliz. Seguramente os sites de busca na internet foram muito utilizados pelos participantes e inúmeras redações faziam cópias claras do site da SPM/PR ou de autores/as da temática de gênero dos sites da internet. Neste corte e cola havia erros grosseiros nos textos enviados. As associações entre religiões e o islamismo apareceu numa visão redutora nos clichês consagrados pela mídia.
Para a realização da etapa final desta Categoria foi também agregada a categoria Escola Promotora da Igualdade de Gênero. As instituições parceiras decidiram de comum acordo com relação aos nomes sete nomes que deveriam compor a Comissão e o critério foi que esta seria composta com especialistas e representantes da área de educação de ensino médio. Foram escolhidos três professoras/ es universitários, dois representantes da sociedade civil, uma pelo Conselho Nacional dos Direitos das Mulheres (CNDM) e o outro de uma organização não governamental que trabalha com jovens, e dois representantes do setor público um/a indicado/a pela Superintendência de Ensino Médio do estado de Goiás e outro/a pelo Conselho Nacional de Secretários de Educação. A premiação prevista pelo regulamento tem duas etapas: nacional e unidades da federação. Na etapa nacional são escolhidas as três melhores redações que concorreram ao certame e depois foi selecionada, havendo mérito, uma redação por cada unidade federativa. As redações pré-selecionadas haviam sido encaminhadas para os membros da Comissão, cada um/a recebeu cerca de 41/42 redações para selecionar as sete melhores e a reunião foi aberta com cada membro da Comissão declinando as redações escolhidas que foram lidas por todos/as. Os critérios que nortearam a Comissão Julgadora são a qualidade do texto quanto ao conteúdo, originalidade da abordagem e contribuição ao conhecimento do tema tratado. Nesta reunião final cada um/a escolhia três redações que considerava como as melhores e foi feita uma discussão geral para a escolha definitiva das primeiras colocadas na etapa nacional. Ao final destas deliberações foram escolhidas as três melhores redações e duas receberam menção honrosa, estes também mostram que treze jovens foram premiados e destes 54% são do sexo masculino e 46% do feminino. As mulheres foram à maioria nas inscrições do prêmio, mas, nesta edição, repartiram os louros com os homens. Veja estas informações explicitadas nos quadros abaixo. Na Etapa Nacional a comissão julgadora premiou como as três melhores redações, as/os seguintes candidatas/os, nominadas/os em ordem alfabética:
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5º Edição do Prêmio - As Melhores Redações na Etapa Nacional. Unidade da Federação RS
Candidatas (os)
Título da Redação
Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha
GO
Nathália Gomes Mialichi
O diário de um transexual
Colégio Dinâmico
SC
Tamiris Grossl Bade
Imortalidade desmedida
Escola de Educação Básica Almirante Barroso
A comissão julgadora concedeu ainda as seguintes Menções Honrosas:
394
Candidatas (os)
Título da Redação
GO
Luiza Thomaz Araújo
SC
Pedro Guilherme Do martelo das Ramos feiticeiras aos corredores da UNIBAN: A hipocrisia midiática
Eu tenho um sonho
Escola Colégio Dinâmico Escola de Ensino Médio Professor Henrique da Silva Fontes
A Comissão Julgadora selecionou apenas oito redações na Etapa Unidade da Federação. O quadro abaixo discrimina por ordem alfabética os estudantes agraciadas/os por estado, nome da escola e título da redação. 5º Edição do Prêmio – Melhores redações, segundo a unidade da federação. Unidade da Federação MG
Candidatas (os)
Título da Redação
Adnilson Brás da Memórias de uma Silva Santana mulher na condução da vida
José Anchieta de Mulher, virtudes e Siqueira preconceitos
Escola de Referência Joaquim Mendes da Silva
RN
Lucas Marcelino dos Santos
O dia M
Centro Federal de Educação Tecnológica do RN
PB
Maria Thamara de Lacerda Souza
Procura-se mulher! Centro Federal de Educação TecnolóFavor retornar este aviso com gica da Paraíba urgência
BA
Mauro Marcelo Queiroz de Arruda Sobrinho
Escrevendo um diário
MA
Rodrigo HumMaria da Mulher berto Otávio dos Santos
SP
Stephanie Gaspar
RJ
Thamires Trianon Choram Marias e Rodrigues dos Clarisses Santos
Nome da Escola
Felipe dos Santos Seguindo Machado a menina da manutenção
Unidade da Federação
PE
Escola Universidade Federal de Viçosa
Colégio Nóbrega
Associação Educacional Professora Noronha
Mulher: de Inspira- Colégio Cristóvão ção a Inspirada Colombo Sociedade Educacional Renato Cozzolino
Ensino Médio: o Conteúdo das Redações Premiadas Vencedores e Vencedoras Nacionais O conteúdo das redações escolhidas pode significar um bom fio analítico para a compreensão da questão de gênero no meio educacional. Os estudantes do Ensino Médio são jovens entre 15 e 18 anos que estão fechando um ciclo de suas vidas e ingressando na vida adulta com uma carga de valores estabelecidos, o que elas e eles pensam de ser mulher ou homem, qual o entendimento das discriminações que permanecem marcando os dois papéis: o masculino e feminino. As três redações premiadas na etapa nacional foram uma escrita por rapaz e as outras duas por duas moças. A redação escrita pelo rapaz discutia a discriminação que acompanha uma escolha profissional feita por uma menina fora do estereótipo feminino. Afinal as tecnologias e máquinas são “coisas” dos homens e passar nas provas de admissão num Curso Técnico de Mecânica e cursá-lo com brilho, isto não é tarefa esperada de uma menina/moça. Os ar-
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gumentos utilizados foram a história da Segunda Guerra Mundial e a forma como o conflito botou o estereótipo dos papéis de cabeça para baixo ao convocar as mulheres para o mercado de trabalho em lugares tipicamente masculinos. Inocentemente usa o excelente desempenho escolar da menina/moça para desmistificar os preconceitos de há carreiras masculinas e femininas. As escritas femininas fizeram trajetórias diferentes, uma explorou a técnica de diário para relatar as agruras de um homem que se sente como mulher. A história deste personagem é narrada através de um álbum de fotografias que sua mãe lhe presenteia no dia de sua cirurgia de mudança de sexo. A outra redação através da personagem Capitu do romance Som Casmurro de Machado de Assis discute a condição feminina. Utiliza como veiculo desta reflexão as mulheres retratadas em algumas obras literárias nacionais para denunciar o patriarcado. Por que estas mulheres retratadas por estes escritores são ou submissas ou manipuladoras. Para finalmente nesta mistura entre ficção e realidade indagar a respeito da liberdade que as “mulheres de carne e osso” têm de não serem restritas “a tudo o que se escreve sobre elas” e pede que estas aproveitem a liberdade para se valorizarem como pessoas. As vencedoras com uma menção honrosa foi de uma moça e um rapaz, ela sonha com uma vida igualitária em que homens e mulheres vivam seus sonhos sem rotulações e discriminações. Ele a partir do caso Geyse Arruda da Unibam/SP discute a hipocrisia da mídia no tratamento da atitude persecutória do corpo discente explicada pela formação patriarcal da sociedade e faz um paralelo entre este episódio e a perseguição as bruxas nos séculos XVI e XVII. Conclui afirmando a necessidade que a sociedade tem de repensar seus valores e a forma como eles são reproduzidos socialmente. Vencedores e Vencedoras Estaduais Nesta etapa foram escolhidas pela Comissão Julgadora oito redações uma por cada unidade da federação: Bahia, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e São Paulo. O critério para a seleção na unidade da federação
era que houvesse mérito nos trabalhos. Das oito redações selecionadas são cinco foram escritas por rapazes e três por meninas/ moças. As redações masculinas abordaram o tema da liberdade de escolha da profissão e do jeito de viver livre de preconceitos e discriminação retorna na redação mineira que discute o problema, mas a liberdade de escolha da personagem só se concretiza quando ela entra na maturidade aos 28 anos. É o sonho tardio de viver sem discriminações. Do sertão pernambucano o jovem faz uma síntese da história das mulheres e dos diversos papéis vividos por elas do período colonial a atualidade para concluir pelo fio condutor da exclusão e submissão. Mas, elas estão presentes no folclore, na literatura, na cultura popular, na fabricação de utensílios domésticos e artesanais, apesar da violência doméstica, da exploração em redes de prostituição e de terem levado anos para que seus agressores pagassem por seus crimes. A redação potiguar faz uma metáfora com o dia em que as mulheres sumiram do planeta. Muitas teorias foram elaboradas para explicar tal fenômeno: teriam sido abduzidas? Será a revolta das amazonas? Com o desaparecimento delas os homens passaram a admirar os trabalhos que elas faziam e ditos femininos, e a valorizá-los, entretanto, falsamente, pois o único interesse que tinham era que elas voltassem. Termina com a negação do amor e pelo não retorno das mulheres ao planeta. Escrevendo um diário é uma redação que tem como personagem uma das mulheres trabalhadoras que morreram queimadas dentro de uma fábrica, em Nova York. A narradora é a mulher que conta sua história através de um diário e no final ela pede às mulheres que ainda estão vivas que continuem preenchendo as páginas em branco do seu diário. Como se este diário fosse um relato da vida de todas elas. Este redação denuncia a violência doméstica contra a mulheres, Maria era apenas uma criança quando foi violentada pelo pai, sua mãe a enviou para a casa de sua tia para que ela pudesse ter uma vida melhor. Ao chegar à casa da tia Maria presenciou a violência com que o marido de sua tia a tratava. Maria ao refletir so-
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bre a forma com que as mulheres eram tratadas concluiu que para que isso houvesse um fim ela teria que estudar para poder mudar essa realidade. Trabalhou como empregada doméstica durante o dia e no período da noite estudava e ao se diplomar no curso de Direito voltou a sua cidade e lá conseguiu que fosse construída uma delegacia da mulher e depois ela veio a ser tornar a delegada na sua cidade natal. As redações femininas abordam o tema da discriminação e desigualdade. Seja pela procura de uma nova sociedade onde as mulheres não precisem ser bonitas, inteligentes, educadas, além de saberem fazer todos os afazeres domésticos, mas, usando as metáforas musicais e as compositoras e cantoras de Chiquinha Gonzaga, Carmem Miranda, Maysa, Rita Lee e Cássia Eller anunciarem as mudanças da música e da vida. A terceira redação baseia-se nas frases: “apesar de tudo que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”, a autora discute a apatia da geração atual diante das conquistas realizadas pelas mulheres que antecederam esta geração e finaliza afirmando que para que não chorem Marias e Clarisses é necessário que se continuem a luta pela igualdade. Ensino Superior: Artigos Premiados e seu Conteúdo
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Para a comunidade universitária o Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero foi criando ao longo de suas sucessivas edições várias modalidades, assim o desenho atual foi implantado em 2009, infelizmente não foi possível fazer um estudo completo do Prêmio e fez-se um recorte apenas para a edição de 2009 que está concluída. Categoria Mestre e Estudante de Doutorado Nesta categoria depois da pré-seleção restaram 123 artigos que correspondiam a 79% do total de artigos inscritos. A Comissão selecionou dois artigos como os melhores e estes foram de uma mulher e de um homem. Assim, as mulheres respondiam por 79% dos artigos inscritos, mas repartiram pela metade o Prêmio. Estes artigos foram produzidos em universidades paulistas e cariocas, um analisa o enfoque de gênero no debate da constitucionalidade
da Lei Maria da Penha – “O que queres tu mulher? Manifestações de Gênero no Debate de Constitucionalidade da Lei Maria da Penha” de autoria de Luciana Santos Silva4 e o outro artigo premiado faz uma abordagem original na discussão sobre as representações sociais sobre a mulher na sociedade chinesa “Mirem-se no exemplo daquelas mulheres...chinesas! (representações sociais, alteridade e gênero” de autoria de João Gilberto da Silva Carvalho.5 Estes temas são atuais e significativos na perspectiva feminista e de gênero a luta contra a violência doméstica organizou as mulheres no mundo inteiro e também no Brasil teve grande impacto desde os anos 1970 com os assassinatos de mulheres pelos seus maridos e companheiros, chegando a própria temática à mídia com o seriado de estrondoso sucesso Quem Ama Não Mata na TV Globo. A promulgação da Lei 11.340/2006, também chamada de Lei Maria da Penha,6 tem como objetivo prevenir e combater a violência contra a mulher no âmbito doméstico e intrafamiliar, provoca desde então um intenso debate no meio jurídico no que diz respeito a sua adequação aos preceitos da Constituição Federal. A partir de fontes documentais formadas por peças processuais e artigos analisa a constitucionalidade da “Lei Maria da Penha”, conclui de o campo jurídico reflete por um lado à preservação de valores patriarcais, como por outro o reconhecimento de as mulheres são sujeitos de direitos em igualdade com os homens. Portanto, a polarização ancora-se na tradição e na modernidade engendrada pela luta das mulheres. O outro artigo analisa a partir das generalizações estigmatizantes sobre a mulher chinesa – mulher exótica, submissa, misteriosa – feitas pelo Ocidente até o lugar que ela ocupa nas etnias e tradições distintas que marcam a sociedade chinesa. O enorme sucesso da expansão da economia da China nos últimos vinte anos coloca esta sociedade no topo das nações mais importantes do mundo e um olhar de gênero para o imaginário criado pelo Ocidente para entender a China. O artigo faz uma grande contribuição aos estudos de gênero pela utilização de elementos da teoria das representações sociais articulada aos conceitos de imaginário para refletir sobre esta civilização.
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Categoria Graduado, Especialista e Estudante de Mestrado
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Nesta categoria, teve-se 283 inscrições, sendo que 75% foram femininas e 25% masculinas. No processo de pré-seleção restaram 147 artigos que corresponderam a 52% dos trabalhos enviados. A Comissão Julgadora selecionou dois artigos e concedeu uma menção honrosa. Novamente foram uma mulher e um homem premiados e a menção honrosa foi concedida a um artigo de autoria feminina. A temática dos artigos premiados foram da ciência política, da análise literária a economia feminista. O artigo “Discursos Femininos: Um estudo Sobre a Relação entre mulheres e corrupção”, de Ana Luiza Melo Aranha7 da Universidade Federal de Minas Gerais. O artigo discute a sub-representação feminina das mulheres brasileiras na política. Na mais atual do que esta discussão, visto que apesar da mudança na legislação eleitoral feita em 2009 para as eleições de 2010 nada mudou com relação a participação feminina no cenário político parlamentar nacional e estadual. A grande vitória foi à eleição da primeira mulher para a Presidência da República que se espera contribuirá para um avanço das mulheres no espaço político. A pesquisa busca pistas que explique esta ausência e através de entrevistas com mulheres candidatas a deputada estadual e federal em Minas Gerais e como resultados destas conversas e a ênfase dada pelas mulheres candidatas de que o sexo era menos corrupto a pesquisa incorporou este tema nas suas análises. O artigo premiado tem como fio condutor esta relação entre gênero, política e corrupção. O outro artigo premiado intitulou-se “As Personagens Femininas em Macunaíma: Sexualidade e Gênero no Modernismo Pós – 1922” de autoria de André Luiz Ferreira Cozze do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Pará (IFPA)8 graduado em História o autor a partir do contexto histórico da primeira República discute a obra de Mário de Andrade para demonstrar que o folclore é um tema chave explicar a diversidade das relações sociais brasileiras. Escolheu como fio condutor de sua análise o livro Macunaíma para analisar a questão de gênero na sociedade. Nesta obra Mario de Andrade faz uma “vasta alegorização do feminino ameaçador”. A obra é um libelo antifeminista, moldado por representa-
ções estereotipadas sobre gênero e sexualidade que há permanecem simbolicamente nas relações sociais atuais. Vencedor de uma menção honrosa teve-se o artigo “Por que o trabalho doméstico não é considerado trabalho? Questionamentos Feministas no Brasil e na Argentina” de autoria de Soraia Carolina de Mello, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).9 Categoria Estudantes de Graduação Esta categoria recebeu 217 artigos e estes tinham 69% de autoria feminina para 31% de autores masculinos; na comunidade acadêmica foi a maior participação masculina, como estes são estudantes mais jovens talvez isto sinalize um avanço no meio masculino dos estudos de gênero. Na pré-seleção ficaram 176 artigos o que corresponde a 65% do total de trabalhos inscritos. Foram premiados dois artigos e a Comissão concedeu uma menção honrosa. Os artigos premiados foram ambos de autoria masculina e trataram de temas relacionados à sexualidade e a menção honrosa foi para uma mulher com um artigo sobre a imagem feminina na mídia. O artigo “As Aparências e os Gêneros: Uma Analise da Indumentária das Drag Queens”, de Emerson Roberto de Araújo Pessoa, da Universidade Estadual de Maringá (UEM),10 analisa o papel da indumentária na transformação e caracterização dos corpos masculinos e femininos, busca entender a articulação entre corpo e gênero por meio das narrativas orais e visuais dos “sujeitos que vivenciam a transformação do corpo ...conformando aparências de drag queens”. Conclui afirmando que as narrativas das drag mostra que se pode ser masculino e feminino e que por isso as drag intrigam, inquietam e incomodam a sociedade. O outro artigo premiado “Gênero e Sexualidade na Escola de Surdos” de autoria de Pedro Henrique Witchs, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS).11 O autor discute a partir de sua experiência num grupo de pesquisa sobre educação de surdos o ensino de biologia na Escola de Surdos a normalização de gênero e sexualidade que o Currículo Escolar imprime ao ensino de jovens. Este artigo faz uma análise particular a respeito da sexualidade numa escola de surdos e conclui que esta não difere de qualquer
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outra instituição social na tentativa de normalizar as identidades de gênero e sexualidade. A menção honrosa foi concedida ao artigo “Ser Mulher nas Revistas: “Um Estudo Sobre Cultura Jovem, Gênero, Mídia e Educação” de Pâmela Caroline Stocker, do Centro Universitário Feevale (FEEVALE).12
Gráfico 7 Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero, Escola Promotora da Igualdade de Gênero, projetos concorrentes, 5º Edição, 2009.
Categoria Escola Promotora da Igualdade de Gênero
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Esta categoria foi a grande novidade da edição do prêmio de 2009 foi à introdução desta categoria. O envio de propostas de projetos ou projetos em desenvolvimento nos estabelecimentos de ensino médio nacionais tem um grande significado do ponto de vista da disseminação de uma cultura igualitária com respeito aos direitos humanos e a cidadania feminina. Para participar do concurso as escolas de ensino médio devem apresentar projetos para a promoção da igualdade de gênero desenvolvidos por elas entre os anos 2008/2009 ou que estivessem em face de desenvolvimento. A introdução desta categoria neste concurso é muito importante para a SPM/PR por que a existência destes projetos no interior dos estabelecimentos de ensino simboliza que um processo de mudança está em curso, mesmo que este seja ainda incipiente como mostra o exíguo número de inscrição neste certame. O gráfico abaixo detalha estas inscrições por região brasileira e todas as regiões tiveram pelo menos duas escolas candidatas. A região Sul foi a que mais enviou projetos, seguida da região Sudeste, conforme mostra o gráfico 7. A Comissão depois analisar as propostas apresentadas escolheu como as melhores obedecendo ao critério regional os projetos no quadro abaixo discriminados. Nota-se que o projeto escolhido no Nordeste é de um município rural no interior do estado de Pernambuco na cidade de São José do Egito, na região Sul foi também de um município interiorano o projeto selecionado (Apucarana/ PR). Os projetos selecionados das regiões Sudeste e Centro-Oeste, um da região metropolitana de São Paulo e o outro na proximidade da capital Goiânia (GO).
Categoria Escola Promotora da Igualdade, Projetos Selecionados, 5º Edição, 2009. Região/UF
Nome da Escola
Denominação do Projeto
Nordeste Pernambuco São José do Egito
Escola de Referência em Ensino Médio Oliveira Lima
Centro- Oeste Goiás Aparecida de Goiânia
Colégio Estadual Dom Saúde e Prevenção: Pedro I Pensando as relações de gênero e sexualidade no espaço escolar
Sudeste São Paulo Osasco
Escola Estadual Profes- Discutindo a igualsor Armando Gaban dade: mulher, mãe e cidadã
Sul Paraná Apucarana
Colégio Estadual Osmar Guaracy Freire
Discutindo Gênero na Escola: Por uma abordagem científica e interdisciplinar
Projeto Raízes: diversidades ético-raciais e de gênero
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Á guisa de conclusões
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Este prêmio representa um esforço bem sucedido de articulação entre o Estado Brasileiro e o sistema de gênero da Organização das Nações Unidas (ONU), através do Fundo das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM) para promover a igualdade de gênero na sociedade brasileira. Deve-se ressaltar também o significativo o esforço de coordenação para gerenciar uma ação transversal deste porte que envolve três ministérios nacionais: Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, Ministério de Ciência e Tecnologia e o Ministério de Educação, todos eles extremamente relevantes para a execução de tal ação. Ousa-se afirmar que sem esta parceria seria muito difícil executar esta ação. O Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero apresenta-se como um exercício permanente de repensar a perspectiva feminista e as relações de gênero na sociedade. Uma iniciativa simples, mas cujo impacto transformador é gigantesco. Em seus seis anos de existência, o Prêmio se constituiu como relevante indicador sobre o crescimento da cultura de direitos humanos nas escolas e universidades nacionais. Claro, que esta constatação não impede de afirmar que esta ação deve ganhar mais fôlego para que seu impacto nas mudanças requeridas pelos novos tempos que se anunciam, deve, sobretudo passar pela ampliação do seu processo de divulgação, no que diz respeito aos estudantes de Ensino Médio. Esta categoria aliada a Escola Promotora da Igualdade de Gênero representa o ponto nevrálgico para a difusão de uma política pública de gênero no âmbito do sistema educacional com enorme potencial transformador. As informações deste trabalho permitem concluir que esta política pública consolida-se no espaço institucional federal, mas ainda é um planta tenra que depende da vigilância da sociedade para permanecer como uma tradição no sistema educacional e de pesquisa do Brasil. O Prêmio a cada ano elevou a participação da comunidade educacional e acadêmica, com uma massiva participação feminina em todas as suas categorias. No entanto, a avaliação dos/as estudantes agraciados/as apresenta um recorte nuançado quando esta
análise é feita por sexo. A supremacia feminina nas inscrições do Prêmio não se reflete nas redações e artigos científicos premiados de 2009. Na quarta edição (2008) houve uma ligeira supremacia feminina no resultado final, mas distante do percentual de participação das mulheres no total das inscrições do Prêmio. NOTAS 1
Este prêmio foi desenhado por Sonia Miguel Malheiros, subsecretaria da Secretaria de Articulação Institucionais e Ações Temáticas da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República.
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Durante a realização do 1º Encontro Nacional de Núcleos de Pesquisa – Pensando Gênero e Ciências a Ministra Nilcéa Freire contou que levou a proposta da criação do Prêmio ao Ministro da Ciência e Tecnologia para o então Ministro Eduardo Campos que aprovou a proposta e o Programa e o Prêmio foram implementados pelas instituições parceiras A autora estava presente no citado encontro.
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No momento de redação deste texto ainda não havia sido concluída a etapa final da 6º Edição do Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero de 2010.
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Este trabalho teve como orientadora a professora Eliane Hojai Gouveia da Pontifícia Univerisdade Católica de São (PUC/SP), ver texto completo SPM/PR, 5º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero – Redações, Artigos Científicos e Projetos Pedagógicos Premiados (2010).
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Esta pesquisa teve como orientadora a professora Ângela Arruda da Universidade Federal do Rio de Janeiro, ver texto completo SPM/PR, 5º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero – Redações, Artigos Científicos e Projetos Pedagógicos Premiados (2010).
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Assim conhecida devido ao caso da farmacêutica cearense Maria da Penha que ficou tetraplégica depois de duas tentativas de assassinato, impetradas pelo seu companheiro, comoveu o Brasil e este nome é uma homenagem a sua resistência e luta contra a violência doméstica.
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Esta pesquisa foi orientada pela Professora Marlise Matos do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o texto completo está publicado em SPM/PR, 5º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero – Redações, Artigos Científicos e Projetos Pedagógicos Premiados (2010).
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Esta pesquisa foi orientada pela Professora Ana Paula Palheta Santana do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Pará, o texto completo está publicado em SPM/PR, 5º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero – Redações, Artigos Científicos e Projetos Pedagógicos Premiados (2010).
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O trabalho foi orientado pela Professora Cristina Scheibe Wolff, da Universidade Federal de Santa Catarina, os artigos premiados com menção honrosa não são publicados no livro do Prêmio.
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10 Orientado pela professora Ivana Guilherme Simili da mesma Universidade, texto completo está publicado em SPM/PR, 5º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero – Redações, Artigos Científicos e Projetos Pedagógicos Premiados (2010). 11 Este artigo foi orientado pela professora Maura Corcini Lopes da mesma universidade, texto completo está publicado em SPM/PR, 5º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero – Redações, Artigos Científicos e Projetos Pedagógicos Premiados (2010).
CONCLUSÃO ESTUDOS DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E GÊNERO: ROMPENDO PARADIGMAS?
12 A pesquisa foi orientada pela professora Sarai Patrícia Schmidt da mesma instituição.
Marília Gomes de Carvalho
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Ciência e da Tecnologia, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Banco de dados do Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero, 2009/2010 [5ª e 6ª edições]. BRASIL. Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República. 5º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero – Redações, Artigos Científicos e Projetos Pedagógicos Premiados. Brasília, 2010. BRASIL. Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, 4º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero – Redações e Artigos Científicos Premiados. Brasília, 2009. BRASIL. Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, Avaliações, e documentação da Coordenação de Programas de Educação e Ciência. Brasília, 2009 e 2010. 406
Neste livro pode-se constatar a diversidade de temas que foram estudados, assim como a multidisciplinaridade que caracteriza os estudos de ciência, tecnologia e gênero. Chama a atenção também que a totalidade dos capítulos foi escrita por mulheres cientistas que quiseram mostrar dentre outras coisas, em primeiro lugar, que as mulheres sempre produziram conhecimento e, em segundo, que a ciência produzida pelos homens através de séculos, nem sempre contemplou as necessidades femininas. A presença das mulheres na Academia, nas Universidades e nas carreiras científicas não se fez sem obstáculos nem desafios. Vários capítulos deste livro revelam as dificuldades que elas enfrentaram assim como as discriminações e preconceitos que vivenciaram. Mas nem por isso elas deixaram de pesquisar, conhecer e trazer para a humanidade soluções inusitadas. A curiosidade é inerente a qualquer ser humano, seja homem ou mulher assim, tanto um quanto outro têm a mesma capacidade de realizar pesquisas científicas e produzir conhecimento. Aconteceu que historicamente o campo científico foi apropriado pelos homens que aí passaram a exercer a prática científica com exclusividade masculina. O mundo científico foi então construído sob regras e códigos androcêntricos e patriarcais cujas características são principalmente a objetividade e a racionalidade, características estas, que não se encaixavam nas características consideradas femininas pela sociedade da época (séculos XVIXVII).
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Após a Revolução Industrial, já consolidada na Europa no século XIX, ocorre um desenvolvimento tecnológico essencial para o aumento da produtividade e o consequente aumento da acumulação de riqueza, fundamental para o capitalismo. As mulheres também foram excluídas das invenções e inovações tecnológicas, pois suas atividades estavam limitadas à esfera privada da domesticidade e maternidade. Mesmo as mulheres operárias que trabalhavam nas fábricas, apenas movimentavam as máquinas, mas não as concebiam. Por outro lado, o conhecimento tecnológico produzido pelas mulheres no ambiente doméstico não era considerado útil para o mercado capitalista e representava, digamos assim, um conhecimento de “segunda classe”, desvalorizado e não-científico. Assim, ciência e tecnologia vêm sendo produzidas majoritariamente por homens dentro de uma lógica masculina. A construção social do gênero, ou seja, como os homens aprendem o que devem ser na sociedade e como as mulheres, da mesma forma, aprendem os padrões femininos, ocorreu na sociedade ocidental de uma maneira binária e dicotômica. Se formos analisar as características associadas ao feminino, por exemplo, a delicadeza, a afetividade, a fraqueza física, o conhecimento tácitointuitivo, são características que não podem estar presentes na construção científico-tecnológica, elas atendem as necessidades da esfera privada. Estas são características opostas e contraditórias às masculinas como a agressividade, competitividade, a força física, o agir racional e objetivo que estão presentes no mundo científicotecnológico, e se realizam na esfera pública. Não se pode negar que há uma hierarquização social das características historicamente consideradas femininas assim como dos homens que as reproduzem (elas possuem menor valor econômico). Por serem construções sociais, elas não são exclusivas das mulheres e há homens que também as apresentam. O mesmo se dá com as características masculinas. Por serem socialmente construídas, há mulheres que as assumem e se comportam como homens, de acordo com a construção social das pessoas do sexo masculino, apesar de nem por isso deixarem de ser mulheres. Aqui cabe uma relativização: esta divisão binária e dicotômica do que representa ser mulher ou homem não
corresponde necessariamente à realidade, (apesar das pressões que tanto elas quanto eles sofrem para reproduzi-las). Homens podem reproduzir características “femininas” no decorrer de suas vidas ou em situações específicas que estão vivenciando, da mesma forma em que mulheres podem assumir características “masculinas”, de acordo com as situações ou necessidades sociais que estão vivendo. Daí vem a pergunta: para as mulheres fazerem ciência e tecnologia elas devem se “masculinizar’? O fato das mulheres serem capazes de produzir conhecimentos científicos leva necessariamente à perda de suas características socialmente reconhecidas como femininas? É claro que não. A história da ciência e os exemplos apresentados neste livro estão repletos de nomes de mulheres cientistas que produziram ou vêm produzindo ciência, sem contudo deixarem de ser mulheres1. Mas os fatos trazidos pelas pesquisadoras sobre a produção científica das mulheres mostraram que elas não a produzem sob as mesmas condições que os homens. A consequência dos papéis femininos na esfera privada (cuidados domésticos e dos filhos), nem sempre permitem uma dedicação integral à pesquisa científica que, dependendo de sua especificidade, assim o exige. Os resultados das pesquisas qualitativas realizadas com estas mulheres mostraram em seus depoimentos os desafios que elas encontram para realizarem o trabalho científico. Isto acontece porque se, por um lado, as mulheres estão assumindo responsabilidades na esfera pública como, por exemplo, nas universidades ou institutos de pesquisa, para a produção de conhecimento científico e tecnológico, por outro, os homens não adentraram na esfera privada, a fim de compartilhar com suas mulheres as atividades do cuidado, características do trabalho feminino no âmbito do lar. É possível analisar esta questão sob uma perspectiva feminista. O fato dos homens estarem envolvidos nas atividades da esfera pública, social e economicamente reconhecidas e mais valorizadas, associadas à lógica da sociedade patriarcal, herança da sociedade européia que teve sua origem nos gregos, leva à formação de uma sociedade onde os homens exercem o poder sobre as mulheres,
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sendo eles os dominadores e elas as subordinadas. Este fato se apresenta a eles como “natural” e foi preciso muita luta para que as feministas mostrassem aos homens e à sociedade de uma maneira geral, que esta construção histórico-cultural deveria ser modificada, ao mesmo tempo em que elas criavam espaços em várias dimensões sociais onde historicamente eram excluídas. Este processo não aconteceu sem grande esforço das feministas, nem sem lutas e perseguições às mulheres que ousavam transgredir os padrões vigentes. Vem sendo um processo de mudança cultural de muitos conflitos e resistências, mas que por certo está trazendo alterações na sociedade que está deixando de ser exclusivamente dominada pelos homens e passando a ser uma sociedade onde as mulheres estão encontrando seu espaço em diferentes atividades que não apenas na esfera doméstica. A crítica feminista à sociedade de tradição patriarcal incide sobre a exclusão das mulheres de várias dimensões da vida que resultou em diversos movimentos sociais. Como exemplos pode-se citar a luta pelo voto, ainda no século XIX, que reverteu em um dos primeiros movimentos de mulheres pelos seus direitos civis, hoje já alcançado, a participação da mulher no mercado de trabalho em condições de igualdade de salário e de ascensão profissional com os homens, não totalmente bem sucedida, a participação das mulheres na política, tema contemplado em um dos capítulos deste livro, que mostra a inexpressividade desta participação. Esta crítica feminista se faz também com relação ao tema das pesquisadoras feministas que vêm participando dos Congressos Iberoamericanos de Ciência, Tecnologia e Gênero que reivindicam a participação mais efetiva das mulheres, a sua inserção, aceitação e reconhecimento no mundo da ciência e da tecnologia em seus países. Apesar de muitas resistências elas passaram a fazer parte deste mundo. Durante muito tempo ficaram na invisibilidade, proibidas de aparecer na sociedade como cientistas, utilizado nomes masculinos ou cedendo os resultados de suas pesquisas a maridos, pais ou irmãos2, pois o trabalho científico era feito no ambiente doméstico e as mulheres participavam dele da mesma forma que os homens só que não lhes era permitido assumi-los.
A partir do momento em que foram criados os Laboratórios de pesquisa e as Universidades, as mulheres foram excluídas da possibilidade de fazerem pesquisas científicas, uma vez que o acesso a estes ambientes lhes era proibido, pelo menos até o final do século XIX e início do século XX3. Consequentemente ciência e tecnologia foram construídas sob bases masculinas, com interesses masculinos e resultados que atendessem às necessidades masculinas. Os paradigmas científicos desta época estavam pautados na objetividade absoluta e na crença de uma neutralidade indiscutível. Acreditavase que os homens, com sua racionalidade exuberante, eram capazes de produzir um conhecimento revelador de verdades universais e definitivas. As referências para o estudo do corpo humano, por exemplo, eram acerca do corpo masculino. Naquela época não se cogitava a especificidade de um corpo feminino, com características diferenciadas. Da mesma forma, o olhar sobre os primatas, no caso da primatologia, era tendencialmente masculino, sendo o comportamento destes animais explicado através de observações dos machos. As fêmeas e suas crias eram vistas como animais passivos que dependiam dos machos para a sua sobrevivência. Quando as mulheres primatólogas passaram a desenvolver estudos nesta área, seus olhares se detiveram no comportamento das fêmeas e elas então descobriram as inúmeras atividades realizadas por estas fêmeas dentro do grupo, tais como garantir o alimento do grupo, fazer utensílios primitivos, e a escolha de seus parceiros sexuais, fatos que revelam que elas não eram absolutamente passivas.4 A presença das mulheres na pesquisa científica trouxe à tona uma série de temas até então não abordados, como os estudos sobre a subjetividade humana sob a ótica feminina e não sob a ótica dos psicanalistas masculinos. Verdades universais foram questionadas. O método qualitativo passou a ser utilizado juntamente com métodos quantitativos, pois muitos estudos baseavam-se em experiências pessoais e subjetivas onde a pesquisa qualitativa é mais indicada. A crítica feminista faz vários questionamentos sobre o saber científico masculino. Em primeiro lugar sua posição de poder diante de outros saberes igualmente importantes para a sociedade. O
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poder masculino esteve ligado ao conhecimento científico e tecnológico e quando as mulheres passaram a também produzir estes conhecimentos, os homens reagiram, considerando estes conhecimentos como não científicos, sem o embasamento do tradicional método científico. Os fenômenos que atraíam as mulheres para a pesquisa científica foram diferentes dos interesses masculinos. É só olharmos os capítulos deste livro e observarmos os temas que interessaram às mulheres que os escreveram para percebermos que são assuntos “de mulheres”, mas que também merecem pesquisa científica. Muito provavelmente cientistas homens não se interessariam por estes temas. Elas trazem, portanto à sociedade conhecimentos de realidades que ficariam desconhecidas sem suas pesquisas. A crítica aos paradigmas universais da ciência cartesiana/ positivista e à exigência de uma neutralidade científica que se sabe hoje não existir, não foi exclusividade das feministas. Popper em1965 e Kuhn em 1962 já levantavam a questão da provisoriedade do conhecimento científico e a possibilidade da co-existência de diferentes paradigmas em uma mesma época. Se considerarmos que o conhecimento científico é histórico e culturalmente situado, não é possível exigir que ele seja universal, definitivo e neutro. Diz Eulália Pérez Sedeño:
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... el conocimiento es, sobre todo, uma práctica que tiene lugar en un contexto particular y es evaluado con respecto a fines particulares: la ciencia es un proceso y actividad de comunidades científicas insertas en contextos sociohistóricos concretos en cuyo seno encontramos valores personales, sociales y culturales, preferencias de grupos o individuales, de tipo cultural, social, que inciden o pueden incidir en diversos modos y grados sobre la práctica científica (Pérez, 2007).
Ainda de acordo com Pérez, 2007, a crítica feminista é uma das correntes que mais tem contribuído para a reconfiguração da epistemologia e uma reflexão sobre a ciência. A partir desta crítica foi possível visibilizar o sistema de dominação masculina na ciência e tecnologia, pois conforme foi visto anteriormente o conhecimento científico implica também em um sistema de dominação. Bandeira, 2008, também explora a mesma crítica feminista sobre o poder masculino para a construção e o método científico e como esta
crítica provocou uma ruptura epistemológica significativa, porque incorpora a importância da vida privada e da subjetividade do/a pesquisador/a no processo do conhecimento. Sabe-se que a mudança de paradigmas científicos é algo que não ocorre em pouco tempo, pois eles existem justamente para balizar o fazer científico e dar legitimidade ao conhecimento produzido com base no método científico. Porém ele não é imutável, pois enquanto construção social e produto histórico-cultural o método sofre alterações, da mesma forma que a sociedade se modifica através dos tempos. Estas alterações muitas vezes são tão profundas que chegam a trazer questionamentos ao próprio fazer científico e produzir outras possibilidades de buscar o conhecimento, criando novas formas de conhecer o mundo. A produção científica na área da ciência, tecnologia e gênero representa o surgimento de inovações epistemológicas, com propostas de transformações nos paradigmas científicos tradicionais, especialmente com propostas múltiplas e pluridisciplinares, que favoreçam a produção de conhecimento a respeito de grupos historicamente dominados, não só as mulheres, mas também outros grupos que foram excluídos da história. Neste sentido, tendo em vista a realidade específica dos países latinoamericanos, uma realidade de povos colonizados, cuja ciência e tecnologia foram construídas de acordo com os paradigmas dos países colonizadores, sugere-se que se poderia pensar na construção de uma epistemologia que contemple as particularidades da América Latina. Se considerarmos que o conhecimento científico-tecnológico é situado, determinado pelas condições históricas de sua produção, em que pesem as semelhanças percebidas nos fenômenos da ciência, tecnologia e gênero em todos os países iberoamericanos, constatadas nos capítulos deste livro, não se pode negar que as condições latinoamericanas de produção científicotecnológica são diferentes dos países europeus. Estudos comparativos sobre ciência, tecnologia e gênero entre os diferentes países da América Latina e os países ibéricos podem revelar as especificidades destes fenômenos, tendo em vista as condições dos contextos onde eles ocorrem e do conhecimento que sobre eles é produzido.
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Voltando aos temas desenvolvidos neste livro, gostaria ainda de fazer referência a um ponto que considero importante para os estudos de ciência, tecnologia e gênero. Trata-se da produção de tecnologias que vão atender as necessidades das mulheres. Pelo fato delas estarem excluídas do universo tecnológico, os homens planejam, concebem e produzem artefatos, produtos e técnicas que irão suprir as necessidades femininas. Assim, tecnologias reprodutivas e conceptivas, por exemplo, são desenvolvidas de maneira a provocar intervenções no corpo feminino que representam verdadeiras agressões aos corpos das mulheres. Pode-se perguntar: será que se as mulheres tivessem tido a oportunidade de desenvolvê-las, elas não teriam criado algo diferente das tecnologias masculinas? O conhecimento científico-tecnológico produzido por mulheres, para mulheres seria mais adequado às necessidades e interesses femininos? São questões que os estudos de ciência, tecnologia e gênero trazem para o debate, com o intuito de, não só combater a dominação masculina que existiu durante séculos sobre as mulheres no campo científico-tecnológico, mas também com o interesse de colocar em discussão questões epistemológicas que certamente avançarão durante o IX Congresso de Ciência, Tecnologia e Gênero em Sevilha, Espanha, pois o tema “aproximações epistemológicas” está dentre uma das áreas temáticas do próximo Congresso. NOTAS
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Estas “mulheres” aqui referidas são aquelas que se pautam nos padrões da sociedade ocidental, branca, letrada, cristã, colonizadora. Não se pode esquecer que há muitas outras mulheres que não estão incluídas neste modelo. Haraway, 2000, chama atenção para o fato de que quando se fala de mulheres cientistas o padrão é o acima citado, porém há mulheres colonizadas, como as negras, chicanas, indígenas, além de outras, que nem sempre estão incluídas no mundo da ciência.
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Casagrande et al. 2005.
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Schienbinger, 2001.
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Haraway, 2000, Shienbinger, 2001, Pérez Sedeño, 2007.
REFERÊNCIAS
BANDEIRA, Lourdes. A contribuição da crítica feminista à ciência. Revista Estudos Feministas. vol 16, n.1. Florianópolis. Jan-abril, 2008. CASAGRANDE, Lindamir, SCHWARTZ, Juliana, CARVALHO. Marília Gomes de, LESZCZNSKI, Sonia Ana. Mulher e ciência: uma relação possível? Cadernos de Gênero e Tecnologia. n. 4 ano 1. Curitiba. Out.- nov. dez. 2005. HARAWAY, Donna. Manifesto ciborgue: ciência, tecnologia e feminismo-socialista no final do século XX. SILVA, Tomaz Tadeu (org.) Antropologia do ciborgue: a vertigens do pós-humano. Autêntica: Belo Horizonte. 2000. KUHN, Thomas S. A estrutura das revoluções científicas. Ed. Perspectiva: São Paulo. 1975. PÉREZ SEDEÑO, Eulália. Cien años de soledad...y olvido. Universidad de Cantabria, 2007. POPPER, Karl R. A lógica da investigação científica. Os pensadores. Ed. Abril.Vol. XLIV. 1975. SCHIENBINGER, Londa. O feminismo mudou a ciência? Edusc: Bauru, 2001.
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SOBRE AS AUTORAS / SOBRE LAS AUTORAS
Carmen Magallón Portolés ([emailprotected]) Licenciada en Físicas (Universidad de Zaragoza). Doctora en Físicas y DEA en Filosofía (Universidad de Zaragoza). Catedrática de Instituto y Directora de la Fundación SIP. Miembro del Seminario Interdisciplinar de Estudios de la Mujer (SIEM) de dicha Universidad desde su fundación. Algunas publicaciones recientes: Magallón Portolés, Carmen, Del Laboratorio de Investigaciones Físicas a la Meteorología: la primera española doctora en Física, Felisa Martín Bravo”, en Publicaciones de la Residencia de Estudiantes e Institución Libre de Enseñanza (eds.) La Junta para Ampliación de Estudios e Investigaciones Científicas en su centenario, Madrid, (en prensa); Magallón Portolés, Carmen (2010) “Las mujeres y el saber científico”, en Rafael Lorenzo Alquézar y Rubén Benedicto Rodríguez (coords.) Educación cívica. Democracia y cuestiones de género, Barcelona, Icaria, 273-290; Magallón Portolés, Carmen (2009) “Mujeres de ciencia a principios del siglo XX”, en Paloma Alcalá Cortijo, Capi Corrales Rodrigáñez y Julia Lópe Giráldez (coords.) Ni tontas ni locas. Las intelectuales en el Madrid del primer tercio del siglo XX, Madrid, FECYT, 206-217. Consuelo Miqueo ([emailprotected]) Profesora Titular de Historia de la Ciencia de la Universidad de Zaragoza (España), donde enseña regularmente historia de la medicina, documentación y metodología científica. El análisis del estilo y medios de comunicación científica y la deconstrucción del androcentrismo son sus principales líneas de investigación. Forma parte del Seminario Interdisciplinar de Estudios de la Mujer (SIEM), ha liderado el grupo de investigación Genciana (2000-2010), organizador del VI Congreso Iberoamericano de Ciencia, Tecnología y Genero, y coordinado la Comisión Asesora Mujer y Ciencia del Gobierno de Aragón (2006-2008) de la que es vocal. Entre sus publicaciones –en calidad de editora, traductora o autora- destaca los libros colectivos: Dos para saber, dos curar (Horas y Horas, 2004),
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Diálogos interrumpidos. Investigación en salud y práctica asistencial (SIEM, 2006), Estudios iberoamericanos de género en ciencia, tecnología y salud (Prensas Universitarias de Zaragoza, PUZ, 2008) y Ellas también cuentan. Científicas en los comités de revistas biomédicas (PUZ, 2011). Diana Maffía ([emailprotected]) Doctora en Filosofía. Feminista, Docente de Gnoseología en la carrera de Filosofía, UBA, y de Epistemología Feminista en la Maestría de Estudios de Género de la Universidad de Rosario. Investigadora del Instituto Interdisciplinario de Estudios de Género, UBA. Miembra fundadora de la Red Argentina de Género, Ciencia y Tecnología (RAGCyT). De 1998 a 2003 fue Ombudsman en Derechos Humanos y Equidad de Género, en la Defensoría del Pueblo de la Ciudad de Buenos Aires. De 2004 a 2009 fue Directora Académica del Instituto Hannah Arendt de Política y Cultura. De 2007 a 2011 fue elegida Diputada en la Legislatura de la Ciudad de Buenos Aires, donde presidió de 2007 a 2009 la Comisión de Igualdad de Oportunidades y de Trato entre Mujeres y Varones, y de 2010 a 2011 fue designada Presidenta de la Comisión de Mujer, Infancia, Adolescencia y Juventud. Recibió tres veces el Premio Parlamentario por su actividad legislativa. Sus dos últimos libros son: Maffía, D. (comp.) (2003): Sexualidades Migrantes. Género y Transgénero. Buenos Aires, Feminaria/Librería de Mujeres; Carrió, E. y Maffía, D. (comps.) (2005): Búsquedas de Sentido para una Nueva Política, Buenos Aires, Paidós. Eulalia Pérez Sedeño ([emailprotected]) 418
Doctora en Filosofía. Depto. Ciencia, Tecnología y Sociedad. Instituto de Filosofía, Centro de Ciencias Humanas y Sociales-CSIC, España. Catedrática de Lógica y Filosofía de la Ciencia y Profesora de Investigación del CSIC, dirige el Departamento de CTS en esa institución. Temas de investigación: Ciencia, tecnología y género, Historia y filosofía de la ciencia, Percepción y comunicación de la ciencia. Es autora de diversas publicaciones, entre las que destacan estas últimas: Pérez Sedeño, E. y Gómez Rodríguez, A. (eds.) (2008): Igualdad y equidad en ciencia y tecnología: el caso iberoamericano, Arbor, Vol. CLXXXIV, Nº 733 Madrid; Pérez Sedeño, E. y Cimoli, M. (eds.) (2009): Conocimiento e innovación, Pensamiento Iberoamericano, vol. 5; Pérez Sedeño, E. y Kiczkowski, A. (2010): Un universo por descubrir: Género y astronomía en España, Madrid, Plaza y Valdés.
Isabel Delgado Echeverría ([emailprotected]) Licenciada en Biología. Universidad Complutense de Madrid. Doctora en Medicina. Universidad de Zaragoza. Profesora de Biología y Geología en el Instituto de Educación Secundaria “Grande Covián” de Zaragoza. Miembro del Seminario Interdisciplinar de Estudios de la Mujer (SIEM) de dicha Universidad. Algunas publicaciones recientes: Delgado Echeverría, Isabel (2006) El descubrimiento de los cromosomas sexuales. Un hito en la historia de la Biología. Madrid: CSIC; Delgado Echeverría, Isabel (2003) Los estudios morfológicos en la teoría de la determinación cromosómica del sexo: 1880-1912. Dynamis 23: 307-339; Delgado Echeverría, Isabel (2000) Nettie Maria Stevens y la función de los cromosomas sexuales. Cronos 3 (2): 239-271. Hildete Pereira de Melo Hermes de Araujo ([emailprotected]) Graduada em Ciências Econômicas na Faculdade de Ciências Econômicas de Campina Grande da Universidade Federal da Paraíba, fez um curso de Desenvolvimento Econômico na Universidade de Toulouse, França. Mestre em Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro e Doutora em Economia da Industrial e da Tecnologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professora da Faculdade de Economia da Universidade Federal Fluminense. Tem experiência na área de Economia, com ênfase nos seguintes temas: gênero, mercado de trabalho, desenvolvimento econômico e economia fluminense. Foi diretora do Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento de novembro de 2005 a junho de 2007. É editora da Revista “Gênero”; da Universidade Federal Fluminense e coordenadora do Núcleo de Estudos Transdisciplinares de Gênero da UFF. Secretaria adjunta da Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC) regional do Rio de Janeiro. De agosto de 2009 a 31 de dezembro de 2010 foi gerente de Projetos de Educação e Ciência na Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM/ PR). Lilliam Margarita Alvarez Díaz ([emailprotected]) Doctora en Ciencias Físico-Matemáticas. Especialidad: Métodos Numéricos de Ecuaciones Diferenciales. Investigadora Titular: Jefa del Grupo de Promoción de la Ciencia de la Academia de Ciencias de Cuba. Licenciatura en la Ftad. de Física de la Universidad de la Habana. Maestría-Instituto de Física Nuclear de la Academia de Ciencias de Cuba. Doctorado en Fí-
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sica y Matemáticas en la Academia de Ciencias de la ex_URSS, Moscú. Dos Proyectos como Miembro Asociada de la TWAS en la UNICAMP, Brasil: Solución de Ecuaciones Diferenciales Parciales por el Método de Líneas y funciones Wavelets. Aplicaciones en medios porosos y Funciones Wavelets para EDPS: Aplicaciones a problemas no lineales de conveccióndifusión y a modelos de tipo aguas bajas. Proyecto FAPESP, de la Fundación de Ayuda al Pesquisa del Estado de Sao Paulo en el área de Ecuaciones diferenciales, Brasil. Publicaciones más recientes: Report of the TWOWS activities in Latin America and the Caribbean, TWOWS 3rd. General Assembly, Bangalore, India, November, 2005; La Estrategia Nacional de Ciencia e Innovación Tecnológica de Cuba, instrumento del futuro, publicado en la Revista electrónica “Prospectiva, construyendo futuros”, La Habana, 2007; Ser Mujer científica o morir en el intento, Editora ACADEMIA, 2011. Lourdes Fernández Rius ([emailprotected])
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Doctora en Psicología. Profesora Titular, Facultad de Psicología, Universidad de la Habana, Cuba. Master en estudios Sociales Aplicados en la Universidad de Zaragoza, España. Temas de investigación: Género, Ciencia y Subjetividad – Género, subejtividad y vínculos amorosos. Publicaciones recientes: Personalidad y relaciones de pareja. Editorial Félix Varela, Cuba, 2007 ISBN: 978-959-07-0651-6; Género, amor y sexualidad: retos de hoy. UNSA, Arequipa, 2010; Libro: género y ciencia: ¿apoteosis del egoísmo? UNSA, Arequipa, 2010; Mujeres académicas entre la ciencia y la vida. Estudio comparativo en México (coautora) en Estudios Iberoamericanos de género en ciencia, tecnología y salud. Prensas Universitarias de Zaragoza. España, 2008 ISBN: 978-84-7733-971-7; Mujeres académicas entre la ciencia y la vida. Género y ciencia en Cuba (coautora) en Estudios Iberoamericanos de género en ciencia, tecnología y salud. Prensas Universitarias de Zaragoza. España, 2008 ISBN: 978-84-7733-971-7; “Género y ciencia: entre la tradición y la trasgresión” en Investigación feminista: epistemología, metodología y representaciones sociales. CEIICH; UNAM; México. 2010 ISBN 978-607-02-1286-4; Violencia Invisible en publicación digital: Cubaliteraria; 2010. Madalena Esperança Pina ([emailprotected]) Licenciada em História, variante de História de Arte e pós graduada em História da Arte Contemporânea pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Professora Auxiliar da cadeira de
História da Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, instituição na qual defendeu, em Novembro de 2003, Provas de Aptidão Pedagógica e Científica e em 2007, provas de Doutoramento na área de Ciências da Vida, ramo de História das Ciências da Saúde com a Dissertação “Traços da Medicina na Azulejaria de Lisboa”. Regente da cadeira de História da Medicina da Faculdade de Ciências Médicas desde Julho de 2008. Investigadora do Centro de História e Filosofia da Ciência (CEHFCi/FCT) e Investigadora Associada do Centro de História de Além-Mar (CHAM/FCT). María Antonia García de Léon Álvarez ([emailprotected]) Profesora emérita de la Universidad Complutense de Madrid. Socióloga y escritora. Temas de investigación: sociología visual, sociología del cine, sociología del género y sociología de la educación. Es sobresaliente (y pionera en la bibliografía española) su contribución al estudio sociológico de las élites femeninas españolas (Género&Poder). Cuenta con numerosas estancias de investigación en prestigiosas universidades : UCSB y UCSD (California), Centre de Sociologie Europeénne (París), UNICAMP (Brasil) y recientemente en: UC Berkeley, CUNY, Wellesley College (Boston), Roehamptom University (London). Entre sus publicaciones destacan: Elites Discriminadas (Sobre el poder de las mujeres), Ed. Anthropos, Barcelona, 1994, y Herederas y Heridas (sobre las élites profesionales femeninas), Ed. Cátedra, Madrid, 2002, Rebeldes Ilustradas (La otra Transición), Ed. Anthropos, Barcelona 2008 y Antropólogas, politólogas y sociólogas. Sobre género, biografía y Ciencias Sociales. Ed. Plaza y Valdés, Madrid-México, 2009. María Carmen Alemany Gomez ([emailprotected]) Licenciatura de Sociología Universidad de París, 1965. Diploma del Institut des Sciences Sociales du Travail Universidad de París, 1967. Diploma de l’E.P.H.E. (Ecole Pratique des Hautes Etudes). Universidad de París, 1968. Maestria de Sociología. Universidad de París X – Nanterre, 1968. Doctorado 3er ciclo en Sociología del Trabajo - E.P.H.E. Universidad de París, 1970. Responsable del Departamento de Sociología de la Educación y de los Recursos Humanos del grupo ESTUDIS desde 1981 y directora del Centre d’Estudis Dona i Societat (CEDIS) desde 1988. Especialidades: Igualdad de oportunidades y promoción de la mujer. Tecnología y género. Políticas y planificación en materia de Educación, Formación y Empleo. Sociología de la Educación.Dirección de estudios sociológicos cuantitativos y cualitativos.Formulación y evaluación de proyectos educativos. Principales Publi-
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caciones: ¿Quién nos cuidará ? – Análisis crítico de la Ley de Dependencia – publicado en la Revista Mujeres y Salud (MYS), nº 39, Barcelona, IV Trimestre, 2010; “La place des femmes et le mouvement feministe en Espagne” Conferencia para Fondation Européenne d’Etudes Progressistes – Janvier 2009; “Private life, Family, Availability, Mobility and Impact on Women’s Career” - Conference of Prometea Project – Paris, November 2008. Maria de Fátima Nunes ([emailprotected])
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105-116. En: http://www.quadernsdepsicologia.cat/article/view/756; Miqueo, C.; Germán Bes, C.; Fernandez Turrado, T y Barral Morán, M.J. (2010) Ellas también cuentan. Científicas en los comités de revistas del área de salud. Zaragoza: Prensas Universitarias (En prensa); Miqueo, C.; Germán Bes, C.; Fernandez Turrado, T y Barral Morán, M.J. (2010) Disparidad de género en los órganos de dirección de las revistas biomédicas españolas. Madrid: Instituto de la mujer 28-06.
Universidade de Évora – Departamento de História / Centro de Estudos de História e Filosofia da Ciência. Palácio do Vimioso. Agregada em História Cultural e das Mentalidades Contemporânea (U.Evora) 2002 Doutora em História (U.Evora);Mestre em História Cultural e Política (UNL) Professora Associada com Agregação de História Contemporânea e Directora do Centro de Estudos de História e Filosofia da Ciência (2008-). Area de investigação: História da Cultura Moderna e Contemporânea – História da Cultura Científica séculos XVIII-XX. História da Ciência, Antropologia Histórica; História da Cultura; História da Imprensa e do Espaço Público. Participa em vários projectos nacionais e internacionais, para além de ter sido responsável científica por projectos de investigação FCT na área de História das Ciências. Publicações: La Sinfonia del Nuevo Mundo: periodismo cientifico em Portugal (1834-1852), Maquinismo Iberico, ed. a. Lafuente, T. Saraiva, A. Cardoso, Madrid, Doce Calles, 2007: 249-271.; Maria de Fátima Nunes/ A. Fitas/M. Rodrigues, Filosofia e História da Ciência em Portugal no século XX, Lisboa, Caleidoscópio, 2007.; Portuguese Sources of History of Science in the 18 th century. “1918 – Ricardo Jorge and the construction of a medical and sanitation public discourse. Portugal and the scientific networks”, A Collection Of Comparative Essays on the 1918-19 Influenza Pandemic, Editor Ryan Davis /Isabel Porras Gallo, Center for Health, Culture and Society - University of Emory (USA), 2009.
Maria Margaret Lopes ([emailprotected])
Maria José Barral Morán ([emailprotected])
Marília Gomes de Carvalho ([emailprotected])
Licenciada en Medicina y Cirugía. Universidad de Zaragoza. Doctora en Medicina y Cirugía. Universidad de Zaragoza. Premio Extraordinario de Doctorado. Profesora Titular de Anatomía y Embriología Humanas de la Facultad de Medicina de la Universidad de Zaragoza. Miembro del Seminario Interdisciplinar de Estudios de la Mujer (SIEM) de dicha Universidad desde su fundación, y del que ha sido Coordinadora entre 1995-1999. Algunas Publicaciones recientes: Barral Morán, M.J. (2010) Análisis crítico del discurso biomédico sobre sexos y géneros. Quaderns de psicología 10 (2):
Graduada em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Paraná, Mestre em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e doutora em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo. PósDoutora pela Université de Technologie de Compiègne-França. Professora Associada da Universidade Tecnológica Federal do Paraná –UTFPR – no Departamento acadêmico de estudos sociais Docente/pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia, onde atua na área de Dimensões Sócio-culturais da Tecnologia. Tem experiência na área de Antropolo-
Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq. Graduada em Geologia pela Universidade de São Paulo (1980), mestre em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (1988), doutora em História Social pela Universidade de São Paulo (1993) e Livre Docente em História das Ciências pela Universidade Estadual de Campinas (2002). Pós-doutora em História das ciências na University of Louisiana (EUA, 1997) com apoio da FAPESP e no Museu Etnográfico da Universidad de Buenos Aires (1998) com apoio da Rockefeller Foundation. Professora associada MS-5 do Instituto de Geociências da UNICAMP de 1986 a 2009, é orientadora de pesquisas de mestrado e doutorado, foi coordenadora do Núcleo de Estudos de Gênero - Pagu (2000-2004), coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ensino e História das Ciências da Terra (2006-2007) e assessora-técnica da Secretaria Especial de Políticas paras as Mulheres da Presidência da República (2007-2009). É atualmente pesquisadora convidada do Núcleo de Estudos de Gênero-Pagu - UNICAMP e investigadora no Centro de Estudos de História e Filosofia da Ciência CEHFCi-FCT, na Universidade de Évora, Portugal. Tem experiência na área de História, especialmente em História das Ciências, atuando principalmente nos seguintes temas: comunicação pública das ciências, gênero em ciências e história das ciências, história da paleontologia e história dos museus no Brasil e América Latina.
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gia, com ênfase em Familia, atuando principalmente nos seguintes temas: interculturalidade, gênero, tecnologia, educação e trabalho. Coordena o Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Relações de Gênero e Tecnologia – GeTec, da UTFPR. Coordenou a Comissão organizadora do VIII Congresso Iberoamericano de Ciência, Tecnologia e Gênero. Publicações: Capítulos de livros:“Gênero na escola: sensibilizando professores e professoras”. In Juventude e iniciação científica: políticas públicas para o ensino médio. UFRJ. 2010. “Percepções de gênero entre estudantes brasileiros e alemães da área tecnológica: um estudo comparativo.” In Metodologias da pesquisa qualitativa em educação: teoria e prática. ED. Vozes. 2010. Co-organização de livro: Construindo a Igualdade na Diversidade: gênero e sexualidade na escola. Ed UTFPR. Curitiba, 2010. Maristela Mitsuko Ono ([emailprotected])
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Graduada em Arquitetura e Urbanismo (UFPR) e Curso de Formação de Professores (CEFET-PR); Industrial Design Training Course ( Japão, bolsista da JICA), Estágio para Formação de Professores no Curso de Design Industrial na Fachhochschule München (Alemanha, bolsista do DAAD), Mestre em Tecnologia (UTFPR) e Doutora em Arquitetura e Urbanismo (USP). Professora do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia da UTFPR e do Programa de Pós-Graduação em Design da UFPR; Pesquisadora do Núcleo de Design e Sustentabilidade da UFPR; Coordenadora do Núcleo de Design de Mídias Interativas (dmi) / PPGTE / UTFPR. Principal linha de pesquisa: Design e Cultura. Editoria da Revista Tecnologia e Sociedade (2008-2010); Coordenação do Projeto de Pesquisa “Design e Cultura: mídias digitais de apoio ao ensino e pesquisa” e “Mídia digital de apoio à Educação Ambiental, com foco na Bacia Hidrográfica do Rio Belém”; trabalhos de Design (Gráfico e Produto). Publicações: ONO, M. M. Design - Cultura. Design industrial e diversidade cultural: mídia digital sobre os setores automobilístico e eletrodoméstico. 1. ed. Curitiba: Maristela Mitsuko Ono, 2007. v. 1. ONO, M. M.; CORREA, R. O.; SILVEIRA, L. M. Representações de gênero na ciência, tecnologia e sociedade, mediadas pela publicidade impressa. In: Nanci Stancki da Luz; Marília Gomes de Carvalho; Lindamir Salete Casagrande. (Org.). Construindo a igualdade na diversidade: gênero e sexualidade na escola. 1 ed. Curitiba: UTFPR, 2009, v. 1, p. 171-192. ONO, M. M. Design industrial e diversidade cultural. In: Maria Lúcia Caira Gitahy; José Tavares Correia de Lira. (Org.). Tempo, cidade e arquitetura (Coleção Arquiteses n. 1). 1 ed. São Paulo: Annablume Editora; FAU-USP; FUPAM, 2007, v. 1, p.303-
323. ONO, M. M. Cultural approach in design education. In: KATIYAR, Vijai Singh; MEHTA, Shashank. (Org.). Design education: tradition and modernity. 1 ed. Ahmedabad: National Institute of Design, 2007, v. 01, p. 355-361. Mayda Benigna Álvarez Suarez ([emailprotected]) Licenciada en Psicología (1971-75).Dra. en Ciencias Psicológicas. Investigador Titular. Actualmente e Directora del Centro de Estudio de la Mujer, Federación de Mujeres Cubanas e Miembro del Secretariado Nacional de la Federación de Mujeres Cubanas. Líneas de investigación: Relaciones de género en la familia cubana; Mujer y Poder en Cuba; Subjetividad masculina y femenina; Representaciones sociales; Desigualdades de género. Categoría cinetífica y puestos de liderazgo en la ciencia: Investigadora Titular, Directora del Centro de Investigaciones Psicológicas y del CEM, Profesora Auxiliar, Asesora de Genero de Proyectos de Cooperación Internacional, Presidenta del Consejo Científico, Miembro de comisiones de categoría, Miembro del Tribunal Estatal de grados científicos en Psicológicas. Publicaciones y congresos: Autora de mas de 20 importantes Informes, sobre estudios de la mujer y familia, aspectos sicológicos en los temas de género, informes con UNICEF sobre Infancia y Familia en Cuba. Ha participado en importantes Congresos científicos nacionales e internacionales y ha representado a su organización, la Federación de Mujeres Cubana en reuniones de organismos multilaterales mundiales y regionales. Nanci Stancki da Luz ([emailprotected]) Doutora em Política Científica e Tecnológica pela Universidade Estadual de Campinas; Mestrado em Tecnologia pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) ; Especialista em Metodologia do Ensino Tecnológico pela UTFPR; Bacharel em Direito pelo Centro Universitário Curitiba; advogada; Licenciada e Bacharel em Matemática pela Universidade Federal do Paraná; Docente do Programa de Pós-graduação em Tecnologia e do Departamento Acadêmico de Matemática da UTFPR; Pesquisadora e vice-coordenadora Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Relações de Gênero e Tecnologia; Coordenadora editorial dos Cadernos de Gênero e Tecnologia; Pesquisadora das temáticas divisão sexual do trabalho e violências de gênero/direitos humanos das mulheres. Dentre outros artigos e capítulos de livro, publicou: Gênero e profissões científicas e tecnológicas no Brasil (2009); Grupo de Estudos sobre relações de
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gênero e tecnologia: dez anos de produção científica (2009); Gênero e profissões científicas e tecnológicas no Brasil (2009); Relações de gênero no trabalho doméstico: um estudo a partir da realidade das trabalhadoras do Instituto Federal de Santa Catarina (2009); Desafios e avanços nas políticas públicas de gênero (2009); Divisão sexual do trabalho e profissões científicas e tecnológicas no Brasil (2009); O olhar não mais o mesmo: uma análise sobre os resultados de um curso sobre gênero (2009); Regulamentação do direito de greve dos servidores públicos: garantia ou restrição de direito? (2009); Sexualidade e gênero na escola (2009); Violência contra a mulher: desafio à concretização dos direitos humanos (2009). Organizadora dos livros: Construindo a igualdade na diversidade: gênero e sexualidade na escola (2009); Universidade tecnológica, política educacional e organização dos trabalhadores (2009); Tecnologia e trabalho: desafios na construção da interdisciplinariedade (2011); Tecnologia e transformação social: reflexões sobre trabalho e educação ( 2011).
Patricia Tovar ([emailprotected])
Psicóloga, con Maestría en Ciencias, Estudios de Especialización en Género y Doctorado en Filosofía. Investigadora Titular y Directora del Centro de Investigaciones Interdisciplinarias en Ciencias y Humanidades de la Universidad Nacional Autónoma de México. Temas de investigación: filosofía feminista; ciencia, tecnología y género. Publicaciones recientes: Blazquez Graf Norma. El Retorno de las Brujas. Incorporación, aportaciones y críticas de las mujeres a la Ciencia. CEIICH, UNAM. México, 2008; Blazquez Graf Norma y Bustos Romero Olga. Académicas Pioneras. Trayectorias y Contribuciones en la UNAM. CEIICH, UNAM. México, 2008; y Blazquez Graf Norma, Flores Salazar Fátima y Ríos Everardo Maribel (Coords). Investigación Feminista. Epistemología, metodología y representaciones sociales. CEIICH, CRIM, FP, UNAM, 2010.
Nació en Bogotá y se formó como antropóloga en la Universidad Nacional de Colombia. Obtuvo una Maestría en Antropología Urbana Aplicada, en el City College de Nueva York en 1987 y luego un doctorado en Antropología Cultural en The Graduate Center of The City University of New York (CUNY), con una disertación titulada “Tales of Love and Death: The Lives of Portuguese Widows”. Realizó un postdoctorado en la misma universidad. Ha sido docente e investigadora en varias entidades y universidades de Colombia y Estados Unidos. Fue investigadora y coordinadora del área de Antropología Social en el Instituto Colombiano de Antropología e Historia y se desempeño como co-editora de la revista Colombiana de Antropología. Sus más destacadas investigaciones en el ICANH fueron “Las viudas del Conflicto Armado” (libro publicado por el Icanh en el 2006) y “Las mujeres colombianas en el sistema de ciencia y tecnología”. Otra de sus publicaciones destacadas es el volumen “Familia, género y antropología,” (Icanh 2003). Fue profesora asociada-investigadora de planta de la Facultad de Ciencias Políticas y Relaciones Internacionales de la Universidad Javeriana (2006-2008), donde coordinó el grupo de investigación (A) “Política, género y democracia” y realizó investigaciones sobre desplazamiento forzado. En el momento es profesora de antropología en el John Jay College of criminal Justice, CUNY en Nueva York.
Olga Bustos Romero ([emailprotected])
Shirley Malcom ([emailprotected])
Psicóloga, Maestría en Psicología Educativa, Estudios de Especialización en Género y Estudios de Doctorado en Psicología Social. Profesora Titular de la Facultad de Psicología, Universidad Nacional Autónoma de México. Temas de investigación: Educación superior y género; Mujeres académicas; Género y medios de comunicación. Publicaciones recientes: Bustos Romero Olga (2005). Recomposición de la matrícula universitaria en México a favor de las mujeres. Repercusiones educativas, económicas y sociales. En Feminización de la matrícula de educación superior en
Ph.D, doutora em Ecologia na Universidade do Estado de Pensilvânia. Mestre em Zoologia na Universidade da Califórnia-LA. Bacharel com distinção também em Zoologia na Universidade de Washington. É diretora de Programas de Educação e Recursos Humanos na “American Association for the Advancement of Science” (AAAS) - Associação Americana para o Avanço da Ciência, em Washington, DC, Estados Unidos. Além de programas voltados à educação, Dra. Malcom exerce atividades direcionadas para grupos sub-representados, além de progra-
Norma Blazquez Graf ([emailprotected])
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América Latina y el Caribe. México: UDUAL/IESALC-UNESCO; Bustos Romero Olga (2008). Los retos de la equidad de género en la educación superior en México y la inserción de mujeres en el mercado laboral. Arbor, Vol. CLXXXIV, Nº 733, Madrid; Blazquez Graf Norma y Bustos Romero Olga (2008). Académicas Pioneras. Trayectorias y Contribuciones en la UNAM. México: CEIICH-UNAM.
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mas que visam ao entendimento público de ciência e tecnologia. Atua em diversos Conselhos, a exemplo do “Contrato de Doação Heinz” e do “Centro para a Ciência, Economia e Meio Ambiente H. John Heinz III”. Curadora honorária do Museu Americano de História Nacional. Em 2006 foi nomeada (com Leon Laderman) presidente do Conselho Nacional de Ciência para o 21.º Centenário da Educação em STEM. Ela presidiu diversos comitês nacionais sobre reforma educacional e acesso à educação científica e técnica, às carreiras e ao letramento. É membro da AAAS e da Academia Americana de Artes e Ciências. Atuou no Conselho Nacional de Ciência, no comitê de políticas públicas da Fundação Nacional de Ciências e como presidente do Comitê de Conselheiros em Ciência e Tecnologia. Ela também obteve 15 títulos honoris causa. Em 2003 Dra. Malcom recebeu a Medalha de Assistência Social Pública da Academia Nacional de Ciências, a mais alta condecoração dada pela Academia.
do, T y Barral Morán, M.J. (2010) Ellas también cuentan. Científicas en los comités de revistas del área de salud. Zaragoza: Prensas Universitarias (En prensa); Miqueo, C.; Germán Bes, C.; Fernandez Turrado, T y Barral Morán, M.J. (2010) Disparidad de género en los órganos de dirección de las revistas biomédicas españolas. Madrid: Instituto de la mujer 2806.
Silvia García Dauder ([emailprotected])
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Doctora en Psicología Social. Profesora titular de Psicología Social en la Universidad Rey Juan Carlos. Temas de investigación: Ciencia, Tecnología y Género, Regulación biomédica y psicológica de los cuerpos sexuados. Tiene diversas publicaciones sobre los discursos y prácticas médicas en el tratamiento de los “estados intersexuales” y sobre la representación de la intersexualidad en los medios. Entre sus numerosas publicaciones sobre las relaciones entre la Psicología y el Feminismo y sobre las pioneras psicólogas y científicas sociales destacan:Gracía Dauder, S. (2005): Psicología y Feminismo. Historia olvidada de mujeres pioneras en Psicología, Madrid, Ed. Narcea; Gracía Dauder, S. Romero Bachiller, C. y Bargueriras Martínez, C. (2005): El eje del mal es heterosexual. Figuraciones, movimientos y prácticas feministas queer , Madrid, Ed. Traficantes de sueños). Pertenece a y colabora con la Organización Internacional de Intersexuales (OII). Teresa Fernández Turrado ([emailprotected]) Licenciada en Medicina y Cirugía (Universidad de Zaragoza). Doctora en Medicina y Cirugía (Universidad de Zaragoza). Profesora del Departamento de Psicología y Sociología. Facultad de Educación (Universidad de Zaragoza). Miembro del Seminario Interdisciplinar de Estudios de la Mujer (SIEM) de dicha Universidad desde su fundación. Algunas publicaciones recientes: Miqueo, C.; Germán Bes, C.; Fernandez Turra-
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Este livro foi composto em tipologia Arno Pro Regular 11 pt. Miolo em papel Couche fosco 95 g/m2. Capa em papel Supremo 250 g/m2. Impresso na Serzegraf Ind. Editora Gráfica Ltda. Tel. (041) 3026-9460 Curitiba, Junho de 2011